GLOBALIZAÇÃO E IDENTIDADE CULTURAL

o impacto da televisão numa comunidade rural paraibana  (Nordeste do Brasil)

 

Osvaldo Meira Trigueiro, Universidade Federal da Paraíba

 

E-mail: osvaldo@openline.com.br

 

 

1999

 

 

I - INTRODUÇÃO

Este é um estudo de recepção televisiva em uma pequena cidade do interior do Estado da Paraíba no Nordeste do Brasil.

São José de Espinharas é um município localizado no sertão da Paraíba, no semi-árido, distante 325 km de João Pessoa, a capital do estado e 28 km de Patos, município que polariza a Microrregião das Espinharas. É um município de forte influência agrícola e constantemente sujeito a grandes secas.

Em 1987, o município tinha uma população de 8.446 habitantes, sendo 584 na área urbana, correspondente a 6,30% da população e 7.917 habitantes na área rural, o equivalente a 93,70% da população. (IBGE-Censo Demográfico/1980). Em 1998 a população de São José de Espinharas chegava a 5.198 habitantes, 3.773 na área rural, correspondendo a 72,6% e 1.425 na área urbana o equivalente a 27,4%. Nos últimos anos houve uma diminuição populacional no município, fato que vem ocorrendo em toda região atingida pela seca, deslocando a população rural para outras regiões a procura de uma melhor qualidade de vida. Esta migração - a grande maioria - continua sendo para a região Sudeste principalmente para o Estado de São Paulo. O IBGE estima que cerca de 140 mil paraibanos deixaram o Estado na seca de 1998.

O estudo em São José de Espinharas busca demonstrar como são realizadas as mediações que influenciam na recepção dos telespectadores. Com os avanços tecnológicos os habitantes estão passando do processo de transmissão oral para o audiovisual sem dominar a leitura escrita.

A mensagem para chegar onde deve chegar passa por várias mediações, portanto é fortemente influenciada pelos valores existentes no contexto sociocultural, econômico, político e religioso do grupo observado.

Com os dados coletados a partir das observações etnográficas em viagens nas diferentes regiões do Estado da Paraíba, não restavam mais dúvidas de que seria importante formular e desenvolver um estudo sistemático com o objetivo de estudar a recepção televisiva na população rural.

Nos últimos anos, a televisão vem ganhando espaços significativos nas áreas rurais. Sua penetração nos mais longínquos locais da região nordestina – onde as comunidades vivem das experiências dos seus antepassados, dos costumes e das tradições bem marcantes nas práticas culturais, leva essas comunidades a conviver com valores culturais de outra sociedade veiculados pelos mass mídia.

Assim como o rádio, nos anos 50, a televisão também está se tornando um importante veículo de informação coletiva ao alcance das populações rurais e das pequenas cidades do interior do Nordeste. A televisão já  faz parte do cotidiano dos brasileiros é o mais importante meios de comunicação em termo de quantidade por domicilio só fica atrás do fogão e do rádio.

 

II - OS ESTUDOS DE RECEPÇÃO NA AMÉRICA LATINA

As pesquisas na América Latina, nos anos 90 voltam-se para os estudos da recepção, globalização e identidade cultural.

Com a chegada do final do século são profundas as mudanças na produção e circulação da informação. O mundo atual não tem mais espaços para formulações teóricas lineares e hegemônicas. É um mundo de pluralidade histórica, política, social e cultural.

Estamos vivendo uma nova referência de mundo. Um mundo globalizado onde o volume e a velocidade da informação circulam quase instantaneamente, acelerando o processo histórico em que as noções de tempo e espaço adquirem novos significados.

O volume e a velocidade das informações em circulação afeta decisivamente o universo cultural da humanidade, produzindo mutações no comportamento dos indivíduos e das comunidades. Todos se perguntam como sobreviver num panorama tão caótico e ao mesmo tempo tão excitante.[1]

É neste cenário que os estudos de comunicação na América Latina têm se desenvolvido na busca de uma nova compreensão do papel do receptor que passa a ser sujeito no processo de comunicação, agindo como ator social. É nessa década que ocorrem mudanças nos estudos em relação aos modelos tradicionais de comunicação, principalmente nos fundamentos teóricos das Escolas Funcionalistas e de Frankfurt. Rompendo com as correntes de pensamentos polarizadas na academia entre a esquerda e a direita, não aceitando mais o receptor como uma mera etapa do processo comunicacional. Era fundamental compreender o processo de comunicação por completo, uma visão holística e não uma concepção fragmentada em etapas. No modelo condutista não existe verdadeiramente a participação dos atores, consequentemente não ocorrem trocas de conhecimentos. Barbero afirma que:

Parto do princípio de que a recepção não é somente uma etapa no interior do processo de comunicação, um momento separável, em termos de disciplina, de metodologia, mas uma espécie de um outro lugar, o de rever e repensar o processo inteiro das comunicação. Isto significa uma pesquisa de recepção que leve à explosão do modelo mecânico, que, apesar da era eletrônica, continua sendo o modelo hegemônico dos estudos de comunicação.[2]

O receptor deixa de ser um pobre coitado recebedor de informação de uma determinada fonte e que passivamente a recebe e codifica conforme o desejo do emissor. O processo de recepção é uma troca constante de negociações. No processo comunicacional não existe um tempo histórico hegemônico e nem espaços uniformes. Muito pelo contrário, existe multiplicidade histórica e de temporalidade.

