Warblogs : Os Blogs, a Guerra do Iraque e o Jornalismo Online

Raquel da Cunha Recuero1


Índice

Resumo: O presente trabalho procura categorizar e classificar várias características observadas nos warblogs, ou seja, weblogs que procuravam noticiar, discutir e analisar a guerra contra o Iraque. Construído do ponto de vista da Grounded Theory, o artigo procura lançar discussão sobre o jornalismo online e as modificações que estão sendo trazidas pelos weblogs, que acabam por repercutir na mídia tradicional, e procurando demonstrar como eles podem modificar o jornalismo e como a tecnologia proporciona o debate através dessa pluralização da informação.

Palavras-Chaves: weblogs, jornalismo online, warblogs.

O presente artigobusca analisar a influência dos weblogs no jornalismo online, trazendo, como estudo de caso, uma pesquisa realizada sobre a cobertura da guerra e os weblogs, posteriormente denomi- nados ``warblogs''. Baseada na Grounded Theory , que valoriza a observação empírica sistemática e a construção de categorias baseadas em regularidades e irregularidades observadas no objeto, a metodologia propõe que se deixe o objeto falar, para posteriormente, construir uma teoria sobre o assunto. Para esta pesquisa, foram selecionados alguns weblogs onde a discussão sobre a eminente guerra contra o Iraque era o tema central. Com o passar do tempo, foram acrescentados outros weblogs à lista de observação diária. Procurava-se analisar de que forma os warblogs tratavam as informações e quais as características diferenciadas que traziam para o jornalismo. O objetivo central é, portanto, analisar esses weblogs de um ponto de vista jornalístico, sem perder, entretanto, a discussão das modificações tecnológicas, de vista. A pesquisa faz parte de um estudo sobre jornalismo e weblogs iniciado em agosto de 2003 com o apoio da Universidade Católica de Pelotas.

Os weblogs constituem-se, atualmente, em um dos grandes elementos de modificação do jornalismo do ponto de vista tecnológico. De acordo com Lemos (2002:44), eles oferecem um fluxo de comunicação alternativo ao das mídias de massa, como ``a Internet serve, assim, como uma forma de escoamento de discursos pessoais que foram há muito tempo inibidos pelos mass media.'' Esse diálogo entre o pessoal e o coletivo forma e constitui novas formas e espaços de interação com a informação e com a notícia, que acabam por modificar também o jornalismo.

Com essas idéias iniciais, procurou-se observar o trabalho jornalístico desses weblogs, no sentido de contar e informar sobre a guerra, bem como discutir com os leitores os fatos, observando-se características e transformações que causaram, durante o período, em outros veículos mais tradicionais de mídia online.

Weblogs

Os weblogs são baseados em mecanismos que facilitam a colocação de um website no ar. Geralmente possuem lay-outs prontos e dispensam a necessidade de que o blogueiro saiba a linguagem HTML2, principal problema para a colocação de conteúdo na Web. A maioria dos weblogs é baseada também nos princípios de microconteúdo (textos curtos, com as informações relevantes, colocados de modo padrão - em blocos - no site, denominados posts), e atualização freqüente (geralmente, diária. Em alguns casos, os weblogs são atualizados várias vezes ao dia). Essas duas características são fundamentais para a compreensão do fenômeno: Os weblogs possuem uma estrutura-padrão (talvez, exatamente por conta da estrutura das ferramentas3 em que se baseia) e por isso são facilmente distinguíveis na Internet. Esta estrutura é, exatamente, determinada pelo conjunto de blocos de conteúdo textual constantemente renovado. Ainda dentro desta última assertiva, os weblogs são organizados em função do tempo, ou seja, com as últimas atualizações no início do site e as mais antigas embaixo, sempre com a data da publicação de cada bloco de texto visível. (Johnson, 2002, online) Essa estrutura privilegia sempre a atualização mais recente, mostrando ao visitante de modo quase imediato se o site foi atualizado ou não.

Além disso, os blogs (como também são conhecidos), possuem outra característica importante: São pessoais. Isso significa que as informações não são simplesmente colocadas no website, mas que alguém as coloca, que funcionam como a voz e o pensamento de alguém. São opiniões, relatos, informações e textos escritos do ponto de vista de alguém. Em artigo anterior, ressaltamos essa característica:

``Os weblogs atuam como versões mais dinâmicas dos websites pessoais. E, com os websites pessoais, dividem as mesmas críticas: são experiências de publicação amadoras, muitas vezes produtos narcisísticos e exibicionistas.''

Observa-se, portanto, que os weblogs são websites pessoais, entretanto, muito mais dinâmicos, exatamente por conta da característica de sua atualização freqüente.

O primeiro registro desses websites pessoais surge, segundo Blood (2002, online), em torno de 1999, com websites baseado em filtros de conteúdo e dicas de outros websites pouco conhecidos. Apenas para se ter uma idéia do fenômeno, em janeiro de 20024, no Blogger, um dos sistemas mais utilizados para fazer weblogs em todo o mundo, foram criados mais de 40 mil novos weblogs. E estima-se que o número total de blogs na Internet (uma vez que existem também outros sistemas) gire acima de meio milhão.

Um dos primeiros autores brasileiros a tratar do assunto, André Lemos (2002: 44) trata dos "Ciberdiários" como sinônimos de weblogs. De acordo com ele:

``Ciberdiários, webdiários ou weblogs são práticas contemporâneas de escrita online, onde usuários comuns escrevem sobre suas vidas privadas, sobre suas áreas de interesse pessoais ou sobre outros aspectos da cultura contemporânea.''

