Images of Brazil in the Portuguese Press
Imágenes del Brasil en la prensa portuguesa
Neste trabalho, o autor procura identificar e descrever as imagens actuais do Brasil projectadas pela imprensa portuguesa de grande circulação. A pesquisa baseou-se numa análise quantitativa do discurso, com categorias definidas a priori. Para o efeito, foi construída uma amostra representativa de jornais e revistas portugueses de grande circulação, publicados em 1999. Entre as principais conclusões, o autor salienta que, embora em números absolutos exista pouca informação sobre o Brasil na imprensa portuguesa de grande circulação, em termos relativos essa informação é relevante. Além disso, o autor considera que, do seu ponto de vista, a informação sobre o Brasil na imprensa portuguesa tendencialmente favorece o Brasil e as relações Portugal - Brasil. O autor descobriu, ainda, que as principais fontes no fabrico de informação sobre o Brasil são os próprios jornalistas, que a informação é, na sua maioria, tendencialmente descritiva e que os news media apostam na informação de produção própria.
Palavras-chave: imagens do Brasil; análise do discurso; imprensa portuguesa.
In this work, the researcher try to
identify and depict the images of Brazil portrayed by the Portuguese press with
a large circulation. This research is
based in a quantitative analysis of the speech, using categories defined a priori. The researcher built a representative sample of large circulation
Portuguese newspapers and magazines published in 1999. Among the main conclusions, the author found
that in absolute numbers there is a little amount of news about Brazil in the
Portuguese press. However, in relative
terms, the amount of news about Brazil in the Portuguese press is
significant. In addition, in the
opinion of the author, most of the information about Brazil in the Portuguese
press favours Brazil and the relations between Brazil and Portugal. The author also found that journalists
themselves initiated the news about Brazil in the Portuguese press, which are
predominantly descriptive and produced by the journalists, than relying on
other sources.
Key-words: images of Brazil; speech analysis;
Portuguese Press.
En
este trabajo, el autor intenta identificar y describir las imágenes del Brasil
proyectadas por la prensa portuguesa de grande circulación. La investigación se basa en un análisis
cuantitativo del discurso usando categorías definidas a priori. Para eso, el autor hay construido una
muestra de periódicos y revistas portugueses de grande circulación publicados
en 1999. En lo que respecta a las
conclusiones, el autor destaca que en números absolutos hay poca información
sobre el Brasil en la prensa portuguesa de grande circulación, pero que en
números relativos la cantidad de información sobre el Brasil es
importante. Además, el autor considera,
desde su ponto de vista, que la información sobre el Brasil en la prensa
portuguesa es mayoritariamente positiva para el Brasil y para las relaciones
entre Portugal y el Brasil. El autor
hay descubierto aún que las principales fuentes en la fabricación de la
información sobre el Brasil son los periodistas, que la información es
mayoritariamente descriptiva y que los news media apuestan en la
información que ellos mismos producen.
Palabras-llave: imágenes del Brasil; análisis
del discurso; prensa portuguesa.
1.
Introdução
Este trabalho procura contribuir para o conhecimento das imagens do Brasil que são construídas e difundidas pela imprensa portuguesa de grande expansão no final do segundo milénio. A pesquisa teve, assim, por objectivo, delinear essas imagens enquanto indicadores e índices das relações entre Portugal e o Brasil na transição para um novo século[2].
A principal hipótese a testar no estudo foi a seguinte: se existe uma convergência de interesses entre Portugal e o Brasil, alicerçada na língua, na partilha de parte da história e, agora, na globalização económica[3] e na resistência ao domínio anglófono[4], e se existe um aumento recíproco do interesse que os seus habitantes nutrem uns pelos outros[5], tal como, aparentemente, transparece do discurso político dominante[6] e das comemorações dos 500 anos do descobrimento ou “achamento” do Brasil, no ano 2000[7], então os meios jornalísticos não poderão deixar de fazer eco dessa situação, representando-a. Portanto, e tendo em conta, entre outras, as conclusões de pesquisadores como Galtung e Ruge (1965) ou Wolf (1987), se existe um processo de (re)aproximação entre Portugal e o Brasil, as notícias que representam esse processo na imprensa resultam, em princípio, de um processo de fabrico (newsmaking) no seio do qual interagem, entre outros factores, critérios de noticiabilidade capazes de adicionar aos acontecimentos um valor susceptível de os tornar notícia (valores-notícia), como:
- Proximidade;
- Interesses nacionais, particularmente se existirem confrontos (desvio à norma) ou problemáticas;
- Intensidade e significância dos acontecimentos dentro do contexto em que a imprensa portuguesa está imersa;
- Número de pessoas envolvidas nos acontecimentos;
- Consequências e evolução possível dos acontecimentos, particularmente daqueles que já foram objecto de notícia;
- Estatuto das personalidades envolvidas nos acontecimentos.
De acordo com o enunciado anterior, e citando Marques de Melo et al. (1999: 5), "(...) a investigação sobre a contribuição do jornalismo a um processo de integração [neste caso, de reaproximação] entre países deve estar direccionada a detectar os personagens e acontecimentos considerados suficientemente interessantes, significativos e relevantes para serem transformados em notícias." Para o efeito, o estudo baseou-se, principalmente, na análise quantitativa do discurso sobre o Brasil protagonizado, em 1999, por periódicos portugueses de informação geral e de grande circulação no país. Para efectuar a análise quantitativa do discurso, a informação foi, normalmente, contabilizada em número de peças e em cm2, conforme é habitual neste tipo de pesquisa (cf. Marques de Melo et. al., 1999: 4; cf. Marques de Melo, 1972), sendo classificada por categorias definidas a priori. Para efeitos de aferição do número de peças, apenas se consideraram as peças jornalísticas (descritivas, analíticas ou opinativas[8]); do mesmo modo, apenas se considerou o espaço ocupado pelas peças de cariz jornalístico, desprezando-se o espaço ocupado por publicidade -ainda que predominantemente de cariz informativo- e propaganda. Há ainda a destacar que, para a definição das categorias para a análise de conteúdo, tomou-se em consideração que essa mesma análise procuraria responder a várias perguntas de investigação[9].
A prioridade metodológica que concedi à análise quantitativa justifica-se pelo rigor que ela introduz na pesquisa. Além disso:
"Ao invés de entrevistar o leitor sobre os seus hábitos de leitura, utiliza-se o processo inverso, ou seja, analisar aquilo que é oferecido ao leitor, assumindo que aquilo que o leitor lê no jornal da sua escolha reflecte suas atitudes e valores em relação ao facto noticiado[10]. (...)
Outra vantagem deste tipo de pesquisa é o facto de
trabalhar com valores essencialmente quantificáveis, definidos por categorias
estabelecidas e comprovadas em estudos similares. Desta forma, a colecta de dados é baseada na mensuração de textos
e as conclusões expressas em forma numérica, o que facilita o cruzamento de
informações e a elaboração de tabelas e gráficos explicativos, além de permitir
com facilidade a reavaliação e comprovação de todo o projecto ou parte
dele." (Marques de Melo et al.,
1999: 4)
Parece-me notório que a definição de grande
parte das categorias para análise quantitativa do discurso é clara (e habitual[11]), associando-se às variáveis a analisar para
responder às perguntas de investigação[12], conforme é visível nas tabelas onde constam
os dados colectados durante a pesquisa.
Desta forma, em meu entender não é necessário traduzir em que consistem
exaustivamente todas as categorias per si, nomeadamente quando as
categorias se referem:
· à ubiquação da
peça (o espaço onde a peça surge -primeira página, última página ou páginas
interiores- define a
categoria);
· à secção do
jornal onde a peça surge (neste caso, a secção -que geralmente corresponde a uma editoria da
redacção- define a
categoria);
· aos temas
específicos da informação (o tema da informação define a categoria);
· às fontes (o
tipo de fonte define a categoria);
· à produção da
peça (quem produz a peça define a categoria);
· e às
localidades mencionadas nas peças (as localidades mencionadas definem a
categoria).
A explicitação das categorias que possam
oferecer dúvidas surge no quadro a seguir inserido.
Categorias |
Explicitação |
Peças sobre o Brasil |
Peças jornalísticas que abordem exclusivamente acontecimentos ocorridos
no Brasil, personalidades brasileiras, problemáticas que tenham surgido no
Brasil, ideias geradas por brasileiros, etc. |
Peças sobre Brasil - Portugal |
Peças jornalísticas que abordem acontecimentos que envolvam
simultaneamente Brasil e Portugal, pessoas individuais e colectivas dos dois
países, acções de pessoas individuais e colectivas de um dos países no outro
país, etc. |
Peças sobre Brasil - Outros Países |
Peças jornalísticas que, sem se referirem a Portugal, abordem
acontecimentos que envolvam simultaneamente Brasil e outros países, pessoas
individuais e colectivas do Brasil e outros países, acções de pessoas
individuais e colectivas do Brasil noutro país e vice-versa, etc. (excluindo
Portugal). |
Outra situação
envolvendo o Brasil |
Peças jornalísticas que refiram superficialmente o Brasil,
acontecimentos aí ocorridos ou pessoas individuais e colectivas brasileiras,
embora o seu conteúdo respeite, essencialmente, a outras situações. Como só houve três notícias inseríveis
nesta categoria, em dois periódicos,
no momento de classificar detalhadamente os dados não foram criadas
tabelas específicas para estas peças.
Optou-se por inclui-las na informação sobre Brasil - Portugal ou
Brasil - Outros Países, consoante mencionassem ou não Portugal. |
Sentido da
informação mista: Portugal no Brasil |
Peças jornalísticas que respeitem a acontecimentos ou problemáticas
que, por exemplo, envolvam pessoas individuais ou colectivas portuguesas no
Brasil, como uma visita de um ministro português ao Brasil, a realização de
uma feira de produtos portugueses no Brasil, investimentos portugueses no
Brasil, a vida de portugueses no Brasil, espectáculos de artistas portugueses
no Brasil, etc. |
Sentido da
informação mista: Portugal -
Brasil |
Peças jornalísticas que respeitem a acontecimentos ou problemáticas que
se refiram simultânea e equilibradamente a Portugal e ao Brasil, a pessoas
individuais e colectivas dos dois países, etc., como o estabelecimento de
acordos entre os dois países, o estabelecimento de parcerias comerciais e
empresariais, as comemorações conjuntas dos 500 anos do "achamento"
do Brasil, etc. |
Sentido da
informação mista: Brasil em Portugal |
Peças jornalísticas que respeitem a acontecimentos ou problemáticas
que, por exemplo, envolvam pessoas individuais ou colectivas brasileiras em
Portugal, como uma visita de um ministro brasileiro a Portugal, a realização
de uma feira de produtos brasileiros em Portugal, investimentos brasileiros
em Portugal, a vida de brasileiros em Portugal, espectáculos de artistas
brasileiros em Portugal, etc. |
Ponto de
vista/ângulo dominante/tendencial das peças com menção ao Brasil na amostra:
peças neutras |
Peças jornalísticas cujo tom, ângulo ou ponto de vista dominante é
tendencialmente neutro em relação ao Brasil ou quando existe um certo
equilíbrio entre as partes da peça cujo tom ou ponto de vista é
potencialmente negativo para o Brasil e as partes da peça cujo tom ou ponto
de vista é potencialmente positivo para o Brasil. A título de comentário, a distribuição das peças por categorias
referentes ao tom/ângulo/ponto de vista dominante/tendencial pode ser vista
como um tanto ou quanto subjectiva e, em certas peças, pode efectivamente
sê-lo. Mas se uma peça, por exemplo,
fala de uma reunião inócua do governo brasileiro, ela pode considerar-se, em
meu entender, como sendo tendencialmente neutra. |
Ponto de
vista/ângulo dominante/tendencial
das peças com menção ao Brasil na amostra: peças positivas para o Brasil |
Peças jornalísticas cujo tom, ângulo ou ponto de vista dominante é
tendencialmente positivo em relação ao Brasil, como, por exemplo, uma notícia
respeitante à adopção de medidas de defesa da selva Amazónica, uma reportagem
sobre os paraísos naturais brasileiros, etc. |
Ponto de
vista/ângulo dominante/tendencial das peças com menção ao Brasil na amostra:
peças negativas para o Brasil |
Peças jornalísticas cujo tom, ângulo ou ponto de vista dominante é
tendencialmente negativo em relação ao Brasil, como, por exemplo, notícias
respeitantes à invasão de áreas florestais virgens por madeireiros, criadores
de gado e agricultores, ao comércio de espécies animais protegidas, às
queimadas ilegais feitas por criadores de gado e agricultores latifundiários
sem escrúpulos, às más condições de vida nas prisões, à prostituição, etc. |
Ponto de
vista/ângulo dominante/tendencial das peças com menção ao Brasil na amostra:
peças positivas para as relações Portugal -
Brasil |
Peças jornalísticas cujo tom, ângulo ou ponto de vista dominante tenda
a estreitar positivamente as relações entre Portugal e o Brasil, como uma
notícia sobre o estabelecimento de um acordo comercial, etc. |
Ponto de
vista/ângulo dominante/tendencial das peças com menção ao Brasil na amostra:
peças negativas para as relações Portugal -
Brasil |
Peças jornalísticas cujo tom, ângulo ou ponto de vista dominante tenda
a prejudicar as relações entre Portugal e o Brasil, como um editorial
criticando as afirmações de um governante ou outro responsável de um dos
países sobre o outro país. |
Géneros
jornalísticos: nota/notícia breve |
Relato sucinto e descritivo de um acontecimento, geralmente não tendo
mais de dois ou três parágrafos curtos, com ou sem citações directas e/ou
parafraseadas de outras fontes que não o jornalista, e que traz informação
nova. |
Géneros
jornalísticos: notícia desenvolvida ou reportagem |
Relato desenvolvido e aprofundado de um acontecimento, em geral
predominantemente descritivo, embora possa ter facetas analíticas e até
opinativas, e que possui, geralmente, citações directas e/ou parafraseadas de
outras fontes que não o jornalista.
Admitiram-se nesta categoria diversos géneros de reportagem:
reportagem retrospectiva de acontecimento, reportagem de acção, reportagem de
personalidade ou perfil, etc. As
notícias desenvolvidas e reportagens normalmente trazem informação nova, mas,
por vezes, recuperam informação antiga para contextualizarem os assuntos e
permitem-se apontar pistas quanto às suas consequências. |
Géneros
jornalísticos: entrevista |
Peça jornalística susceptível de permitir a um ou mais entrevistados
dirigirem-se directamente ao leitor através das respostas que dão às
perguntas de um jornalista, embora o jornalista oriente a entrevista em
função das perguntas que coloca, de forma a trazer a público informação nova
e pertinente. Admitiram-se nesta
categoria diversos géneros de entrevista: por um lado, entrevistas em
"pergunta-resposta" ou em "discurso indirecto"; por outro
lado, entrevistas de declarações, entrevistas de personalidade, entrevistas-inquérito,
etc. Geralmente, na entrevista é o
entrevistado e não o jornalista que está em foco, pelo que a maior parte do
texto tem origem no primeiro. |
Géneros
jornalísticos: peça de opinião ou análise |
Peças jornalísticas interpretativas cuja maioria das orações é de teor
analítico ou opinativo, sendo, portanto, normalmente artigos de opinião ou
análise, editoriais, etc. Geralmente
são peças que não trazem informação nova, antes se debruçam sobre dados
conhecidos mas que ainda não tenham sido interpretados e até correlacionados. |
Géneros
jornalísticos: peça documental |
Peças jornalísticas que funcionam como background informativo e
documental para notícias, reportagens, entrevistas, etc. Por exemplo, uma cronologia dos factos
históricos que antecederam determinado acontecimento pode considerar-se uma
peça documental, tal como, por exemplo, uma peça que descreva as armas de
exércitos ou forças policiais. |
Géneros
jornalísticos: outro tipo ou tipologia mista |
Peças jornalísticas que misturam diferentes tipologias. Por exemplo, uma reportagem pode integrar
uma cronologia histórica dos factos que antecederam o acontecimento, etc. |
Peça essencialmente
descritiva ou documental |
Peça jornalística onde a maior parte das orações é descritiva, isto é,
serve para descrever alguma coisa, como um facto, um acontecimento ou uma
ideia. |
Peça essencialmente
analítica |
Peça jornalística interpretativa onde a maior parte das orações é
analítica, isto é, onde a maior parte das orações serve para interpretar
dados factuais que são disponibilizados sob uma forma descritiva e
rigorosa. A análise pode
considerar-se, segundo Pinto (1997), como estando a meio caminho entre a
descrição e a opinião, pois a análise baseia-se sempre em factos, que são
rigorosamente interpretados e a partir dos quais se extraem conclusões. A análise não tem necessariamente uma
intenção persuasiva e privilegiadamente argumentativa, tal e qual como
acontece num artigo científico. Numa
análise, interpretam-se e relacionam-se dados de forma rigorosa e precisa,
estruturam-se e organizam-se informações, orientando assim o leitor, como
acontece quando se interpretam os resultados de um inquérito ou de uma
sondagem no jornalismo de precisão. |
Peça essencialmente
opinativa |
Peça jornalística interpretativa e argumentativa, elaborada com
intuitos essencialmente persuasivos, onde a maior parte das orações é de
cariz opinativo. A opinião
distingue-se da análise, na óptica de Pinto (1997), porque as opiniões não
necessitam de se fundamentar em factos precisos e rigorosos. A opinião pode, inclusivamente, ser de
cariz especulativo e livre. |
Fonte de informação
explícita |
A fonte é expressamente identificada. |
Fonte de informação
implícita |
A fonte não é expressamente identificada, mas consegue-se identificá-la
sem que paire qualquer dúvida no espírito do leitor (por exemplo, por já ter
sido referenciada na peça). Não deve,
portanto, ser confundida com uma fonte anónima, pois o discurso é produzido
por uma fonte identificável, embora esta não seja denominada. |
Número de aparições
de uma fonte numa peça |
Número de vezes que uma fonte informativa é referida, explícita ou
implicitamente, numa peça, sem que haja lugar a interrupções significativas
no seu discurso por outra fonte, mesmo que se trate do jornalista. |
Torna-se imprescindível salientar que não foram classificados dados em várias das categorias de análise quantitativa do discurso definidas a priori. Para facilidade da apreensão dos dados, essas categorias não surgem nas tabelas de resultados (a partir da tabela 6, inclusive). Nestas tabelas apenas surgem as categorias de análise nas quais foram classificadas informações. Por este motivo, as tabelas não traduzem a minúcia com que foram definidas as categorias de análise e, portanto, também não traduzem a extensão da pesquisa. Por exemplo, foram definidas a priori quase uma centena de categorias para se classificarem as peças em função do seu tema específico, mas as tabelas de resultados foram construídas tendo unicamente em conta as categorias em que foram classificadas peças, pois de outra maneira surgiriam dezenas de células em branco. Do mesmo modo, e igualmente a título exemplificativo, a responsabilidade pela produção das peças foi distribuída por cerca de trinta categorias, englobando as principais agências noticiosas e outros órgãos jornalísticos do mundo, incluindo do Brasil, de Portugal, dos Estados Unidos e da América Latina. Mas só foram mencionadas na tabela as categorias nas quais se classificaram dados. Se não o fizesse, as tabelas teriam, algo despropositadamente, dezenas de células em branco, tornando-se de leitura difícil.
A análise efectuada aos jornais e revistas seleccionados procurou responder, essencialmente, às perguntas de investigação (research questions) constantes no quadro a seguir inserido.
Research questions |
Variáveis |
× Qual é a relevância da informação sobre o Brasil? |
× Quantidade de informação (número de artigos, média por edição, espaço ocupado) |
× Quais são os temas que predominam na informação sobre o Brasil? |
× Tema genérico (secção de inserção) e tema específico da peça |
× Qual é o grau de dependência que os órgãos de comunicação social manifestam em relação à Agência Lusa e a outras agências no que respeita às informações sobre Brasil? × Qual é o grau de protagonismo dos órgãos de comunicação social e dos seus colaboradores na recolha e processamento da informação sobre o Brasil? |
× Serviço informativo a quem a peça é atribuída × Peças de produção própria (correspondentes, colaboradores, enviados, etc.) |
× Qual é a quantidade de peças sobre o Brasil que se geram no país e fora do país? |
× Procedência da peça × Serviço informativo a quem a peça é atribuída |
× Qual ou quais são os agentes/protagonistas da informação sobre o Brasil? × Qual é o grau de pluralismo na informação sobre o Brasil? |
× Fontes citadas e número de orações atribuídas a cada fonte |
× Qual é a relevância jornalística concedida às peças sobre o Brasil? |
× Ubiquação das peças (localização da peça no jornal: primeira página, última página, página interior) |
× Quais os géneros jornalísticos e as tipologias discursivas que dominam na informação sobre o Brasil? |
× Géneros jornalísticos × Peças predominantemente descritivas, documentais, analíticas e opinativas/argumentativas |
× Existe equilíbrio ou desequilíbrio geográfico nas peças sobre o Brasil? |
× Localidades mencionadas nas peças |
Após uma primeira análise da amostra de jornais e revistas que foram objecto de estudo, verifiquei que a informação sobre o Brasil englobava unicamente textos e fotografias. Assim, neste estudo apenas me debruço sobre essas duas facetas do discurso jornalístico impresso.
No que respeita à análise do discurso especificamente fotojornalístico sobre o Brasil, adaptei, para nortear a pesquisa, as perguntas de investigação referentes à informação textual, conforme revela o quadro a seguir inserido.
Research questions |
Variáveis |
× Qual é a relevância da informação fotográfica sobre o Brasil? |
× Quantidade de fotografias (número de fotos, espaço ocupado) |
× Quais são os temas que predominam na informação fotográfica sobre o Brasil? × Qual ou quais são os agentes/protagonistas da informação fotográfica sobre o Brasil? × Qual é o grau de pluralidade informativa na informação fotográfica sobre o Brasil? |
× Conteúdo principal das fotos × Actantes presentes nas fotografias (protagonismo) |
× Qual é o grau de dependência que os jornais manifestam em relação à Agência Lusa e a outras agências no que respeita à informação fotográfica sobre o Brasil? × Qual é o grau de protagonismo dos jornais e dos seus colaboradores na recolha e processamento da informação fotográfica sobre o Brasil? |
× Serviço informativo a quem a foto é atribuída × Fotos de produção própria (correspondentes, colaboradores, enviados, etc.) |
× Existe equilíbrio ou desequilíbrio geográfico nas fotos sobre o Brasil? |
× Localidades fotografadas |
Escolhi estudar os jornais e revistas de grande circulação publicados em 1999 porque a análise da imprensa no ano 2000 seria atípica, uma vez que em 2000 se comemoram os 500 anos da descoberta (ou “achamento”) do Brasil, tendo havido dezenas de artigos, suplementos e revistas dedicados ao Brasil na imprensa portuguesa[13].
Uma vez que, face aos meios disponíveis, seria impossível analisar todos os jornais, seleccionei para estudo jornais tanto quanto possível representativos e de grande circulação (tendo em consideração, para avaliação da circulação dos jornais e revistas, que a mesma se reporta à realidade portuguesa). Em concreto, escolhi como objecto de estudo jornais diários de referência que busquem, assumidamente, uma expansão nacional e que estão sedeados em Lisboa, o Público e o Diário de Notícias, o Jornal de Notícias, um diário tradicional do Norte, que está sedeado no Porto, embora busque uma implantação nacional, e que é também o jornal maior tiragem média diária no país, e O Correio da Manhã, um diário “popular” sedeado em Lisboa. Estudei ainda o semanário português Expresso, devido à sua grande circulação em todo o território nacional, e a revista Visão, uma vez que, durante grande parte do ano de 1999, era a única revista de informação geral difundida semanal e massivamente em Portugal. Estudei também todos os números da revista mensal de grande informação Grande Reportagem. Portanto, gostaria de relembrar que os dados recolhidos dizem unicamente respeito à amostra de jornais e revistas analisados, pelo que as imagens do Brasil na imprensa portuguesa de grande circulação podem ser diferentes daquelas que aqui ficam registadas. Contudo, estou convencido de que a forma como construí a amostra permitiu-me obter resultados minimamente fidedignos.