A pesquisa de recepção deve ser realizada observando os vários fatores, culturais, sociais, pessoais e psicológicos existentes no  processa da audiência, que está sistematicamente conectado no sistema social global.[3] Com as novas tecnológicas os grupos sociais independentes das suas localidades estão interligados ao mundo globalizado. Mas, não podemos esquecer das interligações regionais e locais bem características das comunidades rurais do Nordeste brasileiro. Não podemos desconhecer as culturais e os sistemas econômicos locais, é conhecendo as particularidades que vamos entender a influência do global nas culturais e na sociedade regional e local.

O esquema abaixo servirá como orientação para o desenvolvimento e observação da recepção na comunidade de São José de Espinharas: 

 

Fatores culturais

Fatores sociais

Fatores Pessoais

Fatores Psicológicos

 

Cultura dos mídias

Grupos de referência

 

Idade e estágio de ciclo de vida

Motivação

 

Cultura popular/folk

 

Família

Ocupação

Percepção

Receptor

Classe social

Funções e hierarquias sociais

Condições econômicas

Aprendizagem

 

 

 

estilo de vida

Crenças e atitudes

 

 

 

Personalidade e auto conceito

 

 

 

sistema social global

 

 

    

A recepção de uma mensagem passa necessariamente por várias mediações que são influenciadas por diversos fatores. Definir mediação aplicada nos estudos de recepção ainda não é uma tarefa fácil. No dicionário de Aurélio vamos encontrar como:

Ato ou efeito de medir. Intervenção, intercessão, intermédio. Intervenção com que se busca produzir um acordo. Processo pacifico de acerto de conflito internacionais, no qual (ao contrário do que se dá na arbitragem) a solução é sugerida e não imposta às partes interessadas.  

A definição acima parece que atende em parte os interesses pelos quais se pretende definir mediação na recepção da mensagem, principalmente dos meios de comunicação de massa. Em comunicação a mediação é a relação estabelecida entre uma pessoa com várias outras ou entre várias pessoas ao mesmo tempo, isto quando a comunicação é interpessoal, ou ainda as relações entre um veículo de massa. Ao analisar as relações sociais nas obras de arte Raymond Williams chama atenção para o fato de que as obras de arte incorporam material social, preexistem e modificam ou substituem pela idéia de mediação. As relações cotidianas do artista com o seu meio ambiente vão influenciar na composição da sua obra de arte. Nesta mesma perspectiva podemos afirmar que na recepção das imagens midiáticas o processo comunicacional dependerá da sua ecologia, nas relações cotidianas dos atores do processo de comunicação.

O olhar para uma obra de arte, a leitura de um livro podem ser vistos e lidos de várias maneiras, um programa de televisão ou um filme também podem ser assistidos diferentemente por vários telespectadores, e assim por diante .

É importante ressaltar que na recepção são estabelecidas relações sociais, culturais, análise de conteúdos, formas de produção, veiculação e circulação da mensagem. O estudo de recepção não está desvinculado do campo da produção, como ela é organizada, programada, do domínio ideológico, político e cultural da mídia, que está concentrada nas mãos de uns poucos empresários e políticos, no caso brasileiro. São fatores que devem ser levados em consideração nas pesquisas de recepção. Para Fausto Neto, a preocupação mais recente do estudo sobre o campo de recepção é devido ao esgotamento dos modelos positivistas.

A ênfase dada à questão do receptor passa, por exemplo, pelo estatuto de sua cidadania e ao mesmo tempo, pela especificidade da sua condição de agente ativo no circuito sociocultural como instância produtora de mensagem.[4]

No processo de comunicação dois campos se intermeiam. Os campos do emissor e receptor estão inter-relacionados, envolvidos nos mesmos protocolos de intenções, portanto não existindo hegemonia de um sobre o outro.

A globalização é um fenômeno irreversível, a sociedade tem que encontrar o caminho certo da convivência com a nova realidade que se aproxima.

Sem dúvida, o século XX ficará marcado na agenda histórica como a época das grandes transformações geopolíticas, sócioeconômicas, tecnológicas, da globalização da comunicação, da informática e das culturas.

O economista Celso Furtado ao comentar o processo histórico e econômico do mundo moderno neste final de século diz que:

Neste fim de século prevalece a tese de que o processo de globalização dos mercados há de se impor no mundo todo independentemente da política que este ou aquele país venha a seguir. Trata-se de um imperativo tecnológico, semelhante ao que comandou o processo de industrialização que moldou a sociedade moderna nos dois últimos séculos.[5]

Celso Furtado, chama também à atenção para o fato de que a globalização tem aspectos negativos principalmente com relação a “vulnerabilidade externa e a agravação da exclusão social”.

Para compreender a influência que os MCM têm sobre os produtores da cultura popular e do folclore, é necessário, em primeiro lugar, conhecer o processo de recepção dos telespectadores que moram nas áreas rurais, nas periferias dos grandes centros urbanos e nas cidades do interior do Brasil, na Região do Nordeste e em especial no Estado da Paraíba. É necessário que se pesquise para conhecer melhor o perfil cultural existente em cada região e que se possa compreender essa coexistência entre as culturas tradicionais e culturas modernas. Observando as tradicionais feiras e o comércio tão caraterístico localizado nas cidades do interior nordestino, passamos a compreender que o moderno e o tradicional ocupam os seus espaços um dando lugar ao outro. É a convivência das pizzarias com o rei da Carne de Sol, dos raizeiros e curandeiros com a medicina, dos remédios caseiros e os das farmácias.