Entretanto, não temos observado desta maneira. Muitas vezes, os weblogs atuam como ``diários virtuais'', limitando-se a relatar as experiências pessoais do dia-a-dia de alguém. Em outras, são um apanhado de informações coletadas do ciberespaço, simplesmente ``linkadas'' e comentadas. Em outras tantas ainda, são tentativas de ficções. Em outras ainda, uma espécie de ``revista eletrônica'', mesclando informações variadas discutidas do ponto de vista crítico do autor. Muitas vezes ainda, os weblogs são uma mescla de todos esses estilos. Alguns weblogs são escritos através de várias mãos (embora todas devidamente identificadas). Outros são escritos apenas por um autor. Como se vê, trata-se de um fenômeno extremamente complexo. Os weblogs hoje não podem ser, portanto, definidos com base em apenas uma categoria de publicação. Então trataremos que procurar definir os weblogs, objeto de estudo deste trabalho, de uma forma mais abrangente e, posteriormente, revisaremos uma classificação inicial de pesquisa anterior, com o objetivo de complementá-la para este artigo.

Para uso neste trabalho, portanto, definiremos weblogs como websites pessoais baseados nos princípios de microconteúdo e freqüente, que possuem uma estrutura comum organizada em função do tempo.

Criamos, em um trabalho anterior (Recuero, 2002c), algumas categorias, com base na observação comparativa e sistemática desses blogs, de modo a permitir que nossa análise fique mais clara. Neste trabalho, faremos uma revisão desta classificação inicial, procurando deixá-la mais completa. Deixamos claro, entretanto, que não se tratam de categorias estanques e absolutas, mas de uma classificação nossa, que objetiva melhor compreender as múltiplas facetas dos blogs, de um modo especial, do ponto de vista do jornalismo. Essas categorias podem, evidentemente, passar por novas revisões.


Diários - São os weblogs que se referenciam principalmente pela vida pessoal do autor. O seu objetivo não é trazer informações ou discuti-las, mas, simplesmente, relatar fatos cotidianos, a vida pessoal ou opiniões gerais do autor.

Publicações - São weblogs que se destinam principalmente a trazer informação de modo opinativo. São informações que são discutidas pelo autor, sempre discutidas e comentadas. Alguns possuem um tema central, outros tratam de generalidades.

Literários - São os weblogs destinados ou a contar uma história ficcional, com personagens criados pelo autor, ou a simplesmente ser um conjunto de crônicas ou poesias com ambições literárias, sem preocupar-se com o relato do cotidiano do autor.

Clippings - São os weblogs que simplesmente destinam-se a ser um apanhado de links ou recortes de outras publicações, com o objetivo de filtrar a informação publicada em outros lugares. Não possuem opiniões e comentários do autor, via de regra.

Publicações Mistas - São aquelas que efetivamente misturam posts pessoais sobre a vida do autor e posts informativos, com notícias, dicas e comentários de acordo com o gosto pessoal.

A matéria-prima dos weblogs é, portanto, a informação. Seja ela pessoa, seja ela opinativa, seja ela através da filtragem de outras informações.

A interação, uma característica fundamental da Internet, também é encontrada nos weblogs. A maioria possui uma ferramenta de comentários, que possibilita que os leitores opinem e participem do blog. Muitos sistemas de bloggers já incorporaram essa ferramenta aos serviços oferecidos aos seus assinantes, que antes necessitava ser acrescentada ao código e era oferecida por sistemas diferentes. É uma ferramenta muito popular e, muitas vezes, proporciona aos leitores um fórum de interação, onde é possível discutir não apenas com o autor, mas também entre si, as informações colocadas no blog.

Weblogs e Jornalismo Online: Warblogs

Os weblogs, inicialmente identificados como uma nova tendência de diarismo na Internet, entretanto, têm representado uma violenta quebra de paradigmas no jornalismo e o mais importante: têm influenciado muito a maneira através da qual o jornalismo é praticado. Essa influência se tornou muito mais clara a partir do início da Guerra do Iraque, com o aparecimento na mídia e no ciberespaço dos Warblogs. Esses weblogs destinam-se a tratar exclusivamente da questão da guerra no Iraque, sob as mais diversas formas. E o mais importante: Muitos desses blogs são escritos por pessoas que não possuem formação jornalística, embora outros façam parte de veículos oficiais, com jornalistas que estão cobrindo a guerra.

Partindo da categorização inicialmente apresentada, discutiremos, a seguir, algumas características observadas nestes warblogs e sua pertinência ou não dentro das caracaterísticas do jornalismo online apresentadas por vários teóricos e no capítulo seguinte, procuraremos discutir essas características do ponto de vista da tecnologia e do jornalismo on-line. Entre os 29 warblogs examinados nesta pesquisa, as categorias encontradas foram, basicamente, a de ``diários'', ``publicações'' e ``clippings'' (dos quais 05 são ``diários'', 06, ``clippings''e 18 ``publicações''). Ainda que existam pequenas diferenciações dentro dessas três categorias no sentido do modo como o conteúdo é colocado, existem regularidades fortemente presentes nas três categorias, que passaremos a analisar a seguir:

