UM RETRATO SOCIOGRÁFICO E SOCIOPROFISSIONAL DOS JORNALISTAS DO PORTO

Ricardo Jorge Pinto e Jorge Pedro Sousa1, Universidade Fernando Pessoa


Sumário

Este artigo sistematiza os dados resultantes de um inquérito sociológico efectuado, em Maio de 1998, aos jornalistas que exercem a sua profissão na cidade do Porto. Entre as principais conclusões, sobressai a semelhança dos dados resultantes deste inquérito e do Segundo Inquérito Nacional aos Jornalistas Portugueses (1997). Por exemplo, quer a nível nacional, quer local, os jornalistas são maioritariamente homens com menos de 40 anos e com formação superior. Entre as principais diferenças que distanciam o perfil nacional do local, encontra-se, por exemplo, o carácter mais regionalista dos jornalistas portuenses.
 

Abstract

This study, based on a survey made to the journalists from Oporto, draws the sociological profile of those professionals (1998). Among the main conclusions, we found out that, like at national level, the majority of Oporto journalists are men under 40 years old that have an university degree. Among the main differences between Oporto journalists and Portuguese journalists in general, we found out that Oporto journalists support the idea of creating political and administrative regions in Portugal.
 
 

1. Introdução

Pesem embora as transformações que o jornalismo está a sofrer, 2 os jornalistas ainda são um dos agentes principais do sistema de produção, tratamento e difusão social de informação. Portanto, na sequência deste raciocínio, eles são um dos agentes mais activos no processo de produção simbólica, que oferece continuamente novos referentes às pessoas individualmente consideradas e à sociedade onde elas interagem. Eles são, assim, parte activa no processo de construção e reconstrução social da realidade, no processo de produção e reprodução social, embora não sejam os únicos agentes desse processo. De facto, no sistema jornalístico há ainda a considerar que os discursos, na sua forma e no seu conteúdo, são enformados por variantes de ordem social (como as organizações noticiosas e a interacção entre os jornalistas e as fontes de informação, etc.), ideológica (sentido de missão, subsistência da ideia da objectividade como meta atingível, etc.), cultural (mitos profissionais, visão do mundo em consonância com determinados enquadramentos susceptíveis de darem sentido ao que se percepciona, etc.), tecnológica e histórica (Sousa, 1997).

Se os jornalistas são agentes activos no processo jornalístico de produção de informação de actualidade, conhecê-los parece ser um contributo importante quando se pretende apurar por que razão temos as notícias que temos e não outras e por que razão as notícias que temos são como são. Face ao que atrás relevámos, não queremos dizer que o conhecimento do corpo profissional dos jornalistas é o factor decisivo para atingir essa meta. Mas será, provavelmente, um factor tão importante como qualquer outro. Assim, o objectivo principal deste trabalho consiste na elaboração de um perfil sociológico dos jornalistas do Porto, tendo em conta que consideramos o conhecimento sobre os profissionais do jornalismo imprescindível para a análise do complexo sistema produtivo de notícias e dos processos que este sistema alberga.

Estamos convictos de que a circunscrição deste trabalho à região do Porto permite a obtenção de resultados parcelares válidos sobre o jornalismo na segunda maior cidade do país, que poderão ser comparados com as pesquisas efectuadas à escala nacional, de forma a relevarem-se as hipotéticas convergências e divergências. A presente pesquisa lida, face ao exposto, com os backgrounds, a formação académica, a carreira, os valores profissionais, as circunstâncias do exercício da profissão e a ética dos jornalistas que exercem a sua profissão no Porto, referenciando também o posicionamento desses profissionais em relação a temas e pessoas de importância local e regional.

Queremos recordar que a percepção dos jornalistas como um corpo profissional autónomo remonta há cerca de um século atrás, embora a ocupação remunerada de repórteres a tempo inteiro se tenha verificado a partir de 1833 3 e se tivesse intensificado durante a Guerra da Secessão Americana (1861-1865).4 Para essa percepção terá contribuído, precisamente há 121 anos, a fundação do primeiro curso de jornalismo, na Universidade do Missouri (1878), seguida pela edificação da Escola de Jornalismo da Universidade de Columbia, em Nova Iorque, que teve Pulitzer por principal promotor. Ele mesmo terá dito: "Precisamos de um sentimento de classe entre os jornalistas, baseado não no dinheiro, mas sim na moral, na educação e no carácter." (cit. por Weaver e Wilhoit, 1991: 1) Em 1879, a fundação da Ohio Press Association também já indiciava que o jornalismo se tinha tornado numa profissão e que os jornalistas integravam um corpo profissional que se ia autonomizando. Todavia, na opinião de Weaver e Wilhoit (1991: 7), a actual auto-imagem e imagem-pública dos jornalistas terá sido formada essencialmente por acção dos jornalistas muckrakers do final do século passado, os jornalistas que investigavam profundamente e revelavam a corrupção, as disfuncionalidades administrativo-governativas e o desgoverno ou mau-governo, tendo sido seu "cabeça de cartaz" o célebre Lincoln Steffen. De qualquer modo, de então para cá o jornalismo e os jornalistas terão mudado. Interessa, portanto, saber quem são os jornalistas de hoje em dia, o que significa, em parte, traçar o seu perfil sociográfico e sócio-profissional. No entanto, parece-nos que estes estudos devem ser constantes e repetir-se, pelo menos, de dez em dez anos, de forma a ser possível avaliar o que vai mudando entre esse corpo profissional que, conforme já tivemos oportunidade de realçar, é (ainda?) manifestamente relevante para a construção social de referentes sobre a realidade.

Metodologicamente, o presente estudo baseou-se num inquérito distribuído pessoalmente pelas redacções dos órgãos jornalísticos do Porto, durante Abril e Maio de 1998. Esse inquérito combinava questões de resposta aberta e questões de resposta fechada, incidindo sobre dados caracterizadores do perfil socioprofissional dos jornalistas do Porto. Os jornalistas foram solicitados a remeter o questionário preenchido aos autores do estudo, por correio, em envelope apropriado e previamente franqueado (envelope RSF), até ao final de Junho de 1998. Responderam 56 jornalistas, o que perfaz uma amostra de cerca de 9,5% do universo possível.5 Assim, os resultados do inquérito que aqui se expõem dizem respeito aos jornalistas respondentes, embora a amplitude da amostra permita inferir que os resultados expressos neste artigo podem indiciar o perfil da generalidade dos jornalistas do Porto.
 
 

2. O perfil sociológico dos jornalistas portugueses: os dados conhecidos

Historicamente, só de há uma década para cá é que se vem tentando edificar uma sociologia dos jornalistas portugueses, 6 ao contrário do que ocorreu em países como os Estados Unidos. 7 Os focos de interesse das Ciências da Comunicação em Portugal, mesmo quando estas foram aplicadas ao estudo do jornalismo, residiram, principalmente, na exploração das teorias dos efeitos sociais dos meios jornalísticos, no estudo dos media, dos discursos e dos sentidos produzidos (onde o cruzamento entre semiótica - ou semiologia- e linguística teve um papel preponderante), nos estudos sobre comunicação e cultura e na crítica à comunicação jornalística, esta por vezes marcada pelo peso das teorizações marxistas clássicas e pela redefinição destas teorizações à luz da Escola de Frankfurt e dos Estudos Culturais. 8 No entanto, para Paquete de Oliveira (1988: 47), as pesquisas de pendor ideológico podem originar uma desvalorização parcial da mediação profissional, "ou seja, do papel decisivo que os profissionais da comunicação social têm na ‘produção da realidade’."

Em Portugal, o primeiro esforço para se traçar um perfil sociográfico dos jornalistas portugueses terá partido de Paquete de Oliveira (1988). Num artigo intitulado "Elementos para uma sociologia dos jornalistas portugueses", esse sociólogo sistematizou e interpretou uma série de dados disponibilizados pelo Sindicato dos Jornalistas, tendo verificado que, segundo os dados de então, 80,2% dos jornalistas eram do sexo masculino e que grande parte deles pertencia a uma geração pós-25 de Abril (70,1% possuía menos de 45 anos e 74,6% tinha menos de 15 anos de profissão). Só 19,2% dos jornalistas da altura tinham curso superior, embora mais 27,1% estivessem a frequentar um. Os cursos mais referenciados foram Direito, História, cursos de Letras e Comunicação Social. Os licenciados desta última área de estudos começavam a impor-se nas redacções. Todavia, o sociólogo notou que o número de jornalistas que desistiam dos seus cursos superiores era elevado.

Em 1990, o Sindicato dos Jornalistas e investigadores do ISCTE, sob a orientação de Paquete de Oliveira, levaram a cabo o Primeiro Inquérito aos Jornalistas Portugueses, numa altura em que o jornalismo, a nível nacional e mundial, e o mercado atravessavam um período de mudança.9 Os primeiros resultados foram apresentados durante o 1º Encontro Nacional de Jornalistas, em Março de 1991. Posteriormente, a análise mais aprofundada desses resultados deu origem a um artigo de Luís Garcia e José Castro (1993) e a uma publicação do Sindicato dos Jornalistas (1994). Os dados mais relevantes da pesquisa então efectuada talvez sejam os seguintes:

- Assistiu-se a um crescimento de 36,5% do grupo profissional dos jornalistas entre 1987/8 e 1990/1; havia, em 1990, 2374 jornalistas, contra 1704 em 1988;

- Os jornalistas concentravam-se em Lisboa (50,7%), embora menos do que em 1988 (80%);

- A percentagem de mulheres na profissão cresceu 5,6% entre 1987/8 e 1990, representando 25,4% do total de jornalistas;

- 70,1% dos jornalistas tinham menos de 44 anos, sendo a faixa etária mais representativa a dos 30-44 anos (46,7%); assistia-se a um processo contínuo e estável de rejuvenescimento dos jornalistas (Garcia e Castro, 1993: 100), profissionais que se iniciavam cedo na actividade profissional (51,9% antes dos 21 anos);

- Mais de 50% dos jornalistas eram filhos de membros das classes médias ou superiores urbanas e escolarizadas (apenas 34,7% eram filhos de progenitores com a escolaridade básica);

- 39,1% dos jornalistas não acabaram os seus cursos superiores, mas 27,9% dos jornalistas detinham uma licenciatura;

- 96% dos jornalistas eram assalariados;

- Para 60,4% dos jornalistas o jornalismo foi a primeira profissão;

- 44,5% dos jornalistas eram abrangidos por contratos colectivos de trabalho, 27,7% por contratos de empresa e 19,4% contratos individuais, geralmente a prazo; 12,8% dos jornalistas com título profissional não integravam o quadro das suas empresas;

- 60% dos jornalistas cumpriam uma média de sete horas diárias de trabalho e 20% cerca de oito horas; 80% dos jornalistas tinham horário flexível; 73,2% dos jornalistas acentuaram que as horas extraordinárias não eram remuneradas;

- Existia uma elevada consensualidade ideológica no que se referia à concordância com o quadro jurídico e deontológico que enquadrava o jornalismo (entre 73% e 80%) e com a definição de incompatibilidades (sendo as profissões realçadas como mais incompatíveis com o jornalismo as relações públicas, a publicidade, a assessoria e o exercício de cargos políticos; a advocacia não era considerada incompatível por 63% dos jornalistas).

De acordo com o Segundo Inquérito Nacional aos Jornalistas Portugueses, levado a cabo por uma equipa dirigida pelo sociólogo José Luís Garcia e cujos primeiros resultados foram apresentados ao III Congresso dos Jornalistas Portugueses (1998), existiam, em 1997, 4247 profissionais, entre os quais 1394 mulheres, ou seja, 32,8%, estando-se a notar uma certa feminilização da profissão, a acompanhar duas outras tendências marcantes, que são a do aumento da formação académica (37,4% dos jornalistas inquiridos eram licenciados, enquanto 68,5% passaram pelo ensino superior ou ainda frequentam estabelecimentos desse grau de ensino) e a do rejuvenescimento da "classe" (uma vez que 66% dos jornalistas tinha menos de 40 anos).

Dos profissionais titulares de carteira, a maioria (57,7%) encontrava-se na Área Metropolitana de Lisboa, contando a Área Metropolitana do Porto com 13,9% dos jornalistas portugueses.

77,4% dos jornalistas tinham contrato de trabalho por tempo indeterminado, enquanto os restantes se encontravam na situação de trabalho precário. Quanto ao tipo de contrato, 30,4% dos inquiridos estavam abrangidos por um contrato colectivo, 29,4% tinham um acordo de empresa e 25,7% um contrato individual. 10,7% dos jornalistas eram tarefeiros. A maior parte dos jornalistas disse que ingressou no jornalismo após um estágio (45,7%) ou um curso de formação profissional (18,5%). 57,4% tinham formação específica em jornalismo. Questionados sobre o qual o regime a definir para o acesso à profissão, 36% entenderam que a posse de uma licenciatura em qualquer área seguida de um estágio era o sistema melhor; só 18,2% consideraram que deveria ser obrigatória a titularidade de uma licenciatura em jornalismo, seguida de estágio, enquanto 12% defenderam a titularidade de uma licenciatura em Comunicação Social seguida de estágio.

No que respeita ao horário semanal, 26,1% dos jornalistas revelou trabalhar até 35 horas, 29,7% entre 35 e 40 horas. Os restantes trabalhavam mais horas. Quanto às folgas mensais, 24,6% tinha, no máximo, sete dias, enquanto 75,4% tinha entre 8 e 11 dias de folga mensais. 55,2% tinha dias fixos de folga e 44,8% não.

Os jornalistas não auferiam salários equivalentes. Através do inquérito –e apesar de o responsável pelo mesmo admitir uma margem de erro de cerca de cinco pontos percentuais– notavam-se alguns desequilíbrios salariais, com cerca de 11,3% dos inquiridos a responder que ganhava menos de cem contos, 19,5% entre 101 contos e 150 contos, 19,9% entre 151 e 200 contos, 17,7% entre 201 e 250 contos e os restantes 31,6% acima disso.

"Honestidade" e "rigor" eram, por seu turno, as regras de ouro para a maioria dos jornalistas do país (49,5%), sendo seguidas pela "credibilidade" (21,6%). A "objectividade/imparcialidade" surgia em terceiro lugar neste grupo de parâmetros importantes para a actividade jornalística, evidenciando que vai alguma crise no paradigma da objectividade enquanto regulador fundamental do trabalho jornalístico, como era há alguns anos atrás.10

Um dos dados mais interessantes do inquérito é a constatação de que mais de 90% dos jornalistas portugueses já sofreram pressões no exercício profissional e desses 53,2% revelaram que essas pressões tinham resultado. 30,3% disse que sofre pressões "muitas vezes" e 60,3% "poucas vezes". As pressões externas foram provenientes dos grupos de interesse politico-partidários (85,8% de confirmações), empresariais (61,5%), governamentais (57,1%), desportivos (41,6%), religiosos (20,8%) e jornalísticos (20,4%). 39,7% dos jornalistas confessaram, igualmente, que nos respectivos órgãos de comunicação os partidos tinham alguma influência, embora poucos tivessem concordado que os grupos religiosos e os clubes desportivos tivessem igual influência (16,7% e 8,6%, respectivamente).

As actividades mais incompatíveis com o exercício do jornalismo foram, para os inquiridos, ser publicitário (85,6%), deputado (81,4%), relações públicas (80,9%) e autarca (80,1%). Somente 68,2% declararam que ser militar é incompatível com o exercício do jornalismo. Ser juiz era incompatível para 55,5%, ser apresentador de programas recreativos era incompatível para 41,5% e ser advogado era incompatível para 41,5% dos inquiridos. Ser professor e economista foram as actividades julgadas mais compatíveis com o jornalismo, com 93,2% e 75,8% dos jornalistas, respectivamente, a pronunciarem-se a favor da compatibilidade.

No que concerne aos Conselhos de Redacção, 60,6% dos jornalistas responderam que estes órgãos se devem pronunciar sobre admissões, sanções, despedimentos e promoções de jornalistas, 51,7% disseram que se devem pronunciar sobre a nomeação do director, 71,2% sustentaram que se devem pronunciar sobre questões ligadas à actividade profissional, como os problemas deontológicos, e apenas 47,5% pensavam ser da competência dos Conselhos de Redacção pronunciarem-se sobre a orientação dos órgãos de comunicação social.

Apenas 16,4% dos jornalistas inquiridos defendia a existência de uma Ordem dos Jornalistas. Inversamente, 42,9% dos jornalistas consideraram que a melhor solução para o controle deontológico da classe seria um Conselho Deontológico afecto ao Sindicato dos Jornalistas, mas dele independente.

Em termos religiosos, 48,9% dos inquiridos consideraram-se católicos não praticantes e 9,2% como católicos praticantes. 21,4% definiram-se como agnósticos e 19,2% como ateus. Só 1,3% afirmou ter outra religião. Politicamente, a posição média dos jornalistas situava-se no centro-esquerda. 62,6% dos jornalistas inquiridos apresentava grandes reservas em relação à regionalização.

Face aos dados recolhidos nesses inquéritos, como se encontra o jornalista do Porto? Quais são os seus valores profissionais e pessoais? De onde advêm? Quais são as circunstâncias que rodeiam a sua vida pessoal e profissional? Até que ponto esses valores e essas circunstâncias se repercutem no exercício profissional do jornalismo? Com a nossa pesquisa, tentaremos responder a estas e outras questões, procurando, sempre que possível, avaliar as convergências e os desvios ao panorama nacional dos jornalistas portugueses.
 
 

3. Resultados

Os resultados do inquérito aplicado aos jornalistas do Porto encontram-se expressos nas tabelas a seguir inseridas.

Tabela 1

Repartição das respostas por sexo

 
N.º
%
Sexo masculino
40
71,4
Sexo feminino
16
28.6

Tabela 2

Repartição das respostas por idade

 
N.º
%
Menos de 25 anos
10
17,9
26 a 35 anos
24
42,9
36 a 45 anos
14
25
46 a 55 anos
8
14,2
56 a 65 anos
0
0%
Mais de 65 anos
0
0%

Tabela 3

Local de residência

 
N.º
%
Porto
25
44,6
Área Metropolitana do Porto
22
39,3
Fora da AMP
9
16.1

Tabela 4

Número de anos de residência no actual local

 
N.º
%
Menos de cinco anos
15
26,8
Mais de cinco anos
41
73,2

Tabela 5

Vive no local onde vive...

 
N.º
%
Por gosto
34
60,7
Por necessidade
12
21,4
Não responde/Resposta inválida
15
17,9

Lista de locais onde os jornalistas gostariam de viver:

Foz do Douro/Porto - 5

Valbom/Gondomar – 2

Leça da Palmeira/Matosinhos - 1

Vila Nova de Cerveira - 1

Gaia - 3

Maia - 3

"Longe de Portugal" - 1

Monção - 1



Tabela 6

"Se puder optar, a Área Metropolitana do Porto (Porto incluído) continuará a ser a sua área de residência?"

 
N.º
%
Sim
35
62,5
Não
3
5,4
Não responde/Vive fora da AMP
18
32,1

Tabela 7

Estado civil

 
N.º
%
Casado ou vivendo em situação similar
39
69,6
Solteiro ou vivendo em situação similar
13
23,2
Não responde
4
7,1

Tabela 8

"Se é solteiro ou vive em situação similar, já alguma vez viveu em casal?"