 

Pelos quatro cantos do mundo os maiores índices de audiência são conseguidos por novelas inspiradas em lendas folclóricas que personificam nossas disputas históricas, heróis e vilões e, geralmente, com finais felizes.[6]  

 

Voltamos a São José de Espinharas dez anos depois para observar como as relações sociais estão se desenvolvendo, quando uma série de modificações já estabelecidas pela modernidade se incorporaram à tradição cultural através da mídia. Nessa perspectiva, pretende-se desenvolver o estudo com o objetivo de analisar os sistemas de relações socioculturais, não só comparativos mas, sobretudo, interpretativos, como fator básico para o descobrimento, ou reconhecimento do novo cenário e os papéis dos seus atores nesse "novo contexto sociocultural". A compreensão dos processos de comunicação da própria comunidade e seus intercâmbios com os sistemas de comunicação de massa, especificamente a televisão, passou a ser o nosso objeto de estudo.

 

 

III OBJETIVOS

GERAL:

Compreender os processos de recepção das mensagens televisivas, numa perspectiva sociológica que possibilite a construção da narrativa televisiva nos vários contextos culturais da comunidade de São José de Espinharas e seus diversos aspectos de apropriação por parte do campo da recepção, como uma via de acesso estratégico para compressão do processo de comunicação como um todo.

 

ESPECÍFICOS:

 

- observar o tipo de público que assiste televisão a partir de suas características sociais (idade e estágio de ciclo de vida, instrução, ocupação, sexo, profissão, situação econômica, motivação);

- verificar as relações entre as características sociais da cultura de massa e da cultura popular/folk a nível dos campos de emissão/recepção – folk midiáticas e mass midiáticas

- observar o nível de interesse do campo de recepção (audiência de característica sociocultural rural ou não) pelas temáticas agendadas pela televisão;

- observar as influências internas e externas que estruturam o processo de relação televisão-recepção e o comportamento cotidiano dos atores sociais no seu contexto sociocultural - múltiplas mediações.

 

 

 

IV - METODOLOGIA

 

 

A conjunção dos métodos quantitativo e qualitativo permite ampliar o campo de observação e de coleta de dados. O importante é conhecer/conhecendo, entender com profundidade as ocorrências por que passam os grupos de audiência televisiva.

A pesquisa qualitativa é mais demorada e exige do investigador uma permanência maior na área de observação para que se estabeleçam relações de confiabilidade entre o objeto de estudo e o sujeito da pesquisa. Consequentemente, há um melhor entendimento dos códigos diferenciados existentes em qualquer processo de pesquisa onde estão envolvidas pessoas das mais diferentes categorias sociais, intelectuais e culturais. É principalmente por esses motivos que o estudo de recepção deve estar associado ao contexto sociocultural do receptor sujeito.

São evidentes as mudanças na sociedade contemporânea, visto que o conhecimento também chega aos que não freqüentam a escola e a oralidade continua sendo fundamental meio de comunicação. Como a sabedoria popular, os novos conhecimentos chegam nesses grupos através da mídia, especialmente o rádio e a televisão.

Na pesquisa quantitativa serão coletados dados mensuráveis pela estatística, através de questionários e entrevistas. Na pesquisa qualitativa a observação será através da participante em vários momentos das atividades culturais, religiosas e sociais. É fundamental que o estudo de recepção leve em conta a vida cotidiana, a história social e cultural do universo investigado, conhecer o lado lúdico, triste, afetivo, as relações mais amplas que integram os novos espaços da memória cultural e biológica que construirão os seus conhecimentos atualizados. A interação com o grupo observado, é uma das estratégia para entender a demanda de produção e reapropriação de bens simbólicos ofertados pela mídia.

As mensagens difundidas pelos mídias, no caso específico a televisão, estão carregadas de padrões conformistas e até reacionários, contribuindo para determinado imobilismo. Porém, estão cheias de valores inovadores e reformistas que chegam ao ponto de serem criticados pela audiência.[7]

A televisão não deve ser responsabilizada por tudo que é negativo na nossa sociedade. Também não se deve chegar ao exagero de afirmar que é um importante e único meio de transformação da sociedade.

É de fundamental importância estudar a audiência da televisão no Brasil, principalmente os telejornais e as telenovelas que alcançam a média diária de 50 milhões de telespectadores. Para investigar a recepção em São José de Espinhas, em duas épocas diferentes, tomamos como parâmetro pessoas que assistem televisão em um receptor instalado na principal praça pública da cidade. A primeira etapa foi de 1984 a 1987, para elaboração da dissertação de mestrado. A segunda - em desenvolvimento - teve início em abril de 1998.

As narrativas televisivas estão presentes no cotidiano da comunidade de São José de Espinharas, têm grandes audiências fazem sucesso por que contribuem na construção do conhecimento do senso comum atualizado.

A necessidade de estudar a recepção de uma determinada audiência televisiva, nos levou a optar pela metodologia comparativa, observações etnográficas e participantes.

Metodologicamente tomaremos como referência o modelo de múltiplas mediações.[8] A mediações individuais: são provenientes das nossas referências culturais e comunicativas; mediações institucionais: são as que ocorrem nas organizações como família, trabalho, participação política, religião, os ritos de passagens; mediações de referência: faixa etária, gênero, ecologia, faixa sócio-econômica; mediações situacionais, vinculada diretamente a situação da recepção. A situação de assistir um programa de televisão em casa na sala de visitas é bem diferente de estarmos assistindo televisão no receptor instalado na praça pública de São José de Espinharas. Esta categoria de mediação foi bastante significativa para a pesquisa qualitativa, já que uma das características das pessoas da cidade de São José de Espinharas, é assistir em casa a programação televisiva, principalmente as telenovelas, e em outras situações na praça pública. Um fato novo de repercussão nacional, um grande clássico de futebol, as últimas semanas de uma telenovela são motivos para aumentar a audiência na televisão da praça da cidade.

