Informação nas Organizações - Matemática,
Gestalt e Cognição
Valéria Deluca Soares1
Índice
Resumo:
O presente artigo propõe dois momentos distintos, que se
entrelaçam. Primeiramente, é proposta uma revisão
sobre alguns pressupostos acerca das Teorias da Informação
- definições, natureza, diferença entre termos - como
dado, informação, conhecimento e mensagem. Para tanto,
utilizar-se-á de conceitos matemáticos, cognitivos e
referentes à forma, relacionando-os com tema. Em um segundo
momento, contextualizar-se-á a informação no processo
comunicacional dentro das organizações, apontando sua
relevância na busca compreensão mútua e
minimização de conflitos.
Palavras Chave: Informação, Forma, Conhecimento,
Comunicação, Organização.
1 Polivalência: A difícil tarefa de conceituar
Informação
A informação, em um sentido amplo, é o ato ou efeito de
informar. Para Bahia (1971) é todo e qualquer comunicado ou notícia
que transmita significação, idéia ou valor. Nasce em uma fonte,
é transmitida por um canal, com o objetivo de alcançar o receptor.
Processa-se quando há um repertório comum [grifo do autor], códigos reconhecidos
entre os envolvidos no processo. Mas, apesar de apontar algumas
considerações sobre o conceito de informação, o autor
observa que esta não uma é tarefa fácil. Alguns teóricos,
inclusive, observam que não há definição científica
para informação.
Mesmo considerando os conceitos de informação controversos, o autor
citado traz pressupostos que distinguem os vocábulos usados na
questão, e que em determinados casos, erroneamente, são utilizados
como sinônimos. Tal distinção corrobora na compreensão do
tema. Refere-se ao dado, informação e conhecimento. Três termos
usados na Teoria da Informação (TI) para estabelecer a
variação no processamento e uso da mensagem, sendo válidos
durante a apreciação de todo ato ou efeito de informar.
O dado é a mensagem que está à disposição do emissor,
sendo a informação a mensagem, como solução ou decisão
sobre algo. O conhecimento é a assimilação, aplicação e
disponibilidade do dado recebido pelo receptor, é a memória da
mensagem. ``O dado é a fase preliminar, desprovida de avaliação
e capitalização. A informação é o valor dessa, é a
fase crítica do processo que se realiza na mente da pessoa no momento
da emissão ou recepção das mensagens'' (BAHIA, 1971, p. 11).
Nesse sentido, chama a atenção para o ato de avaliar, que irá
transformar um dado em informação, chegando-se ao conhecimento.
Faz-se pertinente, assim, acompanhar alguns aspectos sobre
informação fornecidos por Littlejohn (1982). Destaca que a TI traz
uma definição relevante sobre o termo informação, quando
considera o conceito de entropia, também apontado por Simões (2001).
Entropia é a falta de organização em determinado momento, sendo
randômica. Quando uma situação assume esta característica
torna-se imprevisível, sendo difícil saber o que pode acontecer,
causando a incerteza. Logo, a entropia é a causadora de
desorganização em uma situação de transmissão de dados.
Caso esta esteja presente em grande quantidade, menores serão as chances
de previsibilidade do que pode acontecer.
Conclui, então, que ``a informação é uma medida de incerteza
ou entropia numa situação. Quanto maior for a incerteza, maior
será a informação. Quando uma situação é
completamente previsível, nenhuma informação está
presente'' (LITTLEJONH, 1982, p. 153). Verifica que a maioria das pessoas
relaciona a informação com certezas ou conhecimentos, referindo-se
à quantidade de estímulos ou sinais em dada situação. Mas,
observa outras formas de pensar a informação, sendo estas uma
função do número de mensagens necessárias para reduzir
completamente a incerteza de uma situação ou uma função do
número de escolhas ou alternativas à disposição para apontar
o resultado de uma situação.
Epstein (1986) concorda com o autor acima citado ao dizer que a
informação é uma redução de incerteza, conceito
apresentado por Shannon & Weaver (1977) na Teoria Matemática da
Comunicação. Tal redução é oferecida quando se obtém
resposta a uma pergunta, sendo a incerteza referente à quantidade de
respostas possíveis que se conhece, apesar de não se saber qual
delas é a verdadeira. Pondera ser relevante se ter noção do
tamanho da ignorância [grifo do autor], a dimensão da classe das respostas possíveis.