Segundo os dados da Associação Portuguesa
Para o Controle de Tiragem[14], a circulação média diária dos jornais e
revistas analisados, durante os três primeiros trimestres de 1999, foi a
seguinte:
- Grande Reportagem: 48.500 exemplares (Janeiro de 1999);
- Visão: 80.397 exemplares;
- Expresso: 143.726 exemplares;
- Jornal de Notícias: 112.919 exemplares;
- Correio da Manhã: 76.845 exemplares;
- Diário de Notícias: 57.307 exemplares;
- Público: 53.715 exemplares.
O estudo baseou-se numa amostra construída de 26 números (metade das semanas do ano) de cada jornal diário[15] e de doze números (um jornal por mês) do jornal Expresso e da revista Visão[16]. Por sua vez, foram analisados todos os números da Grande Reportagem.
Sempre que tal iniciativa foi aceite, foi feita uma entrevista complementar a responsáveis editoriais dos órgãos de comunicação social estudados, através da qual se procuraram explicações para os resultados obtidos com a análise quantitativa. Procurei, ainda, relacionar os dados obtidos com a rede[17] que os órgãos de comunicação social portugueses lançam no Brasil para "capturar" os acontecimentos, levando em linha de conta que, em 1999, os jornais e revistas analisados que possuíam correspondentes no Brasil eram os seguintes:
- Público (correspondente no Rio de Janeiro);
- Diário de Notícias (correspondente no Rio de Janeiro);
- Correio da Manhã (correspondente em São Paulo);
- Jornal de Notícias (correspondente em Brasília);
- Expresso (correspondente no Rio de Janeiro).
No levantamento bibliográfico que fiz, não encontrei quaisquer trabalhos sobre este tema. De facto, apesar do interesse que, no seio da comunidade académica das Ciências da Comunicação, portugueses e brasileiros possam sentir uns pelos outros, como se pode comprovar pela criação da Lusocom[18], o que é certo é que a única obra que se pode aproximar do tema que aqui trato é Sotaques d'Aquém e d'Além Mar, de Manuel Carlos Chaparro (1998). Mesmo assim, este livro não trata das imagens projectadas pela imprensa de um país acerca do outro; é, sim, uma análise comparativa dos géneros jornalísticos no jornalismo impresso português e no jornalismo impresso brasileiro. Portanto, julgo que o meu trabalho é original, embora esta originalidade apenas encontre justificação no facto de ser relativamente recente a cooperação e o diálogo sistemático entre os pesquisadores brasileiros e portugueses da área das Ciências da Comunicação.
2.
Contexto histórico:
As relações entre Portugal e o Brasil na última década do Século XX
Do meu ponto de vista, os laços entre Portugal e o Brasil fortaleceram-se na última década do século XX. Houve, é certo, episódios mais ou menos problemáticos. Recordo, por exemplo, a questão da legalização dos dentistas brasileiros em Portugal (1990/91)[19] e uma certa reacção xenófoba contra os imigrantes brasileiros no nosso país[20]. Posso também realçar que ainda falta resolver a questão da reciprocidade de direitos dos portugueses no Brasil e dos brasileiros em Portugal[21]. Mas parece-me correcto dizer que se estabeleceu, de facto, um novo quadro de relacionamento bilateral, marcado pela emancipação recíproca em relação a um passado colonial e pós-colonial que parecia condicionar a evolução das relações entre os dois povos[22]. Para este fenómeno de emancipação terão contribuído as diferentes opções geo-estratégicas de cada um dos países, designadamente a opção europeia de Portugal (União Europeia) e a opção (latino-)americana do Brasil (Mercosul). Pesem-se, porém, as palavras avisadas de Boaventura de Sousa Santos:
"Portugal e o Brasil são dois países de desenvolvimento intermédio, mas enquanto Portugal é um país periférico num bloco regional central (a União Europeia), o Brasil é um país central num bloco regional periférico (o Mercosul). Ambos os países estão sob pressão dos imperativos do capitalismo global, mas enquanto o Brasil está na zona de influência do capitalismo liberal dos Estados Unidos, Portugal está na zona de influência do capitalismo social-democrático europeu. (...) Apesar destes contrastes, detectam-se algumas semelhanças perturbadoras entre os dois países. As desigualdades sociais aumentaram muito nos últimos anos e as políticas sociais são pouco redistributivas em ambos os países. A corrupção tem aumentado e instalou-se nos dois lados do Atlântico um clima de desânimo social (...) [e] resignação." (2000: 54)
Reuniram-se, talvez, as condições para que o relacionamento entre Portugal e o Brasil tenha passado, mais realística e concretamente, a assentar em factores como a economia e o empreendorismo (investimentos...), o turismo, as feiras internacionais, os congressos científicos e profissionais e a troca (ainda que desequilibrada, a favor do Brasil) de produtos culturais. Sobre este último ponto, se, por um lado, a língua e a história comum já aproximavam os dois povos, a exportação brasileira de conteúdos (telenovelas, filmes, canais por cabo, música, revistas, etc.) terá tornado o Brasil e os brasileiros mais familiares aos portugueses[23]. O inverso, porém, talvez não tenha ocorrido, pois as tentativas portuguesas de exportação de conteúdos (veja-se o caso da RTP Internacional) foram tímidas e não muito bem sucedidas. "Se um brasileiro precisa de remeter às aulas de História para pensar em Portugal, ao português basta ligar a televisão para ver o Brasil", escrevia-se na Grande Reportagem de Abril de 2000 (p. 46). Exemplificativamente, a música portuguesa no Brasil ainda hoje é muito conotada com nomes como o do cantor popular Roberto Leal[24].
Em termos económicos, provavelmente nunca houve tanto investimento português no Brasil como na actualidade[25], mesmo pesando os investimentos feitos pelos empresários portugueses que se refugiaram no Brasil no período pós-revolucionário de 1974-75, como António Champalimaud, que procuravam reconstruir as suas fortunas e os seus impérios industriais e comerciais.
Na verdade, os investimentos actuais da Portugal Telecom, nas telecomunicações, da EDP, na produção e distribuição de energia eléctrica, da Cimpor, nos cimentos, do Grupo Sousa Cintra, nas águas, sumos e cerveja, do Grupo Jerónimo Martins, na distribuição, ou do Grupo Sonae, na distribuição e nos aglomerados de madeira, são apenas alguns dos exemplos que poderia citar das estratégias de internacionalização no Brasil da indústria e comércio portugueses. Atento a este facto, o ICEP já abriu, na sua delegação de São Paulo, um Centro de Apoio ao Investidor Português, e as associações empresariais portuguesas, como a Associação Empresarial de Portugal, promovem, com frequência, no Brasil, feiras e outros certames para apresentação dos produtos das empresas associadas.
Os investimentos brasileiros em Portugal também são importantes. Neste campo, podem destacar-se, por exemplo, as participações do Grupo Globo e do Grupo Abril, os dois maiores grupos de media do Brasil, nos negócios mediáticos do ex-primeiro.ministro português e fundador do Expresso e da estação (privada) de televisão de maior sucesso em Portugal (a SIC), Francisco Pinto Balsemão.
O fenómeno recente da imigração brasileira para Portugal também terá contribuído para a redescoberta recíproca dos dois povos. Saliente-se, porém, que, ao contrário do que sucedeu com as levas de emigrantes portugueses para o Brasil, constituídas, em grande medida, por população com baixa qualificação, os imigrantes brasileiros são, descontando os futebolistas, frequentemente, pessoas qualificadas, como dentistas, médicos, psicólogos, publicitários, arquitectos, professores, informáticos, etc. No entanto, nem sempre a vida é fácil para os brasileiros que procuram emprego no nosso país. Ao contrário da política de portas-abertas praticada pelo Brasil em relação aos emigrantes portugueses quando Portugal era um país de emigração, na actualidade, o nosso país, um tanto ou quanto ingratamente, tem criado imensas dificuldades à entrada e fixação de brasileiros. Por isso, vão-se acumulando os emigrantes brasileiros ilegais no nosso país, com todos os problemas que isso levanta, e os casos de impedimento de entrada em Portugal a cidadãos brasileiros[26]. Segundo o historiador Osvaldo Munteal e o jornalista Mário Negreiros[27]:
"(...) 1986 marca outra fase importante na visão brasileira de Portugal. O ingresso na União Europeia produziu, num primeiro momento, um sentimento de respeito -embora o Brasil seja muito influenciado pelos Estados Unidos, 'chique' mesmo ainda é, para os brasileiros, a Europa- mas logo a seguir veio a face antipática, o nariz arrebitado (...). As restrições ao trabalho dos dentistas e, mais do que isso, os constatados maus-tratos impostos no Aeroporto de Lisboa a brasileiros humildes que tentavam -como há cinquenta anos atrás os minhotos e transmontanos- refazer a vida noutro país, fizeram de Portugal o parente que enriqueceu e deu as costas aos pobres da família.
(...)
Das escolas de samba (...) às escolas universitárias, há um ressentimento indisfarçável. Quando se pensa na colonização protuguesa, o ênfase é dado à escravidão e à dizimação de índios.
(...)
Os extraordinários investimentos portugueses no Brasil (...) são o novo dado (...). O facto de alguns desses investimentos (...) serem feitos em actividades de alta tecnologia pode contribuir para varrer a imagem de arcaísmo de Portugal no Brasil. Mas se as empresas alemãs no Brasil procuram realçar a sua própria nacionalidade para atribuir solidez aos seus produtos; se as empresas francesas procuram mostrar que se é francês é 'chique', as empresas portuguesas não fazem qualquer referência à sua origem. Mais uma vez, portanto, a aproximação se dá no 'andar de cima'. Para o 'andar de baixo', a visão brasileira de Portugal continua a depender, acima de tudo, do prazo que o 'seu' Manuel lhe conceder para o pagamento da conta atrasada."
Além das comemorações do quinto centenário da descoberta ou “achamento” do Brasil, um outro incontornável e palpável factor de aproximação entre os dois povos irmãos na última década foi a formalização da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), em 1996 (tinha sido proposta em 1989). A propósito, é justo realçar que a CPLP se deve, em grande medida, ao génio e ao entusiasmo do antigo embaixador brasileiro em Portugal, José Aparecido de Oliveira, e ao Alto Patrocínio do Presidente Itamar Franco, do Brasil.
A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa é um projecto cultural e político-estratégico que pode vir a revelar-se importante para os países lusófonos, já que integra mais de duzentos milhões de pessoas que partilham uma língua comum. Porém, parece-me que os seus objectivos ainda estão longe de serem alcançados, não só porque os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa estão, justamente, demasiado preocupados com os seus graves problemas internos -que vão da guerra ao subdesenvolvimento- para se poderem dedicar ao fortalecimento dos laços entre os povos lusófonos, mas também porque os dois restantes pilares da CPLP, Portugal e Brasil, fizeram opções geo-estratégicas diferentes. No fundo, o grande problema da CPLP talvez resida na falta de vontade política para que o projecto dê certo. Mas a sua fundação garantiu, pelo menos, o desanuviamento das relações entre Portugal e o Brasil, que se tinham deteriorado, em grande medida devido à questão, já referenciada, da legalização dos dentistas brasileiros em Portugal.
Uma outra questão pendente entre Portugal e o Brasil é o célebre Acordo Ortográfico.
Nos seus primeiros séculos de existência, a língua portuguesa tinha uma ortografia muito variável. Este facto devia-se, essencialmente, ao estatuto secundário do português em relação ao latim, que fazia com que o ensino da língua portuguesa fosse descurado. Aliás, os próprios gramáticos não se ocupavam muito dela e não havia uma entidade reguladora que promovesse a uniformização da escrita. Deste modo, as disparidades ortográficas do português, fenómeno natural dos processos de formação das línguas, só viriam a diminuir com a institucionalização do ensino e a generalização da imprensa. Ainda assim, embora ao longo do século XIX tenham surgido vários projectos de reforma ortográfica, nenhum deles chegou a ser posto em prática. Só no início do século XX foram implementadas normas ortográficas para o Português.
Em 1990, foi celebrado um Acordo Ortográfico entre a Academia das Ciências de Lisboa, a Academia Brasileira de Letras e representantes dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, que deveria ser ratificado pelas autoridades oficiais dos sete países lusófonos. Como vantagem, era proclamada uma ortografia mais simples e acessível, que asseguraria uma melhor comunicação no mundo lusófono e daria maior peso internacional ao idioma. Porém, o acordo levantou problemas como o da acentuação das palavras, a possibilidade da mesma palavra se escrever de duas formas, etc. Estes problemas suscitaram fortes polémicas, não apenas entre os linguistas mas também entre a população em geral. Por força destes acontecimentos, o Acordo Ortográfico ainda não foi ratificado por todos os países lusófonos e, como tal, ainda não foi implementado. Mesmo assim, a penetração dos produtos culturais brasileiros em Portugal levou à adopção de algumas particularidades linguísticas brasileiras por parte dos falantes do português de Portugal, como o popular “Oi!”, embora este fenómeno esteja, ao que parece, em regressão[28].
3.
Resultados e
discussão
A pesquisa conducente à obtenção de respostas para as perguntas de investigação formuladas permitiu o levantamento dos dados quantitativos sistematizados nas tabelas a seguir inseridas[29]:
Tabela 1
Relevância da informação sobre o Brasil na
amostra
(número de peças e espaço ocupado pelas
peças, em cm2)
|
Jornal de Notícias |
O Correio da Manhã** |
Diário de Notícias |
Público |
Expresso |
Visão |
Grande Reportagem |
Total de peças e espaço total ocupado por
informação |
5.074 100% 1.992.155 100% |
2.978 100% 735.327 100% |
4.412 100% 1.326.780 100% |
3.402 100% 1.320.008 100% |
4.631 100% 2.295.403 100% |
1.798 100% 522.751 100% |
492 100% 674.987 100% |
Peças sobre o Brasil |
13 0,3% 10.294 0,5% |
25 0,8% 5.630 0,8% |
29 0,7% 6.813 0,5% |
18 0,5% 4.117 0,3% |
8 0,2% 2.483 0,1% |
9 0,5% 1.539 0,3% |
7 1,4% 22.344 3,3% |
Peças sobre Brasil- -Portugal |
20 0,4% 5.226 0,3% |
16 0,5% 4.535 0,6% |
22 0,5% 4.414 0,3% |
12 0,4% 3.636 0,3% |
6 0,1% 3.782 0,2% |
7 0,4% 1.854 0,4% |
3 0,6% 691 0,1% |
Peças sobre Brasil- -Outros Países* |
1 0,02% 140 0,007% |
1 0,03% 41 0,005% |
6 0,1% 137 0,01% |
4 0,1% 1.072 0,08% |
0 0% 0 0% |
3 0,2% 1.053 0,2% |
0 0% 0 0% |
Outra situação envolvendo o Brasil |
2 0,04% 589 0,03% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 0,06% 916 0,2% |
0 0% 0 0% |
Totais de informação com menção ao Brasil |
36 0,7% 16.249 0,8% |
42 1,4% 10.206 1,4% |
57 1,3% 11.364 0,9% |
34 1% 8.825 0,7% |
14 0,3% 6.265 0,3% |
20 1,1% 5.362 1% |
10 2% 23.035 3,4% |
Média do espaço ocupado por edição por
informação com menção ao Brasil |
625 |
510 |
437 |
339 |
522 |
447 |
1.920 |
Média de peças por edição com informação
sobre o Brasil |
1,4 |
2,1 |
2,2 |
1,3 |
1,2 |
1,7 |
0,8 |
*Só foram classificadas peças nesta categoria quando há informação que
verdadeiramente engloba um ou vários países além do Brasil e não apenas uma
mera menção a esse país ou países. Por
exemplo, o jogo de uma final de um campeonato internacional de selecções de
futebol pode ser incluído nesta categoria.
Porém, uma peça que diga respeito, por exemplo, ao treino da selecção
brasileira para um jogo com outro país, é classificada como informação sobre o
Brasil e não sobre Brasil - Outros Países.
**Saliento, novamente, que apenas foram analisados vinte números do
jornal O Correio da Manhã. Os dados apenas se referem a esses vinte
números.
Nota: nas células com quatro valores, os dois primeiros números dizem
respeito ao número de peças e à respectiva percentagem; o terceiro e o quarto
números dizem respeito ao espaço ocupado pelas peças e respectiva percentagem.
Analisando a tabela 1, posso dizer que, em termos absolutos, e tendo a amostra em consideração, existe pouca informação sobre o Brasil na imprensa portuguesa de grande circulação. Mas, em termos relativos, a informação sobre o Brasil tem algum significado nessa imprensa: a média de peças publicadas por edição é sempre superior a uma peça (exceptuando o caso da GR), atingindo mesmo uma média de 2,2 peças por edição no DN; por seu turno, a média do espaço ocupado por informação com menção ao Brasil por edição é sempre superior a 339 cm2 (a ocupação de 339 cm2 equivale a uma peça com cerca de 18,4 cm de altura e largura), atingindo mesmo 625 cm2 no JN (o que equivaleria a uma peça com 25 cm de altura e largura) e 1.920 cm2 na Grande Reportagem (o que equivaleria a um artigo com cerca de 43,8 cm de altura e largura). Em termos comparativos, registe-se que a mancha gráfica de uma página (isto é, a superfície útil de uma página) ronda, nos tablóides, 1.000 cm2. 625 cm2 corresponde, portanto, a mais de metade da mancha gráfica de uma página de um diário e 339 cm2 corresponde a cerca de um terço da mesma mancha gráfica. Numa revista A4 a mancha gráfica atinge cerca de 550 cm2. 447 cm2 -marca atingida na Visão- correspondem, portanto, a quase uma página. 1920 cm2 -valor atingido na Grande Reportagem- equivaleria a uma peça que ocupasse 3,5 páginas da revista.
É possível também verificar, somando os valores obtidos para cada órgão jornalístico analisado, que a informação que respeita ao Brasil sem envolver Portugal atinge 127 peças, que ocupam 57.168 cm2. As peças que respeitam simultaneamente ao Brasil e a Portugal são 86 e ocupam 24.138 cm2. Assim, temos um total de 213 peças com informação relativa ao Brasil, que ocupam 81.306 cm2. Percentualmente, 59,6% do total de peças com menção ao Brasil não dizem respeito a Portugal. Estas peças ocupam 70,3% do espaço informativo com menção ao Brasil. Por isso, e com excepção do Jornal de Notícias, é possível dizer que o Brasil se impõe por si mesmo, em termos informativos, à imprensa portuguesa. O critério de noticiabilidade da proximidade funciona, assim, em termos relativos - não é necessário existir informação na qual Portugal esteja envolvido para que o Brasil seja objecto de cobertura jornalística. No entanto, o critério parece funcionar quando se procura justificar a presença do Brasil, em geral, na imprensa portuguesa. A proximidade linguística e até cultural (incrementada pelas importações portuguesas de conteúdos brasileiros), a proximidade afectiva, etc. favorecem, sem dúvida, o Brasil enquanto país a cobrir.
Antes de terminar a interpretação desta tabela, gostaria de deixar uma advertência: a elevada superfície consagrada à informação no semanário Expresso, em comparação com os jornais diários, é enganadora. Tem de se considerar a forma como a amostra foi construída. O Expresso é um jornal semanário que traz sempre uma revista e vários cadernos. Já foi mesmo alcunhado de "O Espesso". Todo o espaço informativo de cada número da amostra foi contabilizado na análise, o que engloba, naturalmente, o espaço informativo das revistas e dos cadernos. Porém, os diários não trazem suplementos jornalísticos todos os dias. Por exemplo, os diários, geralmente, inserem uma revista dominical, mas, da forma como a amostra foi construída, apenas se contabilizou o espaço informativo de duas dessas revistas dominicais publicadas ao longo de 1999. Inversamente, no caso do Expresso contabilizou-se a superfície de 12 revistas, além da superfície de todos os cadernos não comerciais. Por isso, e embora o Expresso seja um jornal de formato clássico, tendo os seus cadernos principais uma mancha gráfica de 2.033 cm2 por página (mais ou menos o dobro da mancha gráfica dos jornais diários, todos de formato tablóide), a diferença relativa entre o espaço ocupado por informação no Expresso e nos diários não é, na realidade, tão diferenciada como aquela que transparece da tabela.
Tabela 2
Ubiquação da informação sobre o Brasil e
Brasil – Outros Países na amostra (em número de peças)
|
Jornal de Notícias |
O Correio da Manhã |
Diário de Notícias |
Público |
Expresso |
Visão |
Grande Reportagem |
Total |
16 100% |
26 100% |
35 100% |
22 100% |
8 100% |
13 100% |
7 100% |
1ª página |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Página interior |
16 100% |
23 88,5% |
35 100% |
22 100% |
7 87,5% |
13 100% |
7 100% |
Última página |
0 0% |
3 11,5% |
0 0% |
0 0% |
1 12,5% |
0 0% |
0 0% |
Tabela 3
Ubiquação da informação sobre Brasil –
Portugal na amostra (em número de peças)
|
Jornal de Notícias |
O Correio da Manhã |
Diário de Notícias |
Público |
Expresso |
Visão |
Grande Reportagem |
Total |
20 100% |
16 100% |
22 100% |
12 100% |
6 100% |
7 100% |
3 100% |
1ª página |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Página interior |
20* 100% |
16 100% |
22 100% |
12 100% |
6 100% |
7 100% |
3 100% |
Última página |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
*Existe uma
chamada à primeira página, mas a notícia é publicada no interior.
Pela observação dos dados expressos nas tabelas 2 e 3, sou levado a concluir que o critério de noticiabilidade da proximidade[30] não funcionou em matéria de chamadas à primeira página ou de inserção de notícias na primeira página. De facto, quer as notícias sobre o Brasil envolvendo Portugal quer as notícias exclusivamente sobre o Brasil ou Brasil – Outros Países (excluindo Portugal) foram, sem excepção, inseridas em páginas interiores. O grafismo também influencia este resultado, pois nem todos os jornais publicam “por inteiro” notícias na primeira página. O único jornal que fez uma chamada à primeira página para uma notícia envolvendo o Brasil foi o JN, sendo de realçar que essa notícia também implicava Portugal.
Tabela 4
Sentido da informação mista, envolvendo
Portugal e Brasil, na amostra (em número de peças)
|
Jornal de Notícias |
O Correio da Manhã |
Diário de Notícias |
Público |
Expresso |
Visão |
Grande Reportagem |
Total |
20 100% |
16 100% |
22 100% |
12 100% |
6 100% |
7 100% |
3 100% |
Portugal no Brasil |
3 15% |
4 25% |
6 27,3% |
5 41,7% |
0 0% |
2 28,6% |
0 0% |
Portugal -
Brasil |
4 20% |
1 6,2% |
8 36,4% |
4 33,3% |
6 100% |
3 42,8% |
3 100% |
Brasil em Portugal |
13 65% |
11 68,8% |
8 36,4% |
3 25% |
0 0% |
2 28,6% |
0 0% |
Verifiquei, através da tabela 4, que, na generalidade dos jornais e na revista Visão, a informação que envolveu simultaneamente Portugal e o Brasil foi relativamente equilibrada no que respeita ao peso de cada um dos países nessa informação (categoria Portugal - Brasil). Porém, no jornal O Correio da Manhã e no Jornal de Notícias a maior parte deste tipo de informação pode incluir-se na categoria “Brasil em Portugal”, ou seja, em grande medida, a informação mista dizia respeito a temas que estão relacionados com a “vivência do Brasil em Portugal”, como é o caso, por exemplo, das notícias sobre as telenovelas brasileiras que passam em Portugal ou sobre jogadores de futebol brasileiros que jogam no nosso país, funcionando, portanto, o critério de noticiabilidade da proximidade[31]. No Diário de Notícias, a informação sobre “Portugal - Brasil” e “Brasil em Portugal” foi similar, em número de peças publicadas, evidenciando, igualmente, a activação do critério de valor-notícia da proximidade. No global, 20 peças (23,3%) foram classificadas na categoria "Portugal no Brasil", 29 peças (33,7%) foram classificadas na categoria "Portugal - Brasil" e 37 peças (43%) foram classificadas na categoria "Brasil em Portugal", ou seja, a maior parte da informação que surgiu na imprensa portuguesa e que envolveu os dois países dizia respeito à "vivência do Brasil em Portugal", embora este dado seja distorcido pelos números d'O Correio da Manhã e do Jornal de Notícias.