Também empregaremos o método de análise estruturalista proposto por Propp[9] nos estudos dos contos e lendas folclóricas e as interpretações da narrativa mítica – linguagem narrativa das imagens em movimento – proposto por Silverstone.[10]

Silverstone define três níveis de narrativas televisivas: a) o conteúdo temático extraído da vida cotidiana; b) uma ordem cronológica, com suspense, de eventos que movimentam as ações num período de tempo que chegaram a soluções satisfatórias dos problemas; c) a lógica cultural do triunfo do bem sobre o mal criado ao longo dos anos nas construções históricas e dos simbolismos representativos do saber popular vivenciados e que encantam o grande público.

A televisão em São José de Espinharas, como na maioria das demais localidades, é também um meio de comunicação doméstico importante que é assistido em casa em família ou com os vizinhos e amigos, se discute em casa, é ignorado em casa e em determinadas circunstâncias é assistida e discutida publicamente.

 

 

 

IV – JUSTIVICATIVA - VALE APENA VER DE NOVO

 

Em 1987 São José de Espinharas tinha apenas 9,1% da população com aparelho de televisão – a maior parte em preto e branco. Agora em 1998, 71,8% dos habitantes têm TV a cores.

As facilidades de comercialização de televisores e a boa qualidade do sinal retransmitido por repetidoras locais e antenas parabólicas têm contribuído muito para a sua popularização nessas localidades. Tudo isso faz com que a televisão deixe de ser privilégio das sociedades de centros urbanos avançados e, a exemplo do rádio, passe a ser adquirida em maior quantidade pelas populações das periferias urbanas e das áreas rurais.

Quando a pesquisa foi iniciada no final de 1985, visando elaborar a dissertação de mestrado em Comunicação Rural pela Universidade Federal Rural de Pernambuco, o Nordeste passava por mais um período prolongado de seca, que atingia uma área calculada em 1.439.418 km², correspondente a 85,69% do seu território.

Em 1998/99, o Nordeste brasileiro sofre, novamente, uma das piores secas dos últimos anos e 1.385 municípios estão em situação crítica. Com o objetivo de matar a fome dos sertanejos o Governo continua tomando medidas apenas assistencialistas, distribuindo cestas básicas cuja estimativa em 1998 alcançou cerca de 11 milhões de pessoas.

Uma das áreas mais atingidas pela seca no Estado da Paraíba é o sertão, região onde está localizado o município de São José de Espinharas. Dos 223 municípios paraibanos 127 estão em situação crítica, conforme dados da SUDENE - Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste.

O nordestino convive com esse mal crônico há pelo menos três séculos. A frágil estrutura social e econômica do semi-árido torna-se ainda mais debilitada no período da estiagem. Vem o desemprego, a fome e, consequentemente, o êxodo para outras regiões do país em busca de melhores condições de sobrevivência.

No relatório do projeto "Nordestinos: conviver com a seca", que teve o apoio da Rede Globo, é feita a seguinte observação:

O padrão de organização social do semi-árido reproduz, de maneira impiedosa, malha de relações sociais do Nordeste, onde uma pequena minoria domina as atividades econômicas, políticas, sociais e culturais, e uma grande maioria encontra-se destituída de qualquer poder e de qualquer bem.[11]

O governo, tentando minimizar tal situação, cria as frentes de trabalho, evitando maiores tensões sociais sem, no entanto, provocar mudanças nas estruturas fundiárias. As frentes de emergência estão localizadas nos bolsões da seca. Os agricultores, em troca de minguados salários constróem açudes, estradas e outras obras públicas e privadas.

O depoimento de um agricultor de 51 anos, da cidade de São José de Espinharas, sertão da Paraíba, conta um pouco da história dos emergenciados:

(...) daquelas campanhas de ajuda aos flagelados pela seca na televisão, as merendas, era só agente pagando. Nada recebemos de graça. Os trabalhadores já recebiam descontado no ordenado. Só minha mulher trabalhou na emergência. As coisas dadas lá por aqueles Estados, vieram para cá porque a gente via na televisão. Por isso que eu gosto da televisão que, quando erram pode ser irmão do governador, eles falam. Os alimentos vieram para Paraíba, para os emergenciados mas a gente pagava. (...) Veio a ajuda em alimento, para a Paraíba mas, quando chegou em João Pessoa o Governo pegou e vendeu para os emergenciados. Isso aí, não pode dizer que é mentira porque a televisão mostrou e saiu nos jornais que não sei quantas mil toneladas chegaram ao porto de João Pessoa. Aqui demorou um pouco a chegar a frente de emergência por que tinha uma politicazinha no meio. Os políticos sempre é que corriam para inscrever. Os que estavam por ali não conseguiam nada. Eu sempre trabalhei na roça de meeiro.[12]

As elites atrasadas do Nordeste mantêm o controle dos partidos políticos, das repartições públicas que, na realidade, constituem instrumentos dos mais eficientes para manutenção do prestígio e do poder regional.

