Terra nostra, cosa nostra:Mídias & culturas híbridas do Brasil

Cláudio Cardoso de Paiva, Universidade Federal da Paraíba



1. Introdução; 2. Corpus e Pertinência; 3. Por que "Terra Nostra, Cosa Nostra" ?; 4. Questões de Método; 5. Do dois ao três é que são elas; 6. Leituras Afins



I. Introdução

O objetivo deste ensaio é propor uma discussão de alguns elementos presentes no debate contemporâneo sobre "Mídia, Cultura & Sociedade". De modo específico, focalizamos alguns signos da família, trabalho, história e identidade, no contexto da televisão, examinando como apresentam as formas de permanência e transformação social. Para isso, estrategicamente, colocamos em perspectiva a telenovela "Terra Nostra", considerando que hoje, no Brasil, os indivíduos tendem a formar uma consciência da realidade, de maneira mediatizada pela televisão. Mas também percebemos, que estes indivíduos, ao contrário de agirem de maneira neutra ou mecânica, participam ativamente dos processos mediáticos. Nossa argumentação encontra apoio nos estudos de recepção, que procuram compreender o contexto sócio-cultural dos indivíduos, no momento da análise dos processos comunicacionais. Esperamos contribuir, deste modo, para apreciação das formas de participação social, da subjetividade e da cidadania. Por fim, observando o percurso histórico de um marco conceitual importante, como a folkcomunicação, buscamos situar algumas linhas de convergência com o tema e tecemos algumas considerações sobre esta perspectiva metodológica, que permanece atual no enfoque da comunicação e da cultura.

Método: Partimos do pressuposto que as mídias, particularmente, a mídia eletrônica, participa do conjunto de transformações técnicas, ideológicas, estéticas e políticas, do século XX. Neste sentido, recorremos a Mc Luhan e à noção de "aldeia global" considerando que o autor prenunciou o fim da "grande divisão" entre a cultura popular e a alta cultura. Mc Luhan mostrou como o "homem tipográfico" (norteado pelas letras) cedeu terreno ao "homem mediático" (norteado pelas imagens, sons e letras), na era das telecomunicações. Depois do alfabeto, da imprensa e dos audiovisuais, a Internet aparece na paisagem sociocultural como um vetor de transformação da relação entre os sujeitos e a sua realidade. Hoje, a "terceira onda", como tradução da expansão das TVs, parabólicas e computadores, repercute de modo marcante, redimensionando a discussão intelectual sobre os problemas da chamada "cultura de massa". Por um lado, as novas tecnologias da informação atualizaram as possibilidades de acesso às letras, imagens e sons característicos do sofisticado repertório da cultura ilustrada. Por outro lado, as formas tradicionais da cultura, em seu formato artesanal, espontâneo ou primitivista, em moldes de folclore, no contato imediato com as redes e telas, assumiram uma nova configuração e exigem um enfoque mais atualizado. O fato é que o aparecimento dos novos dispositivos estilhaçou as certezas, que outrora, norteara as ciências sociais. O estilo das novas mídias modificou o estatuto do sujeito no processo comunicacional. Em princípio pode parecer inadequado se referir às novas tecnologias, à cibernética e à Internet, num estudo sobre televisão e sociedade. Mas o fato é que os novos dispositivos informacionais alteraram sensivelmente todos os momentos do processo comunicacional, isto é, modificou o pólo da produção de sons e imagens, a estrutura e funcionamento das mídias e, por último, transformou o estatuto da experiência de percepção do público.

Uma "ciência com consciência", como escreve Edgar Morin, aponta para a complexidade da cultura e suas diversas modulações, sejam elas, regionais, tecnológicas, religiosas, industriais ou humanistas. Em verdade, hoje, os intelectuais se deparam com uma cultura cosmopolita, que experimenta os efeitos da globalização e seus recortes regionais.





II. Corpus e Pertinência

O corpus da nossa análise se define na efervescência dinâmica da produção, circulação e recepção dos capítulos da telenovela "Terra Nostra", que, se por um lado, torna-se maçante pela monotonia de uma ficção seriada de longa duração, por outro lado, desperta a atenção porque consiste num simulacro fértil que exibe o estilo do emocional coletivo, das sensações, da afetividade, numa palavra, da estesia cotidiana brasileira.

Em meio à exuberância de signos que se prestam a uma observação do imaginário coletivo, a ficção de "Terra Nostra" é pertinente também pelo modo como focaliza alguns aspectos importantes da cultura brasileira:

1. Primeiramente, pela apresentação do estilo de formação da instituição familiar brasileira, cujo hibridismo de língua, etnia, costumes e códigos de moralidade, perfazem-se sob a tutela da autoridade patriarcal. A série mostra como o conceito de latinidade, pelo viés da cultura italiana, pôde ser determinante na formação das estruturas da economia, da política e da vida cotidiana, disseminando-se pelos diversos estratos sociais.

2. Em segundo lugar, pelo modo como projeta as aparências de uma narrativa histórica, no momento em que os discursos oficiais e mercadológicos performatizam um tempo de passagem. É uma narrativa meta-histórica, que encena o fim e o recomeço de um ciclo. Embalada pela escatologia do fim de século, do fim de milênio e finalmente, em sintonia com a comemoração dos 500 anos de descoberta do Brasil, "Terra Nostra" é marcada pela intuição da atualidade em diálogo as imagens da história.

3. Em terceiro lugar, pela temática da produção e suas referências alusivas à divisão social do trabalho, regimes de propriedade, escravagismo, imigração, desemprego e dependência econômica. Em tempos de neoliberalismo, globalização e multiculturalismo, a Rede Globo coloca em cena o problema do trabalho de forma diluída, entre as figuras realistas dos camponeses e o lirismo digital das imagens de época, na colheita do café.