Tabela 5
Ponto de vista dominante/tendencial das
peças com menção ao Brasil na amostra
(em número de peças e espaço ocupado, em cm2)
|
Jornal de Notícias |
O Correio da Manhã |
Diário de Notícias |
Público |
Expresso |
Visão |
Grande Reportagem |
Total |
36 100% 16.249 100% |
42 100% 10.206 100% |
57 100% 11.364 100% |
34 100% 8.825 100% |
14 100% 6.265 100% |
20 100% 5.362 100% |
10 100% 23.035 100% |
Peças neutras |
12 33,3% 9.286 57,1% |
18 42,8% 3.610 35,4% |
11 19,3% 1.322 11,6% |
6 17,6% 1.634 18,5% |
8 57,1% 3.278 52,3% |
8 40% 1.797 33,5% |
4 40% 6.364 27,6% |
Positivo para o Brasil |
12 33,3% 1.754 10,8% |
9 21,4% 2.914 28,5% |
20 35,1% 3.807 33,5% |
15 44,1% 4.098 46,4% |
2 14,3% 622 9,9% |
7 35% 1.733 32,3% |
1 10% 3.312 14,4% |
Negativo para o Brasil |
4 11,1% 2.227 13,7% |
7 16,7% 884 8,7% |
15 26,3% 2.518 22,2% |
9 26,5% 799 9% |
2 14,3% 500 8% |
4 20% 916 17,1% |
4 40% 13.248 57,5% |
Positivo para as relações Portugal-Brasil |
7 19,4% 2.641 16,3% |
7 16,7% 1.611 15,8% |
11 19,3% 3.717 32,7% |
3 8,8% 2.073 23,4% |
2 14,3% 1.865 29,8% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Negativo para as relações Portugal-Brasil |
1 2,8% 341 2,1% |
1 2,4% 1.187 11,6% |
0 0% 0 0% |
1 2,9% 221 2,5% |
0 0% 0 0% |
1 5% 916 17,1% |
1 10% 111 0,5% |
Nota: os dois primeiros números de cada célula dizem respeito ao número
de peças e à respectiva percentagem; o terceiro e o quarto números de cada
célula dizem respeito ao espaço ocupado pelas peças e respectiva percentagem.
A análise da tabela 5 permite dizer que, tendo em consideração a amostra, e com excepção do que sucede na Grande Reportagem, a maioria das peças publicadas na imprensa portuguesa de grande circulação com informação relativa ao Brasil foi tendencialmente neutra ou positiva para o Brasil ou para as relações entre Portugal e o Brasil. Em concreto, tomando o número de peças na sua globalidade, 31% das peças evidenciavam um ângulo tendencialmente positivo para o Brasil e 14,1% evidenciavam um ângulo tendencialmente positivo para as relações entre Portugal e o Brasil, enquanto apenas 21% das peças eram tendencialmente negativas para o Brasil e 6% eram tendencialmente negativas para as relações entre Portugal e o Brasil (27,9% das peças eram tendencialmente neutras ou equilibradas). Portanto, na minha análise, pode não só dizer-se que a imagem que a imprensa portuguesa transmite do Brasil foi predominantemente positiva como também que essa imagem beneficiou as relações entre os dois países[32].
As peças que enfatizavam uma visão tendencialmente
negativa sobre o Brasil diziam respeito a realidades como as condições de vida
nas prisões, os protestos do MST, a instabilidade cambial, o desemprego no
Estado de São Paulo, etc.; pelo contrário, as peças que enfatizavam uma visão
tendencialmente positiva do Brasil diziam respeito à produção de conteúdos
culturais (principalmente música), à capacidade que o governo brasileiro
mostrava de controlar a crise económica, etc.
Peças que abordavam feiras, investimentos, acordos luso-brasileiros,
etc. foram consideradas como sendo tendencialmente positivas para as relações
entre os dois países.
Tabela 6
Secção de inserção das peças sobre o Brasil
e Brasil – Outros Países na amostra
(em número de peças e espaço ocupado, em cm2)
|
Jornal de Notícias |
O Correio da Manhã |
Diário de Notícias |
Público |
Expresso |
Visão |
Grande Reportagem |
Total |
16 100% 11.023 100% |
26 100% 5.671 100% |
35 100% 6.950 100% |
22 100% 5.189 100% |
8 100% 2.483 100% |
13 100% 3.508 100% |
7 100% 22.344 100% |
Destaque |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
3 8,6% 963 13,9% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Internacional |
3 18,75% 1.204 10,9% |
4 15,4% 185 3,3% |
3 8,6% 612 8,8% |
5 22,7% 1.338 25,8% |
2 25% 500 20,1% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Economia |
3 18,75% 2.209 20% |
0 0% 0 0% |
13 37,1% 1.696 24,4% |
6 27,3% 1.615 31,1% |
3 37,5% 754 30,4% |
3 23,1% 498 14,2% |
0 0% 0 0% |
Desporto |
6 37,5% 5.830 52,9% |
9 34,6% 3.190 56,2% |
4 11,4% 1.378 19,8% |
2 9,1% 499 9,6% |
0 0% 0 0% |
1 7,6 302 8,6% |
0 0% 0 0% |
Cultura, espectáculos,
TV, etc. |
4 25% 1.780 16,2% |
11 42,3% 2.188 38,6% |
6 17,1% 1.506 21,7% |
7 31,9% 1.422 27,4% |
1 12,5% 312 12,6% |
3 23,1% 1.049 29,9% |
0 0% 0 0% |
Páginas editoriais |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Sociedade |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
4 11,4% 593 8,5% |
1 4,5% 210 4% |
1 12,5% 607 24,4% |
3 23,1% 711 20,3% |
0 0% 0 0% |
Outra secção/ suplementos |
0 0% 0 0% |
2 7,7% 108 1,9% |
2 5,7% 202 2,9% |
1 4,5% 105 2% |
1 12,5% 310 12,5% |
3 23,1% 948 27% |
7 100% 22.344 100% |
Nota: Embora a revista Grande
Reportagem possua secções fixas, elas não coincidem com as secções dos
restantes periódicos analisados. A
maior parte das peças que a revista publica insere-se nas secções “Reportagem”
ou “Viagem”, que ocupam a maior parte de cada número da Grande Reportagem. Daí que
a totalidade das peças tenha sido classificada na categoria “Outra secção”.
Nota: os dois primeiros números de cada célula dizem respeito ao número
de peças e à respectiva percentagem; o terceiro e o quarto números de cada
célula dizem respeito ao espaço ocupado pelas peças e respectiva percentagem.
Tabela 7
Secção de inserção das peças sobre Brasil –
Portugal na amostra
(em número de peças e espaço ocupado, em cm2)
|
Jornal de Notícias |
O Correio da Manhã |
Diário de Notícias |
Público |
Expresso |
Visão |
Grande Reportagem |
Total |
20 100% 5.226 100% |
16 100% 4.535 100% |
22 100% 4.414 100% |
12 100% 3.636 100% |
6 100% 3.782 100% |
7 100% 1.854 100% |
3 100% 691 100% |
Destaque |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
3 13,6% 1.026 23,2% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 14,3% 280 15,1% |
0 0% 0 0% |
Interna-cional |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
2 33,3% 968 25,6% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Economia |
3 15% 1.167 22,3% |
4 25% 1.740 38,4% |
3 13,6% 695 15,7% |
4 33,3% 1.446 39,8% |
3 50% 2.095 55,4% |
3 42,9% 1.098 59,2% |
0 0% 0 0% |
Desporto |
10 50% 2.314 44,3% |
0 0% 0 0% |
3 13,6% 889 20,1% |
1 8,3% 608 16,7% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Cultura, espectáculos,
TV, etc. |
6 30% 771 14,7% |
11 68,8% 2.698 59,5% |
8 36,4% 1.232 27,9% |
4 33,3% 680 18,7% |
1 16,7% 719 19% |
1 14,3% 423 22,8% |
0 0% 0 0% |
Páginas editoriais |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 33,3% 111 16,1% |
Sociedade |
0 0% 0 0% |
1 6,2% 97 2,1% |
0 0% 0 0% |
3 25% 902 24,8% |
0 0% 0 0% |
2 28,5% 53 2,8% |
0 0% 0 0% |
Outra secção/ suplementos |
1 5% 974 18,6% |
0 0% 0 0% |
5 22,7% 572 13% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
2 66,7% 580 83,9% |
Nota: Embora a revista Grande
Reportagem possua secções fixas, elas não coincidem com as secções dos
restantes periódicos analisados. Daí os
resultados serem algo atípicos.
Quanto à secção de inserção de peças sobre o Brasil e Brasil – Outros Países, notei que existiu um número de peças inferior ao que esperava na secção Internacional. O destaque dado à informação sobre Cultura, TV e Espectáculos em todos os jornais, à excepção do Expresso e da revista Grande Reportagem, demonstra, na minha opinião, a capacidade de penetração dos produtos culturais brasileiros em Portugal e o interesse (jornalístico e do público) que existe sobre esses mesmos produtos (desde as telenovelas aos programas do Ratinho ou da Tiazinha).
O JN é um jornal “popular” que tradicionalmente privilegia a informação desportiva, particularmente o futebol (além da informação local); portanto, o destaque dado neste jornal ao desporto brasileiro corresponde ao esperado. O mesmo se pode dizer do "popular" Correio da Manhã. Os jornais de referência Público, Expresso e Diário de Notícias, bem como a revista Visão, conforme esperava, dão menos destaque aos conteúdos desportivos.
A importância actual da economia brasileira, num contexto simultâneo de globalização e de formação de grandes organizações de mercado (neste caso, o Mercosul), reflectiu-se no destaque dado à informação económica com menção ao Brasil, com excepção do "popular" Correio da Manhã e da revista mensal de grandes reportagens Grande Reportagem, que não possui, sequer, uma secção regular de economia (a maior parte dos conteúdos da GR insere-se nas secções genéricas "Reportagem" e "Viagem").
O Diário de Notícias foi o único jornal a incluir na secção Destaque três peças sobre o Brasil. Um tanto ou quanto estranhamente, nenhum dos jornais analisados fez referência ao Brasil nas páginas editoriais, tradicionalmente usadas para veiculação de opinião e análises.
As peças com informação simultânea sobre Brasil e Portugal tiveram uma distribuição algo semelhante à das peças sobre o Brasil e Brasil - Outros Países nos órgãos de comunicação analisados, provavelmente pelos mesmos motivos. A natural excepção refere-se à inserção de peças na secção Internacional, que foi, logicamente, maior para a informação sobre o Brasil e Brasil - Outros Países. Ainda assim, julgava que a actual estratégia de internacionalização da economia portuguesa, parcialmente direccionada para o Brasil, gerasse um maior volume de informação na área económica, apesar de esta ser relevante em todos os jornais (embora o Diário de Notícias tenha inserido menos informação na secção de economia do que eu supunha que acontecesse).
É ainda de referir que os dados recolhidos, pondere-se o número de peças ou o espaço informativo por elas ocupado, apontam no sentido das mesmas conclusões genéricas que se extraíram da análise à informação sobre Brasil - Outros Países, ou seja, notou-se, efectivamente, com excepção da Grande Reportagem, um destaque relativo à informação sobre Cultura, TV e Espectáculos, hipoteticamente devido ao interesse que a produção cultural brasileira desperta entre nós, e um destaque claro do fenómeno desportivo no Jornal de Notícias, provavelmente numa tentativa de correspondência ao sistema de expectativas do seu público.
Tabela 8
Tema específico dominante da informação
sobre o Brasil e Brasil – Outros Países na amostra
(em número de peças e espaço ocupado em cm2)
|
Jornal de Notícias |
O Correio da Manhã |
Diário de Notícias |
Público |
Expresso |
Visão |
Grande Reportagem |
Total |
16 peças 11.023 cm2 100% |
26 peças 5.671 cm2 100% |
35 peças 6.950 cm2 100% |
22 peças 5.189 cm2 100% |
8 peças 2.483 cm2 100% |
13 peças 3.508 cm2 100% |
7 peças 22.344cm2 100% |
Relações políticas e diplomáticas Brasil - ONU |
1 6,25% 480 4,4% |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
Conflitos ou crises internas, manifestações |
2 12,5% 724 6,6% |
- |
1 2,9% 78 1,1% |
4 13,6% 1.059 20,4% |
1 12,5% 265 10,7% |
- |
- |
Nomeações, mudanças no Governo, projectos
do Governo, personalidades do
Governo |
1 6,25% 250 2,3% |
- |
- |
1 4,5% 279 5,4% |
- |
2 15,4% 344 9,8% |
- |
Outros temas políticos, legislação |
1 6,25% 476 4,2% |
- |
1 2,9% 170 2,4% |
- |
- |
1 7,7% 304 8,7% |
- |
Relações económicas Brasil-EUA |
- |
- |
3 8,5% 183 2,6% |
- |
- |
- |
- |
Relações económicas Brasil-Outros países |
- |
- |
5 14,2% 424 6,1% |
- |
1 12,5% 310 12,5% |
- |
- |
Questões monetárias: taxas de câmbio,
taxas de juro, etc. |
1 6,25% 405 3,7% |
- |
3 8,5% 522 7,5% |
2 9,1% 732 14,1% |
1 12,5% 192 7,7% |
- |
- |
Investimentos ou fluxos de capital, fusões e aquisições, bolsa,
dividendos, lucros das empresas |
- |
- |
1 2,9% 501 7,2% |
3 13,6% 594 11,4% |
- |
1 7,7% 110 3,1% |
- |
Problemas económicos |
- |
1 3,8% 36 0,6% |
1 2,9% 81 1,1% |
- |
- |
1 7,7% 226 6,4% |
- |
Outros tópicos económicos positivos ou neutros |
- |
- |
1 2,9% 218 3,1% |
1 4,5% 289 5,6% |
2 25% 562 22,6% |
1 7,7% 462 13,2% |
- |
Problemas sociais em geral, MST e reforma agrária, vida nas favelas |
- |
1 3,8% 108 1,9% |
- |
- |
- |
- |
1 14,3% 4.968 22,2% |
Problemas da justiça, vida nas prisões, corrupção e compadrio na
justiça |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
1 14,3% 4.416 19,8% |
Pornografia infantil |
- |
- |
1 2,9% 196 2,8% |
- |
- |
- |
- |
Crimes e delitos de grande dimensão, assassinatos |
- |
1 3,8% 40 0,7% |
1 2,9% 44 0,6% |
1 4,5% 210 4% |
1 12,5% 235 9,5% |
- |
- |
Tráfico de droga |
- |
1 3,8% 34 0,6% |
- |
_ |
- |
- |
- |
Êxitos na luta contra o tráfico de droga, prisões de traficantes,
campanhas contra o tráfico de droga |
- |
1 3,8% 75 1,3% |
1 2,9% 182 2,6% |
_ |
- |
- |
- |
Grandes acidentes e catástrofes, incêndios, queimadas |
- |
- |
1 2,9% 217 3,1% |
- |
- |
- |
- |
Artes plásticas, artesanato, arquitectura, exposições de arte |
- |
1 3,8% 43 0,8% |
- |
_ |
- |
- |
- |
Espectáculos multifacetados |
- |
1 3,8% 33 0,6% |
- |
- |
- |
- |
- |
Espectáculos musicais, músicas e músicos, concertos |
2 12,5% 1.780 16,1% |
1 3,8% 52 0,9% |
5 14,2% 1.210 17,4% |
1 4,5% 225 4,3% |
- |
- |
|
Literatura, escritores, críticas e
tertúlias literárias, exposições e feiras do livro |
- |
1 3,8% 34 0,6% |
1 2,9% 296 4,2% |
5 22,7% 1.202 23,2% |
- |
- |
- |
Teatro, cinema, actores |
- |
- |
- |
- |
1 12,5% 312 12,6% |
2 15,4% 449 12,8% |
- |
Telenovelas, actores de telenovelas |
- |
8 30,8% 2.026 35,7% |
2 5,7% 577 8,3% |
- |
- |
- |
- |
Outros temas de TV, rádio, etc. |
- |
- |
1 2,9% 386 5,5% |
- |
- |
- |
1 14,3% 3.312 14,8% |
Turismo, locais turísticos, viagens |
2 12,5% 1.078 9,8% |
- |
- |
- |
- |
1 7,7% 510 14,5% |
1 14,3% 3.312 14,8% |
Futebol, futebolistas |
6 37,5% 5.830 55,9% |
6 23,1% 2.351 41,5% |
2 5,7% 417 6% |
2 9,1% 499 9,6% |
1 12,5% 607 24,4% |
1 7,7% 302 8,6% |
- |
Outros desportos, outros desportistas |
- |
3 11,6% 839 14,8% |
3 8,5% 961 13,8% |
2 9,1% 100 1,9% |
- |
- |
- |
Religiões tradicionais, religiosos |
- |
- |
- |
- |
- |
1 7,7% 600 17,1% |
2 28,5% 4.128 18,5% |
Novas religiões, seitas, IURD |
- |
- |
- |
- |
- |
1 7,7% 150 4,3% |
- |
Assuntos de interesse humano não classificáveis noutras categorias |
- |
- |
1 2,9% 287 4,1% |
- |
- |
1 7,7% 51 1,5% |
- |
História do Brasil, visões globais e
actuais do Brasil |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
1 14,3% 2.208 9,9% |
Nota 1: Nota 1: o primeiro valor em cada célula refere-se ao número de
peças, sendo seguido pela respectiva percentagem; o terceiro valor refere-se ao
espaço ocupado pelas peças, em cm2, sendo seguido pela respectiva
percentagem.
Tabela 9
Tema específico dominante da informação
sobre Brasil - Portugal na amostra
(em número de peças e espaço ocupado em cm2)
|
Jornal de Notícias |
O Correio da Manhã |
Diário de Notícias |
Público |
Expresso |
Visão |
Grande Reportagem |
Total |
20 5.226 cm2 100% |
16 4.535 100% |
22 4.414 100% |
12 3.636 100% |
6 3.782 100% |
7 1.854 100% |
3 691 100% |
Relações políticas e diplomáticas Brasil-Portugal (visão positiva ou
neutra), cimeiras, reuniões |
- |
- |
- |
- |
1 16,7% 413 10,9% |
- |
- |
Emigrantes portugueses no Brasil (visão positiva ou neutra) |
- |
- |
1 4,55% 90 2% |
- |
- |
- |
- |
Fugas de criminosos para Portugal |
- |
- |
- |
1 8,3% 240 6,6% |
- |
- |
- |
Relações macro-económicas Brasil-Portugal e UE-Mercosul |
- |
- |
- |
- |
1 16,7% 968 25,6% |
- |
- |
Investimentos ou fluxos de capital, fusões e aquisições,
dividendos, lucros das empresas |
1 5% 310 5,9% |
3 18,75% 553 12,2% |
2 9,1% 200 4,6% |
3 25% 1.225 33,7% |
2 33,3% 1.127 29,8% |
3 42,8% 1.098 59,2% |
- |
Outros tópicos económicos positivos ou
neutros |
1 5% 857 16,4% |
1 6,25% 1.187 26,2% |
2 9,1% 278 6,3% |
1 8,3% 221 6,1% |
- |
- |
- |
Outros tópicos económicos negativos |
- |
- |
1 4,55% 217 4,9% |
- |
- |
- |
- |
Futebol e futebolistas |
8 40% 1.674 32% |
- |
3 13,6% 633 14,4% |
1 8,3% 608 16,7% |
- |
- |
- |
Outros desportos e outros desportistas |
2 10% 640 12,2% |
- |
1 4,55% 256 5,8% |
- |
- |
- |
- |
Comemoração dos 500 anos da descoberta do Brasil |
- |
1 6,25% 97 2,1% |
3 13,6% 598 13,5% |
1 8,3% 230 6,3% |
1 16,7% 555 14,7% |
1 14,3% 280 15,1% |
2 66,6% 139 20,1% |
Ciências sociais e humanas, acções de
ciência (congressos...) |
- |
- |
- |
1 8,3% 182 5% |
- |
- |
- |
Cinema, teatro, actores, problemas do
cinema e dos actores |
2 10% 247 4,7% |
1 6,25% 332 7,3% |
1 4,55% 317 7,2% |
- |
- |
- |
1 33,3% 552 79,9% |
Músicos, músicas, espectáculos e
concertos |
3 15% 424 8,1% |
6 37,5% 1.562 34,4% |
4 18,2% 1.253 28,4% |
2 16,7% 277 7,6% |
- |
- |
- |
Literatura, escritores, críticas e
tertúlias literárias, livros, exposições e feiras do livro |
2 10% 974 18,6% |
- |
1 4,55% 187 4,2% |
1 8,3% 221 6,1% |
- |
1 14,3% 25 1,4% |
- |
Espectáculos multifacetados,
grandes festas, festivais |
- |
2 12,5% 687 15,1% |
1 4,55% 120 2,7% |
- |
1 16,7% 719 19% |
- |
- |
TV, rádio, etc. |
- |
2 12,5% 117 2,5% |
1 4,55% 215 4,9% |
1 8,3% 1.432 39,4% |
- |
1 14,3% 423 22,8% |
- |
Moda, desfiles |
1 5% 100 1,9% |
- |
1 4,55% 50 1,1% |
- |
- |
- |
- |
Assuntos de interesse humano não classificáveis noutras categorias |
- |
- |
- |
- |
- |
1 14,3% 28 1,5% |
- |
Nota 1: o primeiro valor em cada célula refere-se ao número de peças,
sendo seguido pela respectiva percentagem; o terceiro valor refere-se ao espaço
ocupado pelas peças, em cm2, sendo seguido pela respectiva
percentagem.
A distribuição da
matéria informativa pelos temas específicos da informação (tabelas 8 e 9)
confirma, no essencial, as conclusões genéricas que já extraí dos dados
expostos nas tabelas 6 e 7.
Inclusivamente, se procedermos a uma contabilização dos totais de todos
os órgãos jornalísticos estudados por categoria, verificamos que os conteúdos
principais da informação sobre o Brasil se podem inscrever nas grandes áreas
temáticas da produção cultural (24,5% das peças - 7,9% sobre telenovelas, 7,9% sobre
literatura e artes e 7,1% sobre música), economia e negócios (22,8%), futebol
(14,2%) e política e diplomacia (12,6%); quase da mesma maneira, os conteúdos
com referência simultânea ao Brasil e a Portugal podem inscrever-se nas grandes
áreas temáticas da produção cultural (41,9% das peças - 11,6% sobre
telenovelas, 10,5% sobre música, 9,3% sobre literatura), economia e negócios
(24,4%), futebol (13,9%), 500 anos do descobrimento do Brasil (10,5%) e outros
desportos (9,3%).
A análise das
tabelas 8 e 9 permite também descobrir que existe alguma diversidade temática
entre os jornais e revistas analisados, no que respeita à informação sobre o
Brasil, sobre Brasil - Outros Países e mesmo sobre Brasil - Portugal.
Em concreto, a
tabela 8 revela que o Diário de Notícias, com informação distribuída por
dezanove categorias, foi o jornal que abordou mais tópicos informativos,
apresentando, portanto, um índice de diversidade temática superior aos
restantes órgãos de comunicação social, pelo menos no que respeita à informação
sobre o Brasil e Brasil - Outros Países. O DN é seguido pelo Correio da Manhã (informação
distribuída por doze categorias), Visão (informação distribuída por onze
categorias), Público (informação distribuída por dez categorias), Jornal
de Notícias (informação distribuída por oito categorias), Expresso
(informação distribuída por sete categorias) e Grande Reportagem
(informação distribuída por seis categorias).
Se em relação à Grande Reportagem o resultado não me parece
surpreendente, já que a revista publica, como o seu próprio nome indica,
grandes reportagens, surgindo poucas peças em cada número, no que respeita à
imprensa diária e semanal os resultados relativos à diversidade temática são
inferiores aos que eu esperava, em especial nos casos do Público e do Expresso.