 
N.º
%*
Sim
4
40
Não
6
60
Não responde
4
-
*Percentagens calculadas em relação ao número de respostas a este item.

Tabela 9

N.º de filhos

 
N.º
%
Sem filhos
30
54,6
Um filho
10
17,9
Dois filhos
5
8,9
Três filhos
5
8,9
Quatro ou mais filhos
0
0
Não responde
6
9,7

Tabela 10

"Gostaria de ter filhos jornalistas?"

 
N.º
%
Sim
19
33,9
Não
27
48,2
Não responde/Resposta inválida/Indiferente
10
17,9

Tabela 11

Co-residentes por habitação

Média do número total de co-residentes na habitação do jornalista
2,7
Média do número de familiares co-residentes na habitação do jornalista
2,4

Tabela 12

Habilitações académicas

 
N.º
%
Ensino secundário
8
14,3
Ensino superior incompleto
21
37,5
Ensino superior completo
25
44,6
Doutoramento incompleto
1
1,8
Doutoramento completo
1
1,8

Tabela 13

Cursos superiores frequentados

 
N.º
%
Comunicação Social/Ciências da Comunicação
33
58,9
Economia
4
7,1
Direito
3
5,4
Línguas e Literaturas Modernas
4
7,1
Engenharia Electrotécnica
1
1,8
Medicina
1
1,8
História/Ciências Históricas
3
5,4
Não responde
7
12,5

Tabela 14

Estabelecimentos de ensino superior frequentados

 
N.º
%
Escola Superior de Jornalismo
27
48,2
Universidade do Porto
12
21,4
Universidade do Minho
6
10,7
Universidade de Coimbra
3
5,4
Universidade Portucalense
1
1,8
Universidade Católica
1
1,8
Universidade Fernando Pessoa
1
1,8
ISEP
1
1,8
--------------------------------------
-----------------------------------
-------------------------------------
Universidade de Sussex (UK)
1 (doutoramento)
1,8
Universidade de Santiago de Compostela
1 (doutoramento)
1,8

 

Situação actual face ao ensino

Tabela 15.1

"Está a estudar actualmente?"

 
N.º
%
Sim
19
33,9
Não
37
66,1

Tabela 15.2

Nível em que estuda

 
N.º
%
Curso superior (graduação)
18
94,7
Doutoramento
1
5,3

Tabela 15.3

Estabelecimento de ensino que frequenta

     
Escola Superior de Jornalismo
9
47,4
Universidade de Santiago de Compostela
1
5,3
Universidade do Porto
6
31,5
Universidade de Coimbra
2
10,5
Universidade do Minho
1
5,3

Tabela 15.4

Curso que frequenta

 
N.º
%
Comunicação Social/Ciências da Comunicação
9
47,4
História
1
5,3
Doutoramento em Ciências da Informação
1
5,3

Tabela 15.5

"Tem formação específica em jornalismo, ao nível superior ou profissional?"

 
N.º
%
Sim
25
44,6
Não
19
33,9
Está a frequentar
9
16,1
Não responde
3
5,4

Tabela 15.6

"Se não tem nem está a frequentar formação específica em jornalismo, superior ou profissional, quais são os motivos?"

 
N.º
%**
Não existiam cursos quando iniciou a profissão
11
42,3
O horário não o permite
5
19,2
Sobrecarga de trabalho
4
15,5
Não aprenderia nada de novo
3
11,5
Simplesmente não é necessário
1
3,8
Outra razão*
2
7,7
*Razões apontadas: "Na minha área [repórter de imagem de TV], não reconheço autoridade profissional a pessoas que não sejam profissionais das empresas de televisão" (1), não existência de cursos de reciclagem ou de formação acrescida e contínua (1).

**Houve vários jornalistas que assinalaram diversas opções. Assim, as percentagens foram calculadas em função do número total de vezes que as diversas opções foram assinaladas.

Tabela 16

Profissão paterna

 
N.º
%
Jornalista
0
0
Quadro dirigente
3
5,4
Quadro médio, profissional liberal ou professor
21
37,5
Comerciante
7
12,5
Industrial
3
5,4
Militar
2
3,6
Operário
3
5,4
Outra*
11
19,5
Não responde
6
10,7
*Profissões referidas: empregado de escritório (1), bancário (3), funcionário da STCP (1), médico (3), operário (1).

Tabela 17

Habilitações académicas do pai

 
N.º
%
Ensino básico
21
37,5
Ensino secundário
20
35,7
Ensino superior completo*
7
12,5
Não responde
8
14,3
*Cursos referidos: Direito (2), Engenharia (1), Medicina (2), Físico-Química (1), Economia (1).

Tabela 18

Profissão materna

 
N.º
%
Jornalista
0
0
Quadro médio, profissional liberal ou professora
18
32,1
Comerciante
6
10,7
Operária
3
5,4
Outra*
20
35,7
Não responde/Resposta inválida
9
16,1
*Profissões referidas: doméstica (19), paramédica (1), enfermeira (1).
 
 

Tabela 19

Habilitações académicas da mãe

 
N.º
%
Ensino básico
30
53,6
Ensino secundário
8
14,3
Ensino superior completo*
9
16,1
Mestrado incompleto*
1
1,8
Mestrado completo*
1
1,8
Não responde
7
12,5
*Curso referidos: "letras" (1), Línguas e Literaturas Modernas (1), Enfermagem (1), Farmácia (1), Ciências Naturais e Geografia (1), Filosofia + mestrado em Prática Pedagógica (1).
 
 

Tabela 20

Profissão do cônjuge

 
N.º
%
Jornalista
6
10,7
Quadro médio, funcionário/a público/a, profissional liberal, professor(a) ou similar
20
35,7
Operário(a)
1
1,8
Outra*
7
12,5
Não responde/Não aplicável
22
39,3
*Profissões referidas: vigilante (1), empregada de balcão (1).
 
 

Tabela 21

Habilitações académicas do cônjuge

 
N.º
%
Ensino básico
4
7,1
Ensino secundário
20
35,7
Ensino superior incompleto*
7
12,5
Ensino superior completo*
6
10,7
Mestrado incompleto*
1
1,8
Não responde/Não aplicável
18
32,2
*Cursos referidos: Comunicação Social (4), Matemáticas Aplicadas + MBA (1), Antropologia (1), Ciências Históricas (5), Património (1).
 
 

Tabela 22

Salário líquido mensal médio (incluindo horas extraordinárias, etc.)

 
N.º
%
Menos de 150 contos
18
32,2
150 – 200 contos
15
26,9
200 – 300 contos
10
17,8
300 – 400 contos
4
7,1
Mais de 400 contos
4
7,1
Não responde
5
8,9

Tabela 23

"Sente-se satisfeito com o seu salário?"

 
N.º
%
Sim
12
21,4
Não
30
53,6
Não responde
14
25

Tabela 24

"A satisfação ou insatisfação que sente com o seu salário afecta de algum modo o seu trabalho?"

 
N.º
%
Sim
24
42,9
Não
25
44,6
Não responde/Resposta inválida
7
12,5

 

Tabela 25

Religião

 
N.º
%
Católico praticante
9
16,1
Católico não praticante
19
33,9
Crente sem pertencer a qualquer confissão
5
8,9
Outra religião
0
0
Não religioso
10
17,9
Agnóstico
4
7,1
Não responde
9
16,1

 

Tabela 26

"O sentimento religioso influencia, de algum modo, o seu trabalho?"

 
N.º
%
Sim
11
19,6
Não
35
62,5
Não responde
10
17,9

 

Tabela 27

Ideias políticas

 
N.º
%
Esquerda
17
30,4
Centro-esquerda
22
39,3
Centro-direita
6
10,6
Direita
3
5,4
Totalmente neutro
3
5,4
Não responde
5
8,9

 

Tabela 28

"As ideias políticas influenciam, de algum modo, o seu trabalho?"

 
N.º
%
Sim
10
17,9
Não
43
76,7
Não responde
3
5,4

 

Tabela 29

"Está filiado em alguma organização política?"

 
N.º
%
Sim
5
8,9
Não
45
80,4
Não responde
6
10,7

 

Tabela 30

Paixão clubística

 
N.º
%
Porto
25
44,6
Benfica
10
17,9
Sporting
7
12,5
Boavista
4
7,1
Varzim
1
1,8
Salgueiros
1
1,8
Não responde/Sem clube
8
14,3

 

Tabela 31

"A sua paixão clubística influencia, de algum modo, o seu trabalho?"

 
N.º
%
Não
52
92,9
Não responde
4
7,1

 

Tabela 32

"É sócio de algum clube (de futebol profissional)?"

 
N.º
%
Sim
21
37,5
Não
27
48,2
Não responde
8
14,3

 

Tabela 33

"Devemos "torcer" por um clube da nossa terra?"

Média das respostas (entre um e cinco)
2,7

 

Tabela 34

Tempo médio gasto nas deslocações casa - emprego

 
N.º
%
Não precisa de se deslocar
1
1,8
Menos de dez minutos
5
8,9
11 a 15 minutos
20
35,7
16 a 20 minutos
11
19,6
21 a 30 minutos
14
25
31 a 45 minutos
1
1,8
46 minutos a uma hora
3
5,4
Não responde/Resposta inválida
1
1,8

 

Tabela 35

Deslocações de automóvel

 
N.º
%*
Automóvel próprio
43
76,8
Automóvel da empresa
9
16,1
Não dispõe de automóvel
7
12,5
*Os cálculos foram efectuados item a item, tendo em conta o número total de respondentes ao inquérito (56).
 
 

Tabela 36

"Em quais destas situações costuma usar o automóvel?"

 
N.º
%*
Deslocações para o emprego
35
62,5
Férias
39
69,6
Trabalho
34
60,7
Fins de semana
39
69,6
Saídas à noite
28
50
Outras situações
23
41,1
*Os cálculos foram efectuados item a item, tendo em conta o número total de respondentes ao inquérito (56).
 
 

Tabela 37

Meio usado habitualmente nas deslocações casa-emprego

 
N.º
%*
Não se desloca
0
0
No carro pessoal e sozinho
35
62,5
No carro pessoal com outras pessoas
0
0
No carro da empresa
0
0
Em carro emprestado
0
0
Compartilhando o carro de um colega
0
0
De Mota ou motorizada
0
0
De bicicleta
0
0
De transporte público colectivo
11
19,6
De táxi
2
3,6
A pé
2
3,6
Vários meios entre os anteriores
6
10,7
*Nota: os cálculos foram efectuados item a item, tendo em conta o número total de respondentes ao inquérito (56).
 
 

Tabela 38

Local da infância

 
N.º
%*
Porto
25
44,6
Área Metropolitana do Porto
15
26,8
Litoral Norte
7
12,5
Litoral Centro
3
5,4
Litoral Sul
0
0
Algarve
0
0
Interior Norte
0
0
Interior Centro
1
1,8
Interior Sul
0
0
Lisboa
1
1,8
Ex-Colónias
2
3,6
Vários locais entre os anteriores
9
16,1
*Nota: os cálculos foram efectuados item a item, tendo em conta o número total de respondentes ao inquérito (56).
 
 

Tabela 39

Local da juventude

 
N.º
%
Porto
29
51,8
Área Metropolitana do Porto
17
30,4
Litoral Norte
0
0
Litoral Centro
1
1,8
Litoral Sul
0
0
Algarve
0
0
Interior Norte
0
0
Interior Centro
0
0
Interior Sul
0
0
Ex-colónias
0
0
Vários locais entre os anteriores
7
12,5

 

Tabela 40

Meio da infância

 
N.º
%
Meio urbano
43
76,8
Meio rural
5
8,9
Meio misto/Vários meios
6
10,7
Não responde
2
3,6

 

Tabela 41

Meio da juventude

 
N.º
%
Meio urbano
44
78,6
Meio rural
6
10,7
Meio misto/Vários meios
6
10.7

 

Tabela 42

Sindicalização

 
N.º
%
Sindicalizado
31
55,3
Não sindicalizado
24
42,9
Não responde
1
1,8

 

Tabela 43

"Sente-se satisfeito com a actuação do Sindicato dos Jornalistas?"

 
N.º
%
Sim
14
25
Não
35
62,5
Não responde
7
12,5

 

Tabela 44

"Acha necessária a existência de uma Ordem dos Jornalistas ou de uma organização sindical de auto-regulação (sobretudo) deontológica?"

 
N.º
%
Sim
33
58,9
Não
14
25
Não responde
9
16,1

 

Tabela 45

"Costuma ler o boletim/jornal do Sindicato dos Jornalistas?"

 
N.º
%
Sim
28
50
Não
26
46,4
Não responde
2
3,6

 

Tabela 46

"Entre um e cinco, que nota daria ao boletim do Sindicato dos Jornalistas quanto ao seu interesse para a classe?"

Média das notas atribuídas
2,2

 

Vínculo profissional

Tabela 47.1

 
N.º
%
Assalariado
53
94,6
Cooperante na cooperativa onde exerce a profissão
1
1,8
Sócio na empresa onde exerce a profissão
0
 
Não responde
2
3,6

 

Tabela 47.2

 
N.º
%
Jornalista do quadro
40
71,4
Contratado a prazo
2
3,6
Liberal - Avençado
9
16,1
Liberal – Pago à peça
5
8,9
Outra situação
0
0

 

Tabela 47.3

 
N.º
%
Abrangido por contrato colectivo de trabalho
10
17,8
Abrangido por contrato colectivo de empresa (acordo de empresa)
16
28,6
Abrangido por contrato individual
16
28,6
Prestação de serviços/tarefeiro
2
3,6
Sem qualquer contrato de trabalho
10
17,8
Não responde
2
3,6

 

Tabela 47.4

"Sente-se satisfeito com a sua situação contratual (ou não contratual)?"

 
N.º
%
Sim
25
44,6
Não
22
39,3
Não responde
9
16,1
Razões de satisfação ou insatisfação com a situação contratual: precariedade no emprego (10), estabilidade no emprego (4), o contrato permite desenvolver a actividade com rigor e independência (1), acordo de empresa negociado tendo em conta unicamente os interesses dos colegas da sede (1), remuneração insatisfatória (2), o contrato dá as regalias salariais e laborais devidas (5), o contrato não potencia a criatividade (1), o contrato foi negociado pessoalmente (1), o contrato carece de actualização (3).
 
 

Tabela 47.5

"O seu contrato de trabalho oferece-lhe estabilidade?"

 
N.º
%
Sim
29
51,8
Não
17
30,4
Não responde
10
17,8

 

Tabela 48

Acesso à profissão

 
N.º
%
Por convite, enquanto frequentava um curso superior na área da comunicação social*
 

12

 

21,4

Por convite, após estágio integrado num curso superior na área da comunicação social**
 

5

 

8,9

Por autoproposta, enquanto frequentava um curso superior na área da comunicação social***
 

6

 

10,7

Testes em empresa jornalística, após conclusão de um curso superior na área da comunicação social****
 

3

 

5,4

Por convite, enquanto frequentava um curso superior noutra área que não a da comunicação social*****
 

6

 

10,7

Por autoproposta, enquanto frequentava um curso superior noutra área que não a da comunicação social******
 

7

 

12,5

Por autoproposta, apesar de não possuir habilitações superiores nem habilitações profissionais específicas
 

11

 

19,7

Por convite de um amigo, apesar de não possuir habilitações superiores nem habilitações profissionais específicas
 

2

 

3,6

Outras situações*******
4
7,1
*Cursos/estabelecimentos de ensino referenciados: Comunicação Social/ESJ (11).**Cursos/estabelecimentos de ensino referenciados: Comunicação Social/ESJ (4).***Cursos/estabelecimentos de ensino referenciados: Comunicação Social/Universidade do Minho (3)/ESJ (2).

****Cursos/estabelecimentos de ensino referenciados: Comunicação Social/ESJ (1)/Universidade do Minho (1).

*****Cursos/estabelecimentos de ensino referenciados: Ciências Históricas/Universidade Portucalense (1); História/Universidade do Porto (1); Línguas e Literaturas Modernas/Universidade do Porto (3)

.******Cursos/estabelecimentos de ensino referenciados: Direito/Universidade Católica (2); Direito/Universidade de Coimbra (1).

*******Situações referenciadas: reconversão profissional dentro da empresa (1).
 
 

Tabela 49

"Na sua opinião, qual deve ser o regime de acesso à profissão?"

 
N.º
%*
Licenciatura e/ou bacharelato especificamente em jornalismo + estágio jornalístico
 

11

 

19,6

Licenciatura e/ou bacharelato na área da comunicação social + estágio jornalístico
 

21

 

37,5

Curso superior em qualquer área + estágio jornalístico
15
26,8
Curso superior em qualquer área + formação profissional específica + estágio jornalístico
 

17

 

30,4

12º ano + formação profissional específica + estágio jornalístico
8
14,3
12º ano + estágio jornalístico
4
7,1
Outra forma de acesso**
5
8,9
Não sabe/Não responde
4
7,1
*Nota: alguns jornalistas indicaram várias opções, de onde os resultados; as percentagens foram calculadas item a item, tendo em consideração 56 respondentes.

**Formas de acesso referenciadas: qualquer dos casos + estágio jornalístico (4); formação profissional específica + estágio jornalístico (1).
 
 

Tabela 50

"Frequentar um curso superior de Jornalismo é vantajoso para um jornalista?"

 
N.º
%
Sim
47
84
Não
4
7,1
Não sabe/Não responde/Resposta inválida
5
8,9

 

Tabela 51

"Aconselharia alguém que pretendesse ingressar no jornalismo a começar por um curso superior de Jornalismo?"

 
N.º
%
Sim
37
66,1
Não
15
26,8
Não sabe/Não responde
4
7,1

 

Tabela 52

"De entre as possibilidades seguintes, assinale aquela(s) que considera que é (são) mais importante(s) para se ser um bom jornalista"

 
N.º
%*
Experiência
49
87,5
Curso superior de Jornalismo
32
57,1
Curso superior na área da comunicação, embora não especificamente de jornalismo
 

25

 

44.6

Curso superior na área das ciências sociais, como Sociologia
4
7,1
Curso de Direito
6
10,7
Curso superior na área de trabalho do jornalista, como Economia ou Relações Internacionais
 

14

 

25

Curso profissional (CENJOR, CFJ, etc.)
17
30,4
Outras**
4
7,1
*Nota: alguns jornalistas indicaram várias opções, de onde os resultados; as percentagens foram calculadas item a item, tendo em consideração 56 respondentes.

*Opções referenciadas: formação nos centros de formação das empresas (1).
 
 

Tabela 53

Dados gerais (médias)

Número de anos na profissão
11,2
Idade com que começou a trabalhar
21,7
Idade com que ingressou no jornalismo
24,3
Número aproximado de anos como jornalista profissional a tempo inteiro
10,6
Número aproximado de anos na empresa actual como jornalista
6,3
Número de órgãos de comunicação social que integrou como jornalista antes do actual ou dos actuais
2,1

 

Tabela 54

"Trabalha como jornalista em mais do que um órgão de comunicação social?"

 
N.º
%
Sim*
15
26,8
Não
41
73,2
*N.º médio de órgãos de comunicação social além do principal onde os jornalistas exercem a profissão: 1,7.
 