Logo, a informação ou a redução da incerteza refere-se à
eliminação das alternativas que não aconteceram. Quanto maior a
probabilidade de ocorrência da resposta correta, menor será a
redução de incerteza e vice-versa.
Fazem-se pertinentes na análise da informação, utilizar-se da
Teoria Técnica e da Informação Semântica, apontadas por
Littlejonh (1982). A Teoria Técnica da Informação diz respeito
à transmissão precisa e eficiente de dados, tratando da
transmissão e recepção e não do significado das mensagens. O
modelo matemático de Shannon e Weaver (1977) é mostrado como um
instrumento, onde a fonte formula ou seleciona mensagens (signos) para ser
transmitida. O transmissor a converte em um conjunto de sinais, enviados por
um canal a um receptor. Este por sua vez transforma os sinais na mensagem.
Qualquer perturbação neste processo, capaz de distorcer a mensagem
inicial, é considerado um ruído. O ruído pode ser compensado
com a redundância na mensagem, em canal adequado capacitado para
suportar tal carga. Este cuidado permite ao receptor corrigir ou preencher
os estímulos distorcidos ou falhos.
Logo, uma transmissão adequada envolve a codificação de uma taxa
máxima que não exceda a capacidade do canal, utilizando-se um
código com redundância suficiente para compensar o montante de
ruído no canal. Mas, a redundância em excesso ou insuficiente torna
a transmissão ineficaz e inexata.
Ao referir-se à redundância, chama-se a atenção para as
idéias de Pignatari (1970) sobre este tema. Para que a recepção
da mensagem fique melhor amparada de forma melhor, a introdução da
redundância é a forma de neutralizar os possíveis ruídos e
ambigüidades, garantido a efetiva transmissão dos dados. Salienta,
que pode ser considerada uma simples repetição na busca de um
coeficiente de segurança, introduzindo uma certa capacidade de
absorção de ruídos e de prevenção do erro. Chama a
abreviação de antídoto da redundância, visto que esta é
o corretivo da informação.
Retomando-se Littlejohn (1982) em sua análise sobre a
informação, no nível semântico, volta-se o olhar para a
comunicação da informação, reduzindo a incerteza em dada
situação e considerando o elemento humano de interpretação e
compreensão. ``A informação semântica relaciona-se sempre
com algum aspecto específico da situação. É a respeito de
algo. Além disso, reduz sempre o número de alternativas existentes
para interpretar a situação'' (LITTLEJOHN, 1982, p. 158).
Constata-se, assim, que a Informação Semântica está
relacionada ao conhecimento do ser humano, sendo definida como as
alternativas percebidas pelo indivíduo que recebeu a mensagem, que por
sua vez, fornece informação e surge no processo de
realização de escolhas, sendo uma medida de liberdade de
opção -- quanto mais alternativas, mais informação.
Epstein (1986, p. 36) diz ``que o conteúdo informacional de uma mensagem
é a medida da mudança da incerteza do receptor antes [grifo do autor] de
receber a mensagem para depois [grifo do autor] de recebe-la''. Avalia que a
informação, então, não é uma propriedade da mensagem, e
sim um conjunto de mensagens possíveis do qual provém, onde a
redução de incerteza trazida por uma dessas, inserida neste conjunto
de n mensagens, é proporcional à quantidade de mensagens eliminada.
Sobre tal complexidade, cabem as considerações de Bahia (1971),
quando afirma que a mensagem possui duas espécies de
significação, uma aparente e uma latente: a denotação e a
conotação, respectivamente. A mensagem pode assumir um significado
comum, igual para a maioria, e outras vezes um avaliativo ou emocional,
aspectos que mudam de um indivíduo para outro. É o objetivo dual da
informação.
Epstein (1986) reforça este caráter duplo da informação,
pois de um lado a TI a define como variedade, onde a quantidade máxima
acontece na desordem ou no estado caótico. Mas, ao mesmo tempo, a
percepção, segundo a Gestalt, torna-se possível quando acontece
a emergência de uma forma, que considerando os conceitos da Teoria da
Informação, contém menos variedade e portanto menos
informação do que o estado caótico.