Prosseguindo com
a análise dos dados expostos na tabela 8, referente à informação sobre o Brasil
e Brasil - Outros Países,
parece-me ser possível afirmar o seguinte:
· Revelando a importância que a economia
brasileira tem para o mundo e para Portugal, em época de globalização e de
internacionalização das empresas portuguesas, os temas políticos foram menos
destacados do que os temas económicos, com excepção do Correio da Manhã
(que pouco abordou uns ou outros, preferindo dirigir a sua atenção, enquanto
jornal assumidamente "popular", para as telenovelas, etc.), da
revista Visão (onde se notou um equilíbrio entre os temas políticos e os
económicos) e da Grande Reportagem (que também não se referiu a política
nem a economia, preferindo direccionar-se essencialmente para temas sociais e
turísticos susceptíveis de constituir matéria para grandes reportagens);
· O news item "conflitos e crises
internas" só foi particularmente destacado no jornal Público, o que
demonstra que a imprensa portuguesa de grande circulação não trata o Brasil
como um país instável, nomeadamente se excluirmos os aspectos económicos da
questão;
· Correspondendo às minhas expectativas, no
campo da informação desportiva, e com a excepção do Diário de Notícias e
da Grande Reportagem (que nem sequer toca no tema), o futebol é mesmo o
desporto-rei; neste aspecto, é de salientar a prestação já tradicional do Jornal
de Notícias no campo da informação desportiva, sendo acompanhado pelo
"popular" Correio da Manhã;
· Ao contrário do que eu esperava, o tema do
Brasil como país turístico por excelência esteve pouco presente nos jornais
(aliás, só esteve presente no Jornal de Notícias); porém, indo ao
encontro das minhas expectativas, o mesmo não sucedeu nas revistas (magazines) Visão
e Grande Reportagem;
· Temas particularmente negativos para a
imagem do Brasil, como crimes e delitos, prostituição, tráfico de droga, etc.
foram pouco abordados, deixando transparecer que a imprensa portuguesa de
grande circulação não representa o Brasil como um país particularmente
inseguro; porém, a Grande Reportagem, que destacou temas sociais
problemáticos (protestos do MST, vida nas prisões brasileiras, etc.), operou no
sentido contrário, dando uma visão particularmente negativa do Brasil (apesar
de também falar do Brasil como país turístico, mais ainda, como um país que, em
tempos de destruição natural e degradação ambiental, ainda possui um património
natural de inegável valor);
· Embora eu pensasse, inicialmente, que quer a
imprensa diária quer a semanal destacassem os espectáculos musicais das
"estrelas" brasileiras, essa minha expectativa só encontrou
correspondência na imprensa diária; a presença de informação sobre teatro foi
residual (apenas surge na Visão e no Expresso), tal como a
informação sobre literatura, com excepção do Público, que lhe dedicou
bastante relevo;
· Apesar do impacto que as novas
"seitas" ou "religiões", como a IURD, tiveram ou ainda têm
em Portugal, o tema foi pouco abordado na imprensa portuguesa de grande
circulação, ao contrário do que eu esperaria; mas este facto também demonstra,
na minha opinião, que a IURD adoptou um low profile em Portugal, o que
retirou essa Igreja das manchetes dos jornais; o pouco destaque dado a essa
temática será, provavelmente, uma consequência do tema IURD se ter tornado um
assunto, de alguma maneira, "esgotado".
A informação
sistematizada na tabela 9, quando comparada com a da tabela 8, mostra que tende
a existir maior diversidade temática na cobertura de assuntos sobre o Brasil e
Brasil - Outros Países
do que na cobertura de assuntos sobre Brasil - Portugal.
O Diário de Notícias continua a ser o jornal que apresenta maior
diversidade temática na cobertura de assuntos noticiosos que envolvam
simultaneamente Brasil e Portugal.
Todavia, neste jornal a informação sobre Brasil - Portugal
distribuiu-se por apenas treze categorias, menos seis categorias do que na
tabela 8, que respeitava à informação sobre o Brasil e Brasil - Outros
Países. Em matéria de diversidade
temática na cobertura de assuntos sobre Brasil - Portugal, seguem-se o Público
(informação distribuída por nove categorias, menos uma do que anteriormente), o
Jornal de Notícias (informação distribuída por oito categorias, valor de
diversidade temática idêntico ao respeitante à tabela acerca da cobertura
relacionada com o Brasil e Brasil - Outros Países), o Correio da Manhã
(informação distribuída por sete categorias, menos cinco do que sucedeu na
tabela 8), Visão (informação distribuída por cinco categorias, menos
seis do que anteriormente) e Grande Reportagem (que apenas aborda dois
temas -as comemorações
dos 500 anos do "achamento" do Brasil e cinema-, dando pouco
destaque à informação sobre os dois países).
Prosseguindo a
análise dos dados sistematizados na tabela 9, respeitante à informação
jornalística que envolve simultaneamente o Brasil e Portugal, é possível ainda
concluir o seguinte:
· Reflectindo a estratégia de
internacionalização das empresas portuguesas e a importância que a economia
brasileira tem para Portugal, também aqui a informação sobre economia se
sobrepôs à informação sobre política, em toda a imprensa (se ignorarmos a Grande
Reportagem, que não abordou temas políticos ou económicos); aliás, o
semanário Expresso é o único periódico que aborda o tema das relações
políticas e diplomáticas entre Portugal e o Brasil;
· No desporto, também aqui a cobertura do
futebol liderou a informação desportiva, o que é particularmente relevante no Jornal
de Notícias, diário que dá particular destaque ao desporto nas suas
páginas; algo estranhamente, esteve ausente do Correio da Manhã, outro
jornal "popular", informação desportiva que envolvesse
simultaneamente Portugal e o Brasil, mesmo existindo, como existem, tantos
jogadores brasileiros de futebol a jogar em Portugal;
· Com excepção do Jornal de Notícias,
toda a imprensa fez referência, nas datas analisadas, às comemorações dos 500
anos da descoberta do Brasil, que iriam ter lugar no ano seguinte (2000),
embora, em termos relativos, tenha sido providenciada pouca informação acerca
do tema;
· Mais uma vez se nota que é a imprensa diária
que deu maior destaque à informação sobre a música e os músicos brasileiros em
Portugal (e vice-versa), particularmente sobre os espectáculos musicais; Correio
da Manhã, Diário de Notícias e Expresso também se referem a
grandes espectáculos e festas luso-brasileiros de cariz multifacetado;
· Aquilo que literariamente se faz com a
língua que une Portugal e o Brasil constituiu um tema pouco abordado na
imprensa portuguesa; de facto, os assuntos literários luso-brasileiros foram
apenas focados, e com dimensão relativamente reduzida, no Jornal de Notícias,
Diário de Notícias, Público e Visão;
· Os assuntos relacionados com televisão mereceram destaque relativo no Público
e na Visão (onde se abordaram os problemáticos programas do Ratinho e da
Tiazinha, por exemplo), tendo sido também referenciados no Correio da Manhã
(particularmente telenovelas) e no Diário de Notícias.
Tabela 10
Géneros jornalísticos aplicados nas peças
sobre o Brasil e Brasil -
Outros Países na amostra
(em número de peças e espaço ocupado em cm2)
|
Jornal de Notícias |
O Correio da Manhã |
Diário de Notícias |
Público |
Expresso |
Visão |
Grande Reportagem |
Total |
16 11.023
cm2 100% |
26 5.671
cm2 100% |
35 6.950
cm2 100% |
22 5.189
cm2 100% |
8 2.483
cm2 100% |
13 3.508
cm2 100% |
7 22.344
cm2 100% |
Nota/ notícia breve |
4 25% 524 4,7% |
16 61,5% 818 14,4% |
18 51,4% 2.147 30,9% |
15 68,2% 2.364 45,6% |
1 12,5% 192 7,7% |
3 23,1% 454 12,9% |
- |
Notícia desenvolvida ou reportagem |
10 62,5% 7.307 66,3% |
8 30,8% 4.163 73,4% |
7 20% 1.889 27,2% |
6 27,3% 2.270 43,7% |
7 87,5% 2.291 92,3% |
10 76,9% 3.054 87,1% |
7* 100% 22.344* 100% |
Entrevista |
2 12,5% 3.192 29% |
- |
3 8,6% 1.162 16,7% |
- |
- |
- |
- |
Peça de opinião ou análise |
- |
- |
5 14,3% 1.274 18,3% |
1 4,5% 555 10,7 |
- |
- |
- |
Peça documental |
- |
- |
2 5,7% 478 6,9% |
- |
- |
- |
- |
Outro tipo ou tipologia mista |
- |
2 7,7% 690 12,2% |
- |
- |
- |
- |
- |
------------------ |
------------------ |
------------------ |
------------------ |
------------------ |
------------------ |
------------------ |
------------------ |
Peça essencialmente
descritiva ou documental |
16 100% 11.023 100% |
24 92,3% 4.981 87,8% |
28 80% 5.198 74,8% |
21 95,5% 4.634 89,3% |
5 62,5% 1.729 69,6% |
11 84,6% 2.978 84,9% |
1 14,3% 2.208 9,9% |
Peça essencialmente
analítica |
- |
2 7,7% 690 12,2% |
6 17,1% 1.255 18% |
1 4,5% 555 10,7 |
3 37,5% 754 30,4% |
2 15,4% 530 15,1% |
6 85,7% 20.136 90,1% |
Peça essencialmente
opinativa |
- |
- |
1 2,9% 497 7,2% |
- |
- |
- |
- |
*Uma das peças classificadas como reportagens trata-se de um relato
imaginário de um italiano na Amazónia, no século XVII. Portanto, é uma reportagem ficcionada sobre
a história do Brasil, mais concretamente sobre a delimitação das fronteiras do
Brasil na densa floresta tropical.
Tabela 11
Géneros jornalísticos aplicados nas peças
sobre Brasil - Portugal na amostra
(em número de peças e espaço ocupado em cm2)
|
Jornal de Notícias |
O Correio da Manhã |
Diário de Notícias |
Público |
Expresso |
Visão |
Grande Reportagem |
Total |
20 5.
226 cm2 100% |
16 4.535
cm2 100% |
22 4.414
cm2 100% |
12 3.636
cm2 100% |
6 3.782
cm2 100% |
7 1.854
cm2 100% |
3 691
cm2 100% |
Nota/ notícia breve |
1 5% 100 1,9% |
6 37,5% 856 18,9% |
13 59,1% 1.232 27,9% |
10 83,3 1.596 43,9% |
- |
1 14,3% 25 1,4% |
- |
Notícia desenvolvida ou reportagem |
18 90% 4.576 87,8% |
9 56,25% 3.203 70,6% |
5 22,7% 1.097 24,8% |
2 16,7% 2.040 56,1% |
5 83,3% 2.814 74,4% |
5 71,4% 1.801 97,1% |
- |
Entrevista |
1 5% 540 10,3% |
1 6,25% 476 10,5% |
2 9,1% 1.732 39,2% |
- |
- |
- |
- |
Peça de opinião ou análise |
- |
- |
2 9,1% 353 8% |
- |
1 16,7% 968 25,6% |
- |
2 66,6% 139 20,1% |
Crónica |
- |
- |
- |
- |
- |
1* 14,3% 28* 1,5% |
- |
Coluna |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
1 33,3% 552 79,9% |
------------------ |
------------------ |
------------------ |
------------------ |
------------------ |
------------------ |
------------------ |
------------------ |
Peça essencialmente
descritiva ou documental |
20 100% 5.226 100% |
16 100% 4.535 100% |
20 90,9% 4.061 92% |
10 83,3 1.596 43,9% |
5 83,3% 2.814 74,4% |
2 28,6% 305 16,5% |
- |
Peça essencialmente
analítica |
- |
- |
2 9,1% 353 8% |
2 16,7% 2.040 56,1% |
1 16,7% 968 25,6% |
4 57,1% 1.521 82% |
- |
Peça essencialmente
opinativa |
- |
- |
- |
- |
- |
1 14,3% 28 1,5% |
3 100% 691 100% |
*Excerto.
A análise das
tabelas 10 e 11 permitem concluir que a maior parte da informação com menção ao
Brasil na imprensa portuguesa foi constituída, predominantemente, por notícias
e reportagens, havendo relativamente pouco espaço para peças de opinião ou
análise ou mesmo para entrevistas. O
discurso foi, por seu turno, tendencialmente descritivo (84,1% do total de
peças, contra 13,6% tendencialmente analíticas e 2,3% tendencialmente opinativas),
o que contraria a tendência para a análise que autores como Pinto (1997) ou
Barnhurst e Mutz (1997) identificam na imprensa de referência actual. No entanto, existem algumas excepções dignas
de menção, pois apontam no sentido enunciado por Pinto (1997) ou Barnhurst e
Mutz (1997). A Grande Reportagem
assumiu uma vocação essencialmente analítica (na informação sobre o Brasil e
Brasil - Outros Países)
ou opinativa (na informação sobre Brasil - Portugal), embora isso se deva ao facto de
essa revista publicar, quase exclusivamente, grandes reportagens e peças
opinativas. Mas, além da GR, o
semanário Expresso (particularmente no que respeita à informação sobre o
Brasil e Brasil - Outros Países), a revista Visão e o
diário Público (especialmente na informação sobre Brasil - Portugal)
também evidenciaram uma certa tendência para o jornalismo analítico, aliás em
conformidade com o destaque que dão aos temas económicos, que constituem
matéria-prima particularmente querida para a análise jornalística.
Tabela 12
Número total de fontes de informação explícitas
nas peças sobre o Brasil e Brasil -
Outros Países na amostra
|
Jornal de Notícias |
O Correio da Manhã |
Diário de Notícias |
Público |
Expresso |
Visão |
Grande Reportagem |
Número total de fontes |
38 100% |
17 100% |
34 100% |
32 100% |
15 100% |
20 100% |
42 100% |
Fontes portuguesas |
16 42,1% |
4 23,5% |
8 23,5% |
6 18,6% |
6 40% |
8 40% |
6 14,3% |
Fontes brasileiras |
18 47,4% |
10 58,8% |
19 55,9% |
21 65,6% |
8 53,3% |
10 50% |
33 78,6% |
Fontes não identificáveis/fontes
anónimas/ outras fontes |
4 10,5% |
3 17,6% |
7 20,6% |
5 15,6% |
1 6,7% |
2 10% |
3 7,1% |
Tabela 13
Número total de fontes de informação
explícitas nas peças sobre Brasil -
Portugal na amostra
|
Jornal de Notícias |
O Correio da Manhã |
Diário de Notícias |
Público |
Expresso |
Visão |
Grande Reportagem |
Número total de fontes |
36 100% |
19 100% |
23 100% |
37 100% |
11 100% |
15 100% |
5 100% |
Fontes portuguesas |
21 58,3% |
6 31,6% |
10 43,5% |
18 48,6% |
6 54,5% |
8 53,3% |
4 80% |
Fontes brasileiras |
12 33,3% |
6 31,6% |
6 26,1% |
18 48,6% |
5 45,5% |
6 40% |
1 20% |
Fontes não identificáveis/fontes
anónimas/ outras fontes |
3 8,3% |
7 36,8% |
7 30,4% |
1 2,8% |
0 0% |
1 6,7% |
0 0% |
A análise das
tabelas 12 e 13 permite verificar que na informação sobre o Brasil e Brasil - Outros Países a
maior parte das fontes era, naturalmente, brasileira. Em concreto, das 198 fontes, 54 (27,3%) eram portuguesas e 119
(60,1%) era brasileira. Não deixa, no
entanto, de surpreender, com excepção do que sucede na Grande Reportagem
e, com menor intensidade, no Público, o facto de ter sido usado um
número significativo de fontes portuguesas na informação sobre outro(s)
país(es), o que pode deixar antever que a informação sobre o Brasil e Brasil - Outros Países
fabricada pela imprensa portuguesa de grande circulação possui uma faceta
etnocêntrica.
Ao invés, no que
respeita à informação sobre Brasil - Portugal já se compreende melhor o domínio
relativo das fontes portuguesas (73 fontes, representando 50% do total, contra
54 fontes brasileiras, representando 37% do total), devido, provavelmente, à
facilidade de contacto. O Correio da
Manhã e o Público apresentam, inclusivamente, um equilíbrio notório
no que respeita à citação de fontes portuguesas e brasileiras.
Tabela 14
Tipo e relevância das fontes implícitas e
explícitas usadas nas peças sobre o
Brasil e Brasil -
Outros Países na amostra
(número de aparições nas peças e número de
orações atribuídas à fonte)
|
Jornal de Notícias |
O Correio da Manhã |
Diário de Notícias |
Público |
Expresso |
Visão |
Grande Reportagem |
O próprio jornalista, colunista,
colaborador ou correspondente |
44 58,7% 123 62,4% |
34 36,9% 111 49,3% |
46 60,5% 183 61,8% |
33 51,6% 122 67,4% |
21 51,2% 103 71% |
18 33,3% 87 56,9% |
27 29,3% 398 63,8% |
Especialistas ou comentadores (excepto se
integráveis noutras categorias) |
- |
- |
- |
1 1,6% 1 0,5% |
2 4,9% 2 1,4% |
1 1,9% 2 1,3% |
4 4,3% 18 2,9% |
Opinador não regular |
- |
_ |
- |
- |
- |
- |
- |
Governos |
3 4% 9 4,6% |
2 2,2% 3 1,3% |
2 2,6% 4 1,3% |
10 15,6% 19 10,5% |
3 7,3% 5 3,4% |
6 11,1% 13 8,5% |
2 2,2% 3 0,5% |
Funcionário superior |
- |
- |
1 1,3% 1 0,3% |
- |
- |
1 1,9% 1 0,6% |
4 4,3% 14 2,2% |
Partido político no poder |
2 2,7% 5 2,5% |
_ |
- |
2 3,1% 3 1,65% |
- |
- |
- |
Partido político na oposição |
2 2,7% 7 3,55% |
- |
- |
- |
- |
- |
6 6,5% 73 11,7% |
Iniciativa privada, empresários e
industriais, etc. |
- |
6 6,5% 12 5,3% |
5 6,6% 16 5,4% |
5 7,8% 7 3,9% |
2 4,9% 6 4,2% |
8 14,8% 16 10,5% |
- |
Sindicatos, uniões, federações e
confederações sindicais ou de trabalhadores |
- |
_ |
- |
- |
- |
- |
- |
Organismos não governamentais,
organizações da sociedade civil |
- |
1 1,1% 5 2,2% |
- |
- |
- |
- |
4 4,3% 13 2,1% |
Organizações religiosas, religiosos |
- |
5 5,4% 8 3,5% |
- |
- |
- |
2 3,7% 6 3,9% |
6 6,5% 17 2,7% |
Testemunhas, cidadãos comuns, vítimas,
etc. |
- |
_ |
- |
- |
- |
3 5,55% 6 3,9% |
10 10,9% 25 4% |
Não especificadas (anónimas, etc.) |
1 1,3% 1 0,5% |
27 29,3% 35 15,5% |
8 10,5% 11 3,7% |
2 3,1% 3 1,65% |
2 4,9% 3 2,1% |
3 5,55% 4 2,6% |
- |
Outros jornalistas, outros meios de
comunicação, etc. |
2 2,7% 3 1,5% |
6 6,5% 17 7,5% |
1 1,3% 3 1% |
5 7,8% 12 6,6% |
1 2,4% 5 3,4% |
2 3,7% 3 2% |
3 3,4% 6 1% |
Intelectuais, artistas, pessoas
reconhecidas, desportistas, VIPS, etc. |
17 22,6% 38 19,3% |
2 2,3% 5 2,2% |
6 7,9% 61 20,6% |
3 4,7% 7 3,9% |
6 14,6% 14 9,7% |
4 7,4% 6 3,9% |
12 13,1% 20 3,2% |
Escolas, universidades, centros de
investigação, académicos, etc. |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
6 6,5% 14 2,2% |
Organizações multinacionais (Mercosul,
União Europeia, ONU, FMI, CPLP, etc.) |
2 2,7% 4 2% |
1 1,1% 4 1,8% |
- |
- |
- |
- |
- |
Outras fontes |
2 2,7% 7 3,55% |
8 8,7% 29 12,9% |
7 9,2% 17 5,7% |
3 4,7% 7 3,9% |
4 9,8% 7 4,8% |
6 11,1% 9 5,9% |
8 8,7% 23 3,7% |
Total |
75 197 100% |
92 225 100% |
76 296 100% |
64 181 100% |
41 145 100% |
54 153 100% |
92 624 100% |
Nota: o primeiro valor indicado nas células é o número de aparições do
tipo de fonte nas notícias, sendo seguido pela respectiva percentagem; o
terceiro valor refere-se ao número de orações atribuídas ao tipo de fonte nas
notícias, sendo igualmente seguido pela respectiva percentagem.
Nota: por fontes implícitas entendemos todas aquelas que não são
mencionadas explicitamente mas que “estão na notícia”, como o próprio
jornalista que redige a notícia, quando não cita directa ou indirectamente uma fonte.
Tabela 15
Tipo e relevância das fontes implícitas e
explícitas usadas nas peças sobre Brasil -
Portugal na amostra
(número de aparições nas peças e número de
orações atribuídas à fonte)
|
Jornal de Notícias |
O Correio da Manhã |
Diário de Notícias |
Público |
Expresso |
Visão |
Grande Reportagem |
O próprio jornalista, colunista,
colaborador ou correspondente |
33 50% 159 72,9% |
28 29,5% 107 45,7% |
26 49% 99 49% |
23 40,4% 91 54,1% |
15 53,6% 86 72,9% |
12 34,3% 77 60,6% |
3 60% 60 93,75% |
Especialistas ou comentadores (excepto se
integráveis noutras categorias) |
1 1,5% 4 1,8% |
- |
1 1,9% 11 5,4% |
- |
2 7,1% 6 5,1% |
2 5,7% 5 3,9% |
- |
Opinador não regular |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
Governos |
1 1,5% 3 1,4% |
- |
- |
5 8,8% 7 4,2% |
2 7,1% 3 2,5% |
- |
- |
Funcionários superiores |
1 1,5% 3 1,4% |
4 4,2% 4 1,7% |
1 1,9% 4 2% |
4 7% 8 4,8% |
- |
3 8,6% 5 3,9% |
2 40% 4 6,25% |
Partido político no poder |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
Partido político na oposição |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
Iniciativa privada, empresários e
industriais, etc. |
1 1,5% 2 0,9% |
14 14,7% 16 6,8% |
4 7,5% 13 6,4% |
6 10,5% 19 11,3% |
2 7,1% 8 6,8% |
8 22,9% 14 11% |
- |
Sindicatos, uniões, federações e
confederações sindicais ou de trabalhadores |
- |
- |
1 1,9% 1 0,5% |
1 1,7% 1 0,6% |
- |
- |
- |
Organismos não governamentais,
organizações da sociedade civil |
- |
- |
- |
1 1,7% 5 2,9% |
- |
- |
- |
Organizações religiosas, religiosos |
- |
- |
- |
- |
- |
2 5,7% 7 5,5% |
- |
Testemunhas, cidadãos comuns, vítimas,
etc. |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
Não especificadas (anónimas, etc.) |
- |
27 28,4% 81 34,6% |
6 11,3% 6 3% |
- |
1 3,6% 1 0,8% |
2 5,7% 3 2,4% |
- |
Outros jornalistas, outros meios de
comunicação, etc. |
2 3% 2 0,9% |
1 1% 1 0,4% |
4 7,5% 15 7,4% |
3 5,3% 6 3,6% |
- |
- |
- |
Intelectuais, artistas, pessoas
reconhecidas, desportistas, VIPS,
etc. |
26* 39,4%* 44* 20,2%* |
9 9,5% 13 5,6% |
7 13,2% 48 23,8% |
4 7% 21 12,5% |
5 17,9% 11 9,3% |
2 5,7% 7 5,5% |
- |
Escolas, universidades, centros de
investigação, académicos, etc. |
- |
- |
- |
3 5,3% 5 2,9% |
- |
- |
- |
Organizações multinacionais (Mercosul,
União Europeia, ONU, FMI, CPLP, etc.) |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
Outras fontes |
1 1,5% 1 0,5% |
12 12,6% 12 5,1% |
3 5,7% 5 2,5% |
7 12,3% 5 2,9% |
1 3,6% 3 2,5% |
4 11,4% 9 7,1% |
- |
Total |
66 218 100% |
95 234 100% |
53 202 100% |
57 168 100% |
28 118 100% |
35 127 100% |
5 64 100% |
Nota: o primeiro valor indicado nas células é o número de aparições do
tipo de fonte nas notícias, sendo seguido pela respectiva percentagem; o
terceiro valor refere-se ao número de orações atribuídas ao tipo de fonte nas
notícias, sendo igualmente seguido pela respectiva percentagem.