 

Tabela 55

"O jornalismo foi a sua primeira profissão?"

 
N.º
%
Sim
39
69,6
Não*
17
30,4
*Outras profissões desempenhadas: animador de rádio (2), auxiliar de educação e vários empregos em part-time (1), operador de atendimento telefónico (1), professor (2), recepcionista de turismo, vendedor, operador de vídeo (1), funcionário público (1), funcionário e técnico de laboratório de uma empresa de curtumes (1).
 
 

Tabela 56

"O jornalismo foi a sua primeira opção profissional?"

 
N.º
%
Sim
41
73,2
Não*
15
26,8
*Opções prioritárias: docência (3), animação radiofónica (1), profissão na área do direito (1), investigação histórica (1), engenharia (1).
 
 

Tabela 57

"Tem outras profissões para além do jornalismo?"

 
N.º
%
Sim*
8
14,2
Não
45
80,4
Não responde
3
5,4
*Outras profissões: docente (4), técnico profissional de desporto (1).
 
 

Tabela 58

"Se puder optar, o jornalismo continuará a ser a sua profissão?"

 
N.º
%
Sim
51
91,1
Não
1
1,8
Não responde
4
7,1

 

Tabela 59

"Por que é que gostaria ou não de continuar a ser jornalista?"

  • "É uma actividade que me atrai e preenche as minhas ambições profissionais." 
  • "Realização profissional." 
  • "Quero continuar na profissão, sobretudo pela necessidade de aprofundar conhecimentos e lutar, da maneira que for possível, por determinadas causas." 
  • "’Vício’ profissional." 
  • "Gostaria de continuar no jornalismo por ser a minha verdadeira paixão, apesar de andar um pouco desiludida com o rumo ético que a profissão está a adoptar." 
  • "Dá-me gozo e sinto-me realizado." 
  • "Realização pessoal." 
  • "É aquela em que me sinto realizado." 
  • "Foi a profissão que escolhi, acredito que por vocação e, acima de tudo, por amor à escrita. Não abdico dela por nada. Só me completo como jornalista e não sei imaginar-me a fazer qualquer outra coisa." 
  • "Por gosto (gozo mesmo!)." 
  • "Quem acredita em paixões sabe que não pode viver sem elas!" 
  • "Porque não há trabalho que [...] mais me satisfaça." 
  • "Baixos salários." 
  • "Gosto do que faço, lutei desde sempre para o poder fazer." 
  • "Sinto-me realizado." 
  • "Os salários são baixos." 
  • "A profissão é mal paga." 
  • "O jornalismo é tudo menos monótono." 
  • "Ainda não encontrei outra profissão tão aliciante." 
  • "Sinto-me entediado com a profissão." 
  • "É uma classe cada vez com menos classe." 
  • "É uma profissão estimulante." 
  • "Realização profissional." 
  • "Quer-me parecer que o jornalismo, dentro de poucos anos, será muito diferente, para pior." 
  • "É uma profissão com futuro." 

 

Tabela 60

"Por que razões enveredou pela carreira de jornalista?"

 
N.º
%
Salário
3
3,6
Benefícios extra-salariais
0
0
Segurança no emprego
2
3,6
Gosto por jornalismo
54
96,4
Melhor estatuto social
7
12,5
Prestígio da carreira
19
33,9
Mística profissional e "romantismo" da profissão
23
41,1
Excitação e variedade do trabalho
34
60,7
Contacto com pessoas importantes e famosas
4
7,1
Possibilidades de viajar
21
37,5
Trabalhar mais com pessoas do que com coisas
20
35,7
Fazer uso das competências pessoais e/ou da formação realizada
10
17,9
Oportunidade para ser original e criativo
32
57,1
Oportunidade para aprender mais e ampliar o conhecimento
43
76,8
Ter um trabalho de valor e essencial para a comunidade e a democracia
30
53,6
Outras**
6
10,7
*Nota: alguns jornalistas indicaram várias opções, de onde os resultados; as percentagens foram calculadas item a item, tendo em consideração 56 respondentes.

*Outras razões apontadas: "espírito de missão/trabalho de equipa/adrenalina" (1), "fazer algo não monótono" (1), "profissão que se coaduna com a maneira de ser" (1), "horários pouco ortodoxos" (1), "não estar dentro de quatro paredes" (1), "especialização em várias áreas" (1).
 
 

Tabela 61

Mobilidade social a partir do momento de ingresso na profissão

 
N.º
%
Ascendente
18
32,1
Descendente
0
0
Manutenção
32
57,1
Não responde
6
10,7

 

Tabela 62

Horários de trabalho

 
N.º
%
Cerca de sete horas diárias
38
67,9
Cerca de oito horas diárias
8
14,2
Mais de oito horas diárias
10
17,9
---------------------------------------------
---------------------------------------------
---------------------------------------------
Horário fixo
9
16,1
Horário flexível
44
78,6

 

Tabela 63

"A sua empresa paga as horas extraordinárias?"

 
N.º
%
Sim
12
21,4
Não
37
66,1
Não responde
7
12,5

 

Tabela 64

"Em termos salariais, sente-se recompensado pelo montante recebido para pagamento das horas extraordinárias, se estas forem pagas?"

 
N.º
%
Sim
7
12,5
Não
3
5,4
Meio termo
2
3,6
Não responde/Não aplicável
44
78,6

 

Tabela 65

"O jornalismo, na sua empresa, é uma profissão sem horários?"

 
N.º
%
Sim
36
64,3
Não
5
8,9
Meio termo
22
39,3
Não responde
3
5,4

 

Tabela 66

"Tem folgas?"

 
N.º
%
Sim*
50
89,2
Não
3
5,4
Não responde
3
5,4
*Média de folgas por mês: 8,2
 
 

Tabela 67

"Tem dias fixos de folga?"

 
N.º
%
Sim
16
28,6
Não
33
58,9
Não responde
7
12,5

 

Tabela 68

"Tem direito ao gozo de férias e ao respectivo subsídio?"

 
N.º
%
Sim
49
87,5
Não
7
12,5
Tem direito a férias, mas não ao subsídio
5
8,9
Tem direito às férias e ao subsídio, mas o trabalho não permite a sua ausência
 

1

 

1,8

Não responde
4
7,1

 

Tabela 69

"Costuma ler revistas sobre jornalismo?"

 
N.º
%
Sim*
4
7,1
Não
49
87,5
Não responde
3
5,4
Nota: um jornalista interroga(-se): "Há alguma?"; outro refere a Grande Reportagem e a Visão, que não foram consideradas revistas sobre jornalismo.

Revistas citadas: Journalism & Mass Communication Quarterly (2), Columbia Journalism Review (1), Media XXI (1), Imprensa (1).
 
 

Tabela 70

"Costuma ler livros sobre jornalismo?"

 
N.º
%
Sim*
25
44,7
Não
26
46,4
Não responde
5
8,9
Livros referenciados: O Jornalista Desportivo (6); História da Imprensa (1); A Caixa Negra (3); Informação/Manipulação (3), A Imprensa (2) e A Rádio (1); e ainda: O Admirável Mundo Novo (2) e 1984 (1).
 
 

Tabela 71

"Costuma ler revistas especializadas sobre a área (secção) em que trabalha?"

 
N.º
%
Sim*
26
46,4
Não
19
33,9
Não responde
11
19,7
Revistas referenciadas: Fortunas & Negócios (2); Valor (8); The Economist (4); Exame (3); Mundial (1); Photo (2); Ler (1); Lire (1); FMR (1); Ouse (1); France Football (1); Kicker (1);
 
 

Tabela 72

"Que jornais costuma ler?"

 
N.º
%*
"Todos"
16
28,6
Público
41
73,2
Diário de Notícias
30
53,6
Jornal de Notícias
31
55,4
O Correio da Manhã
3
5,4
24 Horas
2
3,6
O Comércio do Porto
6
10,7
O Primeiro de Janeiro
3
5,4
Diário Económico
5
8,9
Expresso
43
76,8
Semanário
3
5,4
O Independente
17
30,4
Record
12
21,4
A Bola
17
30,4
O Jogo
19
33,9
Outros (nacionais)
1
1,8
Outros (estrangeiros)
10
17,9
*Nota: as percentagens foram calculadas item a item, em função do número total de respondentes ao inquérito (56).
 
 

Tabela 73

Tempo reservado diariamente à leitura de jornais durante os dias úteis

Média (em minutos)
38,1

 

Tabela 74

Tempo reservado diariamente à leitura de jornais durante o fim de semana

Média (em minutos)
64,9

 

Tabela 75

Hierarquização dos jornais nacionais generalistas (diários e semanários) quanto à qualidade e à credibilidade jornalísticas

 
Número de 1ºs lugares
Número de 2ºs lugares
Número de 3ºs lugares
Público
26
18
7
Expresso
19
15
17
Diário de Notícias
7
13
19
Jornal de Notícias
0
4
6
O Independente
0
3
6
Diário Económico
1
1
0
Nota à tabela 75: os resultados explicam-se pelo facto de vários jornalistas terem indicado jornais desportivos, quando apenas era solicitada a referência a jornais generalistas.
 
 

Tabela 76

Rádios em que os jornalistas costumam ouvir informação

 
N.º
%
TSF
52
92,9
Antena 1
19
33,9
Rádio Renascença
10
17,9
RFM
7
12,5
Rádio Nova
3
5,4
Rádio Comercial
4
7,1
Antena 3
3
5,4
Antena Minho
1
1,8
*Nota: as percentagens foram calculadas item a item, em função do número total de respondentes ao inquérito (56).
 
 

Tabela 77

Tempo reservado diariamente à audição de informação radiojornalística durante os dias úteis

Média (em minutos)
102,1

 

Tabela 78

Tempo reservado diariamente à audição de informação radiojornalística durante o fim de semana

Média (em minutos)
28,1

 

Tabela 79

Hierarquização das rádios nacionais quanto à qualidade e à credibilidade jornalísticas

 
Número de 1ºs lugares
Número de 2ºs lugares
Número de 3ºs lugares
TSF
42
9
5
Antena 1
10
22
17
Rádio Renascença
6
16
18
Rádio Nova
1
1
7
RFM
1
0
1
Antena 3
0
1
0
Rádio Comercial
0
4
2
Nota à tabela 79: os resultados explicam-se pelo facto de vários jornalistas terem, por vezes, classificado rádios diferentes na mesma posição.
 
 

Tabela 80

Canais televisivos em que os jornalistas costumam ver informação telejornalística

 
N.º
%
RTP1
40
71,4
RTP2
27
48,2
SIC
39
69,6
TVI
25
44,6
Eurosport
1
1,8
CNN
18
32,1
BBC
8
14,3
Sky News
5
8,9
"Todos"
7
12,5

 

Tabela 81

Tempo reservado diariamente ao consumo de informação telejornalística durante os dias úteis

Média (em minutos)
71,1

 

Tabela 82

Tempo reservado diariamente ao consumo de informação telejornalística durante o fim de semana

Média (em minutos)
73,6

 

Tabela 83

Hierarquização das televisões nacionais quanto à qualidade e à credibilidade jornalísticas

 
N.º de 1ºs lugares
N.º de 2.ºs lugares
N.º de 3ºs lugares
N.º de 4ºs lugares
RTP1
22
16
11
5
RTP2
20
11
12
4
SIC
9
10
10
19
TVI
5
7
15
21
Nota à tabela 83: os resultados explicam-se pelos factos de vários jornalistas terem, por vezes, classificado televisões diferentes na mesma posição e/ou de não terem atribuído classificações a alguns dos canais.
 
 

Formação contínua

Tabela 84

Acções de formação realizadas pelos jornalistas sobre jornalismo ou na área de especialização jornalística (últimos dois anos)

0

(N.º)

0

(%)

1-2

(N.º)

1-2

(%)

3-6

(N.º)

3-6

(%)

7-10

(N.º)

7-10

(%)

Mais de 10 (N.º)
Mais de 10 (%)
42
75
11
19,6
2
3,6
1
1,8
0
0

 

Tabela 85

Participação em congressos, debates, colóquios, pequenos cursos ou palestras sobre jornalismo ou área de especialização jornalística(últimos dois anos)

0

(N.º)

0

(%)

1-2

(N.º)

1-2

(%)

3-6

(N.º)

3-6

(%)

7-10

(N.º)

7-10

(%)

Mais de 10 (N.º)
Mais de 10 (%)
21
37,5
12
21,4
19
33,9
3
5,4
1
1,8

 

Tabela 86

Aspirações profissionais

 
N.º
%*
Ser editor da secção em que trabalha
7
12,5
Ser editor de outra secção
3
5,4
Ser chefe de redacção
4
7,1
Ser director ou director-adjunto
4
7,1
Ser jornalista noutro órgão de comunicação social
7
12,5
Desempenhar funções de chefia ou de direcção noutro órgão de comunicação social
 

8

 

14,3

Trabalhar como freelance
11
19,6
Ser assessor de imprensa de alguém importante
3
5,4
Publicar uma grande reportagem sob a forma de livro
12
21,4
Ser correspondente no estrangeiro
8
14,3
Ser jornalista de uma revista ou de um jornal especializado
3
5,4
Realizar grandes projectos jornalísticos e fazer jornalismo de investigação
 

26

 

46,4

Mudar de profissão
5
8,9
*Nota: as percentagens foram calculadas item a item, em função do número total de respondentes ao inquérito (56).
 
 

Tabela 87

"Em última análise, quem controla os conteúdos das notícias no seu órgão de comunicação social?"

 
N.º
%
Director de informação ou adjunto
18
32,1
Chefe de redacção
15
26,8
Chefe de secção/editor de área
17
30,4
Administração
7
12,5
Unicamente o jornalista
8
14,3
Poder político
7
12,5
Entidades que publicitam
3
5,4
Detentores de poder económico
6
10,7
Nota: um dos jornalistas escreveu: "o dono da rádio"; por isso, a sua resposta foi contabilizada em "Administração".*Nota: as percentagens foram calculadas por itens, em função do número total de respondentes ao inquérito (56).
 
 

Pressões internas
 
 

Tabela 88

Frequência das pressões internas

 
N.º
%
Muitas vezes
1
1,8
Por vezes
26
46,4
Nunca
24
42,9
Não responde
5
8,9

 

Tabela 89

Descrição das pressões internas

  • "Pressão do editor para privilegiar um determinado ângulo de abordagem, diferente do que eu preconizava, numa notícia." 
  • "Imposição das directrizes por parte da direcção ou chefia." 
  • "Do género: ‘nesta altura essa notícia não é muito conveniente’." 
  • "São subtis." 
  • "Reportagens ‘obrigatórias’ para dar notoriedade aos amigos." 
  • "Alinhamento pelas posições editoriais da revista." 
  • "Mudaram-me o título e o enquadramento de uma reportagem." 
  • "Pressão quando se trata de notícias de carácter político ou económico." 
  • "Relacionadas com o proprietário da estação." 
  • "Geralmente tem a ver com a defesa das boas relações com as fontes de informação." 
  • "Pressões muito subtis." 
  • "Alterações no título da peça." 
  • "Reescrevem as notícias, alterando o sentido." 
  • "As chefias dão indicações sobre os ângulos das peças." 
  • "Os chefes de redacção impõem certos estilos de tratamento da informação." 
  • "As pressões vêm da forma como se diz para cobrir uma certa história." 
  • "As pressões fazem-se sentir no modo como se destacam os jornalistas para determinados acontecimentos." 

 

Tabela 90

Descrição das reacções às pressões internas

  • "Não admitia, dentro de alguma elasticidade de ideias. O limite ao nível dos princípios nunca poderia ser ultrapassado." 
  • "Seria inflexível." 
  • "Reajo sempre mal, mas estou quase indefeso, sobretudo trabalhando no Porto [a sede do órgão de comunicação social do jornalista que escreveu isto é em Lisboa]." 
  • "Reagiria mal." (2) 
  • "Não as aceitaria." 
  • "Não as aceitaria e queixar-me-ia às instâncias competentes." 
  • "Não as aceitaria muito bem, mas tudo depende da notícia e do seu relevo." 
  • "Não gosto." 
  • "Pelo diálogo, cruzando pontos de vista." 
  • "Reajo mal, mas procuro estabelecer mediações." 
  • "Como, mas refilo." 
  • "Fico frustrada e revoltada." 
  • "Auto-censura." 
  • "Escapava de fininho, sem alardes, para ninguém ficar mal." 
  • "Mal, mas há muitas formas de as contornar." 
  • "Com revolta." 
  • "Tento dialogar com as chefias." 
  • "Evito sempre que possível o confronto directo." 
  • "Há muitas formas de se dar a volta à situação." 
  • "Nunca aceito interferências directas ou indirectas." 
  • "Tento conviver o melhor que posso com as situações." 
  • "Reajo muito mal." 
  • "Tento perceber a posição de quem pressiona." 
  • "Ninguém aceita pressões de forma passiva." 
  • "Não tolero pressões e digo-o abertamente." 
  • "Sinto que isso faz parte da profissão." 

 

Pressões externas
 
 

Tabela 91

Frequência das pressões externas

 
N.º
%
Muitas vezes
3
5,4
Por vezes
44
78,6
Nunca
4
7,1
Não responde
5
8,9

 

Tabela 92

Descrição das pressões externas

  • "Sugestões insistentes." 
  • "Entrevistados a solicitar determinados tipos de abordagem." 
  • "Tentativas de orientação editorial." 
  • "Alertas para a não publicação de notícias depois de [os visados] se recusarem a comentá-las." 
  • "Assessores políticos solicitando que se mostre ou não uma situação." 
  • "Ninguém dá informações sem ter um qualquer tipo de interesse no que afirma." 
  • "Maquilhagem de determinadas realidades e ‘sugestões’." 
  • "As pessoas não gostam de notícias prejudiciais para o [clube de futebol], nem que sejam verdadeiras." 
  • "Usam a influência dos directores." 
  • "Inconveniência para os visados." 
  • "Contactos telefónicos." 
  • "Grupos económicos ou políticos tentado encaminhar-me para o que verdadeiramente lhes interessa." 
  • "Telefonemas de assessores de imprensa e de agências de comunicação." 
  • "Políticos a queixarem-se do que dissemos ou mostrámos." 
  • "Ameaças de processos. Fim de revelações jornalista/fonte." 
  • "Influências para que fossem divulgadas informações/sabotagem do meu carro/ameaças físicas." 
  • "Chega a haver ameaças directas e físicas." 
  • "Chantagem com informação." 
  • "Servem-se de contactos a nível de Direcção ou Administração." 
  • "Sugestões subtis de pressão." 
  • "Ameaçam que deixam de dar informações." 
  • "Os grupos económicos sabem bem como fazer essas pressões." 
  • "Chega a haver ameaças directas." 