A personalização da informação. Aqui, falamos em personalização no sentido de que a informação encontra-se imbuída da persona de seu autor, daquele que a divulga. Esta personalização é presente não apenas no conteúdo e na assinatura do autor, mas também no formato gráfico (cores, formato do site, fontes etc.) do blog, nos links colocados ali, na foto do autor, ou mesmo nos ``clicks''. Aquilo que é veiculado em um blog não tem a pretensão de ser uma informação ``neutra''. Ao contrário, existe o pressuposto claro de que alguém escreve e que a informação corresponde ao relato, à visão ou à opinião deste alguém sobre o evento. São discursos pessoais. Alguns são warblogs de jornalistas ou correspondentes da zona de conflito. Aqui serão chamados de warblogs ``oficiais'' devido à legitimidade que é emprestada a esses blogs pelos veículos que representam e ao fato de serem escritos por jornalistas. Outros são de pessoas que não são jornalistas, chamados ``não-oficiais'' porque representam, basicamente, a opinião de indivíduos não vinculados à mídia.

Um dos mais famosos warblogs ``não-oficiais'' é o de um suposto iraquiano residente em Bagdá, que escreve através de um pseudônimo ``Salam Pax'', chamado ``Where is Raed?''5. O weblog, um ``diário'', iniciado em dezembro de 2002, com o objetivo de mostrar o dia-a-dia do autor em Bagdá, tornou-se um fenômeno após a explosão da guerra. O weblog é constituído de um relato da vida do autor, com passagens como:

``Hoje, no terceiro dia da guerra, nós tivemos um grande número de ataques durante o dia. Alguns sem as sirenes de aviso [de perigo de bombardeio]. Eles provavelmente desistiram de conseguir soar as sirenes a tempo. Na noite passada, depois de ondas atrás de ondas de ataques, eles soavam a sirene de `tudo ok' [sirene que avisa que é possível sair de casa, o bombardeio já passou] apenas para começar outra [de perigo] 30 minutos depois.6''

Outro weblog que também procura relatar a vida no front é o do jornalista Christopher Allbritton, do ``Back to Iraq 2.0''7. O jornalista lançou o blog com o objetivo de recolher contribuições para conseguir ir para o front, relatar a guerra de um ponto de vista ``independente'', uma vez que está indo por si, sem o apoio de nenhum jornal. Do dia 27 de março até 22 de abril, o jornalista escreveu um diário de viagem, sobre a sua estadia e as visões que teve do Iraque e dos países vizinhos. O conteúdo, como o de Salam Pax, é absolutamente pessoal. O blog é mantido com o auxílio do irmão do jornalista, Michael. Christopher envia o conteúdo por e-mail e o irmão publica. O autor já realizou um feito semelhante quando esteve no Iraque, no ano passado.

Outro warblog muito interessante é o que é suportamente, o diário de um militar americano que está na guerra. O warblog chama-se ``A minute Longer - A soldier's tale''8 e é escrito por um soldado que identifica-se como Will. Em seus relatos, o autor relata as experiências na guerra, sem entrar em muitos detalhes sobre, por exemplo, a sua localização (ele sempre afirma que não pode revelar onde está).

Entre os warblogs ``oficiais'' com a mesma característica, podemos citar, por exemplo, um weblog coletivo do time de correspondentes da BBC no Iraque9, chamado ``Reporter's Log''. O blog também tem o estilo ``diário'', com o dia-a-dia dos repórteres em Bagdá. Os posts não são tão pessoais quanto os de Salam Pax, por exemplo, mas falam exatamente das sensações de se estar no meio de um conflito, das dúvidas dos repórteres. A fotografia do grupo de correspondentes é colocada sempre no início do site, em alguma montagem com relação à guerra.

Do mesmo modo, o Seattle Post Interlligencer, outro jornal americano, também tem vários blogs de seus jornalistas que estão cobrindo a guerra nos Estados Unidos ou no Iraque10. Todos os blogs possuem, logo de , a foto do jornalista que o assina. A pessoalidade dos textos é muitas vezes evidente, mesmo no trabalho de jornalistas, como é o caso da repórter americana M.L. Lyke, que está, juntamente com o fotógrafo Grant Haller, a bordo do U.S.S. Abraham Lincoln no Golfo Pérsico. Em seu relato do dia 27 de março, ela contou:

``Grant e eu ganhamos nossos próprios nomes, o tradicional apelido de gozação dos companheiros no mar. Grant é Griz (em referência à foto com barba); o meu `Coruja da Noite'(muitas 4 horas da manhã no laptop; referência às olheiras).11''

Atenta para o sucesso dos blogs, a Folha Online, no Brasil, também criou um ``diário'', ao estilo dos blogs. Chama-se ``Diário de Bagdá''12 e é escrito pelos enviados do jornal à cidade. Os posts, arrumados cronologicamente, tratam de matérias relacionadas às pessoas comuns, cujas vidas foram alteradas pela guerra, do cotidiano dos repórteres e de sua visão da cidade, do regime de Saddam Husseim e da guerra. Neste ``diário'', entretanto, a personalização não é tão evidente quanto em vários outros.

Dentre as principais evidências da , podemos citar:

Importante salientar que nem todas as características foram encontradas em todos os blogs, mas em todo o grupo. Alguns blogs apresentam mais indicativos de personalização, outros, menos. Além disso, outras características, como a parte gráfica do blog também podem ser indicativos de personalização, mas não foram analisados neste trabalho.