Nota: por fontes implícitas entendemos todas aquelas que não são
mencionadas explicitamente mas que “estão na notícia”, como o próprio
jornalista que redige a notícia, quando não cita directa ou indirectamente uma
fonte.
*Inclui entrevistas às esposas e companheiras dos jogadores do F. C.
Porto.
Pela exploração
dos dados expostos nas tabelas 14 e 15, aliás em correlação com os dados das
tabelas 18 e 19, sou, em primeiro lugar, levado a concluir não só que a maior
parte da informação com menção ao Brasil difundida na imprensa portuguesa de
grande circulação foi de produção própria mas também que os jornalistas que
produzem essa informação foram também os principais protagonistas (ou fontes)
dessa mesma informação. Em concreto, na
informação que respeitou ao Brasil (excluindo Portugal), 45% do total de
aparições de fontes nas notícias e 61,9% do total de orações foram dos
jornalistas; na informação envolvendo Portugal e o Brasil, os jornalistas
contabilizam 41,3% das aparições e 60% das orações. Este facto pode evidenciar uma certa tendência para a
especialização que subjaz ao jornalismo actual, conforme evidenciam autores
como Pinto (1997), pois só jornalistas especializados, com elevado domínio das
matérias de que tratam, podem enveredar por um tipo de jornalismo contraposto
ao "jornalismo de citações" ou "jornalismo de declarações"
(que os norte-americanos, ironicamente, apelidaram de "he said
journalism"). No entanto, os
jornalistas, embora principais fontes da informação que eles mesmo produzem,
não enveredaram pela análise, ficando-se pela descrição (relembrem-se os dados
das tabelas 10 e 11), ao contrário do que sugeririam as pesquisas de Pinto
(1997) ou Barnhurst e Mutz (1997).
Após os
jornalistas, as fontes (e protagonistas) das notícias foram diversificadas,
centrando-se, no entanto, geralmente, nos empresários, nos desportistas e
artistas (em especial, músicos e actores), nos políticos e noutros jornalistas,
aliás conforme se esperaria devido aos estudos que destacam o posicionamento
social dos protagonistas das notícias como um dos critérios de noticiabilidade[33].
Todavia, todas essas fontes estiveram relativamente pouco presentes na
informação, quando comparadas com o protagonismo dos jornalistas que fabricam a
informação. É ainda de salientar que
foi dado reduzido protagonismo, enquanto fontes, aos sindicatos, às escolas e
universidades, às organizações internacionais (mesmo estando o Brasil integrado
no Mercosul e Portugal na União Europeia), aos religiosos e, conforme esperado,
devido ao acesso socialmente estratificado aos media identificado por
numerosos estudos[34], aos cidadãos comuns.
O aspecto que,
contudo, mais estranheza me provocou ao analisar as tabelas 14 e 15 foi a
relativamente elevada percentagem de fontes não especificadas (anónimas, etc.)
usadas pelo jornal O Correio da Manhã, uma vez que este não é conhecido
por ser um jornal que faça do jornalismo de investigação uma bandeira. De facto, embora estudos como o de Pinto
(1997) comprovem que os jornalistas, especialmente no jornalismo político,
recorrem cada vez mais a fontes de todos os escalões hierárquicos das
instituições e à protecção das fontes através do anonimato, estas tendências
não são visíveis nos restantes órgãos de comunicação social analisados, talvez
até porque a política, como vimos, é uma temática menos privilegiada do que
outras, como a economia, na informação sobre o Brasil (incluindo Brasil - Outros Países e
Brasil Portugal). Aliás, o fenómeno é
tanto mais surpreendente quando reparamos que, nos jornais analisados, O
Correio da Manhã não abordou temas políticos na informação com menção ao
Brasil. A investigação que fiz levou-me
a concluir que o fenómeno patente no Correio da Manhã ocorreu porque
algumas das notícias publicadas pelo jornal, nomeadamente aquelas que
respeitam a espectáculos musicais, músicos e telenovelas, por exemplo, são
provenientes de assessorias de imprensa e outros serviços de relações públicas,
sendo publicadas na íntegra, sem identificação da autoria e origem da
mesma. Neste caso, é plausível que
parte relevante da informação possa ser categorizada como tendo origem em
fontes não especificadas.
Tabela 16
Espaços geográficos mencionados na
informação sobre o Brasil e Brasil -
Outros Países na amostra
|
Jornal de Notícias |
O Correio da Manhã |
Diário de Notícias |
Público |
Expresso |
Visão |
Grande Reportagem |
Brasil como um todo |
16 61,5% |
4 13,8% |
18 44% |
34 44,1% |
10 76,9% |
11 55% |
10 26,3% |
Brasília |
1 3,85% |
1 3,4% |
3 7% |
3 3,9% |
1 7,7% |
- |
- |
Rio de Janeiro |
1 3,85% |
7 24,1% |
5 12% |
6 7,8% |
- |
1 5% |
3 7,9% |
São Paulo |
1 3,85% |
15 51,7% |
2 5% |
8 10,4% |
2 15,4% |
1 5% |
8 21% |
Recife |
- |
- |
- |
- |
- |
1 5% |
- |
Fortaleza |
- |
- |
- |
- |
- |
1 5% |
- |
Natal |
1 3,85% |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
Salvador da Baía |
1 3,85% |
- |
- |
6 7,8% |
- |
- |
2 5,3% |
Outra capital estadual |
1 3,85% |
- |
- |
1 1,3% |
- |
1 5% |
2 5,3% |
Outra localidade |
- |
1 3,4% |
- |
6 7,8% |
- |
1 5% |
2 5,3% |
Estados brasileiros individualizados ou
regiões individualizadas |
1 3,85% |
1 3,4% |
- |
- |
- |
1 5% |
10 26,3% |
Vários estados ou várias regiões |
1 3,85% |
- |
- |
1 1,3% |
- |
- |
- |
Outras situações |
2 7,7% |
- |
8 20% |
12 15,6% |
- |
2 10% |
1 2,6% |
Total |
26 100% |
29 100% |
41 100% |
77 100% |
13 100% |
20 100% |
38 100% |
Tabela 17
Espaços geográficos mencionados na
informação sobre Brasil -
Portugal na amostra
|
Jornal de Notícias |
O Correio da Manhã |
Diário de Notícias |
Público |
Expresso |
Visão |
Grande Reportagem |
Brasil como um todo |
8 22,9% |
18 22,78% |
12 30% |
22 25,3% |
5 29,4% |
9 37,5% |
3 50% |
Brasília |
- |
- |
- |
3 3,4% |
- |
- |
- |
Rio de Janeiro |
- |
1 1,27% |
2 5% |
18 20,7% |
2 11,8% |
- |
- |
São Paulo |
2 5,7% |
2 2,5% |
4 10% |
3 3,4% |
1 5,9% |
1 4,2% |
- |
Recife |
- |
1 1,2% |
1 2,5% |
- |
- |
1 4,2% |
- |
Fortaleza |
- |
1 1,2% |
- |
- |
- |
- |
- |
Natal |
1 2,9% |
1 1,2% |
- |
- |
- |
- |
- |
Salvador da Baía |
- |
4 5,1% |
- |
2 2,3% |
- |
- |
- |
Outra capital estadual brasileira |
- |
1 1,3% |
- |
1 1,2% |
- |
- |
- |
Outra localidade brasileira |
- |
2 2,5% |
3 7,5% |
2 2,3% |
- |
- |
- |
Estados brasileiros individualizados ou
regiões individualizadas |
2 5,7% |
5 6,3% |
1 2,5% |
- |
- |
- |
- |
Vários estados ou várias regiões |
- |
- |
- |
1 1,2% |
- |
- |
- |
Portugal como um todo |
7 20% |
16 20% |
6 15% |
14 16,1% |
5 29,4% |
8 33,3% |
3 50% |
Lisboa |
2 5,7% |
9 11,4% |
- |
10 11,5% |
2 11,8% |
3 12,5% |
- |
Porto |
3 8,6% |
8 10,2% |
6 15% |
3 3,4% |
1 5,9% |
1 4,2% |
- |
Regiões portuguesas individualizadas |
2 5,7% |
3 3,8% |
1 2,5% |
1 1,2% |
- |
- |
- |
Várias regiões portuguesas |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
Capital de distrito portuguesa |
2 5,7% |
- |
- |
3 3,4% |
- |
- |
- |
Outra localidade portuguesa |
4 11,4% |
7 8,9% |
4 10% |
2 2,3% |
1 5,9% |
1 4,2% |
- |
Outras situações |
2 5,7% |
- |
- |
2 2,3% |
- |
- |
- |
Total |
35 100% |
79 100% |
40 100% |
87 100% |
17 100% |
24 100% |
6 100% |
É possível
verificar, pela análise das tabelas 16 e 17, que, no geral, a informação sobre
o Brasil, sobre o Brasil - Outros Países e sobre Brasil - Portugal
respeitou aos países como um todo. Pela
contabilização dos totais constantes da tabela 16, verifica-se que, na
informação sobre o Brasil e Brasil - Outros Países, as referências ao Brasil como
um todo atingem 42,2%, contra 15,2% de São Paulo, 9,4% do Rio e 4,1% de
Brasília e de Salvador da Baía. Através
da dissecação da tabela 17 verifiquei que, no total, as menções ao Brasil e a
localidades brasileiras atingiram uma percentagem semelhante à das menções a
Portugal e a localidades portuguesas, o que traduz um certo equilíbrio no peso
de cada um dos países na informação sobre os dois países. Aliás, se fizermos a soma das cifras
atingidas, verificaremos que o Brasil como um todo atingiu 25,7% das menções,
contra 20,5% de Portugal como um todo; Lisboa teve 9% das menções, mas o Rio
seguiu-se-lhe de imediato, com 8% das referências geográficas; o Porto teve
7,6% das menções, mas São Paulo atingiu 4,5%.
Estes parecem-me ser os dados mais importantes a reter deste item da
pesquisa.
É também de
salientar que a capital brasileira foi, no global, menos referida do que o Rio
de Janeiro e São Paulo e tão referida quanto Salvador da Baía na informação
sobre o Brasil e Brasil - Outros Países (tabela 16). Este dado decorre, na minha opinião, da
relativa ausência de informação política sobre o Brasil na imprensa portuguesa
de grande circulação, pois o coração político do Brasil é Brasília. Mas também vem demonstrar que, para os
portugueses, o Brasil não se resume ao que se passa em Brasília. Aliás, isso seria praticamente impossível
num país cujo coração industrial palpita em São Paulo, que teve o Rio de
Janeiro como capital histórica (e destino de parte significativa da emigração
portuguesa) e que possui destinos turísticos tão importantes para os
portugueses quanto Salvador da Baía, Recife, Fortaleza ou mesmo Natal. Aliás, é sintomático que três jornais portugueses tenham escolhido o Rio de
Janeiro para localizarem os seus correspondentes (Público, Diário de
Notícias e Expresso) e que apenas o Jornal de Notícias baseie
o seu correspondente em Brasília, enquanto o Correio da Manhã possui
correspondente em São Paulo. O próprio Jornal
de Notícias apenas referenciou Brasília uma vez, que é exactamente o número
de vezes que referencia o Rio de Janeiro e São Paulo, apesar de ter
correspondente em Brasília.
Na informação
sobre Brasil - Portugal
(tabela 17), sucede, em linhas gerais, o mesmo que na restante informação com
menção ao Brasil. No entanto, há que
assinalar que, por comparação, o Rio de Janeiro foi uma cidade
desproporcionadamente referida no Público, talvez por ser aí que o
jornal tem correspondente.
Parece-me ser
igualmente importante assinalar que, no presente caso, a "rede de captura
de acontecimentos" (Tuchman, 1978), na sua vertente geográfica (neste
caso, através dos correspondentes no Brasil), sem sempre determinou a geografia
das notícias. Alguns dos exemplos que
me permitem fazer esta afirmação são os seguintes:
· Apesar do Expresso ter um
correspondente no Rio de Janeiro, apenas duas peças nesse jornal, considerando
ambas as tabelas, referiram essa cidade;
· Apesar de o Jornal de Notícias ter um
correspondente em Brasília, apenas uma peça desse jornal, considerando ambas as
tabelas, referiram a cidade.
Vejamos, agora,
casos em que a "rede de captura de acontecimentos" parece ter
funcionado:
· O Público tem um correspondente no
Rio e esta cidade foi mencionada 18 vezes na informação sobre Brasil - Portugal e seis
vezes na informação sobre o Brasil e Brasil - Outros Países;
· O Diário de Notícias tem também o seu
correspondente no Rio de Janeiro e esta cidade foi mencionada cinco vezes na
informação sobre o Brasil e Brasil - Outros Países e duas vezes na informação
sobre Brasil - Portugal;
· O Correio da Manhã tem o seu correspondente
em São Paulo e esta cidade foi mencionada quinze vezes na informação sobre o
Brasil e Brasil - Outros Países e
duas vezes na informação sobre Brasil - Portugal.
Ainda no que
respeita à "geografia das notícias" que envolvem Portugal e o Brasil,
parece-me que não existe, no que respeita a Portugal, e ao contrário das minhas
expectativas, uma centralização geográfico-noticiosa em Lisboa, capital do
país. Pelo contrário, o Porto, segunda
cidade do país, é quase tantas vezes referido, no global, como Lisboa. Só no Público, sedeado em Lisboa mas
com uma redacção no Porto e uma edição para esta última cidade, se nota uma
desproporção nítida entre as referências a Lisboa (dez) e ao Porto (três). Além dos aspectos referidos, é importante
destacar que várias outras localidades portuguesas são referidas em número
relativamente assinalável.
A Grande
Reportagem constitui um caso à parte na panorâmica da imprensa portuguesa,
até porque, em vez de possuir correspondentes, contrata jornalistas ou agências
de jornalistas locais ou portugueses para a elaboração de grandes reportagens
(por exemplo, quatro das peças da GR estavam assinadas pelo jornalista Mário
Negreiros, que, não faz parte do quadro redactorial). Estas grandes reportagens, provavelmente devido à política
editorial da empresa, não só se realizam em diversos locais como também abordam
sempre temas que possibilitem a efectiva elaboração de grandes reportagens,
vivas e aprofundadas, o que desprivilegiará temáticas como a política ou a
economia, mais susceptíveis de publicação em revistas de informação geral ou de
informação especializada nessas áreas.
Tabela 18
Produção das peças sobre o Brasil e Brasil - Outros Países na amostra
(em número de peças e espaço ocupado em cm2)
|
Jornal de Notícias |
O Correio da Manhã |
Diário de Notícias |
Público |
Expresso |
Visão |
Grande Reportagem |
Jornalista, editorialista, colunista ou
colaborador do jornal em Portugal |
6 37,5% 5.421 49,2% |
7 27% 2.280 40,2% |
26 74% 3.951 56,8% |
6 27,3% 932 18% |
8 100% 2.483 100% |
4 30,8% 992 28,3% |
- |
Jornalista (etc.) do jornal em Portugal +
jornalista (etc.) no Brasil |
- |
- |
- |
- |
- |
2 15,3% 849 24,2% |
- |
Enviado do jornal ao Brasil |
2 12,5% 1.064 9,6% |
- |
3 9% 1.162 16,7% |
1 4,55% 655 12,6% |
- |
1 7,7% 510 14,5% |
2 28,6% 7.176 32,1% |
Correspondente do jornal no Brasil |
4 25% 3.132 28,4% |
5 19,2% 1.349 23,8% |
6 17% 1.837 26,5% |
7 31,8% 1.116 21,5% |
- |
- |
- |
Colaborador do jornal no Brasil |
- |
2 7,7% 537 9,5% |
- |
- |
- |
- |
- |
Jornalista (etc.) do jornal + agências
e/ou outros meios jornalísticos |
- |
1 3,85% 560 9,9% |
- |
- |
- |
- |
- |
Agência Brasileira de Notícias |
- |
1 3,85% 34 0,6% |
- |
- |
- |
- |
- |
Reuters |
- |
- |
- |
2 9,1% 1.188 22,9% |
- |
- |
- |
Outra agência de notícias ou jornalista
do Brasil |
- |
- |
- |
1 4,55% 310 6% |
- |
- |
1 14,3% 3.312 14,8% |
Outros meios jornalísticos mundiais/ internacionais |
- |
1 3,85% 34 0,6% |
- |
- |
- |
- |
- |
Outros meios jornalísticos portugueses
com enviados ao Brasil |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
4* 57,1% 11.856 53,1% |
Outros meios jornalísticos/ outros jornalistas |
- |
- |
- |
- |
- |
2 15,4% 750 21,4% |
- |
Não especificado nem determinável |
4 25% 1.406 12,8% |
9 34,6% 878 15,5% |
- |
5 22,7% 988 19% |
- |
4 30,8% 407 11,6% |
- |
Total |
16 11.023 cm2 100% |
26 5.671 100% |
35 6.950 100% |
22 5.189 100% |
8 2.483 100% |
13 3.508 100% |
7 22.344 100% |
Nota: o primeiro valor em cada célula refere-se ao número de peças,
sendo seguido pela respectiva percentagem; o terceiro valor refere-se ao espaço
ocupado pelas peças, em cm2, sendo seguido pela respectiva
percentagem.
*Estas quatro peças estavam assinadas pelo jornalista Mário Negreiros,
que suponho ser da agência de jornalistas freelance
Lusopress, enviado ao Brasil.
Tabela 19
Produção das peças sobre Brasil - Portugal na amostra
(em número de peças e espaço ocupado em cm2)
|
Jornal de Notícias |
O Correio da Manhã |
Diário de Notícias |
Público |
Expresso |
Visão |
Grande Reportagem |
Jornalista, editorialista, colunista ou
colaborador do jornal em Portugal |
8 40% 1.861 35,6% |
4 25% 2.458 54,2% |
20 90,9% 3.786 85,8% |
4 33,3% 1.505 41,4% |
6 100% 3.782 100% |
4 57,1% 1.521 82% |
3 100% 691 100% |
Jornalista (etc.) do jornal em Portugal +
jornalista (etc.) no Brasil |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
Enviado do jornal ao Brasil |
- |
- |
- |
2 16,7% 851 23,4% |
- |
- |
- |
Correspondente do jornal no Brasil |
1 5% 638 12,2% |
- |
2 9,1% 628 14,2% |
4 33,3% 806 22,2% |
- |
- |
- |
Jornalista (etc.) do jornal + agências
e/ou outros meios jornalísticos |
2 10% 722 13,8% |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
Outra situação (press releases, etc.) |
- |
1 6,25% 54 1,2% |
- |
- |
- |
- |
- |
Não especificado nem determinável |
9 45% 1.283 23,7% |
11 68,75% 2.023 44,6% |
- |
2 16,7% 474 13% |
- |
3 42,9% 333 18% |
- |
Total |
20 5.226 100% |
16 4.535 100% |
22 4.414 100% |
12 3.636 100% |
6 3.782 100% |
7 1.854 100% |
3 691 100% |
Nota: o primeiro valor em cada célula refere-se ao número de peças, sendo
seguido pela respectiva percentagem; o terceiro valor refere-se ao espaço
ocupado pelas peças, em cm2, sendo seguido pela respectiva
percentagem.
Com excepção da Grande
Reportagem, que possui um staff redactorial reduzido e contrata agências de
jornalistas ou jornalistas freelance a título individual, as tabelas 18
e 19 demonstram, no essencial, que a maioria relativa da informação com menção
ao Brasil e com origem identificada foi de produção própria. Ou seja, a imprensa portuguesa de grande
circulação não revelou dependência directa das grandes agências noticiosas ou
de outros meios de informação internacionais para o fabrico de informação
jornalística sobre o Brasil, Brasil - Outros Países e Brasil - Portugal,
embora, provavelmente, a informação fabricada em Portugal tenha resultado,
parcialmente, do tratamento de matéria-prima informativa enviada por essas
agências e meios, de consultas a outros órgãos jornalísticos (inclusivamente na
Internet), da colaboração dos correspondentes no Brasil, etc. Em concreto, 44,9% das peças sobre o Brasil
e Brasil - Outros Países e
57% das peças sobre Brasil - Portugal foram de produção própria mas
também foram produzidas em Portugal, o que pode fundamentar mais solidamente o
argumento de que a visão que é dada do Brasil pela imprensa portuguesa é
parcialmente etnocêntrica. Registe-se,
inclusivamente, que, no total, na informação sobre o Brasil e Brasil - Outros Países
apenas 17,3% das peças foram elaboradas por colaboradores ou correspondentes no
Brasil e apenas 7,1% das peças foram elaboradas por enviados ao Brasil. Do mesmo modo, apenas 8,1% das peças sobre
Brasil e Portugal foram elaboradas por correspondentes ou colaboradores no
Brasil e apenas 2,3% foram elaboradas por enviados ao Brasil. Estes dados também demonstram, na minha
perspectiva, que a actuação dos correspondentes e colaboradores da imprensa
portuguesa no Brasil é limitada.
O protagonismo
directo dos correspondentes e colaboradores dos jornais e revistas portugueses
no Brasil só foi particularmente evidente no caso da imprensa diária e no que
respeita, como é natural, à informação sobre o Brasil e Brasil - Outros Países,
atingindo percentagens que rondam um quarto do espaço informativo com menção ao
Brasil. Com excepção do jornal O
Correio da Manhã, a imprensa diária também usou directamente os seus
correspondentes para o fabrico de informação jornalística respeitante
simultaneamente a Brasil e a Portugal, embora, com excepção do que acontece no Público,
o protagonismo dos correspondentes no fabrico das notícias tenha sido
relativamente reduzido.
É de registar (e,
de alguma forma, de estranhar) que o Expresso, a "instituição"
do jornalismo português, e exclusivamente no que respeita aos jornais que
integraram a amostra, não tenha recorrido directamente ao seu correspondente no
Brasil para o fabrico de informação jornalística.
Tabela 20
Relevância da foto-informação com menção ao
Brasil na amostra
|
Jornal de Notícias |
O Correio da Manhã** |
Diário de Notícias |
Público |
Expresso |
Visão |
Grande Reportagem |
N.º de peças com informação relativa ao
Brasil |
16 |
42 |
57 |
34 |
14 |
20 |
10 |
N.º de fotografias com informação
relativa ao Brasil |
51 |
48 |
36 |
9 |
12 |
15 |
31 |
N.º médio de fotografias com informação
relativa ao Brasil por peça com informação relativa ao Brasil |
3,2* |
1,1 |
0,6 |
0,3 |
0,9 |
1,3 |
3,1 |
Espaço ocupado por informação relativa ao
Brasil (cm2) |
16.249 |
10.206 |
11.364 |
8.825 |
6.265 |
5.362 |
23.035 |
Espaço ocupado por informação fotográfica relativa ao Brasil (cm2) |
4.517 |
4.071 |
4.484 |
1.410 |
2.103 |
729 |
8.194 |
Média do espaço ocupado em cada número por informação fotográfica relativa ao Brasil (cm2) |
173,7* |
203,55* |
172,5* |
54,2 |
175,2 |
60,7 |
683 |
Percentagem do espaço com informação
relativa ao Brasil ocupado por informação fotográfica relativa ao Brasil |
27,8%* |
39,9%* |
39,5%* |
16% |
33,4% |
13,6% |
35,6% |
N.º de fotos e espaço ocupado (cm2) por foto-informação sobre o Brasil e Brasil - Outros Países
(excluindo Portugal) |
33 2.323 |
40 2.759 |
24 3.178 |
3 630 |
6 883 |
10 519 |
31 8.194 |
Percentagem do número de fotos sobre o
Brasil e Brasil -
Outros Países e do espaço por elas ocupado no total de foto-informação relativa ao
Brasil |
64,7% 51,4% |
83,3% 67,8% |
66,7% 70,9% |
33,3% 44,7% |
50% 42% |
66,7% 71,2% |
100% 100% |
N.º de fotos e espaço ocupado (cm2) por foto-informação sobre Brasil -
Portugal |
18 2.194 |
8 1.312 |
12 1.306 |
6 780 |
6 1.220 |
5 210 |
0 0 |
Percentagem do número de fotos sobre
Brasil - Portugal e do espaço
por elas ocupado no total de foto-informação relativa ao
Brasil |
35,3% 48,6% |
16,7% 32,2% |
33,3% 29,1% |
66,7% 55,3% |
50% 58% |
33,3% 28,8% |
0% 0% |
Nota 1: nas células com dois valores, o primeiro refere-se ao número de
fotografias e o segundo ao espaço por elas ocupado ou às percentagens
correlacionadas, também por esta ordem.