 

Tabela 93

Descrição das reacções às pressões externas

  • "Não admitia, dentro de alguma elasticidade de ideias. O limite ao nível dos princípios nunca poderia ser ultrapassado. (igual à resposta anterior)" 
  • "Não as aceito e denuncio-as aos meus chefes." 
  • "Indiferente." 
  • "Reajo sempre mal." 
  • "Entra por um ouvido e sai pelos dois." 
  • "Reajo sempre mal, mesmo que isso me custe a perda de fontes." 
  • "Subverto." 
  • "Reajo diplomaticamente ou (...) não reajo." 
  • "Desvalorizo." 
  • "Estabeleço mediações justificadas por critérios jornalísticos." 
  • "Não gosto que se intrometam no meu trabalho. Tenho plena consciência da minha imparcialidade." 
  • "Sorrindo." 
  • "Estrebuchando ao máximo." 
  • "Mal." 
  • "Desconforto." 
  • "Tento não ceder e quando cedo fico descontente comigo mesma." 
  • "Entra por um ouvido e sai pelo outro." 
  • "São-me geralmente indiferentes." 
  • "Rio-me dessas pressões." 
  • "São menos eficazes do que as internas." 
  • "Faço de conta que não percebo que estou a ser pressionado." 
  • "Ignoro." (2) 
  • "Tento dialogar com o agente pressionador." 

 

Tabela 94

Poder das influências externas dentro do órgão de comunicação social

 
Grande

(N.º)

Grande

(%)

Pequena

(N.º)

Pequena

(%)

Nula

(N.º)

Nula

(%)

Poder político
21
37,5
24
42,8
11
19,7
Poder económico
26
46,4
21
37,5
9
16,1
Poder clubístico
9
16,1
18
32,1
29
51,8

 

Tabela 95

"No dia a dia, quem ou o que é que o influencia em relação ao que tem valor como notícia?"

 
Médias
Colegas
2,5
Editores/Chefes/Directores
3,5
Amigos, conhecidos e familiares
2,2
Instinto e julgamento jornalístico pessoais
4,1
Pesquisas de audiência
2,1
Fontes
3,1
Outros órgãos de comunicação social
2,8
O que os restantes órgãos de comunicação social e/ou as agências de notícias enfatizam
2,6
Nota: classificações entre um ("não influencia(m) nada") e cinco ("influencia(m) muitíssimo").

Outros factores referenciados pelos jornalistas: situações sociais (económicas e de saúde) - factor valorizado com 5; opiniões pessoais - factor valorizado com 3; formação e experiência - factor valorizado com 4;
 
 

Tabela 96

Características do órgão de comunicação social do jornalista

 
Médias
Objectivo
3,6
Factual
3,7
Rápido e ágil
3,2
Credível
3,9
Influente
3,6
Independente
3,4
Imparcial
3,5
Contextualizador
3
Profundo
2,4
Honesto
3,7
Rigoroso
3,6
Nota: classificações entre um ("nada") e cinco ("muitíssimo").

Outras características apontadas pelos jornalistas: falta de memória colectiva (1); espírito de equipa (1).
 
 

Tabela 97

Ideias profissionais

 
Médias
Sinto-me globalmente recompensado pela minha dedicação à empresa e pelo empenho que coloco no meu trabalho
 

2,7

Sinto-me satisfeito com o meu salário
2,1
Ser jornalista na empresa em que trabalho dá-me a oportunidade de receber benefícios não salariais
1,8
A minha empresa protege os jornalistas e dá-lhes segurança no emprego e na saúde
3,1
O ritmo de trabalho na minha empresa é agradável
3,4
Os horários praticados na empresa são agradáveis
3,3
Trabalhar na empresa como jornalista não afecta a minha vida familiar
2,6
Sinto excessivamente a pressão do tempo
3,4
A capacidade de vencer o tempo é uma demonstração de profissionalismo
3,9
Os poderes interferem no jornalismo que se faz na minha empresa*
2,8
Na empresa, há espírito de entreajuda entre os jornalistas
3
Trabalhar na minha empresa dá-me oportunidade de progredir satisfatoriamente na carreira
3,2
Ser jornalista é prestigiante
3,5
Ser jornalista na minha empresa dá-me a oportunidade de ter um trabalho diversificado
3
Ser jornalista na minha empresa dá-me a oportunidade de ter um trabalho aliciante
2,9
Ser jornalista na minha empresa dá-me a oportunidade de ter um trabalho excitante
2,6
Trabalhar como jornalista na minha empresa é prestigiante
3,1
Na minha empresa, respeitam-se as competências e as capacidades dos jornalistas
3
Trabalhar como jornalista na minha empresa dá-me a oportunidade de fazer uso total das minhas competências, capacidades e/ou formação
 

3,7

Trabalhar como jornalista na minha empresa dá-me a oportunidade de ver editado o meu melhor trabalho
3,4
Quando o meu trabalho não é editado, é porque errei nalguma coisa
1,6
Quando o meu trabalho não é editado, tento mudar a forma como abordo os assuntos, de modo a garantir a edição
2,2
Trabalhar como jornalista na minha empresa dá-me a oportunidade de ajudar o público a compreender o mundo
 

2,9

Trabalhar como jornalista na minha empresa dá-me oportunidades de influenciar o público
3,1
As pessoas, na minha empresa, costumam dizer-me que realizei um bom trabalho
3,1
As pessoas, na minha empresa, costumam criticar construtivamente o meu trabalho**
2,7
As relações com os meus colegas, dentro da minha empresa, são agradáveis e proveitosas
4,2
As relações com a Chefia de Redacção são agradáveis e proveitosas
4
As relações com a Direcção de Informação são agradáveis e proveitosas
3,6
As políticas jornalísticas da Direcção de Informação estão correctas e são proveitosas para a empresa
3
Os jornalistas têm voz activa na minha empresa
2,5
Na minha empresa, os jornalistas devem participar mais na definição das políticas jornalísticas da empresa
3,9
Fazer as coisas de forma profissional limita as formas de expressão e criatividade jornalísticas
2,6
Os jornalistas, na minha empresa, têm toda a liberdade de expressão de que necessitam
3,4
Os jornalistas, na minha empresa, têm toda a liberdade criativa de que precisam
3,3
Usualmente, faço o meu trabalho da maneira que quero
3,9
Nos temas susceptíveis de gerar polémica, procuro adaptar o conteúdo da informação à linha editorial do meu órgão de comunicação social
 

3,5

Faço o meu trabalho de forma a agradar ao meu editor, aos meus chefes e aos meus directores
2,9
Na minha empresa valoriza-se a capacidade de iniciativa de um jornalista
3,1
Participar em acções de formação e em actividades similares promove a qualidade do trabalho jornalístico
 

4,2

Na minha empresa, a "moral" é elevada
3,1
A minha empresa reflecte os meus padrões do que deve ser o jornalismo
2,8
Em empresas como a minha, o jornalismo é uma actividade assente em rotinas
3,2
É importante para um jornalista conhecer o contexto (cultural, político, social, etc.) de um acontecimento
4,3
No jornalismo, a especialização é útil
4,4
O jornalista deve ser um generalista
2,4
O meu órgão de comunicação social reflecte a realidade do Grande Porto
2,7
O meu órgão de comunicação social reflecte a realidade portuguesa
3,2
O meu órgão de comunicação social reflecte a realidade internacional
2,8
De uma forma geral, os órgãos de comunicação social do Grande Porto reflectem a realidade desta área
3
De uma forma geral, os órgãos de comunicação social do Grande Porto reflectem a realidade portuguesa
3,1
De uma forma geral, os órgãos de comunicação social do Grande Porto reflectem a realidade internacional
2,5
Geralmente, as informações que chegam das agências noticiosas são fiáveis
4,4
Geralmente, as informações que chegam de agentes de relações públicas são fiáveis
2,3
Geralmente, as informações que chegam de outros órgãos de comunicação social são fiáveis
4
Geralmente, as informações que outros jornalistas me dão são fiáveis
3,8
Geralmente, as informações recolhidas numa conferência de imprensa são fiáveis
2,9
É sempre importante "checar" a informação, por mais credível que a fonte seja
4,2
É sempre importante contrastar fontes, venha a informação de onde vier
3,6
No jornalismo, ainda se nota alguma discriminação decorrente do sexo do jornalista
3,2
Nota: "um" significa "nada", "não concordo", "nunca" ou opção semelhante; "cinco" significa "muito", "concordo inteiramente", "sempre" ou opção semelhante.

*Poderes interferentes: político (7); económico (9); cultural (1); administrativo interno (1); obscuros (1)

**Tipo de críticas mais frequentes: positivas (2); negativas (1); desconhecimento dos factos (1); apontar erros para correcção posterior (1); construtivas (3); pronúncia (1); ligação texto-imagem [TV] (1); "elitismo" (1).
 
 

Tabela 98

Qualidades importantes num jornalista

 
Médias
Capacidade de lidar com as pessoas
4,1
Sólida formação moral e humana
4,5
Capacidade de recorrer a expedientes para realizar o seu trabalho
2,9
Capacidade de utilização de meios informáticos
3,9
Capacidade de entendimento do que está em causa num acontecimento
4,6
Capacidade de análise
4,4
Capacidade de reflexão
4,1
Capacidade de expressão
4,7
Capacidade de avaliar e julgar
4,3
Personalidade extrovertida
3,2
Conhecimentos sobre direito e deontologia da comunicação social
3,8
Independência
3,8
Neutralidade
3,7
Honestidade
4,8
Objectividade
3,9
Intuição
3,6
Rigor
4,7
Espírito crítico
4,2
Curiosidade
4,3
Paciência
4,1
Nota: "um" significa "pouco importante"; "cinco" significa "muito importante".

Outras características referenciadas como importantes: capacidade de ultrapassar constantes barreiras (1); memória (1); subjectividade (1); persistência (1); e criatividade (1).
 
 

Tabela 99

"O que é que, ou quem, influencia/influenciou os seus padrões ético-profissionais?"

 
N.º
%*
Professores
42
75
Familiares
35
62,5
Colegas
40
71,4
Um editor ou um chefe mais velho
33
58,9
Um director mais velho
11
19,6
Um provedor de um órgão de comunicação social
5
8,9
Religião
3
5,4
Ideologia política
12
21,4
O dia a dia na redacção
45
80,4
Outros factores referidos: meio em que o jornalista trabalha (1); educação (1); opiniões pessoais (1); e intuição pessoal (1).

*Nota: as percentagens foram calculadas item a item, em função do número total de respondentes ao inquérito (56).
 
 

Tabela 100

Avaliação da qualidade do trabalho pessoal

Média
3,9
Nota: classificações entre "um" (patamar inferior) e "cinco" (patamar superior).
 
 

Tabela 101

Avaliação da qualidade jornalística global da empresa em que o jornalista se insere

Média
3,4
Nota: classificações entre "um" (patamar inferior) e "cinco" (patamar superior).
 
 

Tabela 102

Incompatibilidades com o exercício profissional do jornalismo

 
N.º
%*
Cargos políticos
55
98,2
Relações públicas
49
87,5
Publicidade
45
80,4
Docência
4
7,1
Carreira militar
30
53,6
Magistratura
34
60,7
Advocacia
27
48,2
Medicina
4
7,1
Economia
9
16,1
Entertainer (inclui apresentador de TV)
29
51,8
Outras incompatibilidades referenciadas pelos jornalistas: técnicos ou dirigentes desportivos (3); industrial (1); comerciante (1); assessor de imprensa (6), profissão que incluiríamos na categoria "relações públicas".

*Nota: as percentagens foram calculadas item a item, em função do número total de respondentes ao inquérito (56).
 
 

Tabela 103

"O seu órgão de comunicação social tem conselho de redacção?"

 
N.º
%
Sim
42
75
Não
14
25

 

Tabela 104

"Qual considera ser a pertinência de um conselho de redacção no seu órgão de comunicação social?"

Média
3,9
Nota: classificações entre "um" (patamar inferior) e "cinco" (patamar superior).
 
 

Tabela 105

Eficácia dos conselhos de redacção

 
Médias
Na definição da política editorial
2,4
Na intervenção sobre a nomeação de directores e chefes
2,6
Em questões de disciplina e de auto-regulação
2,7
Nota: classificações entre "um" (patamar inferior) e "cinco" (patamar superior).
 
 

Tabela 106

"De uma maneira geral, os conselhos de redacção são órgãos pertinentes?

Média das notas
4,3
Nota: classificações entre "um" (patamar inferior) e "cinco" (patamar superior).
 
 

Tabela 107

"De uma maneira geral, os conselhos de redacção são órgãos eficazes?

Média das notas
2,6
Nota: classificações entre "um" (patamar inferior) e "cinco" (patamar superior).
 
 

Tabela 108

Papéis prioritariamente atribuídos aos editores

 
N.º
%*
Sugerir e seleccionar temas
53
94,6
Refazer e/ou corrigir informação
39
69,6
Seleccionar e hierarquizar informação
35
62,5
Orientar os jornalistas sobre o ângulo de abordagem dos assuntos
30
53,6
Zelar pelo cumprimento da linha editorial e do estatuto editorial
40
71,4
Controlar os gastos
8
14,3
Gerir os recursos humanos da secção
22
39,3
Animar os colegas
25
44,6
Outros papéis atribuídos aos editores: análise do discurso (1); assumir responsabilidades face à direcção (1).

*Nota: as percentagens foram calculadas item a item em função do número total de respondentes ao inquérito (56).
 
 

Tabela 109

Papéis prioritariamente atribuídos aos chefes de redacção

 
N.º
%*
Sugerir e seleccionar temas
56
100
Coordenar a redacção
54
96,4
Refazer e/ou corrigir informação
19
33,9
Seleccionar e hierarquizar informação
28
50
Orientar os jornalistas sobre o ângulo de abordagem dos assuntos
22
39,3
Zelar pelo cumprimento da linha editorial e do estatuto editorial
40
71,4
Controlar os gastos
25
44,6
Gerir os recursos humanos
31
55,3
Animar os colegas
29
51,8
Coordenar as edições
51
91,1
Outros papéis atribuídos aos directores: análise do discurso (1); assumir responsabilidades face à direcção (1); zelar pelo bem estar dos jornalistas junto da administração (1).

*Nota: as percentagens foram calculadas item a item em função do número total de respondentes ao inquérito (56).
 
 

Tabela 110

Papéis prioritariamente atribuídos aos directores

 
N.º
%*
Sugerir e seleccionar temas
27
48,2
Coordenar a redacção
21
37,5
Representar o órgão de comunicação social
50
89,3
Refazer e/ou corrigir informação
6
10,7
Seleccionar e hierarquizar informação
19
33,9
Orientar os jornalistas sobre o ângulo de abordagem dos assuntos
12
21,4
Zelar pelo cumprimento da linha editorial e do estatuto editorial
49
87,5
Controlar os gastos
34
60,7
Gerir os recursos humanos
37
66,1
Animar os colegas
21
37,5
Coordenar as edições
44
78,6
Convidar e coordenar analistas e cronistas
47
83,9
Outros papéis atribuídos aos directores: análise do discurso (1); assumir responsabilidades face à administração (1); zelar pelo bem estar dos jornalistas junto da administração (1).

*Nota: as percentagens foram calculadas item a item em função do número total de respondentes ao inquérito (56).
 
 

Tabela 111

"Já foi ameaçado de acções violentas por pessoas que discordavam da sua presença num local em que estava a exercer a sua profissão?"

 
N.º
%
Sim
24
42,8
Não
27
48,2
Não responde
5
9

 

Tabela 112

"Já recebeu alguma convocatória do Tribunal ou da Polícia para prestar declarações sobre ocorrências derivadas do seu exercício profissional?"

 
N.º
%
Sim
18
32,1
Não
35
62,5
Não responde
3
5,4

 

Tabela 113

"Já foi impedido de entrar num acontecimento público quando ia exercer a sua profissão?"

 
N.º
%
Sim*
18
32,1
Não
33
58,9
Não responde
5
9
*N.º de vezes: 6/1/5/5/2. Vários jornalistas responderam "muitas" ou "várias".
 
 

Tabela 114

"Já alguma vez foi acusado de invasão de privacidade?"

 
N.º
%
Sim*
0
0
Não
52
92,8
Não responde
4
7,2

 

Tabela 115

"Já alguma vez lhe moveram algum processo judicial devido ao seu exercício profissional?"

 
N.º
%
Sim
10
17,8
Não
42
75
Não responde
4
7,2

 

Tabela 116

"Trabalha como jornalista especializado?"

 
N.º
%
Sim
36
64,3
Não
19
33,9
Não responde
1
1,8

 

Tabela 117

"Se trabalha como jornalista especializado, com que frequência trabalha noutras áreas que não a sua?"

 
N.º
%
Muitas vezes
13
23,2
Ocasionalmente
11
19,6
Nunca
12
21,4

 

Tabela 118

Descrição sintética das tarefas que os jornalistas costumam desempenhar

  • "Coordenar uma redacção (nacional)." 
  • "Elaboração do noticiário (...)." 
  • "Captação de imagens e som." 
  • "Desde o envio de um fax à realização de uma reportagem sobre pedofilia." 
  • "Todas as respeitantes à concretização de grandes reportagens e documentários televisivos." 
  • "Edição e redacção de notícias e reportagens." (2) 
  • "Seleccionar temas, investigar, contactar as fontes sugeridas por mim ou pelas chefias, fazer os textos." 
  • "Fotojornalismo desportivo." 
  • "Organização jornalística de informação económica. Contactos pessoais tendentes à obtenção de informação." 
  • "Elaboração de notícias e investigação de temas." 
  • "Coordenação de edição, selecção de temas, gestão dos recursos da secção." 
  • "Produção de informação. Coordenação de meios humanos." 
  • "Acompanhar jogos e treinos." 
  • "Reportagem de agenda e de investigação." 
  • "Definir área de trabalho; contactar fontes e proceder a investigações; escrever." 
  • "Redacção." 
  • "Reportagens, entrevistas e montagem das mesmas [TV]." 
  • "Redigir notícias." 
  • "Preparar reportagens e tratar informação." 
  • "Elaborar notícias." 
  • "Escrever peças." 
  • "Tratar informação." 
  • "Organizar a informação." 
  • "Produzir informação e tratá-la." 

 

Tabela 119

Definição de notícia pelos jornalistas

  • "Todos os factos susceptíveis de interessarem à comunidade, ainda que a uma maioria [memória?] dela." 
  • "Partilho do ponto de vista de Pulitzer." 
  • "Algo que interessa à opinião pública em geral, pela sua actualidade, factualidade e pertinência, para o bem estar da população e do país." 
  • "Qualquer facto ou acontecimento de relevo para o conhecimento público." 
  • "Relato de um acontecimento actual com interesse para um vasto número de pessoas." 
  • "Tudo o que sociologicamente mereça interesse por parte do público." 
  • "É uma história. Por isso, deve circunscrever-se aos factos apurados, de fontes rigorosas, hierarquizando-os de forma a que possam ser melhor entendidos, e deve contar a realidade tal qual se apresenta ao jornalista." 
  • "Relato de um acontecimento." 
  • "Acontecimento que mereça ser mostrado ao público, com isenção." 
  • "É a discussão de um acontecimento ou assunto da forma mais objectiva e rigorosa possível." 
  • "Matéria que possa interessar aos leitores." 
  • "Tudo o que acontece e que suscita o interesse da comunidade." 
  • "Acontecimento público." 
  • "É um relato objectivo de um acontecimento, escrito no sentido de informar e de esclarecer o público." 
  • "Dar conhecimento de um facto, de um acontecimento, sem tecer qualquer opinião." 
  • "Acontecimento público que possa interessar à vida das pessoas." 
  • "Algo que afecta o público e é importante para ele. Espelhos de países, regiões e pessoas. Tudo aquilo que não é perceptível no nosso campo visual mas que muda e regula a nossa vida. Depende de pessoa para pessoa, mas o que é criteriado [sic] pela maioria ganha a forma daquilo que num conceito versátil se chama notícia." 
  • "Aquilo que é novo, próximo e importante/interessante." 
  • "Uma informação nova que interessa à opinião pública." 
  • "Aquilo que o público ainda não sabe e devia saber ou aquilo que já sabe mas ainda não percebe bem." 
  • "Algo de interesse para o público." 
  • "Factos que pela sua relevância possam ter interesse para a opinião pública." 
  • "O que interessa ao público." 
  • "Factos com actualidade e que representem a vontade das audiências." 
  • "Os acontecimentos com utilidade para as audiências." 
  • "Relato exacto e honesto da realidade." 
  • "Descrição precisa dos acontecimentos." 
  • "Tratamento objectivo dos factos e acontecimentos." 
  • "Descrição dos acontecimentos." 
  • "Relato de acontecimentos com interesse público." 
  • "Dar a conhecer a realidade ao público." 