Outra característica, que pode ser compreendida como uma extensão da personalização dos warblogs é a informação opinativa. A discussão e o debate são estimulados através da constante análise e opinião nos textos dos posts. Os autores costumam colocar pontos (em geral levantados pela mídia ou pelo leitura de outros weblogs) e discutí-los com os leitores através dos comentários ou com outros blogs através de links para os posts. Como exemplo, podemos citar o warblog de George Pain, chamado ``Warblogging''. A respeito de uma matéria da CNN relatada pelo autor, ele escreveu:

``O fato é que os iraquianos estão sendo invadidos. Eles estão sendo ocupados. Eles assistiram anos e anos de cobertura da ocupação israelense dos territórios ocupados e eles conectam explicitamente Israel e os Estados Unidos. Eles vêem militares estrangeiros invadindo e atacando seu país. Eles vêem militares estrangeiros se preparando para uma longa ocupação. Não importa se eles não gostam de Saddam Hussein. Não importa que eles ficarão felizes de se libertar de Saddam. O que importa é que eles não querem trocar uma tirania (doméstica) por outra (estrangeira).''

Outros blogs ainda não são tão explícitos em seu posicionamento. Estes limitam-se a divulgar posicionamentos e opiniões pessoais através de banners com alguma mensagem a respeito do conflito ou da situação do Iraque. O weblog de Salam Pax, por exemplo, traz logo de início, por exemplo, um banner dizendo ``Suport Democracy on Iraq'' (Apóie a democracia no Iraque), deixando claro que o autor apóia a derrubada do regime de Saddam Hussein. Além disso, o autor coloca, em várias ocasiões que, apesar de ser contra o regime de Hussein, é contra também, a guerra. Acha que ela não é a solução e que apenas vai trazer mais sofrimento ao povo iraquiano.

Vários outros banners de protesto ou apoio à guerra são encontrados em vários blogs, bem como clicks (banners com links para o site que o apóia, como por exemplo, uma campanha de apoio ou repúdio à guerra pode ser apresentada através de clicks nos weblogs das pessoas que a apóiam ou condenam). Os weblogs em estilo ``diário'', em geral, apenas apresentam a opinião do autor sobre aquilo que acontece. Já aqueles com o estilo de ``publicação'' procuram embasar suas opiniões e discutir o que a mídia coloca. Mesmo os weblogs que têm o estilo ``clipping'', ou seja, que fazem um apanhado geral de todas as informações disponíveis sobre determinado assunto, vez por outra colocam um comentário pessoal.

Um dos exemplos de warblogs no estilo clipping é do ``The Agonist'' de Sean Paul Kelley. O autor faz um apanhado de todas as notícias publicadas em vários meios de comunicação do mundo e as disponibliza para os leitores. Em um link colocado no dia 30 de março, para um artigo da ``Arab News'' sobre a guerra, o autor escreveu, à guisa de comentário: ``Sem levar em consideração a opinião, é interessante ver a vastidão de diferentes opiniões via-a-vis da mídia islâmica e da imprensa ocidental.13''

Portanto, a questão da opinião ou comentário é sempre presente nesses blogs, seja de um modo mais evidente, seja de um modo mais discreto. Essas opiniões podem ser expressas textualmente ou através de banners.

Uma outra característica importante a ser mencionada é a contextualização da informação. Os warblogs ``publicações'' e ``clippings'' realizam um trabalho de coleta, pesquisa e publicação de informações, comentadas ou não, com links direto para a fonte, contextualizando a publicação. Algumas vezes, é feito um trabalho de discussão das várias abordagens, nas diferentes fontes, sobre a informação. Ou seja, através do warblog, o leitor pode, além de conhecer as opiniões sobre a guerra, visitar, diretamente, a fonte da informação que o blogueiro colocou no ar.

Por fim, uma outra característica importante desses warblogs é a importância da interatividade: a partir de mecanismos de interação, os leitores podem interferir diretamente naquilo que é publicado. Essa interferência pode referir-se a informações que o blogueiro coloca no ar (dicas de um leitor, discussão com um leitor etc.) ou mesmo a construções colaborativas de informação, como destacado por Anita Chan (2003, online). Os mecanismos de interação podem ir desde o e-mail do autor do blog até ferramentas de comentários, que permitem que os leitores discutam entre si e com o autor aquilo que foi publicado.

Essa interferência pode ser visualizada, por exemplo, no weblog ``Where is Raed''. Várias pessoas questionaram Salam Pax sobre a possibilidade de seu blog tratar-se de um hoax (boato). O autor, irritado, respondeu através do blog: ``Por favor, parem de enviar e-mails perguntando se eu sou real. Não acreditam? Então não leiam [o weblog]14''. O weblog de Salam Pax não possui a ferramenta de comentários. Portanto, os leitores formaram fóruns15 onde é possível discutir as informações veiculadas por ele.

Praticamente todos os warblogs desta pesquisa possuem ferramentas de comentários. Em alguns casos, são travadas longas discussões através de comentários entre os leitores e entre os leitores e os autores do blog. O warblog ``Tacitus''16, por exemplo, dá tanta importância aos comentários dos leitores que tem uma coluna com os últimos comentários destacados por nome do autor e início da frase ao lado do weblog. Alguns warblogs possuem também uma ferramenta chamada ``Trackback'' com links de referência a outros posts que falam do que foi publicado. A ferramente possibilita que algum blogueiro que queira referir-se a um texto do blog possa linkar diretamente para o post em questão e receber, em retorno um link para seu blog que discute o texto.