Nota 2: foram registadas algumas fotografias como constituindo
informação fotográfica, apesar de o texto acompanhante não ter sido
contabilizado como notícia. É o caso,
por exemplo, das fotografias de alguns dos resumos dos episódios das telenovelas. Como o conteúdo destas fotos foi sempre
inserido na categoria "actores", essa categoria foi bastante
valorizada, em certos jornais, como o Correio da Manhã ou o Jornal de
Notícias. As fotografias de
telenovelas e seus actores foram classificadas como respeitando ao Brasil e
Brasil - Outros Países (excluindo
Portugal), já que se trata de ficção brasileira.
*Ver nota 2.
**Saliento, novamente, que apenas foram analisados vinte números do
jornal O Correio da Manhã. Os dados apenas se referem a esses vinte
números.
Os dados
recolhidos mostram-nos que, com exclusão do Público e da Visão, a
imprensa portuguesa concede um espaço foto-informativo relevante no seio da
informação sobre o Brasil. No caso
concreto desta amostra, 31,4% (25.508 cm2) dos 81.306 cm2
de informação relativa ao Brasil foram ocupados por foto-informação, o que
releva bem a importância da informação visual quando o tema tratado respeita ao
Brasil. Provavelmente, alguns dos temas
mais tratados propiciam-no. Por
exemplo, a produção cultural e o desporto têm como alguns dos seus principais
protagonistas figuras públicas de relevo (actores e músicos famosos,
escritores, etc.) e essas figuras públicas são, frequentemente, os actantes da
informação fotográfica, que, já de si, tende a centrar-se nas pessoas, aliás
conforme as notícias em geral[35].
Pode também
verificar-se, pela análise dos dados, que os periódicos estudados publicaram,
em média, mais do que uma fotografia por peça sobre o Brasil, com exclusão do Diário
de Notícias, do Público e do Expresso. A Visão deu menos espaço do que eu
esperava (já que é uma revista) à foto-informação sobre o Brasil.
Ao contrário do
que eu esperava, devido à maior facilidade de obtenção de fotografias de
produção própria, a difusão foto-informativa sobre o Brasil não foi superior na
informação sobre o Brasil e Portugal.
Pelo contrário, este facto apenas ocorre no Público, já que todos
os restantes periódicos, com exclusão do Expresso (50%), publicaram mais
fotografias sobre o Brasil e Brasil - Outros Países do que sobre Brasil - Portugal. Poder-se-á, assim, concluir que o Brasil é
matéria visualmente apetecível para o jornalismo português, independentemente
de a informação envolver ou não Portugal.
Realce,
finalmente, para a Grande Reportagem, que não inseriu foto-informação
envolvendo simultaneamente o Brasil e Portugal.
Tabela 21
Secção de inserção das fotos sobre o Brasil
e Brasil – Outros Países na amostra
(em número de fotos e espaço ocupado, em cm2)
|
Jornal de Notícias |
O Correio da Manhã |
Diário de Notícias |
Público |
Expresso |
Visão |
Grande Reportagem |
Totais |
33 2.323 100% |
40 2.759 100% |
24 3.178 100% |
3 690 100% |
6 883 100% |
10 519 100% |
31 8.194 100% |
Destaque |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
3 12,5% 170 5,3% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Internacional |
6 18,2% 1.077 46,4% |
0 0% 0 0% |
2 8,3% 185 5,8% |
0 0% 0 0% |
2 33,3% 223 25,2% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Economia |
3 9% 343 14,8% |
0 0% 0 0% |
2 8,3% 353 11,1% |
2 66,7% 587 93,2% |
2 33,3% 315 35,7% |
1 10% 82 15,8% |
0 0% 0 0% |
Desporto |
2 6,1% 217 9,3% |
19 47,5% 1.195 43,3% |
5 20,8% 715 22,5% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 10% 42 8,1% |
0 0% 0 0% |
Cultura, espectáculos,
TV, etc. |
22 66,7% 686 29,5% |
21 52,5% 1.564 56,7% |
8 33,3% 1.262 39,7% |
0 0% 0 0% |
1 16,7% 135 15,3% |
2 20% 230 44,3% |
0 0% 0 0% |
Sociedade |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
3 12,5% 360 11,3% |
0 0% 0 0% |
1 16,7% 210 23,8% |
1 10% 14 2,7% |
0 0% 0 0% |
Outra secção/ suplementos |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 4,2% 133 4,2% |
1 33,3% 43 6,8% |
0 0% 0 0% |
5 50% 151 29,1% |
31 100% 8.194 100% |
Nota: Embora a revista Grande
Reportagem possua secções fixas, elas não coincidem com as secções dos
restantes periódicos analisados. A
maior parte das peças que a revista publica insere-se nas secções “Reportagem”
ou “Viagem”, que ocupam a maior parte de cada número da Grande Reportagem. Daí que
a totalidade das fotos tenha sido classificada na categoria “Outra secção”.
Nota: nas células com quatro números, os dois primeiros dizem respeito
ao número de fotos e à respectiva percentagem; o terceiro e o quarto números
dizem respeito ao espaço ocupado pelas fotos e respectiva percentagem.
Tabela 22
Secção de inserção das fotos sobre Brasil –
Portugal na amostra
(em número de fotos e espaço ocupado, em cm2)
|
Jornal de Notícias |
O Correio da Manhã |
Diário de Notícias |
Público |
Expresso |
Visão |
Grande Reportagem |
Totais |
18 2.194 100% |
8 1.312 100% |
12 1.306 100% |
6 780 100% |
6 1.220 100% |
5 210 100% |
0 0 100% |
Internacional |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
2 33,3% 435 35,7% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Economia |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
2 33,3% 240 30,8% |
3 50% 575 47,1% |
2 40% 43 20,5% |
0 0% 0 0% |
Desporto |
14 77,8% 1.734 79% |
0 0% 0 0% |
1 8,3% 147 % |
1 16,7% 142 18,2% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Cultura, espectáculos,
TV, etc. |
4 22,2% 460 21% |
8 100% 1.312 100% |
7 58,3% 725 % |
1 16,7% 158 20,2% |
1 16,7% 210 17,2% |
2 40% 132 62,8% |
0 0% 0 0% |
Sociedade |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
2 33,3% 240 30,8% |
0 0% 0 0% |
1 20% 35 16,7% |
0 0% 0 0% |
Outra secção/ suplementos |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
4 33,3% 434 % |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Nota: nas células com quatro valores, os dois primeiros números dizem
respeito ao número de fotos e à respectiva percentagem; o terceiro e o quarto
números dizem respeito ao espaço ocupado pelas fotos e respectiva percentagem.
Tabela 23
Conteúdos principais das fotos sobre Brasil
e Brasil - Outros Países na amostra
(em número de fotos e espaço ocupado, em cm2)
|
Jornal de Notícias |
O Correio da Manhã |
Diário de Notícias |
Público |
Expresso |
Visão |
Grande Reportagem |
Totais |
33 2.323 100% |
40 2.759 100% |
24 3.178 100% |
3 630 100% |
6 883 100% |
10 519 100% |
31 8.194 100% |
Governantes, políticos e altos
funcionários |
3 9,1% 324 14% |
0 0% 0 0% |
3 12,5% 193 6,1% |
3 100% 630 100% |
2 33,3% 223 25,2% |
2 20% 118 22,7% |
0 0% 0 0% |
Manifestações e outros protestos
políticos não violentos |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 16,7% 105 11,9% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Agricultores sem terra, MST |
1 3% 136 5,9% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
7 22,6% 1.260 15,4% |
Académicos, cientistas |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
2 8,3% 143 4,5% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Religiosos católicos |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 10% 8 1,5% |
2 6,5% 700 8,5% |
Actividades religiosas católicas |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 4,2% 150 4,7% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 3,2% 150 1,8% |
Entretenimento televisivo não-ficcional,
apresentadores de TV, etc. |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
6 19,4% 1.084 13,2% |
Actores |
21 63,6% 513 22,1% |
16 40% 934 33,8% |
2 8,3% 266 8,4% |
0 0% 0 0% |
1 16,7% 135 15,3% |
2 20% 230 44,3% |
0 0% 0 0% |
Espectáculos de artes do palco |
0 0% 0 0% |
1 2,5% 173 6,3% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Músicos |
0 0% 0 0% |
3 7,5% 267 9,7% |
5 20,8% 910 28,6% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Espectáculos de música |
0 0% 0 0% |
1 2,5% 190 6,9% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Escritores, poetas |
1 3% 173 7,4% |
0 0% 0 0% |
2 8,3% 250 7,9% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Futebolistas |
1 3% 116 4,9% |
15 37,5% 845 30,6% |
3 12,5% 225 7,1% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
2 20% 36 6,9% |
0 0% 0 0% |
Jogos de futebol |
0 0% 0 0% |
2 5% 185 6,7% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Outros desportistas |
0 0% 0 0% |
2 5% 165 6% |
1 4,2% 159 5% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 10% 42 8,1% |
1 3,2% 16 0,2% |
Espectáculos desportivos (excluindo
futebol) |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 4,2% 331 10,4% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Grandes festas e festividades, Carnaval,
etc. |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 4,2% 165 5,2% |
0 0% 0 0% |
1 16,7% 210 23,8% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Moda |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 4,2% 33 1% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Crimes ambientais, desflorestação, etc. |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 3,2% 16 0,2% |
Paisagem urbana (visão neutra) |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
2 20% 85 16,4% |
0 0% 0 0% |
Paisagem urbana degradada |
1 3% 240 10,3% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Turismo: praias |
3 9,1% 343 14,8% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 3,2% 8 0,1% |
Turismo: paisagem urbana, gentes das
cidades |
1 3% 377 16,2% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
9 29% 3.483 42,5% |
Prisões, vida prisional, guardas,
prisioneiros (visão negativa) |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
3* 9,7% 1.474 18% |
Pessoas comuns (visão neutra) |
1 3% 101 4,4% |
0 0% 0 0% |
1 4,2% 108 3,4% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Objectos e produtos de consumo |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 4,2% 245 7,7% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Outros conteúdos |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 16,7% 210 23,8% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Nota: nas células com quatro valores, os dois primeiros números dizem
respeito ao número de fotos e à respectiva percentagem; o terceiro e o quarto
números dizem respeito ao espaço ocupado pelas fotos e respectiva percentagem.
*Inclui a foto de um preso morto no chão.
Tabela 24
Conteúdos principais das fotos sobre Brasil
- Portugal na amostra
(em número de fotos e espaço ocupado, em cm2)
|
Jornal de Notícias |
O Correio da Manhã |
Diário de Notícias |
Público |
Expresso |
Visão |
Grande Reportagem |
Totais |
18 2.194 100% |
8 1.312 100% |
12 1.306 100% |
6 780 100% |
6 1.220 100% |
5 210 100% |
0 0 100% |
Governantes, políticos e altos
funcionários |
1 5,55% 140 6,4% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 16,7% 22 2,8% |
3 50% 640 52,5% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Empresários, gestores |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
2 33,3% 370 30,3% |
2* 40% 46* 21,9% |
0 0% 0 0% |
Encontros, cimeiras, etc. políticas e
diplomáticas |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 16,7% 218 27,9% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Educadores e professores não
universitários |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 8,3% 131 10% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Actores |
1 5,55% 94 4,3% |
8 100% 1.312 100% |
3 25% 476 36,5% |
2 33,3% 240 30,8% |
1 16,7% 210 17,2% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Espectáculos de artes do palco |
1 5,55% 57 2,6% |
0 0% 0 0% |
1 8,3% 46 3,5% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Músicos |
2 11,1% 309 14,1% |
0 0% 0 0% |
3 25% 37 2,8% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 20% 42 20% |
0 0% 0 0% |
Escritores, poetas |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 20% 90 42,9% |
0 0% 0 0% |
Espectáculos de música |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
2 16,7% 318 24,3% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Futebolistas |
7 38,9% 830 37,8% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 16,7% 142 18,2% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Outros desportistas |
3 16,7% 360 16,4% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Jogos de futebol |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 8,3% 147 11,3% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Grandes festas e festividades, Carnaval,
etc. |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 16,7% 158 20,3% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Outros conteúdos |
3** 16,7% 404** 18,4% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 20% 32 15,2% |
0 0% 0 0% |
Nota: nas células com quatro valores, os dois primeiros números dizem
respeito ao número de fotos e à respectiva percentagem; o terceiro e o quarto
números dizem respeito ao espaço ocupado pelas fotos e respectiva percentagem.
*Inclui uma fotografia da empresária Nelma Penteado, que organiza
cursos de strip-tease, tem uma sex-shop, etc.
**Todas as fotografias são da mulher do jogador de futebol Aloísio, do
F. C. Porto.
Os dados
sistematizados nas tabelas 21 a 24 mostram que a foto-informação seguiu,
normalmente, o sentido da informação em geral com referência ao Brasil, pois
tendeu a ser valorizada a informação visual susceptível de reforçar
tematicamente as mensagens escritas.
Por outras palavras, as imagens sobre o Brasil transmitidas aos leitores
pelas fotografias informativas tenderam a reforçar as imagens do Brasil
projectadas pelas mensagens escritas, nomeadamente que o Brasil é um notável
produtor de conteúdos e que os expoentes desses conteúdos são estrelas que vale
a pena conhecer e seguir com atenção; e também que o Brasil é um país de
desportistas, recheado de valores individuais.
Em concreto, no
geral a foto-informação com referência ao Brasil, seja na categoria Brasil - Portugal ou na
categoria Brasil/Brasil - Outros Países, abordou, principalmente, a
produção cultural (produtos e, principalmente, protagonistas). Também foram foto-informativamente
relevantes o desporto (principalmente os seus protagonistas) e a economia. Neste último caso, porém, empresários e
gestores estão, estranhamente, um tanto ou quanto ausentes da informação
económica, sendo, ao invés, concedido protagonismo aos políticos e altos
funcionários. Pode-se mesmo talvez
dizer que, em matéria de foto-informação referente ao Brasil, o território do
político tendeu a sobrepor-se ao território do económico. Isto talvez tenha acontecido porque,
socialmente, talvez ainda esteja vincada a ideia de que o poder político se
sobrepõe ao poder económico, quando, na realidade, na minha opinião, é o poder
económico que, por vezes subrepticiamente, se sobrepõe ao político, ao ponto de
a política, hoje em dia, ser cada vez mais economia. Estranhamente, o jornalismo não vigia o poder económico com o
mesmo afinco que vigia o poder político.
É ainda de
realçar que, por vezes, os conteúdos fotográficos não correspondem totalmente
aos conteúdos textuais. Posso basear-me
no exemplo anterior para justificar a minha asserção. De facto, uma parte das peças sobre economia não suportou
informação fotográfica com os principais protagonistas da área económica, os
empresários e gestores, pois os periódicos concederam o privilégio
fotonoticioso, mesmo na área económica, aos governantes, ainda que o assunto
dissesse respeito a empresas. Do mesmo
modo, o jornal Público, por exemplo, veiculou informação fotográfica
sobre um tema (grandes festas e festividades) que não tem correspondente
textual directa. Neste caso, a
fotografia foi usada mais como suporte ilustrativo e gráfico do que como
veículo de informação jornalística.
Situações um pouco diferentes são as do Jornal de Notícias e do Correio
da Manhã, jornais que inseriram fotografias junto de textos que não foram
contabilizados como notícias, como os resumos de telenovelas. No entanto, as fotografias que acompanhavam
esses textos foram contabilizadas como foto-informação, já que estavam em
espaços informativos e se impõem visualmente ao leitor, sendo o seu conteúdo em
tudo semelhante ao conteúdo de grande parte das restantes fotografias de
notícias (são, principalmente, mug shots). Ou seja, embora não considere o resumo de uma telenovela como uma
notícia, parece-me que faz sentido contabilizar uma fotografia acompanhante
como foto-informação.
Pode-se também
dizer que se assistiu a uma certa personalização da cobertura fotojornalística
dos acontecimentos respeitantes ao Brasil, isto é, os conteúdos fotográficos
foram, em grande medida, constituídos por pessoas. Esta é, aliás, uma tendência do jornalismo actual (Sousa, 1998;
Sousa, 2000). Neste contexto, é
interessante notar como, por vezes, uma única pessoa consegue colocar um país
na cena mediática internacional, como sucedeu com o padre Marcelo Rossi, que
deu uma nova visibilidade à Igreja Católica brasileira. No caso da Grande Reportagem, todas
as fotos de religiosos católicos e de actividades religiosas católicas
tiveram-no a ele como protagonista.
Tabela 25
Produção das fotos sobre Brasil e Brasil - Outros Países na amostra
(em número de fotos e espaço ocupado, em cm2)
|
Jornal de Notícias |
O Correio da Manhã |
Diário de Notícias |
Público |
Expresso |
Visão |
Grande Reportagem |
Totais |
33 2.323 100% |
40 2.759 100% |
24 3.178 100% |
3 630 100% |
6 883 100% |
10 519 100% |
31 8.194 100% |
Produção própria |
2 6,1% 550 23,7% |
- |
9 37,5% 1.335 42% |
0 0% 0 0% |
5 83,3% 671 76% |
- |
- |
Reuter |
- |
2 5% 190 6,9% |
5 20,8% 822 25,9% |
3 100% 630 100% |
- |
3 30% 107 20,6% |
- |
Associated Press |
4 12,1% 636 27,4% |
- |
1 4,2% 155 4,9% |
0 0% 0 0% |
- |
3 30% 160 30,8% |
6 19,4% 1.084 13,2% |
EPA (excluindo Agência Lusa) |
2 6,1% 180 7,7% |
- |
1 4,2% 331 10,4% |
0 0% 0 0% |
- |
- |
1 3,2% 716 8,7% |
Agência Lusa |
- |
- |
1 4,2% 30 0,9% |
0 0% 0 0% |
- |
2 20% 178 34,3% |
3 9,7% 1.474 18% |
Agência fotográfica europeia |
- |
3 7,5% 355 12,9% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
- |
- |
- |
Outros meios jornalísticos portugueses
com enviados ao Brasil |
- |
- |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
- |
- |
9* 29% 1.397 17% |
Outros meios jornalísticos com enviados
ao Brasil |
- |
- |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
- |
- |
9 29% 3.483 42,5% |
Outra proveniência |
21 63,6% 513 22,1% |
- |
3 12,5% 437 13,8% |
0 0% 0 0% |
- |
- |
- |
Não especificado nem determinável |
4 12,1% 444 19,1% |
35 87,5% 2.214 80,2% |
4 16,7% 68 2,1% |
0 0% 0 0% |
1 16,7% 210 24% |
2 20% 74 14,3% |
3 9,7% 40 0,5% |
Nota: nas células com quatro valores, os dois primeiros números dizem
respeito ao número de fotos e à respectiva percentagem; o terceiro e o quarto
números dizem respeito ao espaço ocupado pelas fotos e respectiva percentagem.
*Geralmente quem elabora o texto produz também as fotografias.
Tabela 26
Produção das fotos sobre Brasil - Portugal na amostra
(em número de fotos e espaço ocupado, em cm2)
|
Jornal de Notícias |
O Correio da Manhã |
Diário de Notícias |
Público |
Expresso |
Visão |
Grande Reportagem |
Totais |
18 2.194 100% |
8 1.312 100% |
12 1.306 100% |
6 780 100% |
6 1.220 100% |
5 210 100% |
0 0 100% |
Produção própria |
15 83,3% 1.722 78,5% |
- |
2 16,7% 288 22% |
- |
4 66,7% 1.010 82,8% |
1 20% 90 42,9% |
0 0% 0 0% |
Associated Press |
- |
- |
- |
- |
- |
1 20% 42 20% |
0 0% 0 0% |
Agência Lusa |
- |
- |
1 8,3% 147 11,3% |
- |
0 0% 0 0% |
- |
0 0% 0 0% |
Agência fotográfica portuguesa |
1 5,6% 250 11,4% |
- |
- |
- |
- |
- |
0 0% 0 0% |
Agência fotográfica brasileira |
- |
- |
0 0% 0 0% |
- |
2 33,3% 210 17,2% |
- |
0 0% 0 0% |
Outra proveniência |
- |
- |
6 50% 834 63,9% |
- |
0 0% 0 0% |
- |
0 0% 0 0% |
Não especificado nem determinável |
2 11,1% 222 10,1% |
8 100% 1.312 100% |
3 25% 37 2,8% |
6 100% 780 100% |
0 0% 0 0% |
3 60% 78 37,1% |
0 0% 0 0% |
Nota: nas células com quatro valores, os dois primeiros números dizem
respeito ao número de fotos e à respectiva percentagem; o terceiro e o quarto
números dizem respeito ao espaço ocupado pelas fotos e respectiva percentagem.
Os dados da
tabela 25 mostram que, com exclusão do Expresso e, em certa medida, do Diário
de Notícias, os periódicos portugueses necessitam de contributos externos
para poderem inserir foto-informação sobre o Brasil e Brasil - Outros
Países. Ou seja, ao contrário do que
acontece com a produção de textos, a maioria da foto-informação sobre o Brasil
e Brasil - Outros Países
não é de produção própria. Em concreto,
no total apenas 10,9% (16) das fotografias que aportavam informação sobre o
Brasil e Brasil - Outros Países na amostra foram de produção
própria, o que demonstra bem que a dependência de fornecedores externos é
relativamente elevada. A Reuter, a
Asssociated Press e a EPA foram, no conjunto, responsáveis pela produção de
21,1% da foto-informação sobre o Brasil e Brasil - Outros Países na amostra. As 21 fotografias contabilizadas no JN como
sendo de "outra proveniência" foram as imagens de actores que
acompanhavam os resumos das telenovelas, e que foram extraídas da televisão, ou
seja, são imagens televisivas com movimento travado; parte das fotografias
inseridas no Correio da Manhã com autoria "não especificada nem
determinada" são, igualmente, fotografias de actores de telenovela, mas
não foram extraídas da televisão.
No que respeita à
produção de foto-informação envolvendo simultaneamente o Brasil e Portugal, não
se pode dizer que haja um padrão, pois os periódicos manifestaram
comportamentos diferenciados. Por
exemplo, o Jornal de Notícias e o Expresso apostaram na produção
própria, mas os outros jornais e a revista Visão talvez não. Digo talvez porque uma parte significativa
das fotografias não tinha autor identificado.
Portanto, estas últimas fotografias podem ser de produção própria,
embora não seja possível inseri-las nessa categoria.
No que respeita à
autoria, parece-me que a fotografia tende a ser secundarizada em relação ao
texto. Por exemplo, no Público e
no Correio da Manhã é possível verificar que enquanto a maior parte dos
textos é identificada, nenhuma das fotografias com informação sobre Brasil - Portugal
mereceu que o seu autor fosse identificado.
No entanto, no Público esta situação é atípica, pois o diário
segue uma política de valorização do fotojornalismo e dos fotojornalistas.
Tabela 27
Espaços geográficos fotografados
na informação sobre o Brasil e Brasil - Outros Países na amostra
(em número de fotografias e respectiva
percentagem)
|
Jornal de Notícias |
O Correio da Manhã |
Diário de Notícias |
Público |
Expresso |
Visão |
Grande Reportagem |
Totais |
33 100% |
40 100% |
24 100% |
3 100% |
6 100% |
10 100% |
31 100% |
Brasília |
1 3% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Rio de Janeiro |
0 0% |
10 25% |
2 8,3% |
1 33,3% |
1 16,7% |
1 10% |
0 0% |
São Paulo |
1 3% |
2 5% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
1 10% |
3 9,7% |
Recife |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Fortaleza |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Natal |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Salvador da Baía |
1 3% |
0 0% |
3 12,5% |
1 33,3% |
0 0% |
0 0% |
9 29% |
Outra capital estadual |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Outra localidade |
0 0% |
0 0% |
3 12,5% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
9 29% |
Outras situações |
30 91% |
28 70% |
16 66,7% |
1 33,3% |
5 83,3% |
8 80% |
10 32,3% |
Tabela 28
Espaços geográficos fotografados
na informação sobre Brasil - Portugal na amostra
(em número de fotografias e respectiva
percentagem)
|
Jornal de Notícias |
O Correio da Manhã |
Diário de Notícias |
Público |
Expresso |
Visão |
Grande Reportagem |
Totais |
18 100% |
8 100% |
12 100% |
6 100% |
6 100% |
5 100% |
0 100% |
Brasília |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Rio de Janeiro |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
São Paulo |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Recife |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Fortaleza |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Natal |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Salvador da Baía |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Outra capital estadual brasileira |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Outra localidade brasileira |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Lisboa |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
1 16,7% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Porto |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Capital de distrito portuguesa |
0 0% |
0 0% |
2 16,7% |
1 16,7% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Outra localidade portuguesa |
0 0% |
0 0% |
1 8,3% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Outras situações |
18 100% |
8 100% |
9 75% |
4 66,7% |
6 100% |
5 100% |
0 0% |
As tabelas 27 e
28 mostram que não existe um predomínio geográfico na foto-informação, até
porque a grande maioria das fotografias não diz respeito a espaços mas sim a
pessoas e às suas acções. No entanto, é
interessante assinalar que Salvador da Baía e o Rio de Janeiro foram cidades
bastante fotografadas, provavelmente devido à sua história, ao facto de serem
destinos turísticos importantes para os portugueses e também à força visual das
fotografias aí captadas.