 

Tabela 120

Proveniência da maioria das informações veiculadas pelos jornalistas

 
N.º
%**
Assistência directa aos acontecimentos
43
76,8
Conferências de imprensa*
39
69,6
Agências noticiosas
35
62,5
Outros órgãos jornalísticos
24
42,9
Outros jornalistas
7
12,5
Agentes de relações públicas, imagem e comunicação (inclui assessores de imprensa)
 

16

 

28,6

Press-releases e outra informação escrita não recolhida de outros órgãos jornalísticos (como as agências)
 

29

 

51,8

Contactos telefónicos por iniciativa própria
42
75
Contactos telefónicos por iniciativa de outrem
23
41,1
Contactos presenciais por iniciativa própria
24
42,8
Contactos presenciais por iniciativa de outrem
25
44,6
*Média de conferências de imprensa a que os jornalistas assistem semanalmente: 1,6

**Nota: as percentagens foram calculadas item a item em função do número total de respondentes ao inquérito (56).

Outras proveniências assinaladas: fontes próprias (factor que pode ser incluído nos diversos tipos de "contactos").
 
 

Tabela 121

Frequência com que os jornalistas confirmam as informações que recebem

   

Sempre

(N.º)

 

Sempre

(%)

 

Muitas vezes

(N.º)

 

Muitas vezes

(%)

Poucas vezes/

pontual-mente

(N.º)

Poucas vezes/

pontual-mente

(%)

 

Nunca

(N.º)

 

Nunca

(%)

Das agências noticiosas
 

5

 

8,9

 

12

 

21,4

36
 

64,3

 

3

 

5,4

De press-releases
12
21,4
25
44,6
17
30,4
2
3,6
De contactos telefónicos
 

17

 

30,4

 

32

 

57,1

 

7

 

12,5

 

0

 

0

De contactos pessoais
 

16

 

28,6

 

27

 

48,2

 

13

 

23,2

 

0

 

0


 

Tabela 122

Frequência com que as fontes pedem anonimato

Muitas

vezes

(N.º)

Muitas

vezes

(%)

Poucas vezes/

ocasionalmente

(N.º)

Poucas vezes/

ocasionalmente

(%)

Nunca

(N.º)

Nunca

(%)

10
17,9
40
71,4
6
10,7

 

Tabela 123

Peças elaboradas por edição (quando aplicável)

Média
3,2

 

Tabela 124

Percentagem média das peças em que o jornalista se identifica por edição (quando aplicável)

Percentagem média
69,5%

 

Tabela 125

O seu órgão de comunicação social faculta-lhe o acesso à Internet

 
N.º
%
Sim*
29
51,8
Não
19
33,9
Por vezes
8
14,3
*Média diária dos minutos dedicados pelos jornalistas à pesquisa na Internet: 55.
 
 

Tabela 126

"O seu órgão de comunicação social tem um centro de documentação?"

 
N.º
%
Tem e funciona relativamente bem
20
35,7
Tem, mas funciona mal
20
35,7
Tem, mas a sua dimensão é insuficiente
11
19,7
Não tem
5
8,9

 

Tabela 127

Frequência com que os jornalistas recorrem aos centros de documentação

 
N.º
%
Frequentemente*
12
21,4
Ocasionalmente/pontualmente*
39
69,6
Nunca
3
5,4
Não respondem
2
3,6
*Média das vezes em que os jornalistas recorrem por semana ao centro de documentação do seu órgão jornalístico: 2,9.
 
 

Os jornalistas do Grande Porto e a regionalização

Tabela 128

 
N.º
%*
Caso venha a ser feita, será globalmente negativa para o país
13
23,2
Caso venha a ser feita, será globalmente positiva para o país
35
62,5
Caso venha a ser feita, será globalmente negativa para o Norte
11
19,6
Caso venha a ser feita, será globalmente positiva para o Norte
21
37,5
Caso venha a ser feita, será globalmente negativa para o Grande Porto
 

16

 

28,6

Caso venha a ser feita, será globalmente positiva para o Grande Porto
 

19

 

33,9

*As percentagens foram calculadas item por item, em função do número total de respondentes (56).
 
 

Tabela 129

 
Médias
A regionalização não é necessária em caso algum
2,6
Não é necessário criar regiões, mas tão só reforçar o poder dos municípios
2,8
Não é necessário criar regiões, mas tão só descentralizar administrativamente o Estado
2,7
É preciso criar regiões e reforçar o poder dos municípios
3
É preciso criar as regiões e descentralizar administrativamente o Estado
3,2
Em Lisboa não se tem percepção nítida das necessidades e dos problemas do resto do país
4,4
Em Lisboa não se tem percepção nítida das necessidades e dos problemas do Norte
4,2
Caso as regiões venham, de facto, a ser criadas, o mapa das regiões deverá contemplar apenas uma região Norte
 

3,4

Caso as regiões venham, de facto, a ser criadas, o mapa das regiões deverá contemplar uma região para Entre-Douro-e-Minho e outra para Trás-os-Montes
 

3,2

Caso venha a ser criada uma região Norte, a capital deve ser o Porto
4,3
Caso venha a ser criada uma região Norte, a capital deve ser Vila Real
2,8
Caso venha a ser criada uma região Norte, a capital deve ser outra localidade que não o Porto ou Vila Real*
1,6
Caso venha a ser criada uma região Entre-Douro-e-Minho, a capital deve ser o Porto
4,1
Caso venha a ser criada uma região Entre-Douro-e-Minho, a capital deve ser Braga
2,6
Caso venha a ser criada uma região Entre-Douro-e-Minho, a capital deve ser outra localidade que não o Porto ou Braga**
 

1,5

Nota: "um" significa "discordo totalmente" e "cinco" significa "concordo totalmente".

Nota: dois jornalistas não responderam a qualquer questão. 11 jornalistas não responderam à última questão.

* Localidades referidas: Braga ou Viana do Castelo (1).

** Localidades referidas: Viana do Castelo (1).
 
 

Tabela 130

Nas eleições autárquicas vota mais:

 
N.º
%
Em função dos partidos
7
12,5
Em função dos candidatos
13
23,2
Em função dos programas
3
5,4
Em função dos programas e dos candidatos
23
41,1
Não responde
10
17,8
Nota: dois jornalistas responderam "não voto". Um outro jornalista respondeu que votava tacticamente, em função dos seus pontos de vista.
 
 

Tabela 131

Em hipotéticas eleições regionais votaria mais:

 
N.º
%
Em função dos partidos
11
19,6
Em função dos candidatos
11
19,6
Em função dos programas
1
1,8
Em função dos programas e dos candidatos
23
41,1
Não responde
10
17,8
Nota: um jornalista respondeu "não votarei" e outro "não votaria". Um outro jornalista respondeu que votava em função dos candidatos que lhe parecessem ser os melhores ou naqueles que mais se aproximassem dos seus pontos de vista.
 
 

Avaliação dos políticos do Grande Porto

Tabela 132

Competência

 
Médias
Fernando Gomes
3,6
Vieira de Carvalho
3,4
Narciso Miranda
3,6
Luís Filipe Menezes
2,9
Fernando Melo
2,8
Valentim Loureiro
2,9
Nota: classificações entre "um" (patamar inferior) e "cinco" (patamar superior).

Nota 2: um jornalista não respondeu a nenhuma questão; cinco jornalistas não avaliaram Luís Filipe Menezes.
 
 

Tabela 133

Credibilidade

 
Médias
Fernando Gomes
4,1
Vieira de Carvalho
3,5
Narciso Miranda
3,4
Luís Filipe Menezes
2,7
Fernando Melo
2,7
Valentim Loureiro
2,3
Nota: classificações entre "um" (patamar inferior) e "cinco" (patamar superior).

Nota 2: dois jornalistas não responderam a qualquer questão.
 
 

Tabela 134

Honestidade

 
Médias
Fernando Gomes
2,9
Vieira de Carvalho
3,2
Narciso Miranda
3,1
Luís Filipe Menezes
2,8
Fernando Melo
2,9
Valentim Loureiro
2,5
Nota: classificações entre "um" (patamar inferior) e "cinco" (patamar superior).

Nota 2: um jornalista não respondeu.
 
 

Tabela 135

Qualidades de político

 
Médias
Fernando Gomes
4,4
Vieira de Carvalho
3,8
Narciso Miranda
4,2
Luís Filipe Menezes
3,8
Fernando Melo
2,2
Valentim Loureiro
3,6
Nota: classificações entre "um" (patamar inferior) e "cinco" (patamar superior).

Nota 2: um jornalista não respondeu.
 
 

Tabela 136

"Para si, há algum ou alguns dos seguintes autarcas que beneficiem de uma imagem manifestamente mais positiva do que aquilo que fizeram ou fazem faria prever?"

 
Respostas afirmativas

(N.º)

Respostas afirmativas

(%)

Fernando Gomes
17
30,4
Vieira de Carvalho
13
23,2
Narciso Miranda
10
17,9
Fernando Melo
6
10,7
Valentim Loureiro
30
53,6
Nota: Luís Filipe Menezes não foi incluído nesta tabela porque, na altura em que o inquérito foi aplicado, esse autarca praticamente iniciava o seu mandato (quatro meses de actuação).
 
 

Tabela 137

"Qual das seguintes personalidades seria o melhor presidente de uma região efectiva que englobasse o Grande Porto?"

 
N.º
%
Fernando Gomes
24
42,8
Vieira de Carvalho
7
12,5
Narciso Miranda
2
3,6
Luís Filipe Menezes
4
7,1
Fernando Melo
0
0
Valentim Loureiro
0
0
Pinto da Costa
1
1,8
Outra pessoa
18
32,2
Outras pessoas sugeridas pelos jornalistas: "um nortenho sem filiação partidária ou desportiva"; João Amaral; Mário de Almeida; "um ambientalista"; Braga da Cruz (3); Ilda Figueiredo (1); "alguém suprapartidário". Um jornalista escreveu "nenhum deles".
 
 

Tabela 138

Avaliação do interesse noticioso de vários temas para o Grande Porto

 
Médias
Regionalização
4,5
Metro do Porto
4,6
Funcionamento e disfuncionalidades das autarquias
4
Corrupção e compadrio
4,7
Relações Norte de Portugal – Galiza
4,3
Democraticidade nas estruturas partidárias regionais e locais
3,2
Lipor II
3
Recolha selectiva de lixos para reciclagem
2,7
Ordenamento do território e planificação urbanística
3,8
Avanço do mar
3,6
Poluição (água, terra, ar)
4,1
Protecção da Natureza e da vida selvagem
3,4
Trânsito
4,2
Acessibilidades
4,4
Segurança dos cidadãos e da propriedade
4,1
Nível e qualidade de vida
3,7
Economia regional e local
4,3
Actividades autárquicas
3,4
Actividades dos políticos regionais e locais
2,9
Desporto regional e local
3
Iniciativas da sociedade civil
3,2
Acções de colectividades com expressão regional e local
3,4
Televisão regional e local
2,9
Nota: "um" significa "absolutamente nada importante" e "cinco" significa "muitíssimo importante".


Tabela 139

"Concorda, em princípio, com o aparecimento de televisões regionais e locais?"

 
N.º
%
Sim
54
96,4
Não
2
3,6

 

Tabela 140

"Se, em princípio, concorda com o aparecimento de televisões regionais e locais, de que tipo acha que elas deverão ser?"

 
N.º
%*
Públicas
3
5,4
Semi-públicas
38
67,8
Privadas
24
42,8
Nota: os resultados explicam-se pelo facto de vários jornalistas terem assinalado mais do que uma opção.

*As percentagens foram calculadas item por item, em função do número de respondentes ao inquérito.



Questões exclusivamente destinadas a jornalistas do sexo feminino

Tabela 141

"Já alguma vez sentiu, no jornalismo, algum tipo de discriminação, positiva ou negativa, por ser mulher?"

 
N.º
%*
Sim
9
56,3
Não
2
12,5
Não responde
5
31,2
*As percentagens foram calculadas em função do número de jornalistas do sexo feminino que responderam ao inquérito.
 
 

Tabela 142

Tipos de discriminação sentida

 
Positiva

(N.º)

Positiva

(%)**

Negativa

(N.º)

Negativa

(%)**

Discriminação nas tarefas efectuadas
4
25
2
12,5
Discriminação no salário
1
6,3
0
0
Discriminação nas ajudas e compensações
 

0

 

0

 

0

 

0

Discriminação na selecção para trabalhos de dimensão relevante
 

4

 

25

 

3

 

18,8

Discriminação devido a gravidez
0
0
0
0
Outros tipos de discriminação
0
0
1*
6,3
*"o futebol é serviço (quase) exclusivamente para homens."

**As percentagens foram calculadas item por item, em função do número de jornalistas do sexo feminino que responderam ao inquérito (16).



Tabela 143

"Já alguma vez fez uso da sua condição de mulher para obter qualquer tipo de vantagem profissional?"

 
N.º
%
Sim
0
0
Não
11
68,8
Não responde
5
31,2

 

Questões unicamente destinadas a fotojornalistas ou repórteres de imagem de televisão
 
 

Tabela 144

"Costuma debater com o seu colega de equipa o tema que vai abordar, de maneira a coordenar o trabalho?"

 
N.º
%
Sim
7
100
Não
0
0
Por vezes
0
0

 

4. Discussão dos resultados

Tendo em conta os dados do Segundo Inquérito Nacional aos Jornalistas Portugueses,11 parece-nos que a amostra de jornalistas portuenses que responderam ao inquérito é minimamente representativa do universo. De facto, responderam ao inquérito 71,4% de jornalistas do sexo masculino e 28,6% do sexo feminino, percentagens bastante próximas dos totais nacionais (67,2% de homens para 32,8% de mulheres). Além disso, tal como os totais nacionais fariam prever, a amostra releva a tendência para o rejuvenescimento da profissão. Se a nível nacional 66% dos jornalistas inquiridos tinham menos de 40 anos, a nível do Porto 60,8% dos jornalistas que responderam ao inquérito tinham menos de 35 anos e 85,8% menos de 45 anos.

Na mesma sintonia, evidencia-se, a partir dos dados do presente inquérito, tal como ocorreu no Segundo Inquérito Nacional aos Jornalistas Portugueses, a tendência para o aumento da formação académica. Assim, enquanto a nível nacional 37,4% dos jornalistas inquiridos eram licenciados, tendo frequentado o ensino superior um total de 68,5%, a nível local 44,6% dos jornalistas que constituíram a amostra eram licenciados e 37,5% tinham frequentado um curso superior, o que eleva para 82,1% a percentagem de jornalistas portuenses (constituintes da amostra) que passaram pelas universidades e escolas politécnicas,12 sendo a Escola Superior de Jornalismo do Porto o estabelecimento de ensino mais procurado (48,2% dos jornalistas portuenses que frequentam ou frequentaram o ensino superior fizeram-no na ESJ). Indo de encontro às nossas expectativas, os cursos na área das Ciências da Comunicação são os preferidos (58,9%). Um dado curioso, a este nível, é a procura de pós-graduações, evidenciando que a formação académica pode ser tida, eventualmente, como uma via do jornalista para atingir a excelência, para exercer outras profissões e para valorização pessoal e curricular. A existência de um jornalista doutorado e de outro que frequenta um programa de doutoramento (ambos no estrangeiro) demonstra-o (3,6% do total da amostra). A mesma explicação é plausível quando se procura justificar o facto de 44,6% dos jornalistas responderem que têm formação específica superior ou profissional em jornalismo, enquanto 16,1% estão a frequentar um curso superior ou profissional na área. Aliás, 42,3% dos jornalistas sem formação específica revelaram que apenas não a possuem porque não existiam cursos o género quando se iniciaram na profissão, o que vem demonstrar, mais uma vez, o atraso português nesta matéria, que atinge quase um século quando se compara com o caso dos Estados Unidos. No entanto, 75% e 37,5% dos jornalistas portuenses disseram, respectivamente, que não participaram em quaisquer acções de formação e que não participaram em quaisquer congressos, colóquios, etc. sobre jornalismo nos últimos dois anos. Este dado contraria um pouco a hipótese explicativa anterior, embora os jornalistas tendam a concordar que participar em acções de formação e actividades similares promove a qualidade do trabalho jornalístico (média de 4,2 valores em cinco).

Os jornalistas inquiridos viveram, maioritariamente, a infância e a juventude no Porto e Grande Porto, em meio urbano. Hoje em dia, continuam a habitar predominantemente no Porto (44,6%) ou na sua Área Metropolitana (39,3%) há mais de cinco anos (73,2%), fazem-no por gosto (60,7%) e pretendem continuar na zona (62,5%). Estes resultados indiciam uma forte vinculação entre a cidade do Porto e os seus jornalistas, facto que é confirmado pelo pendor pró-regionalização dos inquiridos (62,5% favoráveis à regionalização, quando, a nível nacional, 62,6% eram contra) e pela paixão clubística (44,6% de adeptos portistas e 10,7% de outros clubes do Grande Porto), embora 92,9% dos jornalistas portuenses entendam que a sua paixão clubística não influencia o seu trabalho (aliás, a ideia de que devemos "torcer" por um clube da nossa terra só recolhe uma valorização média de 2,7 valores em cinco). 37,5% dos inquiridos eram sócios de um clube de futebol profissional.

69,6% dos jornalistas portuenses que responderam ao inquérito são casados ou vivem em casal e 10,7% são, inclusivamente, casados (ou vivem em casal) com jornalistas. Dentre aqueles que são solteiros ou vivem sozinhos, 40% já viveram em casal. Este facto pode evidenciar uma certa tendência para a instabilidade das relações conjugais mantidas pelos jornalistas, no que acompanha, aliás, a tendência para o aumento do número de divórcios em Portugal.