O autor traz princípios básicos da Gestalt para entender a
informação. Lembra, conforme estas leis, que as coisas aparecem ao
sujeito através da forma. A percepção de algo está ligada
à atribuição de uma forma. Assim, as formas fracas [grifo do autor] ou
pouco articuladas desagregam-se de maneira mais rápida do que as bem
articuladas ou as boas formas [grifo do autor]. Conclui que a percepção
está relacionada com a boa figura, de acordo com o estímulo
recebido. Assim, a forma está, diretamente, unida à memória e ao
aprendizado, equivalendo a uma diminuição da variedade ou da
informação contida no estado desordenado.
Considerando-se a Teoria da Cognição = estímulo ®
sensação ® atenção ® percepção ®
cognição ® informação ® conhecimento, e a
informação como a redução da incerteza, torna-se a
informação uma trajetória em busca do conhecimento com
atribuição de significados. É a relação entre a Teoria
da Forma (Gestalt) e a Teoria da Cognição. Tal processo tem
início antes da busca da redução da incerteza, com a
inquietação do sujeito e seu interesse em determinada questão.
A informação reside em uma forma, que á a atividade pela qual o
sujeito sintetiza o conteúdo da consciência, segundo sua visão
de mundo e suas necessidades. A informação é antes de tudo uma
forma, um fluxo de formas, de idéias. Então, determinadas formas
têm mais informação do que outras.
Cabe lembrar que a palavra forma vem do latim, informare, dar forma a alguma coisa.
Platão diz que a forma é a soma da essência com a matéria,
sendo um objeto do conhecimento intelectual. Descartes afirma que a forma
representa uma idéia, logo, torna-se polivalente, pois se relaciona ao
conceitos de todas as áreas do conhecimento. Dizendo-se que a forma
é o sinônimo de dado, por sua vez, impregnado de conteúdo, esta
(a forma) é pensamento e fluxo de idéias. Para que ocorra a
metamorfose deste dado em informação, há de se considerar a sua
natureza.
Então, pode-se apontar alguns aspectos da natureza da
informação, que servem para saciar as inquietações
humanas e, porque não dizer, desejos. A informação
precisa estar impregnada de novidade, originalidade, verdade e
significado. Estabelece-se aí um processo energético,
pois a informação está associada a idéia de
movimento, de processos mentais, implicando em percepção,
em tomada de decisão, em controle, organicidade para
alcançar a construção do conhecimento.
2 A Informação e a Comunicação nas
Organizações
Quando se traz a comunicação como componente do processo
organizacional, clarifica-se a função da informação: ativar
e organizar os elementos envolvidos nas relações da
organização com seus públicos, interligando interesses, ou seja,
``a qualidade dos dados, com significado e utilidade para as partes, com a
verdade e reduzindo a incerteza em face da necessidade de resposta a uma
pergunta [...] levando à ação corporativa entre as partes''.
(SIMÕES, 2001, p. 60). O detentor da informação tem o poder de
decisão ou de influenciar a ação do outro.
Simões (2001) considera que o elemento fundamental entre a ação
e a comunicação é a informação, entendendo
comunicação como um processo fundamental na troca de
informações, o que resulta na compreensão mútua entre os
sujeitos da organização, buscando minimizar os conflitos que são
iminentes.
Neste contexto, Kreps (1995) considera que a comunicação é um
canal primário utilizado para promover o desenvolvimento e a
manutenção da cultura organizacional, estabelecendo uma forte
relação entre ambas. A comunicação aliada à cultura
organizacional torna-se um mecanismo instrumental de redução de
equívocos por parte dos indivíduos da organização, dando a
idéia de ordem frente à interpretação da grande quantidade
de processos, metas e procedimentos apresentados pela organização.
A comunicação e a organização são atividades humanas
fortemente relacionadas. A informação é a variável mediadora
que conecta ambas, sendo por sua vez, o resultado da comunicação,
que se utiliza para restringir e coordenar as atividades dos
indivíduos, estabelecendo, assim, a ordem. A comunicação,
processo dinâmico, contínuo e irreversível, é, também,
um processo de recolhimento, envio e interpretação de mensagens que
permite que as pessoas compreendam suas experiências.
Observa que a comunicação nas organizações está baseada
em quatro níveis, onde a informação é o elo: a
comunicação intrapessoal (que possibilita ao indivíduo
processar a informação), a comunicação interpessoal
(permitindo que os indivíduos estabeleçam e mantenham
relações), a comunicação de grupos pequenos (que permite aos
membros das unidades de trabalho coordenarem as atividades) e a
comunicação multigrupos (viabilizando a coordenação de
esforços a distintas unidades funcionais das organizações).