Essa possibilidade de diálogo é muito importante, na medida em que permite uma verdadeira participação entre o leitor e o blogueiro. Como resultado, temos um espaço de interação e discussão sobre a informação, que permite não apenas um debate entre o leitor e o blogueiro, mas igualmente, a discussão entre os leitores. Dentro dessa idéia, podemos dizer que um weblog é constituído de interação mútua e reativa (de acordo com os conceitos propostos por Primo, 2001, online), sendo a interação mútua, fundamental para a constituição de um espaço democrático no jornalismo, representada pelos comentários e a reativa, representada pela forma hipertextual dos textos. Além do mais, qualquer pessoa pode contruir um blog e publicar suas opiniões na Internet. Portanto, muitas discussões são travadas também entre os blogs.

Entretanto, exatamente essa possibilidade de diálogo é o que pode minar a credibilidade de um blog de notícias. Isso porque, não estando associado com nenhum meio ``oficial'', o weblog pode, muito bem, ser uma farsa. Como diferenciar o que é confiável do que não é? Este é um grande problema. O warblog ``Where is Raed'', por exemplo, passou por um grande problema de credibilidade, onde o autor discutiu com seus leitores e, posteriormente, foram criados fóruns para discutir a sua veracidade ou não. Portanto, os weblogs são democráticos, mas em troca, podem carecer de legitimação exatamente por travar um fluxo horizontal de comunicação.

Weblogs e Jornalismo

A partir das características que observamos na primeira parte deste trabalho, procuraremos discutir sua pertinência ou não junto ao jornalismo online e posteriormente, analisaremos como essas características influeciam ou influenciarão o jornalismo online.

A característica da personalização já foi apontada por Mielniczuk (2001, online) dentro do jornalismo online. Entretanto, a característica apontada pela autora, trabalha, basicamente com a ``costumização ou personalização'', ou seja, ``produtos jornalísticos configurados de acordo com os interesses individuais do usuário'' ( 2003, online). Essa característica refere-se, portanto, a uma possibilidade de customização do conteúdo que seja específica para o leitor. A característica da personalização dos blogs, como procuramos apontar, entrementes refere-se ao outro lado da relação comunicativa: o lado do jornalista. O blog personaliza a informação ao incluir nela aspectos da personalidade ou da visão do jornalista/blogueiro. Portanto, trata-se de um tipo diferente de personalização. Poderíamos arguir que essa personalização de que trata a informação veiculada pelo blog tem a particularidade de gerar empatia, ou seja, instigar a compreensão e a visão, por parte do leitor, de que do outro lado do veículo existem pessoas.

A personalização, entretanto, também poderia ser extendida, no mesmo sentido dado a ela pelos warblogs, para o jornalismo online. É o caso, por exemplo, das colunas e dos colunistras: São pessoas em emprestam sua visão para o leitor.

A opinião não é uma característica exclusiva dos blogs. Apesar disso, o espaço para a opinião no jornalismo não é muito grande. Afinal, aprende-se desde o primeiro momento na faculdade

A opinião, no jornalismo online, entretanto, pode ser percebida dentro das colunas e das análises dos jornalistas. Existe, portanto, espaço para a opinião e a análise.

Interação com o leitor

A interação com o leitor e com outros blogs.

Essa interação também foi observada por diversos autores dentro do jornalismo online. mielniczuk citando Bardoel e Deuze, afirma que a notícia teria no jornalismo online faria com que o leitor se sentisse parte do processo. Acreditamos que a interatividade é, como afirma Palacios (1998, online) uma característica da Internet. Portanto, os blogs, bem como os jornais online encontram-se imbuídos dela. Entretanto, os blogs a incorporaram de um modo ainda maior do que os jornais, que ainda parecem receosos de permitir a interação direta entre jornalistas/leitores e outros jornalistas. Os blogs, como já explicamos, instigam o debate entre os leitores, como verdadeiros fóruns públicos.

Contextualização

A contextualização da informação pode ser análoga à característica da memória, apontada por Palácios e sistematizada por Mielniczuk. Essa memória, no jornalismo online, trata da quantidade de informações disponíveis relacionadas a uma determinada notícia, que ficam arquivadas no jornal e podem ser, constantemente, ``trazidas à tona'' e linkadas na notícia como forma de complementar e contextualizar a informação. Essa é uma característica trazida especificamente pelo hipertexto e pela sua qualidade de Rede. Através dela, é possível qaue toda a informação colocada na Internet seja contextualizada, com a apresentação franca das fontes ao leitor, como acontece nos warblogs, mas nem sempre acontece no jornalismo online.

São os blogs novas formas de jornalismo?

Brocanelli (2003, online), em recente artigo publicado no Observatório da imprensa, procurou analisar os blogs dentro da perspectiva do jornalismo online. De acordo com o autor, os blogs são ``a nova febre da Internet'' e afirma que os blogs não substituirão os veículos já tradicionais de comunicação. Entretanto, essa ``febre''possui em si a semente de importantes mudanças dentro do jornalismo de um modo especial, como procuramos demonstrar neste artigo, do jornalismo online. Por ser uma tecnologia que estimula a personalização, por exemplo, pode vir a valorizar o jornalista mais do que a notícia, transformando o jornalismo online, por exemplo, em um conjunto de colunas analíticas e opinativas. Durante a guerra do Iraque, ficou evidente, não só pela influência dos blogs na agenda dos veículos de comunicação online, mas também pelo seu uso por jornalistas que cobriam a guerra, de que a notícia carregada da ``carga'' da pessoa que a escreve pode obter muito espaço entre os leitores.