A maioria dos jornalistas (54,6%) não tem filhos, o que se reflecte na média de 2,4 de familiares co-residentes com cada jornalista respondente. Curiosamente, 48,2%, se vierem a ter ou já têm filhos, desejam-lhes "melhor sorte" do que o exercício do jornalismo. Este dado talvez se possa cruzar, entre outros, com os seguintes factos:

- 39,3% dos jornalistas respondentes não se sentem satisfeitos com a sua situação contratual (17,8%, inclusivamente, não assinou qualquer contrato, demonstrando a precariedade no emprego que fragiliza a profissão - o que entronca nas conclusões do Segundo Inquérito Nacional aos Jornalistas Portugueses);

- Embora o leque de distribuição salarial seja relativamente amplo e diversificado, no que está, igualmente, de acordo com a situação relatada no Segundo Inquérito Nacional aos Jornalistas Portugueses, a maioria relativa dos jornalistas portuenses inquiridos (32,2%) aufere menos de 150 contos de salário líquido e 26,9% fica-se entre os 150 e os 200 contos; assim, o índice de satisfação média com o salário entre os inquiridos atinge apenas 2,1 valores em cinco, levando, inclusivamente, a que 44,6% dos jornalistas sugiram que a insatisfação ou satisfação que sentem em termos salariais influencia o seu desempenho;

- O índice médio de segurança no emprego e na saúde fica-se pelos 3,1 valores em cinco;

- 64,3% dos jornalistas que responderam ao inquérito consideram o jornalismo uma profissão sem horários, pelo menos na empresa em que trabalham, sendo que as suas empresas tendem a nem sequer pagar as horas extraordinárias (66,1%);

- 5,4% dos jornalistas portuenses que participaram nesta pesquisa não têm folgas e 12,5% não têm férias (8,9% tem direito a férias, mas não a subsídio de férias).

Os jornalistas portuenses geralmente não são, a avaliar pela amostra, filhos de jornalistas. Nem a profissão paterna ou materna nem as habilitações académicas dos progenitores parecem, assim, ter influenciado a escolha jornalística dos filhos.

A escolha conjugal dos jornalistas, quando não recai sobre outro(a) jornalista (10,7%), incide, parece-nos, sobre profissões socialmente compatíveis (por exemplo, em termos de estatuto social). De facto, 35,7% dos jornalistas revela estar casado (ou viver em casal) com alguém que é quadro médio, profissional liberal, docente ou que exerce uma profissão similar e que possui, pelo menos, o ensino secundário (35,7%) ou superior (12,5% dos cônjuges frequentaram e 10,7% concluíram um curso superior, havendo mesmo um caso - 1,8%- de frequência de mestrado).

Em termos religiosos, 16,1% dos jornalistas portuenses que integraram a amostra dizem-se católicos praticantes, o que corresponde a mais 6,9% do que o total nacional dos jornalistas. Porém, enquanto a nível local apenas 33,9% dos jornalistas se dizem católicos não praticantes, essa percentagem atinge 48,9% a nível nacional. 17,9% dos jornalistas do Porto definiram-se como "não religiosos", dado previsível em função do total nacional de jornalistas que se dizem ateus (19,2%), que é semelhante. Interessantemente, 19,6% dos jornalistas inquiridos a nível local diz que o sentimento religioso de algum modo influencia o seu trabalho.

Politicamente, os jornalistas portuenses são, predominantemente, de esquerda (30,4%) ou de centro-esquerda (39,3%), tal como ocorre a nível nacional, mas tendem a não deixar que as ideias políticas se imiscuam no seu trabalho (76,7%). Apesar disso, 17,9% dos inquiridos reconhecem que as ideias políticas pesam no seu exercício profissional. 8,9% dos jornalistas portuenses inquiridos revelaram, inclusivamente, estar filiados numa organização política. Colocamos, assim, por hipótese, que a valorização geral mais positiva que os jornalistas portuenses fazem dos autarcas socialistas em contraposição aos autarcas sociais-democratas está relacionada com a ideologia política dominante entre os jornalistas portuenses. Essa valorização é particularmente visível quando se exclui o social-democrata Vieira de Carvalho, o autarca do PSD mais cotado entre os jornalistas portuenses, e quando o nome em causa é o do presidente socialista da Câmara do Porto, Fernando Gomes, que 42,8% dos jornalistas consideram, até, que seria o melhor presidente para uma hipotética região que englobasse o Grande Porto, muito embora 30,4% dos inquiridos julguem que Fernando Gomes tem uma imagem mais positiva do que seria de esperar por aquilo que fez. Neste particular, aliás, Fernando Gomes apenas é ultrapassado por Valentim Loureiro (53,6%), talvez devido à imagem de "distribuidor de electrodomésticos" durante as campanhas eleitorais que este último conservará. Há, porém, um ponto em que os jornalistas tendem a confluir: acham que os autarcas não são muito honestos. De facto, no que toca à honestidade, se excluirmos Narciso Miranda (3,1 valores) e Vieira de Carvalho (3,2 valores), todos os restantes autarcas têm uma imagem tendencialmente negativa junto dos jornalistas (abaixo de três valores em cinco).

76,8% dos jornalistas da amostra possuem automóvel próprio e 16,1% usam carro da empresa. Os inquiridos dizem também que recorrem ao automóvel numa grande panóplia de situações, desde as deslocações para o emprego (62,5%), às férias e fins de semana (69,6%) ou saídas à noite (50%). 60,7% dos jornalistas recorrem ao automóvel para trabalhar. 91% dos jornalistas chegam ao local de trabalho em menos de meia-hora e um jornalista não precisa mesmo de se deslocar, o que pode indiciar uma opção pelo teletrabalho. Estes factos podem favorecer a atracção dos jornalistas pela zona do Porto e Grande Porto e, por consequência, a sua fixação.

Entre os jornalistas que constituíram a amostra, 55,3% estavam sindicalizados, mas apenas 25% se disseram satisfeitos com a actuação do Sindicato dos Jornalistas. Apenas 50% dos inquiridos costumam ler o boletim/jornal do Sindicato, mas valorizam-no, em média, com apenas 2,2 valores em cinco quanto ao seu interesse para a classe. 58,9% consideram necessária a existência de uma Ordem dos Jornalistas ou de qualquer outro órgão de auto-regulação deontológica.

94,6% dos inquiridos são assalariados e 71,4% pertencem ao quadro dos respectivos órgãos de comunicação social. No que respeita à modalidade de contratação, os jornalistas repartem-se por várias categorias: contrato colectivo de trabalho (17,8%), acordo de empresa (28,6%), contrato individual (28,6%) e prestação de serviços/tarefeiro (3,6%). Conforme já dissemos, 17,8% dos jornalistas não possuía qualquer contrato de trabalho. Apenas 44,6% dos jornalistas se sentiam satisfeitos com a sua situação contratual, enquanto 39,3% se sentiam insatisfeitos, devido a razões que se estendem desde a precariedade no emprego à remuneração insatisfatória, passando pela carência de actualização ou pela não potenciação da criatividade. Não obstante, 51,8% dos jornalistas acham que o contrato de trabalho lhes oferece estabilidade (cinco jornalistas consideraram mesmo que o contrato dá as regalias salariais e laborais devidas).

Foram muitos e variados os motivos que levaram os jornalistas portuenses à profissão, destacando-se os convites e as auto-propostas. 21,4% dos inquiridos foram convidados a exercer o jornalismo enquanto frequentavam um curso superior na área da comunicação social, 8,9% receberam esse convite após um estágio integrado num desses cursos e 10,7% foram convidados enquanto frequentavam um curso superior de outra área. 10,7% tornaram-se jornalistas porque se auto-propuseram a exercer a profissão enquanto frequentavam um curso superior numa área comunicacional, mas 12,5% tornaram-se jornalistas por auto-proposta enquanto frequentavam um curso superior numa área não comunicacional.

Inquiridos sobre qual deve ser o regime de acesso à profissão, todos os jornalistas optaram por modalidades que englobam estágio profissional. Assim, 37,5% apontam para a licenciatura ou bacharelato na área da comunicação social, seguida de um estágio jornalístico, como condição básica para aceder à profissão, 19,6% defendem uma licenciatura especificamente em jornalismo, seguida de estágio jornalístico (um total muito próximo do nacional, que atingiu 18,2%), e 26,8% (quase dez pontos percentuais abaixo do total nacional) acham que qualquer curso superior, desde que seguido por um estágio jornalístico, é condição suficiente para aceder ao exercício profissional do jornalismo. 30,4% dos jornalistas consideraram que um curso superior em qualquer área, seguida de formação profissional específica em jornalismo e de um estágio jornalístico, é a melhor modalidade de acesso à profissão. Apenas 21,4% dos jornalistas que responderam ao inquérito consideram que deve ser possível aceder à profissão com habilitações ao nível do 12º ano (embora complementadas por formação profissional e estágio ou apenas por um estágio).

Apesar dos resultados mencionados no parágrafo anterior, 84% dos jornalistas acham vantajoso para um jornalista ter frequentado um curso superior de jornalismo e 66,1% aconselhariam mesmo alguém que pretendesse tornar-se jornalista a começar por um curso nessa área. Aliás, 57,1% dos inquiridos consideram que é importante para se ser um bom jornalista ter frequentado um curso superior de jornalismo, enquanto que 44,6% e 30,4% julgam, respectivamente, que um curso superior na área da comunicação ou um curso profissional permitem atingir o mesmo patamar de qualidade. Ainda assim, a experiência é, para 87,5% dos jornalistas, um factor capaz de tornar um profissional num bom jornalista.

Em média, os jornalistas portuenses inquiridos exercem a profissão há 11,2 anos, levando 10,6 anos como jornalistas profissionais a tempo inteiro; por outro lado, começaram a trabalhar com 21,7 anos e ingressaram no jornalismo aos 24,3 anos. Há 6,3 anos, em média, que os jornalistas estão na sua actual empresa, tendo, em média, integrado anteriormente 2,1 órgãos de comunicação social. 26,8% dos respondentes trabalham como jornalistas em mais do que um órgão de comunicação social (sendo de 1,7 o número médio de órgãos de comunicação social além do principal onde os jornalistas com pluri-emprego exercem a profissão). 14,2% dos inquiridos exercem outra profissão, como a docência (quatro respostas). 69,6% dos jornalistas portuenses tiveram como primeira profissão o jornalismo e 73,2% elegeram o jornalismo como primeira opção profissional. Se puderem optar, 91,1% dos inquiridos pretendem continuar a ser jornalistas, por variados motivos (ver tabela 59), apesar das dificuldades salariais e laborais evidenciadas noutros pontos desta discussão de resultados e de, maioritariamente, os inquiridos revelarem não quererem vir a ter filhos jornalistas. O "gosto por jornalismo" (96,4%), a "oportunidade para aprender mais e ampliar o conhecimento" (76,8%), a "excitação e variedade do trabalho" (60,7%), a "oportunidade para ser original e criativo" (57,1%), "ter um trabalho de valor e essencial para a comunidade e a democracia" (53,6%) e a "mística profissional e o romantismo da profissão" (41,1%) foram as razões mais citadas entre aquelas que levaram os jornalistas portuenses a enveredar pela carreira de jornalista (ver tabela 60). 32,1% dos jornalistas acham que ascenderam socialmente a partir do momento em que ingressaram na profissão, enquanto 57,1% acham que mantiveram o seu posicionamento social.

A avaliar pela amostra, um jornalista portuense poderá contar trabalhar cerca de sete horas diárias (67,9%), embora com horário flexível (78,6%). Em alguns casos, poderá ter de trabalhar diariamente mais de oito horas (17,9%), mas, geralmente, as empresas jornalísticas não pagam horas extraordinárias (66,1% dos casos). Estes dados parecem revelar uma situação mais confortável para os jornalistas do Porto do que acontece a nível nacional (recorde-se que, segundo o Segundo Inquérito Nacional aos Jornalistas, 26,1% dos jornalistas revelou trabalhar semanalmente até 35 horas e 29,7% entre 35 e 40 horas).

64,3% dos jornalistas consideraram o jornalismo, da forma como é exercido na sua empresa, uma profissão sem horários, mas 39,3% contrariam um pouco esta ideia, salientando que só até certo ponto é que se pode avaliar assim a profissão, e 8% discordam mesmo dessa ideia. Do nosso ponto de vista, a obediência a horários, se bem que vantajosa para a programação de vida do jornalista, demonstra uma certa tendência para a burocratização do jornalismo: tende a tornar-se notícia apenas o que acontece nas "horas de expediente".

Convergindo com os dados do Segundo Inquérito Nacional aos Jornalistas, quase todos os respondentes (89,2%) gozam folgas, sendo de 8,2 a média mensal de dias de folga. 28,6% dos inquiridos confessaram, inclusivamente, ter dias fixos de folga.

Entre os jornalistas portuenses não é tão frequente quanto esperávamos a leitura de revistas e de livros sobre jornalismo. Apenas 7,1% dos inquiridos costumam ler dessas revistas e só 44,7% costumam ler desses livros. Na nossa opinião, este dado demonstra que a uma maior formação académica nem sempre corresponde um maior interesse profissional (um maior profissionalismo?) pela própria profissão (surpreendentemente, um jornalista pergunta mesmo: "Há alguma [revista sobre jornalismo]?"). Entre as revistas referenciadas por alguns jornalistas encontram-se a Journalism & Mass Communication Quarterly, a Columbia Journalism Review, a Media XXI e a Imprensa. Entre os livros, são referenciados títulos como A Caixa Negra, O Jornalista Desportivo, História da Imprensa, Informação/Manipulação, A Rádio, A Imprensa e outros que não são livros sobre jornalismo, embora devam dizer bastante aos jornalistas: 1984 e O Admirável Mundo Novo.

Se bem que os índices de leitura de livros e revistas sobre jornalismo não tenham correspondido às nossas expectativas, a situação "melhora" quando se pergunta aos jornalistas portuenses se costumam ler revistas especializadas sobre a área (secção) em que trabalham. Neste caso, 46,4% das respostas são afirmativas, sendo referenciadas revistas como Fortunas & Negócios, Valor, The Economist e Exame, entre as económicas, Ler e Lire, entre as literárias, France Football e Mundial, entre as desportivas, e Photo, entre as dedicadas à imagem.

Expresso (76,8%), Público (73,2%), Jornal de Notícias (55,4%) e Diário de Notícias (53,6%) são, por esta ordem, os jornais mais lidos pelos jornalistas portuenses que integraram a amostra. 28,6% dos respondentes admitiram que costumavam ler "todos" os jornais da lista fornecida, o que, de certa forma, corresponderá a uma manifestação de profissionalismo.

Durante os dias úteis, os jornalistas inquiridos reservam, em média, cerca de 38,1 minutos à leitura de jornais. Este número aumenta para 64,9 minutos ao fim de semana. Por seu turno, os mesmos jornalistas reservam, em média, 102,1 minutos para audição de informação radiojornalística durante os dias úteis e apenas 28,1 minutos durante o fim de semana. Neste ponto, será de relevar que os resultados podem ter sido distorcidos por dois factores: 1) as respostas dos radiojornalistas, que, provavelmente, ouvem mais informação radiofónica do que os seus colegas de outros media; e 2) o facto de se poder ir ouvindo rádio enquanto se fazem outras coisas. De outra forma - e se aos períodos de tempo referidos anteriormente somarmos o tempo reservado, em média, para consumo de informação telejornalística, que se situa nos 71,1 minutos durante os dias úteis e nos 73,6 minutos aos fins de semana- os jornalistas passariam muito mais tempo do que é provável a consultar outros órgãos de comunicação, nomeadamente aos dias úteis.

Convidados a hierarquizar os jornais nacionais generalistas quanto à qualidade e credibilidade jornalísticas, os jornalistas portuenses, na maioria, colocam o Público em primeiro lugar, seguido pelo Expresso e pelo Diário de Notícias. Os três jornais que pessoalmente consideramos "de referência" ou "de elite" (a par de O Independente) foram, conforme prevíramos, aqueles que ocuparam os primeiros lugares. Aliás, o mesmo sucedeu com as rádios, tendo a TSF, ouvida por 92,9% dos jornalistas portuenses, sido considerada a rádio melhor e mais credível, em termos jornalísticos. Em relação às televisões, os dois canais da RTP arrebatam a primeira e a segunda posição no que respeita à avaliação dos mesmos parâmetros, ficando a SIC em terceiro lugar e a TVI em quarto. Esta informação poderá cruzar-se com os resultados das sondagens e das medições de audiência dos vários canais, que demonstram que a SIC, no Grande Porto, não tem os mesmos índices de audiência que possui no resto do país.

As aspirações profissionais dos jornalistas portuenses, avaliando pela amostra inquirida, são muito diversificadas. Entre os itens propostos, aquele que reúne maior consenso enquanto aspiração profissional é a realização de grandes projectos jornalísticos/jornalismo de investigação (46,4%), seguido, no mesmo tom, pela publicação de uma grande reportagem sob a forma de livro (21,4%). Trabalhar como freelance agradaria a 19,6% dos jornalistas e ser correspondente no estrangeiro a 14,3%. Algo estranhamente, as aspirações que têm a ver com a carreira, como ser editor da sua secção (12,5%) ou de outra (5,4%) ou ainda tornar-se director ou director-adjunto (7,1%) não são muito valorizadas. Alguns jornalistas gostariam de mudar de órgão de comunicação social (12,5%), atingindo 14,3% aqueles que não desdenhariam de desempenhar funções de chefia ou de direcção noutra organização noticiosa. Apenas 5,4% têm como aspiração profissional virem a ser assessores de imprensa de alguém importante.

Quando os jornalistas foram confrontados com a questão "Em última análise, quem controla os conteúdos das notícias no seu órgão de comunicação social?", responderam de forma diversificada e, em vários casos, escolheram mais do que uma das alternativas propostas, indiciando a possibilidade de "negociação" entre as várias entidades que, potencialmente, possuem alguma capacidade para controlar os conteúdos dos news media. Para 32,1% dos respondentes, é o director de informação ou o(s) seu(s) adjuntos que têm a última palavra, para 26,8% é o chefe de redacção e para 30,4% é o editor. Ao contrário do que o Segundo Inquérito Nacional aos Jornalistas deixaria supor, apenas 12,5% dos jornalistas consideraram que é a administração que pode exercer o controle final. Da mesma maneira, apenas 12,5 % dos inquiridos insinuaram que são os detentores do poder político que têm a última palavra, em matéria de conteúdos, no seu órgão de comunicação. 10,7% consideraram, por seu turno, que são os detentores de poder económico a controlar, em última análise, os conteúdos e 5,4% acharam que as entidades publicitárias têm, igualmente, uma palavra a dizer na matéria. Apenas 14,3% dos inquiridos julgam que, em última análise, são os jornalistas que controlam os conteúdos que eles mesmo produzem.

Equilibradamente, 46,4% dos jornalistas consideraram que, por vezes, sentiam pressões internas, mas 42,9% disseram nunca as ter sentido. Apenas um jornalista admitiu sentir pressões internas muitas vezes.

As pressões internas, quando são sentidas, variam bastante (tabela 89), mas relacionam-se, principalmente, com a "imposição" de ângulos de abordagem das "estórias". Passam também por ocorrências como a selecção de determinados jornalistas para a cobertura de certos acontecimentos e "reportagens sob encomenda". As reacções às pressões internas ocorridas ou hipotéticas também variam (tabela 90). Alguns jornalistas salientam que não admitiriam pressões, enquanto outros, eventualmente enfrentando situações de maior precariedade no emprego, procurariam negociar, entre outras opções.