Conclusões
Quando me propus desenvolver este projecto de investigação, disse que o meu objectivo era delinear as imagens actuais do Brasil enquanto indicadores e índices das relações entre Portugal e esse país na transição para um novo século. Disse também que a principal hipótese que procuraria testar no estudo seria a seguinte: se existe, na actualidade, uma convergência de interesses entre Portugal e o Brasil e se existe um aumento recíproco do interesse que os seus habitantes nutrem uns pelos outros, então os meios jornalísticos não poderão deixar de fazer eco dessa situação.
Do meu ponto de vista, os dados que recolhi permitem-me dizer que o objectivo foi atingido e, mais do que isso, que a hipótese foi relativamente comprovada, ou seja, a imprensa portuguesa, embora, em números absolutos, providencie pouca informação sobre o Brasil, em termos relativos difunde uma quantidade de informação significativa, demonstrando, portanto, que existe algum interesse em Portugal por aquilo que o Brasil é, pelo que por lá se passa e pelas relações que os dois povos, unidos por uma língua e antecedentes históricos comuns, podem estabelecer. Além disso, verifiquei que o ponto de vista dominante da informação com menção ao Brasil é tendencialmente positivo para a imagem deste país e também tendencialmente positivo para o desenvolvimento profícuo das relações luso-brasileiras. Em meu entender, este dado contrabalança o facto de os números absolutos de informação com menção ao Brasil na imprensa portuguesa de grande circulação serem inferiores àqueles que pessoalmente eu esperava (embora, em termos relativos, como já disse, a quantidade de informação seja minimamente significante).
Começando pela grande imagem do Brasil projectada pela imprensa portuguesa de grande circulação, parece-me que se pode concluir que a principal ideia transmitida é a de que o Brasil é um país de música, de televisão (mais precisamente de telenovelas mas também de programas como o do Ratinho ou o da Tiazinha) e de futebol[36], mas, mais do que isso, projecta a ideia de que o Brasil é um grande país que tem a capacidade de produzir e exportar (bons) conteúdos musicais e televisivos, (bons) futebolistas e até (bons) pregadores, como o Padre Marcelo Rossi (objecto de várias das peças publicadas). Em segundo lugar, do meu ponto de vista, a imprensa portuguesa de grande circulação projecta a ideia de que o Brasil é um país de oportunidades económicas, cuja economia é extremamente importante, quer no contexto mundial (8ª economia do mundo), quer no que respeita às estratégias de internacionalização das empresas portuguesas.
No campo oposto, o interesse da "grande"
imprensa portuguesa pela política brasileira e mesmo pelas relações políticas
entre os dois países parece-me ser, na minha opinião, quase residual, faltando,
portanto, investir nesta área. Além
disso, faltará também à imprensa portuguesa falar do que pouco fala: as
actividades académicas (nomeadamente os projectos de pesquisa comuns), as
várias facetas da imigração brasileira em Portugal (que vai dos profissionais
qualificadíssimos aos profissionais inqualificados, que se sujeitam a qualquer
tipo de trabalho), os "restantes" produtos culturais em língua
portuguesa, etc. Faltará, inclusivamente,
falar mais das jóias turísticas que o Brasil tem para oferecer, pois, se
excluirmos as revistas Grande Reportagem e Visão (o que seria
provável, devido à sua natureza de "magazines"), verificamos que
apenas o Jornal de Notícias abordou o tema.
O facto de me parecer ter sido provado que o interesse da
imprensa portuguesa de grande circulação passa mais pela economia, pela música,
pela televisão e pelo futebol do que pela política e pelas relações políticas e
diplomáticas entre os dois povos não é uma questão inócua. Se a
imprensa, de alguma forma, representa acontecimentos que sucedem na realidade
e, ao mesmo tempo, indicia o que sucede nessa realidade, ajudando a construir
novos referentes sobre a realidade e participando, ao mesmo tempo, e por
consequência, na construção social da realidade (ou de uma nova realidade
social), parece-me que existe algum perigo numa realidade onde a economia e até
o entretenimento se sobrepõem à política e às grandes questões sociais (e, sob
este prisma, há muito para fazer no Brasil - relembre-se a frase de Fernando Henrique
Cardoso: "O Brasil é um país injusto, não um país pobre"). Creio, inclusivamente, que embora seja
importante para a sociedade "vigiar" e "controlar" o poder
político e o combate político, é tanto ou mais importante "vigiar" e
"controlar" o poder económico, tanto mais que o poder económico e
comercial, tanto quanto o político, também se digladiará nos news media[37].
(Ficará entretanto sem resposta a questão: "quem controla os
jornalistas", uma classe que gosta de escrutinar mas que não gosta de ser
escrutinada? - cf. Pinto e
Sousa, 2000).
De acordo com os
dados expostos, julgo poder dizer que a proximidade (afectiva, linguística,
etc.) se consubstancia, efectivamente, como um critério substantivo de
noticiabilidade no que respeita à informação sobre o Brasil. É essa proximidade que justifica o destaque
noticioso dado a matérias como a música, as telenovelas, a literatura ou mesmo
as actividades do padre Marcelo Rossi.
Ainda a este
mesmo nível dos valores-notícia, a valorização dos interesses nacionais é particularmente
visível, enquanto critério de noticiabilidade, quando se repara no destaque
dado à informação económica que respeita à internacionalização das empresas
portuguesas no Brasil. Neste ponto,
também se imiscui, com evidência, o critério da proximidade. Do mesmo modo, em meu entender são esses
mesmos dois critérios aqueles que mais actuam no sentido de promover a
noticiabilidade das matérias relativas às comemorações dos 500 anos da
descoberta do Brasil. A significância
desse acontecimento dentro do contexto em que está imersa a imprensa portuguesa
valorizou-o a ponto de se tornar notícia.
O número de
pessoas envolvidas nos acontecimentos não me parece que tenha funcionado como
um critério de noticiabilidade de especial importância na hora de determinar o
que era notícia na informação com menção ao Brasil. Opostamente, julgo que o estatuto das personalidades envolvidas
em determinados acontecimentos, nomeadamente no campo musical e futebolístico,
actuou, efectivamente, como um critério de valorização da informação sobre o
Brasil.
Finalmente, julgo
que ficou igualmente demonstrado, de acordo com as perguntas de investigação a
que me propus responder, que:
· Os principais protagonistas e fontes de
informação sobre o Brasil são os próprios jornalistas, o que constituiu uma
surpresa, sendo seguidos por empresários, músicos, desportistas
(particularmente futebolistas) e políticos, bem como, a uma escala bastante
reduzida, por organizações da sociedade civil, sindicatos, organizações
internacionais e, conforme esperado, cidadãos comuns;
· Parte significativa da informação textual é
de produção própria, o que revela que a imprensa portuguesa de grande
circulação não depende directamente de outros órgãos jornalísticos,
particularmente das grandes agências noticiosas e televisões mundiais, pelo
menos no que respeita à produção de informação sobre o Brasil, embora seja de
considerar que entre as fontes primárias consultadas estejam as notícias das
grandes agências, as consultas aos sites de jornais brasileiros, a
consulta aos correspondentes e colaboradores no Brasil, etc.;
· A informação textual sobre o Brasil na
"grande" imprensa portuguesa é predominantemente descritiva, apesar
do protagonismo dos jornalistas enquanto fontes de informação nas notícias sobre
esse país; ou seja, os jornalistas tenderam a não usar o seu protagonismo nas
notícias para analisarem e interpretarem a informação, optando por ficar-se
pela descrição, mais "objectiva" e factualizante, o que pode indiciar
uma táctica defensiva relacionada com o conceito da objectividade como ritual
estratégico, de Tuchman (1978);
· Parte da informação com menção ao Brasil na
imprensa portuguesa de grande circulação é gerada em Portugal, o que pode
indiciar um certo etnocentrismo no fabrico dessa informação;
· A relevância jornalística das peças sobre o
Brasil, tendo em conta a sua ubiquação nos jornais e revistas analisados, é
mais reduzida do que eu esperava, pois a informação surge predominantemente nas
páginas interiores, apesar de, nos jornais e revistas que constituíram a
amostra, ter havido uma chamada pontual à primeira página no Jornal de
Notícias e de existirem algumas notícias nas últimas páginas do Correio
da Manhã e do caderno principal do Expresso;
· As notícias desenvolvidas (tendo em consideração
o espaço que ocupam) são o género jornalístico dominante na informação sobre o
Brasil; assim, se aliarmos a este dado o facto de o discurso sobre o Brasil ser
predominantemente descritivo, verificamos que as notícias desenvolvidas
descritivas constituem a maior parte da informação com menção ao Brasil; ou
seja, valoriza-se a informação nova e factual, mas de uma forma minimamente
aprofundada e com citações directas ou indirectas (paráfrases) dos
protagonistas das notícias;
· Existe algum desequilíbrio geográfico
informativo nas peças com menção ao Brasil, pois, apesar da imensidade do país,
as localidades mais referidas são o Rio de Janeiro (onde três jornais
portugueses sedearam correspondentes) e São Paulo (onde O Correio da Manhã
tem correspondente); este dado demonstra, na minha opinião, que a rede que os
jornais lançam para capturar os acontecimentos, na sua faceta geográfica
(segundo o conceito de Tuchman, 1978), pode ter alguma influência na
noticiabilidade da informação sobre o Brasil, nomeadamente se excluirmos o Jornal
de Notícias que, apesar de ter um correspondente em Brasília, apenas se
refere uma vez à capital brasileira. No
entanto, a maior parte das referências na informação sobre o Brasil
disponibilizada pela imprensa portuguesa de grande circulação diz respeito ao
Brasil como um todo, o que equilibra a situação.
Lendo a nossa
imprensa depois de tratada a informação que ela nos oferece, o Brasil surge,
para os portugueses, como um país simultaneamente próximo e distante, mas um
país que fala a mesma língua e uma terra de oportunidades. Mas Portugal, particularmente enquanto
membro da União Europeia, também transparecerá, para os brasileiros, como uma
terra de oportunidades. Se Portugal
teve algum desígnio histórico, esse desígnio talvez se chame Brasil. Talvez, nesta hora, um dos desígnios do
Brasil, envolvido no Mercosul, orbitando em torno do NAFTA e dos Estados
Unidos, se possa também chamar Portugal...
Bibliografia
BARNHURST,
Kevin G. e MUTZ, Diana (1997) - American journalism and the decline
in event-centered reporting. Journal
of Communication, vol. 47, n.º 1: 27-55.
CHAPARRO, Manuel Carlos (1998) - Sotaques d'Aquém e d'Além Mar. Santarém: Edições Jortejo.
FERREIRA, Giovandro (2000) - O posicionamento discursivo dos jornais A Gazeta e A Tribuna: Uma explicação para entender a evolução das suas tiragens. Texto policopiado da comunicação apresentada ao Grupo de Trabalho sobre Periodismo no V Congresso da Associação Latino-Americana de Investigadores da Comunicação, realizado em Abril de 2000, em Santiago do Chile.
GALTUNG,
J. e RUGE, M. H. (1965) - The
structure of foreign news. Journal
of International Peace Research, n.º 1.
MARQUES DE MELO, José (1972) - Estudos de Jornalismo Comparado. São Paulo: Livraria Pioneira Editora.
MARQUES DE MELO, José; FADUL, Anamaria; ANDRADE, António e GOBBI, Maria Cristina. (1999) - O Mercosul na imprensa do Mercosul. (Projecto de pesquisa). Texto policopiado.
PINTO, Ricardo Jorge (1997) - The Evolution of the Structure of Political Journalism in Four "Quality" Newspapers (1970 - 1995). Tese de doutoramento não publicada, apresentada à Universidade do Sussex, disponível para consulta na biblioteca da Universidade Fernando Pessoa (Porto - Portugal).
PINTO, Ricardo Jorge e SOUSA, Jorge Pedro (2000) - Um retrato sociográfico e socioprofissional dos jornalistas do Porto. In Ricardo Jorge Pinto e Jorge Pedro Sousa (editores) - Cadernos de Estudos Mediáticos I. Porto: Edições Universidade Fernando Pessoa, pp. 9 - 107.
SOUSA, Jorge Pedro (1998) - Fotojornalismo
Performativo -
O Serviço de Fotonotícia da Agência Lusa de Informação. Porto: Edições da Universidade Fernando
Pessoa.
SOUSA, Jorge
Pedro (2000) - As Notícias
e os Seus Efeitos. Coimbra: Minerva
Editora.
SOUSA SANTOS,
Boaventura (2000, 18 de Maio) - Brasília, Portugal. Visão, p. 54.
TUCHMAN, Gaye (1978) - Making
News. A Study in the Construction of
Reality.
New York: The Free Press.
WOLF, Mauro
(1987) - Teorias da Comunicação. Lisboa: Editorial Presença.
Apêndice
Tópicos das
notícias publicadas com menção ao Brasil
Jornal
de Notícias
Data |
Tópicos |
04/01/99 |
Falabella na Europa |
19/01/99 |
Estados brasileiros exigem negociações |
19/01/99 |
Real em flutuação livre/Privatizações aceleram |
19/01/99 |
Marco Aurélio deve partir hoje para Vicenza |
19/01/99 |
Central Marcos já treina com grupo desfalcado |
03/02/99 |
José Sarney na Póvoa sonhadora |
03/02/99 |
Brasil ainda quer mais dos nossos empresários |
18/02/99 |
Homem de Soros no Banco do Brasil |
18/02/99 |
Cidade de Salvador comemora 450 anos |
13/03/99 |
Brasileiros satisfeitos com a experiência/Cássio e companheiros cumpriram rodagem e agora participam no Grande Prémio de Torres Vedras |
28/03/99 |
Chegou a hora de Jardel no "escrete"/Técnico Vanderlei Luxemburgo pode reparar erro de Mário Zagallo. |
28/03/99 |
Brasileiro Leandro assinou pelo Felgueiras |
29/03/99 |
Daniela Mercury vezes cinco já em Abril |
12/04/99 |
BANIF compra PRIMUS |
27/04/99 |
Nordeste brasileiro quer turista português/Capital do Estado do Rio Grande do Norte, Natal, passou a contar com uma ligação directa para Lisboa, através da TAP. |
27/05/99 |
Henrique Cardoso sob suspeita/Presidente brasileiro acusado de beneficiar grupos envolvidos na privatização da Telebrás. |
27/05/99 |
Companhia do nordeste do Brasil hoje em digressão/Agitada Gang apresenta hoje em Estarreja |
05/06/99 |
Milton Nascimento grava álbum com clássicos/Músico brasileiro, a celebrar trinta anos de carreira, regressou recentemente aos palcos, depois de um intervalo por doença. |
05/06/99 |
À conversa com as mulheres dos Pentacampeões/"Aloísio ia ao Candomblé antes de me conhecer" |
04/07/99 |
Brasil e Perú garantiram presença nos quartos de final/ |
04/07/99 |
Ranieri despede Juninho |
04/07/99 |
Expo/Feira do livro ao ritmo da lusofonia |
19/07/99 |
Quem tem Rivaldo ri mais na final/No bis do "catalão" começou o "bi-tri" brasileiro na competição sul-americana. |
19/07/99 |
Presidente brasileiro em "queda livre"/Popularidade de Henrique Cardoso é inferior à de Collor de Mello, revelam as sondagens. |
19/07/99 |
Golo de ouro deu o título ao Brasil |
03/08/99 |
Filme brasileiro abre Festival da Figueira |
03/08/99 |
Netinho esta noite no Coliseu do Porto |
11/09/99 |
Brasil luta pela reunião do Conselho de Segurança |
11/09/99 |
Brasileiro Ronaldo foi vedeta na primeira sessão de treinos |
11/9/99 |
Brasileiro Ricardinho à experiência |
01/10/99 |
Portugal Fashion parte à conquista do Brasil |
10/10/99 |
"Luta não é de vestir, é de nascer com luto" |
24/11/99 |
Deixar a cabeça do Gana às voltas no carrocel/Treinador brasileiro, Carlos César, quer opôr-se ao jogo físico e lutador dos africanos apresentando um futebol inteligente e de ritmo baixo. |
24/11/99 |
Porto acolhe sector têxtil brasileiro/Associações do sector assinam protocolo para o aumento da cooperação |
09/12/99 |
Festival Luso-Brasileiro anima com curtas metragens/Estreia de Manuel Mozoz |
31/12/99 |
Paulo Guerra e Castro à "descoberta" do Brasil/Queniano Paul Tergat a tentar o quarto triunfo que lhe fugiu, surpreendentemente, em 1997, para o brasileiro Emerson Iser Bem |
O
Correio da Manhã
Data |
Tópicos |
|
Morreu o poeta João Melo Neto |
|
Alice não é filha de Higino Ventura |
|
Ana Paula Anásia experimenta trabalhar "Sem Rumo" |
|
Letícia Spiller quer reaver o marido |
11/09/99 |
Assassinado juiz brasileiro que denunciou corrupção/Um juiz brasileiro que denunciou corrupção na Justiça e na polícia foi encontrado assassinado na cidade paraguaia de Concepcion. |
|
Sindicato dos hospitais contra "Andando nas Nuvens" |
|
Paulo Nunes foi raptado |
18/02/99 |
Suave Veneno perde ainda mais audiências |
|
Imperatriz venceu |
05/06/99 |
Depois de Kuerten foi a vez de Meligené/Medvedeu exterminador de brasileiros/Os tenistas brasileiros foram eliminados em Roland Garros. |
|
Niemeyer desenha igreja |
12/05/99 |
Massacre no Rio/Serial-Killer brasileiro pode ter morto centenas/As autoridades brasileiras pensam que Edson Guimarães pode ter morto mais de 131 pessoas num hospital do Rio de Janeiro. |
|
Colégio Brasil |
|
"Tal como Celi estou numa fase de descobertas" |
19/07/99 |
Público está cansado de ódio e sexo/O público da telenovela Suave Veneno expressa o seu desagrado pelo excesso de ódio e sexo que rodeia a novela. |
03/08/99 |
Ronaldinho... e mais dez/Brasil vê despontar uma nova estrela/Ronaldo está prestes a perder o seu estatuto de indiscutível na selecção brasileira em favor de Ronaldinho Gaúcho. |
04/07/99 |
Pintor imita Eliseu e é preso por falsificação/Na telenovela Suave Veneno o jovem pintor Eliseu é preso por falsificar quadros. |
|
Inácio fica arrasado ao descobrir que foi traído |
|
Roberto Carlos e Padre Rossi cantam juntos |
09/11/99 |
Corinthians e Flamengo perdem no Brasil/A jornada do campeonato brasileiro de futebol foi marcada pelas derrotas do Flamengo e do Corinthians, alvançado no topo da classificação pelo Cruzeiro. |
|
Brasil pede ao papa que devolva presente |
|
Brasil vence México |
|
Padre "apanhado" com cocaína no Brasil |
|
"Sem-Terra" conseguem acordo com o Governo |
|
Morreu ex-seleccionador do Brasil |
|
O Brasil há 500 anos em "A Muralha" |
|
Roquette interessado em águas do Recife |
|
SONAE expande-se em Espanha e no Brasil |
25/10/99 |
Canal Brasil homenageia Fernanda Montenegro |
24/11/99 |
Caixa Geral de Depósitos paga burla no Brasil/Banco brasileiro "finta" Caixa Geral de Depósitos/O Banco Bandeirantes, do Brasil, está envolvido num caso de desvio de dinheiro que envolve centenas de pessoas, causando prejuízos à Caixa Geral de Depósitos. |
|
Chama comemorativa dos 500 anos do Brasil |
03/02/99 |
Controlauto concorre às inspecções no Brasil/A empresa portuguesa Controlauto está a concorrer em consórcio às concessões para centros de inspecções periódicas a veículos no Brasil. |
|
Martinho da Vila no Coliseu de Lisboa |
03/02/99 |
Cooperação traz Cheiro de Amor e Banda Eva/Actuações dos grupos musicais brasileiros Cheiro de Amor e Banda Eva marcam o início de um programa de cooperação musical luso-brasileiro. |
|
"Não temos nada de nostálgico"/Fevers: os velhos da jovem guarda |
03/02/99 |
Simone em Espinho pelo Carnaval/A cantora brasileira Simone é a principal estrela do Carnaval de Espinho. |
|
Revista internacional a partir de hoje no GNT |
18/02/99 |
Malu Mader e Gal Costa vêm a Portugal/A actriz Malu Mader e a cantora Gal Costa vêm a Lisboa e ao Porto para actuar em diversos eventos. |
18/02/99 |
Banda sonora de "Mulher" já cá se ouve/Já se encontra à venda em Portugal a banda sonora da mini-série Mulher. |
|
"Cheiro de Amor" apadrinha evento/Gilberto Gil prometido no Festival Luso-Brasileiro |
|
Iran Costa com licença para cantar |
03/08/99 |
Carlinhos Brown no anfiteatro da Doca/Carlinhos Brown vai actuar em Lisboa. |
Diário de Notícias
Data |
Tópicos |
04/01/99 |
Fórmula velha dá sucesso certo |
04/01/99 |
Torre de Babel e Ilda Furacão entre melhores de 98 |
19/01/99 |
Crash no Rio na era do e-mail |
19/01/99 |
Efeitos no Brasil |
19/01/99 |
Real flutua livre e governadores dão ultimato a Brasília |
19/01/99 |
Efeitos no estrangeiro [da
flutuação do Real] |
19/01/99 |
Nova Iorque [efeitos da flutuação do Real] |
19/01/99 |
Tóquio [efeitos da flutuação do Real] |
19/01/99 |
Paris [efeitos da flutuação do Real] |
19/01/99 |
Madrid [efeitos da flutuação do Real] |
19/01/99 |
Investidores regressam em força à Bolsa |
19/01/99 |
Flutuação livre do Real não trava subida do dólar |
19/01/99 |
Crise no Brasil faz cair preço das matérias primas |
19/01/99 |
Portugal longe da borrasca |
03/02/99 |
Assessor de Soros na presidência do Banco do Brasil |
18/02/99 |
Restaurante carioca controla peso dos clientes |
26/02/99 |
Futebol Clube do Porto contrata lateral Rubens Júnior |
26/02/99 |
Lucros da JM crescem 40% |
13/03/99 |
Globo controla campeonato no Rio de Janeiro |
13/03/99 |
"Não faço nada muito improtante" |
13/03/99 |
"Gosto do narcisismo de Salvador" |
13/03/99 |
"Música do século XX não foi assimilada" |
12/04/99 |
Abrir caminho aos mais novos |
05/06/99 |
Madredeus espera Godot |
05/06/99 |
Mundial de Hóquei em Patins/Portugal começa com 3/0 |
25/06/99 |
Portugal já merecia ler o autêntico Jorge Amado |
04/07/99 |
Bola e Mulher |
04/07/99 |
Neocolonial |
04/07/99 |
Norte-Sul |
04/07/99 |
Jornalista brasileira vítima de violação colectiva |
04/07/99 |
Fusão cria mega cervejeira |
19/07/99 |
Mundialito I |
19/07/99 |
Brasil de ouro na Figueira |
19/07/99 |
Música étnica e capoeira abrem Bienal de Cerveira |
19/07/99 |
Miguel Vale de Almeida procura herança africana no Brasil |
19/07/99 |
Serralves Connection no GNT |
03/08/99 |
TAP retoma voos intercontinentais |
03/08/99 |
"A Bossa Nova é sempre nova" |