Para manter o poder, o chefe político é que indica os coordenadores, chefes de repartições, técnicos, diretores de escolas e funcionários dos diversos setores públicos e com isso conservar sob seu controle a política administrativa do estado e dos municípios de sua atuação política. Geralmente, não interessa a essa classe dominante provocar grandes mudanças na ordem vigente. Gentil Martins Dias afirma:

Num esforço de manter a sua posição dominante, essas elites têm procurado estabelecer e manter eficaz controle sobre as modernas e cada vez mais poderosas burocracias públicas.[13]

Mesmo com toda a crise financeira agravada na época da seca havia uma preocupação dos emergenciados em receber o salário em dia, para fazer as compras e pagar as prestações da televisão, do rádio, do relógio, do gravador, da bicicleta e de outros objetos de uso pessoal.

As feiras livres, os mercados públicos e os armazéns estão cheios de objetos de consumo cuja propaganda é veiculada pelo rádio e pela televisão. Na variedade de ofertas nas barracas de comidas e bebidas típicas, nas feiras do fumo, do couro, do barro, de troca ou nas boutiques populares misturam-se os objetos artesanais com sandálias de plástico, bujões de gás, aparelhos de televisão e rádios, ferros elétricos, relógios digitais e uma quantidade de produtos anunciados pelos mass mídia,  encontrados à venda em todas as feiras nordestinas independente do seu tamanho, preço e importância. São as feiras tradicionais convivendo concomitantemente com as “Feiras do Paraguai”.[14]

Produtos da moda, mostrados constantemente nas telenovelas são mais consumidos, como diz Maria Duarte:

Estes objetos-mercadorias apresentam total diversidade de área de produção. Pode ser uma boneca, um “catchup”, um vinho, um relógio. Em todos os "merchandising" uma situação repete-se: o objeto é insistentemente falado pelo personagem que o "admira". Nunca sua marca registrada é verbalizada. É apenas visualizado em “close” de câmaras. [15]

A geração de nova perspectiva de vida, transmitida pela televisão cria, de certa forma, um desejo de imitar a moda dos personagens das novelas, dos cantores de sucesso e dos artistas da televisão. Às vezes esse desejo é alcançado com a simples compra de uma roupa, de um relógio, brincos ou até mesmo um corte de cabelo semelhante aos que aparecem na televisão. Sobre este aspecto Octavio Ianni, chama atenção para o uso e o consumo dos produtos vendidos pela indústria cultural:

Mas, nenhuma mercadoria é inocente. Ela é também signo, símbolo, significado. Carrega valor de uso, valor de troca e recado. Povoa o imaginário da audiência, auditório, público, multidão.[16]

Mas muitas vezes, esse desejo ultrapassa as condições locais e o nordestino sai em busca de melhores condições sonhando ser um artista igual ao da televisão:

Ao lado da velha ilusão de melhorar de vida - e rápido - na grande cidade - o que tem impressionado as assistentes sociais do Posto (O Rio de Janeiro conta com um Posto de Atendimento ao Migrante na Rodoviária Novo Rio), nestes seis meses de funcionamento do Posto é a penetração da TV na roça. As pessoas já chegam falando em Final Feliz, Paraíso, A Festa é Nossa e querem logo saber onde fica o Povo da TV para conseguir um emprego e casa para morar. (...) - onde mora o Didi? - pergunta Valdemar dos Santos, 19 anos, que acaba de chegar de Juazeiro do Norte, no Ceará. Didi é o conhecido personagem do grupo Trapalhões e Valdemar acredita que por ser seu conterrâneo vai ajudá-lo a arrumar um emprego de pintor. [17]

Em 1986 quando da realização da primeira etapa da pesquisa, a Rede Globo de Televisão exibia a telenovela Roque Santeiro de temática rural bem característica do sertão nordestino, um dos maiores sucessos de audiência. Nos pequenos comércios e nas feiras das cidades eram vendidos óculos tipo Roque Santeiro, chapéu e brincos tipo viúva Porcina, batom boca-loca, chapéu e óculos modelo Senhorzinho Malta etc.

Agora, em 1999, quando estamos realizando a segunda etapa da pesquisa a mesma emissora (TV Globo), está exibindo a telenovela Meu Bem Querer, igualmente de temática rural, que também reforça o consumo de produtos presentes nessas produções.

Atualmente as telenovelas e outros assuntos da TV já fazem parte das conversas, nas casas das fazendas, nas queijeiras, nos currais, nas bodegas, festas, feiras, escolas, sindicatos e em quase todos os lugares de encontros da comunidade. "É o melhor passa tempo da cidade", disse um velho morador de São José de Espinharas se referindo à televisão na cidade.

Na década de 80 a instalação de repetidoras de televisão e de aparelhos de TV nas praças públicas e centros sociais nos municípios, passou a ser obra importante dos prefeitos. Quanto mais sofisticada fosse a parabólica e maior quantidade de televisores instalados em locais públicos, maior seria a repercussão da administração municipal:

Mataraca, município localizado na região litorânea Norte da Paraíba, sai do isolamento em que vivia para entrar na era da comunicação. A atual administração Ivan Lyra adquiriu uma estação repetidora da TV - Bandeirante que transmitirá aos municípios imagens via satélite, direto. O aparelho, além de antena, possui captadores parabólicos de imagens, que permitem uma imagem estável, sem auxílio de acessórios acoplados aos televisores. Pode-se dizer que a comunidade mataraquense, de agora em diante, estará bem informada dos grandes acontecimentos. [18]

Após vários contatos em João Pessoa, o prefeito de Catolé do Rocha, município localizado na região semi-árida do Estado da Paraíba, (quatrocentos e quarenta e quatro quilômetros da capital) José Otávio Maia, adquiriu para sua cidade uma antena parabólica para captar o sinal do satélite Brasil-Sat da TV Bandeirantes, que será mais uma opção para o povo do seu município em matéria de comunicação. A antena custou aos cofres da prefeitura 55 milhões de cruzeiros. (...) Visando oferecer o melhor para seus munícipes, o prefeito José Otávio não tem medido esforços em melhorar nível de vida através da educação, e a TV é uma delas. [19]

Notícias de instalação de repetidoras de TV nas cidades interioranas do Estado, divulgadas nos jornais de João Pessoa, a Capital do Estado da Paraíba, tornaram-se comuns, comprovando assim a importância da televisão na cidade. Para os moradores da zona rural a antena parabólica passou a ser uma necessidade, assim como as vestimentas e os instrumentos de trabalho.