Apenas 5,4% dos inquiridos admitiram sentir pressões externas muitas vezes. A maior parte dos jornalistas apenas sentiu esse tipo de pressões "por vezes" (78,6%). Assim sendo, e confluindo com os dados do Segundo Inquérito Nacional aos Jornalistas, 84% dos jornalistas respondentes já sentiram pressões externas (contra 90% a nível nacional). Essas pressões variam bastante, e podem ir, aparentemente, desde a utilização de contactos nos órgãos de comunicação social à ameaça de recusa no fornecimento de informações por parte das fontes (tabela 92). As reacções às pressões externas são, igualmente, díspares, havendo jornalistas que resistem e outros que, pelo menos por vezes, admitem ceder (tabela 93).

37,5% dos jornalistas admitiram que era grande a influência externa do poder político no seu órgão de comunicação social, um total bastante próximo da percentagem alcançada no Segundo inquérito Nacional aos Jornalistas (39,7%). Porém, 42,8% acham que essa influência é pequena e 19,7% consideram que ela era nula.

O poder económico terá, aparentemente, maior influência do que o poder político junto dos órgãos de comunicação social portuenses. Para 46,4% dos jornalistas, a influência externa do poder económico é grande, havendo 37,5% que a consideram pequena e 16,1% que a acham nula. Menor parece ser a capacidade de influência externa do poder clubístico. Apenas 16,1% dos jornalistas consideraram que ela era grande, enquanto 32,1% a classificavam como pequena e 51,8% como nula. Acresce ainda que, neste particular, os resultados podem ter sido enviesados pelas respostas dos jornalistas dos órgãos desportivos, hipoteticamente mais sujeitos e até permeáveis a esse tipo de pressões externas.

Quotidianamente, os jornalistas tendem a ser mais influenciados em relação ao que tem valor como notícia pelo seu próprio instinto e julgamento (média de 4,1 valores em cinco), pelos seus editores (média de 3,5 valores em cinco) e pelas fontes (média de 3,1 valores em cinco). Aparentemente, neste particular, e ao contrário das ideias sustentadas por vários autores no campo da Teoria da Notícia (por exemplo: Shudson, 1988), os jornalistas portuenses tendem a estar mais sintonizados com os seus editores, chefes e directores do que com os seus colegas (média de 2,5 valores em cinco). Interessantemente, as pesquisas de audiência são, neste campo, bastante desvalorizadas pelos inquiridos (média de 2,1 valores em cinco), demonstrando que os jornalistas portuenses tendem a desprivilegiar o interesse do público enquanto elemento conferidor de valor noticioso, confiando, sobretudo, na sua capacidade de news judgement. Igualmente desvalorizadas pelos jornalistas portuenses são as contribuições de amigos, conhecidos e familiares (2,2 valores). Este dado contraria, parcialmente, hipóteses como a de Gans (1980), segundo a qual a interacção familiar se reflecte no apuramento dos valores-notícia. Curiosamente, e embora, como dizem, os jornalistas portuenses consultem - e até bastante- outros órgãos jornalísticos que não o seu, esses órgãos - incluindo as agências noticiosas- não têm grande influência no que respeita à avaliação do que tem valor como notícia (média de 2,8).

Avaliando o seu próprio órgão de comunicação social, os jornalistas portuenses tendem a considerá-lo pouco profundo (média de 2,4 valores em cinco) e medianamente contextual (3). As restantes qualidades situam-se sempre entre um valor médio de três e um valor médio de quatro, ou seja, sensivelmente na mediania. Por ordem decrescente, os jornalistas consideram o órgão jornalístico onde trabalham credível (média de 3,9 valores em cinco), honesto e factual (3,7), rigoroso, objectivo e influente (3,6), imparcial (3,5), independente (3,4) e rápido e ágil (3,2). O relativamente elevado valor conferido à "objectividade" do órgão jornalístico em causa demonstra, na nossa opinião, a importância do senso-comum dos jornalistas, que tenderão a ver as notícias como um espelho da realidade, tal como sustenta Traquina (1988; 1993), e a envolverem-se na ideologia da objectividade (Sousa, 1997).

Analisando, agora, ponto por ponto, o conteúdo da tabela 97, verificamos que os jornalistas portuenses que responderam ao inquérito manifestam, tendencialmente, as seguintes ideias e sensações profissionais:

- Os inquiridos não se sentem muito recompensados pela dedicação à empresa e pelo empenho que colocam no seu trabalho (média de 2,7 valores em cinco); este resultado poderá, à partida, ser explicado pelo facto de vários jornalistas portuenses sentirem os graves problemas da precariedade no emprego e dos baixos salários (aliás, o índice médio de satisfação salarial atinge apenas 2,1 valores);

- Os respondentes têm poucas oportunidades de receber benefícios não salariais por trabalharem na sua empresa (média de 1,8 valores em cinco); julgamos, todavia, que a pergunta poderá ter sido mal interpretada, já que a nossa intenção era inquirir os jornalistas sobre o apoio empresarial em situações como a doença, mas a questão poderá ter sido entendida como uma pergunta sobre benefícios "por baixo da mesa"; esta ideia ganha relevância quando reparamos que, em média, os inquiridos valorizam com 3,1 valores em cinco a sugestão de que a sua empresa protege os jornalistas e lhes dá segurança no emprego e na saúde;

- Embora os horários de trabalho possam afectar a sua vida familiar, os jornalistas portuenses não sentem tanto como se poderia pensar a pressão no tempo (média de 3,4 valores em cinco) e acham que, na sua empresa, o ritmo de trabalho é medianamente agradável (3,4) e que os horários também o são (3,3), contrariando, parcialmente, visões como a de Traquina (1988; 1993) ou Sclesinger (1977); algo surpreendentemente, tendo em conta os estudos de pesquisadores como Schlesinger (1977), os jornalistas portuenses tendem, igualmente, a não considerar que a capacidade de vencer o tempo seja uma demonstração de profissionalismo (média de 3,9 valores em cinco);

- Em média, os poderes não interferem muito no jornalismo que se faz no Porto, mas sempre vão interferindo em alguma coisa (média de 2,8 valores);

- Embora não sejam muito elevadas, as perspectivas de progressão na carreira dentro da empresa são, em média, minimamente satisfatórias para os jornalistas do Porto (média de 3,2 valores em cinco), talvez também porque medianamente se respeitem a capacidade de iniciativa (3,1), as competências e as capacidades de cada jornalista (média de três valores) e porque cada jornalista tem uma certa possibilidade de fazer uso dessa competências, das suas capacidades e/ou formação (3,7) e de ver editado o seu melhor trabalho (3,4);

- Os jornalistas portuenses, dentro das respectivas empresas, entreajudam-se medianamente (média de três valores em cinco), tendem a ouvir alguns elogios sobre o seu trabalho (média de três valores) e mantêm relações agradáveis e proveitosas com os colegas (4,2), a chefia de redacção (4) e a direcção de informação (3,6); 13 portanto, no Porto, e tendo em consideração apenas o que se passa no interior de cada redacção, o jornalismo, do nosso ponto de vista, não deverá ser considerado uma profissão extraordinariamente competitiva;

- Apesar de considerarem que ser jornalista é relativamente prestigiante (média de 3,5 valores em cinco) e que trabalhar na sua empresa é medianamente prestigiante (3,1), os inquiridos tendem a discordar da ideia de que fazem um trabalho aliciante (2,9) ou excitante (2,6), embora reconheçam que o trabalho que desenvolvem é minimamente diversificado (3); assim, julgamos poder dizer que a mística profissional é, hipoteticamente, afectada pelo desencanto das rotinas produtivas;

- Os jornalistas portuenses tendem a não se culpabilizar quando o seu trabalho não é editado (média de 1,6 valores em cinco) nem tentam mudar significativamente a forma como abordam os assuntos de maneira a garantir a edição (2,2);

- Algo surpreendentemente, para os respondentes, trabalhar como jornalistas na sua empresa dá-lhes uma capacidade relativamente reduzida de ajudar o público a compreender o mundo (média de 2,9 valores em cinco), apesar de manifestarem a ideia de que têm uma capacidade média de influenciar o público (3,1); 14

- Os jornalistas portuenses concordam medianamente com as políticas jornalísticas da direcção de informação do seu órgão de comunicação social (média de três valores em cinco), mas acham, igualmente, que não têm voz activa dentro da sua empresa (média de 2,5 valores em cinco) e que devem participar mais na definição das políticas jornalísticas internas (3,9); em parte, este dado poderá relacionar-se com a valorização negativa (média de 2,8 valores em cinco) que os respondentes fazem da sugestão de que a sua empresa reflecte os valores do que deve ser o jornalismo;

- Contrariamente àquilo que certos estudos (por exemplo: Sousa, 1997) que contrapõem a criatividade ao profissionalismo jornalístico (com a sua quase consequente rotinização) poderiam fazer prever, os inquiridos tendem a não considerar que fazer as coisas de forma profissional limita as formas de expressão e criatividade jornalísticas (média de 2,6 valores em cinco); em contraponto, tendem, inclusivamente, a considerar que têm alguma liberdade criativa (3,3) e que, usualmente, fazem o seu trabalho da maneira que querem (3,9), sem grandes preocupações de agradar a editores, chefes e directores (2,9); contudo, os jornalistas portuenses não usufruem, em média, de tanta liberdade de expressão quanto seria - pelo menos na nossa óptica- desejável (3,4) e, por outro lado, tendem a concordar, medianamente, que o jornalismo em empresas como a deles é uma actividade assente em rotinas (3,2);

- Nos temas susceptíveis de gerar polémica, os jornalistas portuenses tendem a adaptar o conteúdo da informação à linha editorial do seu órgão jornalístico (média de 3,5 valores em cinco); este dado evidencia que a linha editorial é um elemento enformador e constrangedor da actividade jornalística; 15

- Os jornalistas portuenses tendem a achar que na sua empresa a "moral" é mediana (média de 3,1 valores em cinco);

- Segundo os inquiridos, a especialização jornalística é útil, 16 sendo valorizada, em média, com 4,4 valores em cinco (logicamente, a ideia de que o jornalista deve ser um generalista só é valorizada com uma média de 2,4 valores em cinco); aliás, a exigência de especialização está, certamente, relacionada com a necessidade que os jornalistas terão de conhecer o contexto dos acontecimentos que representam sob a forma de notícias, que é valorizada com uma média de 4,3 valores em cinco; podemos, inclusivamente, cruzar este dado com os da tabela 116: 64,3% dos respondentes revelaram trabalhar como jornalistas especializados e dentre estes 21,4% nunca trabalha noutra secção que não a sua (23,2% e 19,6% admitiram, respectivamente, trabalhar muitas vezes e ocasionalmente para outra secção);

- Os jornalistas portuenses tendem a considerar que o órgão de comunicação onde trabalham não reflecte suficientemente a realidade do Grande Porto (média de 2,7 valores em cinco) nem a realidade internacional (2,8), embora reflicta medianamente a realidade portuguesa (3,2); julgamos, assim, que, na avaliação dos jornalistas do Porto, a informação local e regional tenderá a ser desvalorizada pelos diversos meios jornalísticos em favor da informação de âmbito nacional, o que contraria um pouco a ideia de que a proximidade é um importante valor-notícia (provavelmente, a proximidade, enquanto critério de noticiabilidade, será tanto mais importante quanto conciliada com valores-notícia como a importância dos personagens noticiosos);

- Avaliando a situação global da Imprensa do Grande Porto, os inquiridos são mais generosos, achando que os órgãos de comunicação social sedeados na região reflectem medianamente a realidade da área (média de três valores em cinco); contudo, consideram que, no geral, esses órgãos reflectem menos a realidade portuguesa (3,1) e internacional (2,5);

- Em matéria de credibilidade da informação, os jornalistas portuenses confiam mais nas agências noticiosas (média de 4,4 valores em cinco), nos restantes órgãos jornalísticos (4) e nos colegas (3,8), tendendo a desconfiar bastante dos agentes de relações públicas (2,3) e um pouco das informações recolhidas nas conferências de imprensa (2,9); hipoteticamente motivados por ideias como essas, os inquiridos acham bastante importante "checar" a informação, por mais credível que a fonte seja (4,2), e consideram relativamente importante contrastar fontes, venha a informação de onde vier (3,6);

- Os jornalistas do Porto acham que ainda se nota alguma discriminação decorrente do sexo do jornalista (média de 3,2 valores em cinco). Se olharmos para a tabela 141, efectivamente verificamos que 56,3% das jornalistas já se sentiu discriminada. Estranhamente, 25% consideraram que essa discriminação foi positiva, embora nunca tenham usado a sua condição de mulher para obterem qualquer tipo de vantagem profissional.

Os jornalistas portuenses classificaram-se com uma nota média de 3,9 valores em cinco a qualidade do trabalho pessoal, um pouco acima da avaliação que fizeram da qualidade global da sua empresa (3,4).

Conforme se pode verificar pela tabela 98, por ordem, e tendo em consideração valorizações médias entre um e cinco, os jornalistas portuenses inquiridos consideraram que as qualidades mais importantes num jornalista são a honestidade (4,8), o rigor e a capacidade de expressão (4,7), a capacidade de entendimento do que está em causa num acontecimento (4,6), uma sólida formação moral e humana (4,5), a capacidade de análise (4,4), a curiosidade e a capacidade de avaliar e julgar (4,3), o espírito crítico (4,2), a paciência e a capacidade de lidar com as pessoas (4,1). A menos valorizada foi a capacidade de recorrência a expedientes (2,9). A objectividade foi valorizada com uma média de 3,9 valores. Estes dados permitem-nos concluir que, embora a honestidade e o rigor sejam regras de ouro para os jornalistas portuenses, 17 a exemplo do que acontece a nível nacional, a objectividade continua a ser muito valorizada enquanto qualidade jornalística. Na nossa perspectiva, isto mostra que a ideologia da objectividade (Sousa, 1997) e, provavelmente, a ideia de que os discursos jornalísticos são um espelho da realidade continuam vivos no seio dos jornalistas, conforme sustenta Traquina (1988; 1993).

O papel da socialização na formação dos valores ético-profissionais dos jornalistas portuenses torna-se saliente quando 80,4% dos inquiridos revelam que esses valores se formaram no dia a dia da redacção. Este dado reforçará o posicionamento de Schudson (1988), um autor que chegou a criticar Gans (1980) por este ter ignorado que a socialização profissional e a aculturação numa empresa poderiam levar os jornalistas a abrirem-se aos valores da redacção.

Em matéria de formação dos valores ético-profissionais dos jornalistas portuenses, é ainda de considerar o elevado número desses profissionais que aceita ter sido influenciado por professores (75%), colegas (71,4%), familiares (62,4%) ou um editor ou chefe mais velho (58,9%). Ora, se bem que em relação ao que tem valor como notícia os jornalistas do Porto se tenham revelado mais sintonizados com os seus editores, chefes e directores do que com os seus colegas, contrariando Schudson (1988), na questão da formação dos padrões ético-profissionais este autor norte-americano parece ter razão, pois os inquiridos disseram-se mais influenciados pelos colegas do que pelos seus superiores hierárquicos.

Indo de encontro, mais uma vez, aos dados enumerados no Segundo Inquérito Nacional aos Jornalistas Portugueses, também os jornalistas do Porto acham maioritariamente que o exercício do jornalismo é incompatível com cargos políticos (98,2% contra), relações públicas (87,5% contra), publicidade (80,4% contra), magistratura (60,7% contra) e carreira militar (53,6% contra). Apesar da diluição de fronteiras entre jornalismo e entretenimento, 18 51,8% dos jornalistas do Porto consideram que a profissão de entertainer é incompatível com o exercício do jornalismo.

75% dos inquiridos revelaram trabalhar em empresas jornalísticas onde existe conselho de redacção, valorizando com uma média de 3,9 valores em cinco a pertinência desse organismo nas suas empresas específicas e com 4,3 valores em cinco a sua pertinência geral. Porém, segundo os jornalistas portuenses, os conselhos de redacção aparentam ser mais pertinentes do que eficazes, já que os respondentes valorizaram negativamente a eficácia dos conselhos de redacção na definição da política editorial (média de 2,4 valores em cinco), na intervenção sobre a nomeação de directores e chefes (2,6) e em questões de disciplina e de auto-regulação (2,7).

Para 94,6% dos respondentes, é papel prioritário dos editores sugerir e seleccionar temas. 71,6% disseram que os editores devem igualmente zelar pelo cumprimento da linha editorial e do estatuto editorial do órgão de comunicação. Menos jornalistas concordaram que é papel dos editores refazer e/ou corrigir informação (69,6%), seleccionar e hierarquizar informação (62,5%) e orientar os jornalistas sobre o ângulo de abordagem dos assuntos (53,6%). As funções dos editores referenciadas como prioritárias por menos de 50% dos jornalistas foram animar os colegas (44,6%), gerir os recursos humanos da secção (39,3%) e controlar os gastos (14,3%).

Quanto aos papéis prioritariamente atribuídos aos chefes de redacção, todos os jornalistas responderam que concordam em que eles sugiram e seleccionem temas. Seguidamente posicionam-se as seguintes funções, entre aquelas que mereceram acordo maioritário: coordenar a redacção (para 96,4% dos respondentes), coordenar as edições (para 91,1%), zelar pelo cumprimento da linha editorial e do estatuto editorial (para 71,4%), gerir os recursos humanos (para 55,3%), animar os colegas (para 51,8%) e seleccionar e hierarquizar informação (para 50%). Minoritariamente, alguns jornalistas consideraram que os chefes de redacção devem também controlar os gastos (44,6%), orientar os jornalistas sobre o ângulo de abordagem dos assuntos (39,3%) e refazer ou corrigir informação (33,9%).

A principal tarefa que os jornalistas portuenses reservam aos directores de informação, a avaliar pelos dados, é a representação do órgão de comunicação social (merece o acordo de 89,3% dos respondentes). Mereceram também um consenso quase generalizado as seguintes funções: zelar pelo cumprimento da linha editorial e do estatuto editorial (87,5%), convidar e coordenar analistas e cronistas (83,9%) e coordenar as edições (78,6%). Além disso, maioritariamente os respondentes consideraram que os directores de informação devem também ter um papel relevante na gestão dos recursos humanos da redacção (66,1%) e no controle dos gastos (60,7%). Outras sugestões sobre os papéis dos directores tiveram percentagens de respostas inferiores a 50%: sugerir e seleccionar temas (48,2%), coordenar a redacção e animar os colegas (37,5%), seleccionar e hierarquizar a informação (33,9%), orientar os jornalistas sobre o ângulo de abordagem dos assuntos (21,4%) e refazer e/ou corrigir informação (10,7%).

A maioria relativa dos jornalistas portuenses poderá nunca se ter visto confrontada com situações que poderiam colocar em risco a sua integridade física, já que 48,2% dos respondentes afirmaram nunca ter sido ameaçado de acções violentas por pessoas que discordavam da sua presença num local onde estavam a exercer a sua profissão. 58,9% dos jornalistas que responderam ao inquérito nunca foram impedidos de entrar num acontecimento público quando iam exercer a sua profissão, mas 32,1% dos inquiridos disseram que já o foram.

62,5% disseram, por seu turno, nunca ter recebido qualquer convocatória do Tribunal ou da Polícia para prestar declarações sobre ocorrências derivadas do seu exercício profissional, mas 32,1% dos inquiridos já receberam deste tipo de convocatórias. 92,8% dos jornalistas revelaram nunca ter sido acusados de invasão de privacidade (os restantes não responderam à questão) e a 75% nunca foi movido qualquer processo judicial devido ao seu exercício profissional (embora a 17,8% isto já tivesse acontecido).