A comunicação interpessoal é um elemento crucial para a
organização, pois tal capacidade permite aos seres humanos orientar
seus comportamentos. Isto implica na produção de uma
coordenação do comportamento entre os comunicadores, para cumprir
metas estabelecidas em comum. É a essência da organização
humana. A comunicação grupal permite aos membros organizacionais
tomarem decisões que irão ajudá-los a chegar a um consenso e
cumprir as normas, regras e alcançar metas. Estas decisões podem ser
unânimes, a vontade da maioria ou o acordo implícito. Em
princípio, são instrumentos para ajudar a resolver os problemas das
organizações.
O autor verifica que a comunicação interna é formada por canais
formais e informais. Os primeiros são compostos pela estrutura da
organização -- níveis, divisões, departamentos, assim como
as responsabilidades específicas, posições e descrição
das atividades de trabalho. Os canais de comunicação informais
não estão estruturados ou planificados e, geralmente, não seguem
a estrutura formal da organização, pois emergem da interação
social natural entre os indivíduos da organização.
Salienta que existe uma relação entre os dois sistemas, isto porque
os formais, raramente, satisfazem as necessidades de informação dos
membros da organização; logo, rumores se desenvolvem para buscar
informações interessantes que não podem ser obtidas pelos canais
formais. Torna-se relevante que as organizações se preocupem com
este aspecto do trâmite da informação.
Classifica as formas de comunicação formais em três tipos:
comunicação descendente, comunicação ascendente e
comunicação horizontal. O primeiro tipo é o básico, onde as
informações fluem da alta direção aos níveis mais
inferiores da hierarquia. Torna-se uma ferramenta que facilita o controle
sobre o desempenho dos trabalhadores ao cumprir suas tarefas. Pode-se dizer
que este modelo envia ordens às hierarquias inferiores, proporcionando
informação relacionada com o trabalho e uma análise do
desempenho das atividades. Além disso, orienta os sujeitos a
reconhecerem e internalizarem as metas organizacionais.
A comunicação ascendente flui dos empregados dos níveis
inferiores para as categorias altas da organização, geralmente à
direção. É o caminho inverso da anterior. Proporciona a
retroalimentação aos diretores sobre os problemas atuais, informa
sobre as operações cotidianas e orienta os diretores com
relação às decisões que precisam ser tomadas. É uma
fonte primária de feedback da direção para determinar a efetividade de
suas comunicações descendentes. Chama a atenção que este
modelo, também, libera as tensões dos trabalhadores ao permitir que
os sujeitos dos níveis baixos da organização compartilhem
importantes informações com seus superiores, alimentando a
participação dos indivíduos, aumentando, assim, a coesão na
organização.
Por fim, a comunicação horizontal flui entre os indivíduos que
se encontram no mesmo nível hierárquico, sendo, basicamente, a
comunicação entre companheiros de setor. Desempenha funções
importantes para a organização, como por exemplo: facilita a
coordenação de tarefas ao permitir que os indivíduos
estabeleçam relações interpessoais efetivas por meio do
desenvolvimento de contratos implícitos; proporciona um meio para
compartilhar informações relevantes entre companheiros de trabalho;
é um canal de comunicação formal para a resolução de
problemas e conflitos entre companheiros; e permite que os sujeitos
organizacionais desenvolvam uma espécie de apoio mútuo.
O autor avalia como necessárias algumas estratégias para melhorar o
fluxo de mensagens formais nas organizações: reuniões para
facilitar a interação entre os indivíduos; análises
regulares de desempenho; realização de encontros entre a
direção e os trabalhadores para a solução de problemas e
conflitos; realização de procedimentos de capacitação, com
programas direcionados para os funcionários; e prêmios para os
trabalhadores que apresentam idéias aproveitáveis.
Também alerta para a utilização dos meios de comunicação
internos, como intranet, memorandos, boletins internos, entre outros, que
podem ser usados para aumentar o fluxo de mensagens formais, além da
possibilidade de proporcionar uma qualidade nas relações
interpessoais.
Sin embargo, la clave para el flujo efectivo de mensajes formales em la
organización, ya sea descendente, ascendente u horizontal, es el
desarrollo de relaciones interpersonales significativas entre los miembros
de la organización (KREPS, 1995, p.232).