D. Inácia Maria da Silva, mãe de seis filhos, residente na zona rural de Pocinhos, disse que adquiriu a parabólica há cerca de dois meses. (...) Indagada se não seria mais proveitoso investir o dinheiro em comida e vestimenta para os filhos, ela justificou que muito estava precisando de uma parabólica. “Aqui onde moramos é muito ruim o sinal de TV. Por isso resolvi adquirir uma antena com capacidade de ver todos os canais para a diversão da família”, contou a emergenciada. Já o agricultor Sebastião da Silva Santos, morador às margens da Br-230, no município de Soledade disse à reportagem que o sonho da família era adquirir uma parabólica. “A oportunidade surgiu depois que apareceu este dinheirinho do Governo, que a gente dividindo direitinho está dando para as obrigações com alimentação dos meninos e cumprir com o compromisso da prestação da parabólica. [20]   

Através das mediações dos seus agentes comunitários as mensagens dos mass mídia são decodificadas e reelaboradas pelos seus próprios meios de comunicação, objetivando atender às suas necessidades.

São Vicente do Seriódo (a 70 quilômetros de Campina Grande) exibe uma das paisagens mais secas e contrastantes do Sertão paraibano. Foi lá que o CORREIO conheceu a história das chamadas “viúvas da seca”. São mulheres entre 25 e 45 anos que amargam a ausência forçada dos maridos que saíram em busca de trabalho em outras regiões do país. Andar pelas ruas da cidade, vê-se nas casa humildes antenas parabólicas e aparelhos de som equipados com CD player. Mas todas as famílias têm dívidas na mercearia. [21]

Observamos que a situação é semelhante em São José de Espinharas. São famílias com renda média de um salário mínimo R$ 130,00 (cento e trinta reais) e em alguns casos mais o pagamento mensal de R$ 80,00 (oitenta reais) da frente de emergência. Mesmo assim, 71,8% das casas têm televisor a cores, 30,4% televisor preto/branco, 69,6% rádio, 54,3% antena parabólica, 15,2% antena de TV convencional, 17,4% CD player, 89,1% geladeira e 98,9% fogão a gás, não muito diferente do cenário estadual e nacional..[22]

Na Paraíba 96,31% da população tem fogão em casa, 87,51 tem rádio, 65,10:  tem geladeira e 85,46 televisão. Em nível nacional 97% dos domicílios tem fogão, 90% rádio, 84% televisão e 78% geladeira. [23]

Não deixa de ser preocupante a forma como a indústria cultural vem penetrando na sociedade nordestina, principalmente na rural cujo saber é influenciado pela religiosidade e aprendido com os elementos da natureza, acumulados pelas experiências dos seus ancestrais explicadas através do conhecimento do senso comum das manifestações de suas culturas. Como afirma Adriano Rodrigues:

É por isso que a rememoração tradicional é feita predominantemente através da expressão oral dos mitos fundadores originários. [24]

A sociedade contemporânea não comporta mais o pensamento pessimista com relação à indústria cultural, principalmente a televisão como responsável direta pela desestruturação das sociedades tradicionais. A comunicação de massa percorre vários níveis de mediações no seu processo de recepção.

São esses agentes culturais da comunidade que exercem importantes funções de mediador e reelaboram as mensagens dos mass mídia para um melhor entendimento da sua comunidade com relação aos novos valores culturais. Os agentes culturais dos sistemas sociais desses pequenos grupos como os artesãos, os contadores de estórias, mestres e mestras dos folguedos e danças, professores, religiosos, lideranças sindicais e completando este processo de multimediação, a família, as relações de vizinhanças e o contato com os agentes externos que têm interesses econômicos e culturais na comunidade. [25]

A recepção das mensagens dos meios de comunicação de massa passa por um conjunto de influências estabelecidas pelos vários contextos socioculturais da comunidade e do sujeito receptor. Portanto, a recepção não ocorre de forma passiva.

A indústria cultural é controlada, elaborada e distribuída do centro para a periferia, impondo valores urbanos ao meio rural, costumes e hábitos dos grandes centros para o restante do país.

A penetração das mensagens veiculadas pela mídia no meio rural cria um novo mercado consumidor no Brasil. Visando este mercado emergente os meios de comunicação de massa, principalmente o rádio e a televisão, passam a produzir programas e anúncios dirigidos aos que vivem direta ou indiretamente das atividades voltadas para o campo. É o Globo Rural, Som Brasil, Manchete Rural programas que marcaram um determinado período das audiências da televisão e principalmente as telenovelas de temática rural. A maior rede de televisão do Brasil, Rede Globo de Televisão, tem investido alto nos espetáculos de músicas sertanejas, nas telenovelas e minisséries de temática rural.