Entre as definições de notícia dadas pelos jornalistas portuenses (tabela 119) sobressai, principalmente, a ideia de que notícia é um acontecimento que interessa ao público, sendo, portanto, um tanto ou quanto incongruente que desvalorizem as pesquisas de audiência, conforme se viu anteriormente. A subsistência do valor da objectividade e da noção de que a notícia não é mais do que um espelho da realidade encontra-se expressa em várias definições.

A maior parte das informações veiculadas pelos respondentes resultará da assistência directa aos acontecimentos (76,8%), embora, provavelmente, vários destes acontecimentos a que os jornalistas afluem sejam acontecimentos preparados para se tornarem notícia, como as ocasiões de estado, ou, então, espectáculos (desportivos e outros), etc. Aliás, o facto de 69,6% dos jornalistas revelarem que veiculam informações baseadas em conferências de imprensa (assistindo a uma média de 1,6 por semana) tende a suportar a hipótese anterior. Porém, os jornalistas também contactam fontes com frequência, por iniciativa própria, usando, sobretudo, o telefone (75%).

Os órgãos de comunicação social portuenses, a avaliar pelas respostas dos inquiridos, apresentam, provavelmente, alguma dependência das agências noticiosas, já que 62,5% dos jornalistas admitiram veicular informações oriundas dessas entidades. A relativamente elevada percentagem de jornalistas que admitiram veicular informações de press-releases (51,8%), aliada aos dados anteriores, tende a coadjuvar as hipóteses que a pesquisa vem desenvolvendo sobre a rotinização e a burocratização do jornalismo (ver, por exemplo: Traquina, 1998, 1993; Sousa, 1997). Em menor grau, as informações veiculadas pelos jornalistas portuenses resultam de outros órgãos jornalísticos (admitido por 42,9% dos jornalistas), de contactos presenciais por iniciativa de outrem (44,6%), de contactos presenciais por iniciativa própria (42,8%), de contactos telefónicos por iniciativa de outrem (41,4%), de agentes de relações públicas, imagem e comunicação (28,6%) e de outros jornalistas (12,5%).

Os jornalistas portuenses geralmente confirmam as informações que recebem, excepto quando se trata de notícias de agência, provavelmente tidas por credíveis. Os jornalistas também parecem achar que a informação escrita é mais credível do que a oral. Mais precisamente, quando a informação provém das agências noticiosas, 8,9% dos jornalistas disseram confirmar sempre a informação, 21,4% admitiram fazê-lo muitas vezes, 64,3% revelaram fazê-lo poucas vezes/pontualmente e 5,4% nunca confirmam as notícias de agência.

21,4% dos jornalistas respondentes afirmaram que confirmam sempre as informações recebidas através de press-releases e 44,6% disseram que as confirmam muitas vezes. Apenas 3,6% nunca confirmam esse tipo de informações, enquanto 30,4% apenas a confirma poucas vezes/pontualmente.

No que respeita às informações obtidas através de contactos pessoais e telefónicos, não há jornalistas respondentes que nunca as confirmem. Pelo contrário, quando a informação provém de contactos telefónicos, 30,4% dos jornalistas inquiridos confirmam sempre as informações recebidas, 57,1% fazem-no muitas vezes e apenas 12,5% o fazem poucas vezes ou ocasionalmente; quando a informação é proveniente de contactos pessoais, 28,6% dos jornalistas confirmam sempre a informação, 48,2% confirmam-na sempre e 23,2% fazem-no poucas vezes ou pontualmente.

Se bem que a análise, a especialização e outras tendências possam ter conduzido o jornalismo a novos territórios, onde o anonimato das fontes é frequentemente solicitado, essa situação parece não estar a ocorrer com elevada intensidade nos meios jornalísticos portuenses, já que apenas 17,9% dos jornalistas revelaram que as suas fontes pedem muitas vezes o anonimato, enquanto 71,4% dizem que as suas fontes só ocasionalmente ou poucas vezes o pedem. 10,7% salientaram, inclusivamente, que nunca tiveram fontes que solicitaram anonimato.

Os jornalistas do Porto tendem a fazer cerca de 3,2 peças por edição, identificando-se, em média, 69,5% das vezes. Apenas 21,4% deles recorrem frequentemente aos centros de documentação dos seus órgãos de comunicação social, enquanto 69,6% recorrem poucas vezes ou apenas ocasionalmente. Porém, nem todas as empresas jornalísticas portuenses têm centro de documentação, já que 8,9% dos jornalistas disseram trabalhar em órgãos de comunicação social que não possuem essa infra-estrutura de apoio. 35,7% dos jornalistas queixam-se do funcionamento desses centros nos seus órgãos de comunicação social, enquanto 19,7 % acham que a dimensão dos mesmos é insuficiente. No campo oposto, os 51,8% dos jornalistas que têm acesso à Internet no seu órgão jornalístico passam uma média diária de 55 minutos a pesquisar na rede.

Embora o nível de recorrência aos centros de documentação tivesse sido inferior ao que julgávamos, já que as tendências para a especialização e para a análise em jornalismo deveriam traduzir-se, em princípio, no aprofundamento da pesquisa, os dados referentes à utilização da Internet parecem indiciar, pelo contrário, que os jornalistas denotam a preocupação de conhecer mais dados e de o fazerem mais rapidamente, preferindo as novas tecnologias interactivas ao papel e à "burocratização".

Para finalizar as questões ligadas ao profissionalismo jornalístico e à sua expressão, queremos somente salientar que, quando uma equipa jornalística em que um dos parceiros é repórter de imagem realiza um trabalho conjunto, geralmente os elementos da equipa debatem o tema, de forma a coordenar o trabalho. Baseamos esta conclusão no facto de 100% dos repórteres de imagem inquiridos dizerem que discutem com os colegas o tema que vão abordar. Podemos, assim, colocar por hipótese que o jornalismo imagético tende a ser tão valorizado quanto os textos nas peças e nos media que exigem a presença de um repórter de imagem.

Interrogados sobre questões de carácter regional, embora com pontes para o trabalho jornalístico, os jornalistas portuenses tendem a ser moderadamente regionalistas e favoráveis à descentralização, já que, em média, valorizam com três valores em cinco a ideia de que é preciso criar as regiões e reforçar o poder dos municípios e com 3,2 valores em cinco a ideia de que é preciso criar as regiões e descentralizar administrativamente o Estado. Consideram, igualmente, que em Lisboa não se tem percepção nítida das necessidades e problemas, quer do resto do país (média de 4,4 valores), quer especificamente do Norte (4,2), e acham que, se um dia vierem a ser criadas regiões, é preferível a criação de uma única região Norte (3,4), com capital no Porto (4,3), a duas regiões (Entre Douro e Minho e Trás-os-Montes).

41,1% dos inquiridos confessaram que nas eleições autárquicas votam mais em função do binómio candidato-programa do que em função dos partidos (12,5%), dos candidatos em exclusivo (23,2%) e dos programas em exclusivo (5,4%). Em hipotéticas eleições regionais, apenas cresceria o voto jornalístico baseado unicamente no partido (19,6% dos jornalistas afirmaram que votariam exclusivamente em função do partido), mantendo-se o voto baseado no binómio candidato-programa (41,1%) e decrescendo o voto unicamente em função dos candidatos (19,6%) ou dos programas (1,8%).

96,4% dos jornalistas que constituíram a amostra concordam com o aparecimento de televisões regionais e locais. 67,8% vincaram que essas televisões deveriam ser semi-públicas e 42,8% disseram que essas televisões deveriam ser privadas. Apenas 3,6% dos respondentes não concordam com as televisões regionais e locais e só 5,4% acham que, a serem criadas, deverão ser públicas.

Avaliando entre um e cinco valores o interesse noticioso de vários temas para o Grande Porto, os jornalistas portuenses valorizaram, em primeiro lugar, a corrupção e o compadrio (4,7), a que se seguiu o metro do Porto (4,6), a regionalização (4,5), as acessibilidades (4,4), as relações Norte de Portugal-Galiza e a economia regional e local (ambos os temas com uma valorização média de 4,3), o trânsito (4,2), a poluição e a segurança dos cidadãos e da propriedade (4,1), o funcionamento e as disfuncionalidades das autarquias (4), o ordenamento do território e a planificação urbanística (3,8), o nível e a qualidade de vida na região (3,7), o avanço do mar (3,6), as actividades autárquicas, as acções de colectividades com expressão regional e local e a protecção da natureza e da vida selvagem (3,4), as iniciativas da sociedade civil e a democraticidade nas estruturas partidárias regionais e locais (3,2), o desporto regional e local e a Lipor II (3). Valorizados negativamente foram as actividades dos políticos regionais e locais e a televisão regional e local (2,9) e a recolha selectiva de lixos para reciclagem (2,7).
 
 

5. Conclusões

Este estudo não teve como objectivo dar solução às questões que afectam os jornalistas portuenses, mas tão só procurar traçar um perfil desses profissionais, identificando, colateralmente, os processos que ocorrem dentro do sistema dos meios jornalísticos portuenses e as potencialidades e problemas desse sistema.

Do nosso ponto de vista, a principal conclusão que se pode extrair deste inquérito é a semelhança existente entre o perfil sociológico dos jornalistas do Porto e o perfil sociológico dos jornalistas a nível nacional, que revela uma classe profissional não muito rica em termos de diversidade. A título exemplificativo, podemos dizer que os jornalistas portuenses são, geralmente, homens jovens com formação superior, embora se tenda para a igualdade sexual no acesso à profissão. Existem, todavia, algumas diferenças entre o perfil nacional e o local. Os jornalistas portuenses tendem, por exemplo, a ser mais regionalistas do que os seus congéneres do resto do país.

Nos restantes pontos em causa, os resultados oscilaram entre o esperado e o inesperado. Por exemplo, os jornalistas do Porto revelaram, conforme previsível, que, pelo menos medianamente, o jornalismo, nas empresas como aquelas onde eles exercem a sua profissão, tende a ser uma actividade assente em rotinas. Porém, imprevistamente, os jornalistas portuenses não parecem tão afectados pela pressão do tempo (diríamos até, pela "tirania" do factor tempo) quanto julgávamos que seriam.

Finalmente, parece-nos que se consegue identificar entre os jornalistas portuenses um certo profissionalismo e um saudável sentido de missão, consubstanciados, por exemplo, no desejo de autonomia e na perseguição do interesse público na avaliação do que é notícia. Não é, porém, de admirar que assim seja, já que os jornalistas perseguem a sua própria legitimação.
 
 

Notas:

1. Ricardo Jorge Pinto é doutorado em Ciências da Informação pela Universidade do Sussex (UK) e Jorge Pedro Sousa é doutorado em Ciências da Informação pela Universidade de Santiago de Compostela (Espanha). São ambos professores na Universidade Fernando Pessoa (Porto-Portugal) e membros investigadores do Centro de Estudos Mediáticos da mesma Universidade.

2. Por exemplo, a Internet está a redefinir o jornalismo, devido, em algumas situações, à ultrapassagem do papel de gatekeeper que os jornalistas possuíam. Se o Palácio de Belém disponibilizar na Internet os discursos do Presidente da República mal eles sejam proferidos, as peças meramente descritivas sobre esses discursos não terão grande razão de ser para quem possa aceder à rede. O exemplo mais recente terá ocorrido com a divulgação na Internet do relatório sobre as actividades ditas "impróprias" do Presidente Bill Clinton, no dia 11 de Setembro de 1998. Nesse dia, milhões de utilizadores da rede mundial de computadores precipitaram-se para ler uma "notícia" de 400 páginas, o relatório do procurador "independente" Starr, que relatava em pormenor os encontros sexuais do Chefe de Estado americano com a tornada célebre Monica Lewinski. O directo televisivo, opção que encontrou na CNN o seu principal expoente, levanta idênticas questões. Qual será, assim, o papel do jornalista nos dias de hoje? A solução poderá residir na interpretação, na contextualização e na análise desses discursos, o que implica a implementação de mudanças no sistema produtivo jornalístico historicamente configurado (v. g.: especialização dos jornalistas e elevada formação dos mesmos, etc.).

3. O exercício do jornalismo como profissão a tempo inteiro, remunerada como tal, iniciou-se nos anos trinta do século passado, embora tenha sido já no início do século XX que os jornalistas se começaram a definir não como simples cidadãos que eram contratados para reportar notícias mas sim como um corpo profissional autónomo. A novidade veio dos Estados Unidos. Benjamim Day, o pai da penny press, o inovador que começou a vender na rua o Sun por um penny, insistindo nas "estórias" de interesse humano, numa época em que os jornais circulavam unicamente por assinatura, custavam seis cêntimos e reportavam quase exclusivamente actividades políticas, terá sido o primeiro empresário da comunicação social a contratar um repórter a tempo inteiro, para o caso o veterano repórter policial londrino George Wisner. O próprio termo "jornalista", que também nasceu nos Estados Unidos, terá surgido em meados do século XIX para descrever todos os repórteres a tempo inteiro, mas também cronistas, correspondentes, colunistas, editores, etc. (Weaver e Wilhoit, 1991: 1-11) Porém, como frisámos, o sentimento de "classe", a ideia dos jornalistas como um corpo profissional autónomo, só terá vingado realmente a partir do início do século XX, nomeadamente após a fundação dos primeiros cursos superiores de jornalismo.

4. A Guerra Civil Americana terá sido a primeira running story de grande duração. Os mecanismos da acreditação dos jornalistas para a cobertura de determinados eventos terão mesmo tido aí a sua primeira aparição sistemática, inclusivamente devido ao elevado número de jornalistas que cobriu a guerra. O general Sherman, que dizia que os Confederados conseguiam antecipar as suas tácticas e a sua estratégia apenas lendo os jornais, começou a emitir passes especiais para os jornalistas autorizados a deslocar-se nas zonas militares e no campo de batalha. Foi também ele que exigiu aos jornalistas que começassem a assinar os seus artigos, de forma a poder responsabilizá-los pessoalmente quando essas peças continham informação militar. Mas rapidamente a exigência da assinatura evoluiu para o "direito" à assinatura enquanto símbolo de status profissional. (Weaver e Wilhoit, 1991: 5) Um pouco antes do início do conflito, Horace Greeley, do The New York Tribune, tinha iniciado a lógica da divisão do trabalho nas redacções e começava a tecer a rede (news net) que os jornalistas usam para capturar o acontecimento (segundo a visão de Tuchman), conferindo a cada repórter contratado a tempo inteiro determinadas áreas temáticas de que se deveria ocupar. (Weaver e Wilhoit, 1991: 4)

5. Os dados do Segundo Inquérito Nacional aos Jornalistas Portugueses permitem inferir que no Porto trabalham cerca de 590 jornalistas; assim, a amostra deste estudo atinge 9,5% do total de jornalistas do Porto.

6. Essa preocupação ter-se-á iniciado com a publicação do artigo de José Manuel Paquete de Oliveira (1988) - Elementos para uma sociologia dos jornalistas portugueses. Revista de Comunicação e Linguagens, n.º 8: 47-53.

7. Por exemplo, White, ainda em 1950, deu um impulso decisivo ao estabelecimento de uma sociologia dos jornalistas, apresentando a sua pesquisa original sobre o jornalista como gatekeeper. Tuchman (1969/1978), Gans (1979/1980) e Johnstone et al. (1976) são apenas alguns dos autores cujos trabalhos pioneiros marcaram decisivamente a pesquisa sobre jornalismo e que enfatizaram o papel dos jornalistas na produção de informação.

8. Ver, por exemplo: Mesquita (1987); Traquina (1987, Julho); Traquina e Agee (s/d); Rodrigues (1990); Rodrigues, Dionísio e Neves (1981), etc.

9. Para nos cingirmos ao caso português, basta lembrar o aparecimento do Público, de O Independente, da TSF e, pouco tempo após, da SIC e da TVI, primeiras televisões privadas em Portugal. De qualquer modo, convém relembrar os fenómenos da globalização comunicacional decorrentes da convergência entre cabo e satélite, particularmente notórios após a Guerra do Golfo, graças ao papel da CNN, e a acentuação do fenómeno da concentração oligopólica dos meios jornalísticos, parcialmente potenciada pela desregula(menta)ção dos mercados gerada pela implementação das políticas neo-liberais dos anos oitenta. Começava igualmente a desenhar-se a convergência económica entre as empresas das telecomunicações, da informática e da produção social de informação, incentivada pela convergência tecnológica entre telecomunicações e informática (multimédia) e pela adaptação da indústria de produção de conteúdos a esta nova realidade. Por outro lado, o ensino superior do jornalismo e das ciências da comunicação implantava-se definitivamente em Portugal. Segundo Luís Garcia e José Castro (1993: 97), notava-se igualmente, em Portugal, "A ultrapassagem do tradicional jornalismo opinativo e partidarizado, substituído por uma imprensa de qualidade, de perfil europeu e de tipo informativo que tende a apostar mais no jornalismo de investigação. Esta mudança de conteúdo acompanha um render da guarda, que se caracteriza pela afirmação de uma geração de jornalistas dotados de uma maior escolaridade em detrimento de gerações mais velhas, cuja formação profissional assentava predominantemente na tarimba."

10. O antigo Código Deontológico dos Jornalistas Portugueses que vigorou até 4 de Maio de 1993 prescrevia o valor da objectividade.

11. Ver a introdução ao presente texto.

12. Embora a presente argumentação nos pareça pertinente e a mais correcta, será sempre de colocar a hipótese de a amostra ter sido enviesada devido a uma maior participação de jovens jornalistas do sexo masculino com escolaridade superior, eventualmente mais sensíveis à pesquisa científica sobre a sua profissão.

13. É curioso que quanto maior a distância entre as pessoas menor se tornam a aprazibilidade e o proveito das relações internas.

14. Neste ponto, temos de contar com o efeito da "terceira pessoa", que poderá levar os jornalistas a considerar que o público é mais influenciável do que eles mesmos.

15. Não nos move aqui uma intenção de polemizar nem discutimos, sequer, a legitimidade da imposição de uma linha editorial, consubstanciada num estatuto editorial; apenas identificamos factores que são "objectivamente" elementos que ao mesmo tempo dão forma e constrangem a acção do jornalista.

16. Provavelmente, este dado poderá relacionar-se com a própria transição do jornalismo para um paradigma mais analítico e especializado, em contraposição a um modelo tendencialmente descritivo e generalista. Ver, por exemplo: Barnhurst e Mutz (1997).

17. O próprio Código Deontológico dos Jornalistas Portugueses dá conta desta evolução. O actual valoriza o rigor e a honestidade; o anterior valorizava a objectividade. Pode-se, assim, concluir igualmente que o actual Código Deontológico se encontra em sintonia com os principais valores compartilhados actualmente pelos jornalistas portugueses.

18. Poderíamos citar trabalhos como o de Gaunt (1990) para justificarmos esta nossa asserção. Mas basta pensarmos quantas vezes os entertainers televisivos entrevistam pessoas, agindo como autênticos jornalistas, para perceber quanto o jornalismo tem visto dissolver as suas fronteiras dentro do amplo campo da comunicação social.

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