Além disso, observamos que essa personalização acaba por gerar empatia e debate, pois os leitores vêm a informação não como proveniente de uma fonte ``toda-poderosa'', mas como proveniente de alguém.

Entretanto, essa mesma característica pode proporcionar, exatamente, a falta de credibilidade para os weblogs, que precisam trabalhar de modo ainda mais árduo do que os jornais online para adquirir e manter seus leitores.

Dentro dessa observação a característica da opinião nada mais é do que uma extensão da personalização.

Essa informação opinativa parece estimular, ainda mais, a existência de colunas assinadas por pessoas nos jornais. Essa opinião parece colocar em xeque, entretanto, a idéia da neutralidade da notícia no jornalismo. Ora, parece-nos um tanto o quanto mais franco, já que é impossível libertarmo-nos, enquanto jornalistas, de nossas pré-noçòes, por mais que tentemos, quais são essas noções que nos alimentam aos leitores. A opinião também reduz muito o espaço para a total objetividade no jornalismo. Em muitos relatos da guerra, por exemplo, o blogueiro fazia uma análise ou relatava a situação das pessoas no Iraque. E eram essas pequenas coisas que, muitas vezes, efetivamente davam ao leitor a dimensão da guerra. A Folha, rapidamente percebendo isso, lançou mão do ``estilo'' blog para trabalhar com as informaçòes cotidianas de seus jornalistas que estavam no Iraque.

Outra modificação que os blogs parecem trazer ao jornalismo online é a utilização da organização em função do tempo, trazendo pequenas parcelas de conteúdo. Muitos jornais online, como a Folha Online, por exemplo, adotaram essa novidade para noticiar alguns eventos, como o Skol Rock, que aconteceu nos dias 26 e 27 de abril de 2003.

Além disso, os blogs parece ser muito mais hipertextuais do que os jornais online, linkando todas as fontes e outros blogs que discutem informações semelhantes, o que, por razões econômicas e de concorrência, dificilmente acontecerá nos jornais online. Os blogs, podem, portanto, levar ainda mais longe a pluralidade de informações, mas de uma forma organizada, trabalhando com uma filtragem crítica do conteúdo da mídia.

Gatekeepers?

Vivemos em meio à uma Sociedade da Informação, que encontra sua máxima expressão junto à Internet e à ideologia do free flow (livre fluxo) de informações. (Sinclair, 2000) Muitos teóricos observam nessa liberdade de circulação dos fluxos proporcionada pela Rede, a possibilidade do surgimento de uma nova ordem na sociedade global, como Castells (1999), advoga. Neste espaço privilegiado de circulação da informação, entretanto, também surgem novos filtros de informação.

``A Internet, sobretudo o sistema World Wide Web, roubou do jornalista parte de seu papel de gestor privilegiado dos fluxos de informação.''(Souza, 2002:94) Diante disso, muitos weblogs funcionariam como gatekeepers da informação, como afirma Jan Alyne Silva (2002, online). Os weblogs estariam, portanto, assumindo uma função dos jornalistas diante da nova quantidade imensa de informações que a Internet oferece.

A idéia de gatekeeper remonta a um estudo de Kurt Lewin, em 1947, sobre a de hábitos alimentares de grupos de pessoas. O trabalho mostrou que existiriam zonas de filtragem das informações nos canais por onde as informações passariam. Essas zonas agiriam permitindo ou impedindo que determinadas informações fossem publicadas. Seriam zonas controladas por gatekeepers ou porteiros. O conceito teria sido depois utilizado por White em 1950 para trabalhar com os fluxos de informação nos meios de comunicação. (Wolf, 2001: 180) Existe, portanto, uma seleção intencional das informações que são divulgadas pelos menos de comunicação.

A idéia de que os warblogs estariam funcionando como ``filtros'' de informações da guerra é pertinente. Efetivamente, cada vez mais conscientes de que muitas pessoas buscam essas informações, os blogueiros procuram a organização. O blog ``Warblogs.cc''17 é um portal que possui vários warblogs associados e que publica, sistematicamente, as últimas atualizações em cada um desses blogs. O portal foi idéia de um conjunto de blogueiros cujos blogs, exatamente, alimentam o portal.

Entretanto, esta idéia que os blogs atuariam como gatekeepers da informação suscita também outras discussões.

De acordo com Sara Rodrigues (2002, online) o gatekeeper é ``quem determina o que atravessa o portão de entrada no jornal, o que será visto pelo leitor''. Em última análise, o gatekeeper é aquele que determina o que será notícia e o que não será. Entretanto, essa idéia pressupõe que o leitor não possa ter acesso à fonte do próprio gatekeeper. Que ele apenas conheça a informação do ponto de vista do gatekeeper. O que não acontece nos warblogs estudados, uma vez que o leitor tem pleno acesso à fonte que gerou o conteúdo publicado, graças ao hipertexto e, através de um clique e pode lê-las e tirar suas próprias conclusões (evidente que sendo, essa fonte de informação, também filtrada por alguém). Além disso, ele tem acesso à vários weblogs, cada qual com uma visão diferente do conflito, o que também contribui para uma pluralidade de fontes. Por fim, resta salientar ainda, que os blogs podem ser fontes de primeira ou de segunda mão: Por exemplo, os weblogs das pessoas que estão diretamente envolvidas com a guerra seriam fontes de primeira mão, enquanto que aquelas que relatam as notícias e as discutem seriam já fontes de segunda mão.