03/08/99 |
O segundo Vinicius da música popular brasileira |
03/08/99 |
Bate-me Tiazinha |
18/08/99 |
Os deuses são mesmo loucos |
02/09/99 |
D. João II é moda no Rio de Janeiro |
11/09/99 |
Ténis/Flushing Meadows/Kuerten é jogador de praia |
01/10/99 |
Reforma do sistema penal está a gerar controvérsia no Brasil |
01/10/99 |
Moda portuguesa desfila em São Paulo |
10/10/99 |
Brasil aumenta os impostos |
10/10/99 |
Ultras perdem Melo Neto |
25/10/99 |
Apanhada rede de pornografia infantil |
25/10/99 |
Grupos Globo e Folha lançam um novo jornal económico |
25/10/99 |
Criville e Rossi conquistam títulos mundiais no Brasil |
25/10/99 |
Jorge Sampaio quer Portugal e Brasil a olhar para o futuro |
25/10/99 |
Filhos de emigrantes facilitam geminações |
25/10/99 |
Investimento estrangeiro equilibra contas brasileiras |
25/10/99 |
Filme sobre a Amazónia vence Cine Eco 99 |
09/11/99 |
Brasil prepara "mãos limpas" |
09/11/99 |
Produtor Suba morre num acidente em São Paulo |
09/12/99 |
A palavra de volta ao centro |
Público
Data |
Tópicos |
04/01/99 |
Naufrágio no Rio de Janeiro/Um dos culpados está em Portugal |
04/01/99 |
Início no Porto da digressão portuguesa/Banda Cheiro de Amor vai "sacudir" no Coliseu |
19/01/99 |
Brasil: Câmbio livre elogiado mas persistem questões fiscais/Decisão quanto ao Real deve aliviar a pressão sobre as reservas do país |
03/02/99 |
Francisco Lopes substituído por ex-acessor de Soros no Banco Central do Brasil/Um homem de mercado |
20/02/99 |
Real de novo sob tensão e há poucos indícios de alívio/Banco Central do Brasil vende dólares mas medida ainda não surtiu efeito |
26/02/99 |
Inauguração da fábrica da Tafisa/Pina Moura garante investimentos no Brasil |
26/02/99 |
Encontro promovido pela AI Portuense/Produtos portugueses sem fama no Brasil |
03/03/99 |
Comemoração da Descoberta do Brasil |
13/03/99 |
Brisola contra Presidente |
13/03/99 |
Brigada contra o Presidente |
28/03/99 |
Adversidade de um sarau de poesia |
28/03/99 |
Conflito institucional no Brasil |
27/04/99 |
A rendição da Globo |
27/04/99 |
Os 14 livros de Rejane |
12/05/99 |
TV Manchete vai ser vendida |
12/05/99 |
Entrada do Grupo português no sector financeiro brasileiro/BANIF compra Banco PRIMUS |
27/05/99 |
Escândalo político no Brasil/Assinaturas para investigar o Presidente |
27/05/99 |
Pelé discute projecto com Media Partners/Super Liga no Brasil |
04/07/99 |
Copa América/Perú e Brasil na 2ª fase |
19/07/99 |
Ford desviada para o Brasil/Pressões políticas condicionam instalação da linha de montagem de automóveis |
19/07/99 |
Primeiro ano do verdadeiro Deco/Brasileiro tem sido uma das figuras do estágio do FC Porto em Viseu |
19/07/99 |
Final do Mundialito/Brasil sagrou-se Campeão de Praia |
03/08/99 |
Taça das Confederações/México e Brasil na final |
03/08/99 |
Atletismo nos Jogos Pan-Americanos/Brasil e Cuba deram luta aos EUA |
03/08/99 |
Reportagem da TVI procura explicar fenómeno televisivo/A Tia do Brasil chega hoje |
11/09/99 |
Juízes suspeitos da morte de juiz |
10/10/99 |
"Songbook" deverá sair em Novembro/Chico Buarque Total |
10/10/99 |
Descobrimentos do Brasil/Tijuca quer Frei Hermano da Câmara no carnaval |
25/10/99 |
Brasil: Empresas gastam mais de 2000 milhões de contos |
25/10/99 |
Negócios de cerca de quatro milhões de contos/Pestana concretiza compra no Brasil |
09/11/99 |
Congresso abre hoje na Gulbenkian/História e imaginário de Portugal e do Brasil |
31/12/99 |
Eleito "Homem de Ideias 99" no Brasil/António Cândido premiado |
Expresso
Data |
Tópicos |
|
Crise foi boa para a Globo |
|
Brasil à espera do fim da crise |
|
Raptores agravam táctica |
|
Droga no Senado |
|
Brasil "tranquilo" |
|
Patrícia Pillar: Uma actriz em ascenção/Foi considerada a melhor actriz brasileira em 1998 |
|
Acção do Brasil |
|
O Carnaval de Ronaldo |
|
Portugal em alta no Brasil |
|
Portugal e Brasil são embriões para acordo de comércio livre entre a UE e o Mercosul |
|
Empresas do Brasil podem vir a ser cotadas em Lisboa |
|
Sital ataca mercado brasileiro |
|
Portugueses a sambar no Brasil |
|
A vida são dois dias - Domingo e segunda, das 21 horas às 9 horas, o Fashion TV serve duas doses de Carnaval do Rio, em directo do Sanbódromo, via TV Cabo. Os outros fazem o que podem, Portugal vai a reboque. |
Visão
Data |
Tópicos |
07/01/99 |
Posse do Presidente do Brasil |
11/02/99 |
O homem de Soros |
18/03/99 |
Meio Brasil às escuras |
18/03/99 |
Discos - A geração espontânea |
22/04/99 |
A travessia da 1ª Dama |
22/04/99 |
Negócios: Belmiro de Patinhas |
22/04/99 |
Tiazinha: Vem aí a febre |
06/05/99 |
IURD: Haja monumento |
06/05/99 |
Radar: Internacionalização |
06/05/99 |
Cinema - Segredos da bilheteira |
06/05/99 |
Filme - Eça com sotaque |
09/06/99 |
Padre Marcelo Rossi |
09/06/99 |
São Paulo |
22/07/99 |
FHC baralha as cartas |
22/07/99 |
Negócios da China |
18/11/99 |
O que eles disseram [excerto] [Nota: esta peça não foi contabilizada na análise.] |
18/11/99 |
Previsões da desgraça |
23/12/99 |
Expropriação gigante |
23/12/99 |
O Brasil do meu contentamento |
07/01/99 |
Portugueses em alta |
07/01/99 |
José Sarney em Portugal |
07/01/99 |
Descoberta do Brasil: Comissão de Honra reúne-se |
18/03/99 |
Economia vista por Campos e Cunha/Subtema: Brasil [Nota: esta peça não foi contabilizada na análise.] |
06/05/99 |
Comunicação: Nasceu o Baby |
Grande
Reportagem
Data |
Tópicos |
01/99 |
O Dia Seguinte/A partir do exemplo de Fernando Ramos da Silva, um menino de rua brasileiro que estreou no filme “Pichote” e que depois caiu no esquecimento, desenvolve-se uma reportagem em paralelo sobre aquilo que ocorre em Portugal com as pequenas vedetas de filmes idênticos. |
02/99 |
Terra prometida/Movimento dos Sem Terra distribui terras abandonadas em Mato Grosso |
03/99 |
Aleluia! Padre Marcelo Rossi trava avanço dos protestantes |
05/99 |
Vem aí o Cometa do Senhor/Poligram edita discos de Marcelo Rossi |
05/99 |
O Triunfo dos Ratos/O “Programa do Ratinho”, que vive do grotesco e onde vale tudo, gera milhões em receitas. Mas muitas exibições não passam de farsas. |
06/99 |
O editorial questiona as comemorações conjuntas dos 500 anos da descoberta do Brasil, a partir das declarações do comissário brasileiro para as Comemorações dos 500 Anos da Descoberta, que afirmou que a festa será privilegiadamente dentro do Brasil e para brasileiros e que a Europa não tem mais nada a ensinar ao Brasil. |
08/99 |
Alma da Bahia (reportagem sobre a Bahia) |
09/99 |
Barras Pesadas/Grande parte da população prisional brasileira está privada dos direitos mais elementares. |
09/99 |
“Tá Mal” (excerto)/Apesar dos festejos ocorrerem em Abril de 2000, a Comissão das Comemorações da Descoberta do Brasil manter-se-á em funções até 2001, o que é considerado polémico. |
12/99 |
Uma Ilusão Amazónica/Diário de bordo de um arquitecto italiano que partiu em exploração da Amazónia para traçar as fronteiras entre os territórios portugueses e espanhóis, nos tempos da colonização. |
[1] Jorge Pedro Sousa (j.p.sousa@mail.telepac.pt) é
doutorado em Ciências da Informação pela Universidade de Santiago de Compostela
(Espanha). Actualmente, é professor da
Universidade Fernando Pessoa (Porto - Portugal) e pesquisador do Centro de
Estudos da Comunicação da mesma Universidade.
[2] As teorias dos efeitos da comunicação
ensinam-nos, porém, que o discurso dos meios jornalísticos pode não reflectir
as correntes de opinião e as imagens do público, ou seja, no presente caso, as
imagens construídas pelos jornais podem não corresponder sequer às imagens dominantes
entre as pessoas (ver, por exemplo: Sousa, 1999).
[3] Reparem-se, a título de exemplo, nos
investimentos da Portugal Telecom ou da Sonae, no Brasil, bem como, no sentido
inverso, das parcerias estabelecidas entre Pinto Balsemão e dois dos principais
grupos mediáticos brasileiros, o Grupo Abril e o Grupo Globo.
[4] Por exemplo, no campo académico das Ciências da
Comunicação, os pesquisadores do espaço ibero-americano, neste caso, em
particular, do espaço luso-brasileiro, têm constituído associações, como a
Lusocom, que visam, em primeiro lugar, dar relevo à pesquisa científica em
português nesse campo científico.
[5] Segundo a Organização Mundial do Turismo, em
1999, 104.952 portugueses visitaram o Brasil permanecendo pelo menos uma noite
no país, tendo gasto uma média de 9.860$00 por dia (cerca de 48 dólares) e
tendo aí permanecido em média 10,1 dias.
(Fonte: Revista Visão de 3 de Agosto de 2000, p. 74.)
[6] Consulte-se, por exemplo, a Revista do
semanário Expresso de 21 de Abril de 2000. A propósito, não se esqueça que, em matéria de política externa,
o Brasil foi eleito pelos Governos de António Guterres como a primeira
prioridade não europeia da política externa portuguesa, a fazer fé nas diversas
intervenções do primeiro-ministro e do ministro dos Negócios Estrangeiros,
Jaime Gama.
[7] Consulte-se, por exemplo, a Revista do
semanário Expresso de 21 de Abril de 2000.
[8] Conforme a sistematização
feita por Ricardo Jorge Pinto (1997), em The Evolution of the
Structure of Political Journalism in Four "Quality" Newspapers
(1970-1995).
O que se entende por
descrição, análise e opinião é descrito em pormenor no quadro onde se
explicitam as categorias.
[9] Ver abaixo.
[10] Pessoalmente, penso que esta associação nem
sempre é passível de ser efectuada, nomeadamente quando se fala dos valores e
atitudes pessoais em relação a cada notícia.
Numa leitura acrítica das palavras dos autores, poderíamos ser levados a
pensar que todos os leitores, vistos como uma massa indistinta, compartilhariam
as mesmas atitudes e valores em relação aos factos noticiados e, por
consequência, em relação ao enfoque e ao tipo de discurso protagonizado pelo
periódico sobre esses factos. Todavia,
eu penso que, em última análise, a construção de significados para cada notícia
é pessoal, embora dependa do contexto onde essa significação se produz (cf.
Sousa, 1999). Portanto, julgo que nem
sempre o que alguém lê no jornal da sua escolha reflecte as atitudes e valores
dessa pessoa em relação aos factos noticiados.
No entanto, a opção dos leitores por um jornal ou uma revista resulta de
um processo complexo de estabelecimento de uma espécie de "contrato de
leitura" (noção forjada, sobretudo, por Eliseo Veron, segundo explica
Ferreira, 2000) entre os leitores e os órgãos de imprensa por eles seleccionados,
"contrato" esse que passa pela manutenção da mesma tipologia
discursiva global nos jornais e revistas adquiridos e consumidos. Neste sentido, pode, efectivamente, falar-se
de uma certa adesão dos leitores às atitudes, posturas e valores discursivos dos
jornais e revistas por eles consumidos.
[11] Veja-se, por exemplo, a pesquisa conduzida por
José Marques de Melo et al. (1999), sobre "O Mercosul na imprensa do
Mercosul".
[12] Ver quadro abaixo.
[13] Veja-se, entre vários outros exemplos de
suplementos, revistas especiais, etc., a Revista do semanário Expresso
de 21 de Abril de 2000, o suplemento-revista do Jornal de Notícias de 24
de Maio de 2000, a Grande Reportagem de Abril de 2000, a série de
artigos do Público apresentando cidades brasileiras, o destaque dado, em
toda a imprensa, às comemorações conjuntas do "achamento" do Brasil,
com a presença dos Presidentes português e brasileiro, em Abril de 2000
(cobertura essa que foi inflacionada devido aos protestos dos povos indígenas
autóctones do Brasil e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), as
entrevistas sucessivas dos jornais a brasileiros imigrados em Portugal (de
diversos os estatutos sociais e profissões), procurando documentar a sua
situação no nosso país, etc.
[14] Consulta feita on-line em 23 de Maio de
2000 [http://www.expresso.pt/sojornal/circulacaomedia.html].
[15] Em concreto, em relação aos diários analisei,
quando disponíveis, o número da primeira segunda-feira do ano, o número da
terceira terça-feira do ano, o número da quinta quarta-feira do ano e assim
sucessivamente. Registe-se, porém, que,
por vezes, se tornou necessário analisar outros números, pois nem todos os
jornais estavam disponíveis na Biblioteca Municipal do Porto ou noutros locais. Quando isso aconteceu, procurei analisar
números próximos (por exemplo, o número do dia anterior ou posterior ou o
número do mesmo dia da semana mas da semana anterior ou seguinte). No caso de O Correio da Manhã, só foi possível analisar 20 números do jornal,
pois os restantes não existiam na zona do Porto. A pesquisa foi extremamente complicada devido ao facto de a
Biblioteca Municipal do Porto ter enviado um grande número de jornais para
encadernar, não ficando com quaisquer exemplares disponíveis para consulta.
[16] Em concreto, analisei, quando disponíveis, os
números publicados na primeira semana de Janeiro, na segunda semana de
Fevereiro, na terceira semana de Março, na quarta semana de Abril, na primeira
semana de Maio e assim sucessivamente.
Registe-se, porém, que, por vezes, se tornou necessário analisar outros
números, pois nem todos os jornais ou revistas estavam disponíveis na
Biblioteca Municipal do Porto. Quando
isso aconteceu, procurei analisar números próximos, como fiz para o caso dos
jornais diários.
[17] Segundo o conceito de Tuchman (1978).
[18] Federação Lusófona de Ciências da Comunicação.
[19] Como os cursos de Odontologia no Brasil duravam,
geralmente, quatro anos, contra cinco ou seis em Portugal, quando os dentistas
brasileiros pediam equivalência aos cursos portugueses de Medicina Dentária,
essa equivalência era-lhes sistematicamente recusada. A questão só foi resolvida em 1993, com um acordo que deu
equivalência a todos os médicos dentistas brasileiros que tivessem tido, pelo
menos, 4500 horas de formação e tivessem entrado em Portugal até 31 de Dezembro
de 1993.
[20] Veja-se, por exemplo, a reportagem de Nuno
Ferreira e Adriano Miranda, "Brasileiros na Clandestinidade", editada
na revista Pública, de 21 de Maio de 2000, pp. 24-36. A Grande Reportagem de Abril de 2000
também se debruça sobre o mesmo problema.
Legalmente, há cerca de vinte mil brasileiros em Portugal, dez mil
luso-descendentes e mil euro-brasileiros (que beneficiam dos direitos dos
cidadãos europeus). No Brasil há cerca
de um milhão de portugueses.
[21] O Tratado de Amizade e Cooperação entre Portugal
e o Brasil remonta a 1953. A 7 de
Setembro de 1971, esse tratado foi reforçado pela assinatura, em Brasília, da
Convenção Sobre a Igualdade de Direitos [civis e políticos] e Deveres Entre
Portugueses e Brasileiros. Em 1988, a Constituição
Brasileira aprova a possibilidade de os portugueses com um ano de residência no
Brasil requererem a dupla nacionalidade.
Os portugueses passaram a poder votar e ser eleitos (com excepção dos
cargos de Presidente e Vice-Presidente) em todas as eleições brasileiras. Mas Portugal manteve a situação anterior: os
brasileiros só podem votar (para as autarquias e para a Assembleia da
República), mas não podem ser eleitos.
Em 2000, foi assinado um novo Tratado de Amizade e Cooperação,
aproveitando-se a comemoração dos 500 anos do "achamento" do Brasil,
mas o problema ainda não foi resolvido, sendo da exclusiva competência da
Assembleia da República. No cerne da
questão estão os números da população: Portugal tem dez milhões de cidadãos, o
Brasil tem cerca de 170 milhões.
[22] Registe-se, porém, que a imagem que os
brasileiros têm de Portugal ainda será a imagem que transportaram consigo os
mais de três milhões de emigrantes portugueses que foram para o Brasil entre
1850 e 1960. Escreve Mário Negreiros na
Grande Reportagem de Abril de 2000 (p. 46) "(...) o Brasil cristalizou a imagem trazida pela grande
leva de imigração portuguesa dos anos cinquenta, e, para o brasileiro médio -cujo único contacto com Portugal é o difícil
regatear da conta no 'botequim' do 'seu' Manuel- nada aconteceu em Portugal nos últimos cinquenta
anos. (...) A referência desse imigrante (...) continuou a ser a pequena
aldeia, tal como a deixou há cinquenta anos - sem telemóveis, sem bancos electrónicos, sem
escolas, sem teatros, sem cinemas, sem mini-saias e, claro, sem televisão. Serve, portanto, de perpetuador da imagem de
arcaísmo que o brasileiro médio atribui, até hoje, a Portugal." Somente com a Revolução Democrática do 25 de
Abril de 1974 é que a imagem de Portugal cultivada no Brasil se começou a
mostrar significativamente dissonante da realidade: "A Revolução é, em si
mesma, o rompimento com um dos ingredientes fundamentais do arcaísmo lusitano - a ditadura salazarista", escreve Mário
Negreiros na Grande Reportagem de Abril de 2000 (p. 46)
[23] A este propósito, pelo artigo de Henrique
Monteiro "Perto da Vista, Longe do Coração", publicado na revista do
semanário Expresso de 21 de Abril de 2000 (pp. 62-69) e resultante de uma sondagem, nota-se que os
brasileiros mais conhecidos em Portugal são jogadores de futebol
(principalmente Ronaldo e Jardel), cantores (liderados por Roberto Carlos) e
actores de telenovelas (com António Fagundes à cabeça), havendo um caso
excepcional de um escritor, Jorge Amado, conhecido por 39,5% dos portugueses. No entanto, apenas 28,3% dos portugueses
inquiridos sabiam que o presidente do Brasil era Fernando Henrique
Cardoso. Curiosamente, 72% dos
portugueses inquiridos consideraram que a influência do Brasil em Portugal era
positiva e 12,9% disseram que ela era neutra, sendo que apenas 10,1% a
consideravam negativa. Os portugueses
acham que os brasileiros são, principalmente, alegres e divertidos (62,9%),
embora alguns portugueses também os julguem amigos e simpáticos (37,6%) e
comunicativos (20,1%).
[24] Veja-se, por exemplo, a Grande Reportagem
de Abril de 2000, p. 46 ("O Português Mais Famoso do Brasil").
[25] Veja-se, por exemplo, a reportagem de Ana Tomás
Ribeiro "O Novo Ouro do Brasil", publicada na revista Visão de
13 de Julho de 2000, pp. 112-116. Em
quatro anos, o investimento português directo no Brasil foi de quatro mil
milhões de contos. Sobre o mesmo tema,
veja-se também, por exemplo, o artigo de Luís Folhadela "A Mística do
Real", publicada no suplemento do Jornal de Notícias JN em Foco
- Brasil ano 500, a 24 de Maio de 2000 (pp. 6-8).
[26] Veja-se, igualmente, a reportagem de Nuno
Ferreira e Adriano Miranda, "Brasileiros na Clandestinidade", editada
na revista Pública, de 21 de Maio de 2000, pp. 24-36. Entre as várias histórias de vida de imigrantes
brasileiros indocumentados, os jornalistas referem que em 1999 foi barrada a
entrada a 507 brasileiros e que em 2000, até Maio, já tinha sido barrada a
entrada a 460 brasileiros.
[27] Citado por Mário Negreiros na Grande
Reportagem de Abril de 2000 (pp. 46-47).
[28] Veja-se o artigo "Esta língua bendita",
de Fernando Venâncio, publicado na revista do semanário Expresso de 21
de Abril de 2000 (pp. 104-107).
[29] Tendo-se, porém, em atenção a salvaguarda feita
na introdução: como não foram classificados dados em todas as categorias, a
partir da tabela 6, com raras excepções, apenas surgem expressas nas tabelas as
categorias nas quais foi classificada informação.
[30] A propósito dos critérios de noticiabilidade ou
de valor-notícia, consultar, por exemplo, Sousa (1999), onde abordo o
aparecimento do conceito e as diferentes sistematizações desses critérios, que
geralmente nos aparecem sob a forma de lista.
De qualquer modo, há que realçar que a ideia da existência deste(s) critério(s)
de noticiabilidade pertence, principalmente, a Galtung e Ruge (Galtung, J. e
Ruge, M. H. (1965) - The structure of
foreign news. Journal of International Peace Research, n.º 1)
[31] Ver nota de rodapé anterior, sobre os critérios
de noticiabilidade.
[32] Não quero com isto dizer que a imagem do Brasil
projectada pela imprensa portuguesa seja sempre positiva, pelo contrário. Por exemplo, a revista Visão, a 8 de
Junho de 2000, publicava uma reportagem intitulada "Brasil: Um Assassínio
de 13 em 13 Minutos".
[33] Ver, por exemplo, a sistematização que faço no
texto As Notícias e os Seus Efeitos (Sousa, 1999).
[34] Ver, por exemplo, a sistematização que faço no
texto As Notícias e os Seus Efeitos (Sousa, 1999).
[35] Ver, por exemplo: Jorge Pedro Sousa (2000) - As Notícias e os Seus Efeitos; ou Jorge
Pedro Sousa (1998) - Fotojornalismo Performativo - O Serviço de Fotonotícia da Agência Lusa de
Informação.
[36] Relembre-se que a sondagem interpretada por
Henrique Monteiro no artigo "Perto da vista, longe do coração",
publicado na revista do semanário Expresso de 21 de Abril de 2000 (pp.
62-69), mostra que os brasileiros mais conhecidos em Portugal são,
precisamente, futebolistas, cantores e actores de telenovelas, podendo
incluir-se um escritor entre eles, Jorge Amado. Em contraponto, penas 28,3% dos inquiridos sabiam que Fernando
Henrique Cardoso é o Presidente do Brasil.
[37] É curioso, por exemplo, relembrar as
"guerras comerciais" que sucedem dentro da indústria farmacêutica mas
que são projectadas para os news media.
Não terá sido por acaso que quando o Xanax, medicamento para reduzir a
obesidade, foi lançado, surgiram nos meios impressos notícias a divulgar os
riscos para a saúde que derivavam do recurso a medicamentos com idêntico fim,
como o Isomeride ou o Drenur. Do mesmo
modo, a atitude laudatória em relação à Aspirina e à Bayer, expressa em grandes
reportagens quando o célebre medicamento fez cem anos, também não me passou
despercebida, apesar de a Bayer ter sido acusada por um delegado de informação
médica português de oferecer presentes a médicos que receitavam os seus
medicamentos.