A morfologia da sociedade contemporânea está mudando. Nos anos 90, após a Guerra Fria, com a queda do Muro de Berlim, a crise do Golfo, a reforma da URSS e a economia semi-aberta na China, passamos a ter uma nova referência de mundo. Um mundo com novo cenário político, sócio-econômico, geográfico e tecnológico. Estamos vivendo um novo conceito de mundo, um novo conceito de comunicação, “O Mundo dos Mídia”. O mundo passa por grandes transformações no que se refere às culturas, religiões e ideologias. As incertezas e perturbações são características próprias de um processo de mudança entre a ordem e a (des)ordem de uma sociedade em transformação. É neste momento que precisamos dar importância, mais do que nunca, ao fator cultural, por que são os fluxos de bens capitais e culturais que passaram a unir os grupos regionais em formação nas várias partes do mundo globalizante (CEE, NAFTA, MERCOSUL etc. ). FOUCHER, chama atenção para:

(...) que ninguém fique surpreso se o aspecto cultural se tornar o campo do confronto mais importante, ainda que sua tradução política adote formas variadas: reafirmação nacional, concentração sobre microidentidades ou valorização das fronteiras econômicas e das frentes culturais.[26]

O Brasil não poderia ficar fora deste novo contexto mundial e busca se modernizar avançando em determinados setores e continuando atrasado em outros. Mas é preciso deixar claro que o país que não enfrentar os seus problemas educacionais, sociais, e econômicos e não acompanhar a dinâmica deste final de século, determinada por três fatores: comunicações instantâneas, integração econômica global e avanços tecnológicos, fatalmente perderá o bonde da história.

Atualmente o Brasil tem mais de 5 mil municípios, dos quais 99,84% recebem as imagens das grandes redes de televisão, tendo como líder de audiência a Rede Globo de Televisão.[27]

A população brasileira já passa dos 160 milhões. Hoje são mais de 30 milhões de domicílios brasileiros com receptores de TV. São mais de 4 mil emissoras de rádio espalhadas pelo país. A televisão e o rádio, são os dois mais importantes meios de comunicação de massa, poderosos instrumentos de difusão cultural, com grande influência na sociedade brasileira e que ultrapassam a questão do analfabetismo.

O Brasil é um país que tem sua população distribuída basicamente em regiões com suas diferenças econômicas, geográficas e culturais. São pessoas que vivem no mesmo país mas, na realidade, é como se elas habitassem em países diferentes. Uma minoria que tem estilo de vida comparado aos que habitam os países mais desenvolvidos do mundo e um contingente expressivo que vive em estado de pobreza e miséria. São pessoas que de uma forma ou outra estão sendo informadas através das emissoras de rádio e televisão. É um Brasil que tem uma imprensa comparada com as melhores do mundo em qualidade e quantidade.

São Paulo possui uma imprensa dinâmica; jornais diários como a Folha, o velho “Estado de S. Paulo” e a Gazeta Mercantil” são tão bem redigidos, críticos e influentes quanto qualquer jornal de alta qualidade da Europa ou América do Norte. O Brasil também possui uma das redes de televisão mais bem-sucedidas do mundo, a TV Globo, e um dos mais agressivos impérios editoriais, a Editora Abril, proprietária da “Veja”, um semanário de grande circulação.[28]

Em 1995 foi criado o maior complexo, de TV da América Latina, para a produção de telenovelas e outros programas de variedades. É o Projeto Jacarepaguá-Projac, da Rede Globo, localizado em uma área de 1,3 milhão de metros quadrados e que custou 120 milhões de dólares.

O complexo de produção reúne quatro estúdios, com mil metros quadrados cada, além de fábrica de cenários e figurinos, prédios para administração e engenharia, (...) Equipamentos modernos e tecnologia de última geração caracterizam o Projac, que tem novidades com um sistema computadorizado de iluminação, que permite programar a luz ideal para cada cena gravada. Não existe estúdio no mundo com tecnologia tão avançada.[29]

Em janeiro de 1999, a Rede Globo inaugura o prédio que custou US$ 200 milhões, onde passou a funcionar o mais moderno centro de produção jornalística da América Latina. Com 16.269 metros quadrados de área construída, com três estúdios com equipamentos digitalizados.

A sociedade brasileira é demarcada pelas diferenças. É neste contexto que se deve investigar a recepção dos meios de comunicação de massa. É uma sociedade que tem acesso às novas tecnologias e ao mesmo tempo luta no dia-a-dia pela sobrevivência. São possivelmente 40 milhões de pessoas que vivem com salário médio de R$ 50,00 (cinqüenta reais) mensais, nas periferias dos grandes centros urbanos e nas regiões castigadas pela seca.

 

V – ALGUMAS CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

A quantidade de aparelhos de televisão nas casas em São José de Espinharas em 1987 não passava dos 10% e agora em 1998 chega próximo aos 70%. A era da televisão preto e branco também já passou pela cidade e a maioria dos domicílios tem aparelho a cores e com antena parabólica. Porém não significa que tenha havido melhoria na situação sócio-econômica da população. São as ofertas do mercado e o barateamento dos equipamentos que permitem a sua comercialização através de consórcios e pagamento em longas prestações mensais. A estabilidade do Real permitiu um planejamento a longo prazo e consequentemente o acesso a esses bens de consumo.

A televisão passou a ser uma prioridade deixam de comprar bens de primeira necessidade para comprometer a renda familiar na aquisição de televisor e antenas parabólicas (veja fotos anexas) .