Outro detalhe interessante é que a teoria do gatekeeper foi criada dentro da idéia de um fluxo de informações vertical, trabalhando com uma grande mídia de massa que determina aquilo que a audiência vai receber. Nos weblogs, percebe-se um fluxo de comunicação prioritariamente horizontal, onde, muitas vezes, a informação é cons- truída em diálogos com os leitores. Além disso, informação nunca se esgota em apenas um blog. Ela é repetida, comentada de outro ângulo, discutida de outro ponto de vista. São milhares de weblogs. Como procuramos demonstrar acima, o leitor pode observar a guerra do ponto de vista de um iraquiano de Bagdá, de um soldado que está no front, de um jornalista que está tentando entrar no país para informar, de pessoas que são, simplesmente, observadoras da situação.

Levando-se em conta a profusão de informações e de weblogs no ciberespaço, não seria o leitor, afinal o verdadeiro gatekeeper da informação? Uma vez que, efetivamente, o acesso ou não às fontes, às diferentes opiniões e aos diferentes fluxos depende de sua ação? É possível, por exemplo, receber informações diretamente do front, dos meios de comunicação, de pessoas que vivem no Iraque, de soldados, de repórteres que estão dentro dos navios no Golfo Pérsico... Como selecionar um fluxo nesse caos de fluxos de informação? De acordo com Souza (2002:89), ``para essas pessoas [internautas], os órgãos jornalísticos não funcionam como gatekeepers''. Isso porque na Internet é possível ir direto às fontes primárias da informação, procurar outros pontos de vista e discutir as informações. Dentro desse fluxo caótico, qualquer um pode ter um blog. Qualquer um pode comentar a situação da guerra. Qualquer um pode ser seu próprio gatekeeper. Ainda de acordo com Sara Rodrigues, a Internet proporcionaria ``múltiplos sistemas de filtragem que os utilizadores podem escolher de acordo com os seus interesses, o que a aproxima dos princípios democráticos básicos''.

A influência dos warblogs dentro do jornalismo online não se resume à questão do gatekeeping. Desde o início da guerra do Iraque, os blogs têm interferido diretamente na agenda dos meios ``oficiais''. Vários meios, como a Folha Online, a Folha de São Paulo, o Globo.com têm apontado sistematicamente para os blogs como notícia. Em notícia do dia 10 de abril, por exemplo, a Folha Online18 comenta:

``Cada vez mais leitores estão descobrindo o Warblogging.com ou o Warblogs.cc e os muitos sites semelhantes, em busca de uma perspectiva diferente e opinativa sobre os eventos atuais, além de um fórum para debates. Os blogs -apelido de weblogs- oferecem um tipo de jornalismo cru, e realmente decolaram desde que a guerra contra o Iraque começou no mês passado, com jornalistas amadores e profissionais participando do movimento.'' (``Blogueiros assume cobertura da Guerra no Iraque''- notícia proveniente da Reuters, reproduzida em vários outros veículos de comunicação.)

A Wired News também publicou várias matérias relacionadas com os weblogs, como por exemplo, uma sobre o blog de Salam Pax que foi hackeado durante a guerra,19 chamada ``Confusão com fotos de blog iraquiano''. Outra notícia aparece no Observatório da Imprensa20 - ``Blogs ligados ao Iraque''. Outra matéria sobre blogs foi publicada na Folha de São Paulo de 26 de fevereiro de 2003, com o título ``Diários Virtuais se popularizam na Rede''. Outra matéria do Jornal da Tarde, agência Estado, chama-se ``Os blogs saem da adolescência''21 e remonta a 22 de agosto de 2002. Também a revista Forbes22, em sua versão online, publicou uma listagem com os cinco melhores warblogs para seus leitores poderem acompanhar melhor a guerra, além de disponibilizar uma enquete para que os leitores votassem no melhor warblog e trazer uma matéria sobre o que são e qual a importância destes blogs.

Essa influência não se restringe apenas à própria existência dos weblogs, mas também ao conteúdo. As discussões realizadas pelos weblogs sobre o conteúdo da cobertura da guerra pela mídia americana, por exemplo, também têm sido veiculadas pela mídia tradicional. Os warblogs, desta forma, também estão influenciando, de modo direto, a agenda dos veículos de informação mais tradicionais. Percebemos, deste modo, que fluxos ``oficiais'' circulam juntamente com aqueles ``não oficiais''.