Os canais internos de comunicação nas organizações são
importantes para o cumprimento das tarefas e das metas estabelecidas. A
comunicação interna das organizações é o instrumento
para realizar funções diretivas, que incluem, segundo o autor:
-
informar os indivíduos da organização acerca das metas,
propósitos e diretivas, assim como identificar os interesses mútuos
dos membros para o êxito da organização;
- descrever as tarefas organizacionais específicas que devem ser
cumpridas por todos;
- identificar responsabilidades de trabalho específicas dos
indivíduos organizacionais e treiná-los para cumpri-las;
- desenvolver e manter um bom clima organizacional;
- impor a adesão dos membros às regras, regulamentos e normas da
organização;
- valorar o desempenho do trabalho desenvolvido e estabelecer o desempenho
profissional ideal;
- coordenar as atividades dos sujeitos da organização e dos grupos de
trabalho para o cumprimento das tarefas específicas;
- buscar retroalimentação dos indivíduos para resolver os
problemas internos e o conflito;
- manter os resultados e o desempenho da organização com alta
qualidade.
Para que estes canais de comunicação, formais ou não,
estabeleçam sua importância dentro do processo
organizacional, torna-se necessário o estudo e a análise
da qualidade da informação e sua função dentro da
organização. Para tal, pode-se reportar às idéias
de Simões (1995, 2001), que traz a proposta de uma teoria com
base na Micropolítica.
O ato comunicacional oportuniza às pessoas gerarem e
compartilharem informações que lhe proporcionem
ferramentas de pensamento e direção para cooperar e
organizar-se. Ao se comunicarem os sujeitos criam significados,
trocam e respondem mensagens. A informação representa os
dados processados dos significados criados pelas pessoas.
A idéia de que a comunicação organizacional é um fluxo de
mensagens dentro de uma rede de relações interdependentes é
apresentada por Goldhaber (1991). Esta percepção sobre a
comunicação organizacional inclui quatro relevantes conceitos:
mensagens, redes, interdependência e relações. Passando, assim,
ser tarefa da comunicação organizacional o estudo dos fluxos das
mensagens nas organizações. Mensagens estas que têm a
função de informar, regular, persuadir e integrar a
organização. Elas derivam da informação, que é percebida
e a qual os receptores atribuem um significado. Em conseqüência, as
mensagens tratam de informações significativas sobre pessoas,
objetos e acontecimento oriundos das interações humanas. O fluxo das
mensagens entre os sujeitos segue um caminho denominado, pelo autor, como
rede de comunicações, pois comunicação implica em
interação dos indivíduos, ou seja, relação.
Assim, com está idéia de interdependência, a informação
e a comunicação, para Costa (1995), são aspectos fundamentais
quando utilizadas no planejamento estratégico da organização. A
comunicação passa a ter dois sentidos: como modo de relação
entre os indivíduos e as organizações, e como um instrumento
estratégico. A ação é comunicação e comunicar
implica em atuar, podendo ser ela considerada como uma questão
estratégica para a tomada de decisões e para a ação
corporativa.
Considera que a informação é o conteúdo útil, a mensagem
efetiva de toda a comunicação, seja interpessoal, seletiva ou de
difusão. O contrário de informação, então, é a
repetição, a redundância descontrolada, sem aquela
condição de redução da incerteza, citada anteriormente. Esta
passa a ser ruído ou sobrecarga de elementos, o que não traz
nenhuma novidade nem conhecimento, e que pelo contrário, introduz o que
o autor chama de parasitas e banalidades.
As organizações modernas, frente à complexidade dos desafios
atuais, necessitam planejar, administrar e pensar estrategicamente a
comunicação, tendo ainda que considerar os impactos causados pela
cultura organizacional e pelas atividades da política interna na
formulação e implementação das estratégias. Lindeborg
(1994) complementa tais idéias ao trazer o conceito de
comunicação excelente, que nada mais é do que a
comunicação administrada estrategicamente, alcançando seus
objetivos e equilibrando as necessidades da organização com a dos
principais públicos, mediante uma comunicação simétrica de
duas mãos.