Outro dado importante é que mesmo havendo maior número de aparelhos de televisão nas casas, o hábito de assistir televisão é coletivo. Quando não acontece na praça os vizinhos se encontram em determinadas residências para assistir coletivamente a programação. A casa do prefeito, da professora, do dono da mercearia estão sempre recebendo os vizinhos, os amigos e os que não têm televisão.

Em São José de Espinharas a relação sujeito/televisão/recepção acontece de maneira interativa. É uma recepção ativa em que em grupos discutem os acontecimentos veiculados pela televisão.

Quando o fato é de maior repercussão o hábito de assistir televisão coletivamente nos bancos da praça continua.

Com o passar do tempo a televisão firma-se cada vez mais como um importante meio de informação, entretenimento e de influência cultural. A televisão faz parte do cotidiano da população de São José de Espinharas.

A pesquisa realizada em dois períodos, 1987 e 1998, permitiu compreender esta nova relação da comunidade com os seus valores socioculturais. A questão da família, sexualidade, violência, crise econômica e política, religiosidade, o desejo de acesso à modernidade e à sociedade de consumo dos grandes centros urbanos, são temas agendados nas discussões da maioria da população de São José de Espinharas.[30]

 

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[1] MELO, José Marques de. Imagens midiáticas do Natal/96 nas regiões brasileiras. Pesquisa em andamento/Cátedra da UNESCO.

[2] BARBERO, Jesús Martín.  América Latina e os anos recentes: o estudo da recepção em comunicação social. In: Sujeito, o lado oculto do receptor/ Mauro Wilton de Sousa (org.). São Paulo: Brasiliense, 1995. P. 39 – 68.

[3] KOTLER, Philip. Administração de marketing: análise, planejamento, implementação e controle. São Paulo:  Atlas, 1998.

[4] NETO, Antonio Fausto. A deflagração do sentido. Estratégias de produção e de captura da recepção. In: Sujeito, o lado oculto do receptor. Mauro Wilton de Sousa (org.). São Paulo: Brasiliense, 1995 p. 189 – 231.

[5] FURTADO, Celso. O capitalismo global. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998, p. 26.

[6] WHITE, Robert. Televisão como mito e ritual. Comunicação e Educação, São Paulo: ECA/USP, P. 47-55, SET. 1994.

[7] SODRÉ, Muniz. A máquina de narciso: televisão, indivíduo e poder no Brasil. Rio de Janeiro, Achiamê, 1984.

[8] OROZCO-GÓMES, Guillermo. La investigación en comunicación desde la perspectiva cualitativa. Guadalajara-México: Instituto Mexicano para el Desarrolio Comunitario, A C, 1997, p:113.

[9] PROPP, Vladimir. Morfologia do conto maravilhoso. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1984.

[10] SILVERSTONE, Roger. Televisión y vida cotidiana. Buenos Aires: Amorrortu editores, 1994.

[11] RELATÓRIO de viagem; nordestino: conviver com a seca. Rio de janeiro, Rio Gráfica Rede Globo de Televisão, 1984.

[12] Depoimento colhido na pesquisa de campo de 1987.

[13] DIAS, Gentil Martins. Depois do latifúndio; continuidade e mudança na sociedade rural nordestina. Rio de Janeiro, Tempo Brasileiro, 1978.

[14] Feira do Paraguai é a denominação popular dos locais de venda e troca de eletrodomésticos (televisão, sistema de som, CDs, relógios, ferro elétrico, relógio digital e tantos outros produtos de alta tecnologia) que são na sua maioria contrabandeados do Paraguai.

[15] DUARTE, Maria Lúcia Batezat. Imaginário; telenovela e "merchandise". Comunicação e Artes. São Paulo, 11(14):9-18, 1985.

[16] IANNI, Octavio. A sociedade global. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1997. P. 49-50.

[17] NORDESTINOS estão perdendo ilusão do viver bem no Rio. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 9 de jan. 1984.

[18] REPETIDORA de TV para Mataraca. O Norte, João Pessoa, 12 nov. 1985.

19 MAIA, adquiri antena para Catolé do Rocha. Jornal Correio da Paraíba, João Pessoa, 1º de maio, de 1985.

[20] MARCOS, Antônio. Fome e antenas parabólicas dividem espaço no Sertão. Jornal Correio da Paraíba, João Pessoa, 28 set. 1998.

[21] ARAÚJO, Elizângela. Mulheres esperam retorno dos maridos. Jornal Correio da Paraíba, João Pessoa, 31, jan. 1999.

[22] Pesquisa de campo realizado em julho/agosto de 1998.

[23] FONTE – IBGE – 1995.

[24] RODRIGUES, Adriano Duarte. Comunicação e cultura: a experiência cultural na era da informação. Lisboa, Editora Presença, 1994.

[25] BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Casa de escola; cultura camponesa e educação rural. Campinas, Papirus, 1983.

[26] FOUCHER,  Michel. Nasce o mundo “plural”. Folha de S. Paulo. 19 dez/90. Especial 2, World mídia.

[27] Revista Radar, ano 1 - 1ª 3, out/94

[28] MAXWELL, Kenineth. Os dois brasis. Mais, 5º caderno. FOLHA DE S. PAULO, São Paulo. 31. Jan. 1999.

[29] Jornal O Globo, 16/dez/95.

[30] COSTA, Soraia Rodrigues. Entre o rural e o urbano: recepção de telenovela em Serra da Saudade, Minas Gerais. Olhar Midiático – Revista de Comunicação e Informação. Universidade Federal do Ceará. Fortaleza: Edições UFC, 1998, p:49-62.