Conclusões

Percebe-se que os warblogs representam uma importante ruptura no modo através do qual a informação é disponibilizada para as pessoas, ocasionada, principalmente, pela tecnologia de comunicação trazida pela Internet e pela Comunicação Mediada por Computador. Além disso, os warblogs proporcionam a discussão e o debate, bem como a troca de informações entre autores e leitores, modificando, de modo considerável, o fluxo de comunicação característico dos veículos de comunicação de massa através dos quais nossa sociedade acostumou-se a escutar. Nesta guerra, como estudo de caso, é possível perceber essas mudanças ainda em maior medida: Muitas pessoas passaram a acompanhar as notícias da guerra através dos weblogs que, por sua vez, passaram a interferir, também, de modo direto nos veículos de comunicação mais tradicionais. Atuando como filtros e como motores do debate na sociedade, os warblogs parecem conter uma importante mudança, principalmente para o jornalismo, através das características que observamos: a personalização, a opinião, a contextualização através da pluralidade de informações e de fontes e o debate sobre essas informações. Ao mesmo tempo, observamos que vários veículos de mídia tradicionais acabam por perceber essa mudança de paradigmas, investindo em blogs para os seus jornalistas cobrirem a guerra.

O mais importante, acreditamos é que esses warblogs procuram tentar formar fóruns públicos de debate sobre a guerra, bem como proporcionam que pessoas que não são jornalistas ou não dispõe dos veículos ``oficiais'' possam manifestar-se para o mundo. O estímulo à discussão e ao debate por parte dos leitores, transforma o fluxo de informação predominantemente vertical que observamos em nossa sociedade em um fluxo horizontal. Existe comunicação, mais do que informação, uma vez que os leitores podem trazer novas idéias e debatê-las entre si, independentemente do blogueiro. Nos warblogs, a pluralidade de informações, através de links para outros blog, para fontes de informação e para o debate (através de ferramentas de comentários e do trackback), é a ordem do dia. A primeira ferramenta proporciona que o leitor possa deixar sua contribuição anexa ao post. A segunda, permite que o post seja linkado em outro weblog cujo comentário ao post será também linkado ali.

É evidente que a tecnologia proporciona a mudança e a transformação da sociedade. Mas é importante observar que a tecnologia é também parte da sociedade e que, portanto, não determina nem transforma por si só. É uma atividade dialógica entre a sociedade e a tecnologia que proporciona essas transformações.

Os warblogs estão fazendo jornalismo. E um jornalismo diferenciado, com características próprias. Resta saber o quanto vão influenciar ou não o jornalismo online e em que medida seu potencial para o debate e a pluralidade de informações, bem como para a filtragem da informação na Internet vai influenciar os fluxos de comunicação horizontais e verticais da sociedade.

Referências Bibliográficas

Warblogs que participaram da pesquisa



Notas de rodapé

... Recuero1
Professora da Escola de Comunicação da UCPel. Dutoranda em Comunicação e Informação pelo PPGCOM/UFRGS
... HTML2
HTML- Hypertext Markup Language - Linguagem em que se baseia a maioria dos websites disponíveis na Internet.
... ferramentas3
Essas ferramentas são disponibilizadas na Internet, muitas de modo gratuito. Entre as principais, podemos citar o Blogger (Pyra), o Blogger.com.br (Globo) o Weblogger (Terra), o Blig (IG) e o Movable Type.
... 20024
De acordo com a Revista Wired . A revista pode ser acessada via Internet no website http://www.wired.com. A referida matéria encontra-se disponível na URL http://www.wired.com/news/culture/0,1284,50443,00.html
... Raed?''5
``Where is Raed'' - http://dear_raed.blogspot.com/
... depois.6
Tradução da autora: ``Todat the third in the war, we had quite a number of attacks during daytime. Some without air-raid sirens. They probably just gave up on being able to be on time to sound the sirens. Last night, after waves after waves of attacks, they would sound the all-clear siren only to start another raid siren 30 minutes later.'' - post do dia 24 de março, referente ao dia 22, quando o autor alega não ter tido acesso à Internet devido aos bombardeios.
... 2.0''7
http://www.back-to-iraq.com/
... tale''8
http://www.rooba.net/will/
... Iraque9
http://news.bbc.co.uk/2/hi/in_depth/world/2003/reporters_log/default.stm
... Iraque10
http://seattlepi.nwsource.com/iraq2003/weblogs/
... olheiras).11
Tradução da autora: Grant and I have earned our own call names, the traditional mocking nickname granted by peers at sea. Grant is "Griz" (refer to bearded photo); mine is "Night Owl" (too many 4 a.m. mornings at the laptop; refer to bags under eyes). It's day 21 of our embed. Three weeks, and I'm ready to jump and swim. What a wimp. These sailors aboard are marking their ninth month at sea.
...a''12
http://www1.folha.uol.com.br/folha/especial/2003/guerranoiraque/diario_de_bagda.shtml
... ocidental.13
Regardless of opinion, it is interesting to see the vastly different perceptions vis-a-vis the Islamic media and the Western press.
... weblog]14
Tradução da autora. No original: ``please stop sending emails asking if I were for real, don't belive it? then don't read it.''
...oruns15
Um dos vários exemplos é o fórum do quick Topic, onde as pessoas procuram encontrar possíveis pistas da veracidade ou não do weblog. http://www.quicktopic.com/20/H/prjhnnmuqFQ
... ``Tacitus''16
http://www.tacitus.org/
... ``Warblogs.cc''17
http://www.warblogs.cc/
... Online18
http://www1.folha.uol.com.br/folha/reuters/ult112u31108.shtml
... guerra,19
http://busca.terra.com.br/wired/cultura/03/03/26/cul_2.html
... Imprensa20
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos/gue020420032.htm
...encia''21
http://www.jt.estadao.com.br/suplementos/info/2002/08/22/info020.html
... Forbes22
http://www.forbes.com/2003/03/20/cx_ah_0320warblogs.html