Mas, ao falar-se na comunicação e informação como
ferramentas estratégias, é prudente buscar os conceitos da
retroalimentação, do feedback. Lite (1997) ressalta que a
comunicação, principalmente a interna, não deve limitar-se
unicamente ao envio de informações, mas precisa coordenar tarefas,
motivar as pessoas e melhorar os comportamentos. A comunicação
interna, segundo a autora, não termina quando um imediato superior
transmite uma mensagem ao resto dos trabalhadores, e sim quando recebe, para
ponderar a resposta que tal mensagem provocou nos receptores.
3 Considerações sobre a Teoria e a Prática
As organizações de trabalho são locais na qual os
indivíduos passam a maior parte de seu tempo, onde constroem sonhos,
despertam desejos, criam símbolos para expressar seus sentimentos. A
comunicação organizacional e a fluidez no fluxo informacional se
tornam relevantes e indispensáveis ferramentas para buscar a
compreensão mútua entre indivíduos e organizações, e
conseqüentemente, corroboram para o alcance das metas estabelecidas.
Os indivíduos se comunicam através de processos, sendo a
informação o conector entre os sujeitos, objetivos e públicos
interno e/ou externo da organização. Se o processo de
comunicação e o fluxo informacional forem eficientes, a
compreensão mútua é, basicamente, alcançada e os conflitos
reduzidos, sendo as metas cumpridas de forma mais fácil. Simões
(2001) diz que chegar à compreensão mútua pressupõe um
processo dialético onde são organizadas e integradas
experiências anteriores dos públicos visando uma nova forma de
conduta, uma nova situação.
A informação passa, então, a ser matéria-prima dos processos
comunicacionais que se estabelecem na sociedade, composta por
organizações, formadas por grupos, integrados por indivíduos.
Perceber a natureza e como se processa a informação é buscar a
excelência nos fluxos que se estabelecem dentro das
organizações.
Para tanto, a informação é vista como elemento indispensável
e responsável pela ativação dos processos de
comunicação. A busca pela mutualidade é possível com o
entendimento comum, por parte dos públicos interno e externo, acerca dos
fatos, o ato de compreender. Além disso, os envolvidos precisam entender
e aceitar o significado da ação das outras partes envolvidas,
integrando-as em suas relações.
Isto se torna plausível na medida que a informação
busca a redução da incerteza, através de um canal
corretamente escolhido, com a dose certa de redundância e
eliminação dos ruídos. A contribuição da
Matemática, aliada à Gestalt, levam à
memorização e ao aprendizado, contemplando a
Cognição. É a tríade que desencadeia a
compreensão organizacional.
4 Obras Consultadas
- COSTA, Joan. Comunicación Corporativa e Revolución de los
Serviços. Madrid: Ediciones Ciencias Sociales, 1995.
- EPSTEIN, Isaac. Teoria da Informação. São Paulo:
Ática, 1986.
- GOLDHABER, Gerald M. Comunicación Organizacional. México:
Editorial Diana, 1991.
- KREPS, Gary. La Comunicación em las Organizaciones. 2ed.
Wilmington Delaware, USA: ADDISON -- Wesley IBEROAMERICANA, S.A., 1995.
- LINDEBORG, Richard A. A Comunicação Excelente. (1994).
- LITE, Marisa del Pozo. Cultura Empresarial y Comunicación
Interna: su influencia em la gestión estratégica. Madrid: Fragua
Editorial, 1997.
- LITTLEJONH, Stephen. Fundamentos Teóricos da
Comunicação. Rio de Janeiro: Zahar.1982.
- PIGNATARI, Décio. Informação. Linguagem.
Comunicação. São Paulo: Editora Perspectiva S.A., 1970.
- SHANNON, Claude e WEAVER, Warren. Teoria Matemática da
Comunicação. São Paulo: Difel, 1977.
- SIMÕES, Roberto Porto. Relações Públicas e
Micropolítica. São Paulo: Summus, 2001.
- 1
- Doutoranda e Mestre em Comunicação Social pela PUCRS.
Professora do Centro Universitário Feevale -- Novo Hamburgo --
RS/Brasil, nos cursos de Comunicação Social, nas
habilitações Jornalismo, Relações Públicas e
Publicidade e Propaganda; e Administração de Empresas --
Gestão da Produção. Coordenadora do laboratório
experimental de prática televisiva do curso de
Comunicação Social. (valeriadeluca@hotmail.com) Esta
comunicação foi apresentada no I Congresso Ibérico de
Comunicação.