4. Depois, "Terra Nostra" é importante pela difusão de ingredientes do folclore, da cultura popular, cuja mediatização, pela estética e ideologia da televisão, desperta a percepção do telespectador para imagens e sons de outra (s) terra (s), de modo cosmopolita. O público receptor, como elemento ativo no processo da comunicação, por sua vez, assimila, desmonta e adequa os signos da televisão, de acordo com o seu repertório sociocultural.

5. Finalmente, a telenovela coloca em relevo os modos de exclusão e integração, assim como as formas de emancipação histórica do negro, da mulher e do estrangeiro. Focalizando o lugar do outro, a mídia chama a atenção para as formas de identidade, alteridade e autonomia do sujeito. Conseqüentemente, atualiza o espaço do cidadão. Assim, sendo uma narrativa, em princípio, centrada numa história de amor trágico, dionisíaco, "Terra Nostra" termina desencadeando a potência das forças políticas e transformadoras da sociedade e da cultura.



III. Por que o título "Terra Nostra, Cosa Nostra" ?

A realização da telenovela "Terra Nostra" coincide com um momento em que a discussão das questões da terra, nacionalidade e identidade ganhou novos contornos, no campo dos estudos sociais, políticos e culturais. Encontramos em "Terra Nostra", elementos para uma reflexão sobre a terra como propriedade, isto é, em referência ao campo do trabalho, da produção, como espaço de realização socioeconômica e socio-política. De certo modo, a telenovela retoma um dos eixos temáticos focalizados em ficções anteriores, como "O rei do gado", que para o melhor e para o pior, dramatiza a situação dos "sem terra", nos espaços e tempos da televisão. Para o melhor porque "enfrenta" a atualidade da discussão sobre os deserdados da terra, os pobres e os excluídos. Para o pior porque, como mostra Jean Baudrillard, em trabalhos conhecidos, tais como "A Transparência do Mal, Ensaios sobre os fenômenos extremos" (1990), as mídias, ao espetacularizarem as experiências sociais, políticas e econômicas, terminam por fragilizar os discursos e as ações dos sujeitos como elementos transformadores da realidade.

O termo "cosa nostra", utilizado aqui, longe de referir uma sensação de antipatia pela estética dos italianos na televisão e a sua inscrição na formação cultural brasileira, remonta ao sentido de máfia, como um estamento social que detêm os poderes sociais, políticos e econômicos, e se mostra excludente em relação à participação dos indivíduos comuns nas decisões públicas. Tendo uma certa conotação "familiar", o signo "cosa nostra" remete ao sentido de máfia, mas também, à família, como uma instituição que é muito forte no Brasil. Apesar de todas as transformações no que diz respeito às formas de socialização dos sujeitos, na "era da informação"; a família permanece como uma estrutura afetivamente marcante no imaginário e vivência dos brasileiros. Por fim, a telenovela "Terra Nostra", não obstante o seu caráter ficcional e meta-histórico, pois consiste numa estória que se refere à história, é um produto que remete a importantes aspectos das relações entre os sujeitos e o mundo sensível.



IV. Telenovela e Folkcomunicação: Questões de Método

As telenovelas aqui nos aparecem como pretexto para repensar o estilo das culturas populares na era da planetarização mediática. Aproveitando o ensejo, acolhemos o sentido das culturas populares no contexto do seu percurso histórico conceitual. Em princípio requisitamos a designação de "folclore", em referência a uma longa tradição de pesquisa que se desloca desde os estudos tradicionais de Câmara Cascudo, passando pelos estudos de Elihu Katz, Paul Lazarsfeld e suas adequações feitas por Luis Beltrão, no trabalho Folkcomunicação, A Comunicação dos marginalizados, até a atualização dos estudos culturais latino-americanos. Dito isto, é importante disciplinar o nosso enfoque a partir de alguns parâmetros:

Primeiramente, é preciso contextualizar o sentido do termo folkcomunicação numa época em que o imaginário e o vivencial cotidiano são sistematicamente "varridos" pelas novas tecnologias. É importante relembrar que a folkcomunicação consiste num registro teórico-conceitual marcado por uma perspectiva crítica, que enfatiza a presença dos marginalizados no processo da comunicação e suas interfaces socioeconômicas, políticas e culturais. Hoje, o sentido da palavra "marginal" adquiriu um espectro estigmatizado e contrasta com a sua utilização, nos anos 70, em que as utopias éticas, estéticas, cognitivas e culturais, imprimiram uma certa aura romântica ao termo. Hoje, a sociedade brasileira parece mais conformista e o acento revolucionário, presente nos discursos que estruturam o campo das experiências da folkcomunicação, parece ter-se diluído na ambiência performatizada pelas mídias. Entretanto, como uma espécie de "retorno" de uma dialética em que participam de modo vitalista, as instâncias da sociedade, economia, cultura e política, a folkcomunicação reaparece hoje atualizada no contexto das culturas híbridas do Brasil.

Depois, o pensamento, o discurso e a ação presentes no contexto da folkcomunicação, em sua dinâmica de atualização, possuem o mérito de fazer uma ponte entre as gerações, o que é bastante fecundo, numa experiência cultural como a brasileira, que infelizmente, não tem a tradição de assegurar uma continuidade de práxis cultural e política, de uma geração para outra. Deste modo, é salutar revisitarmos as propostas de autores latino-americanos, que em sua diversidade de orientações epistemológicas, têm sido profícuas na experiência de crítica, desmontagem e recriação, dos modelos e matrizes socioculturais estrangeiros.

Luiz Beltrão, como expoente importante no domínio das pesquisas da comunicação, em sua filiação teórica da folkcomunicação, pode ser situado num universo semântico, epistemológico, cultural e político, em diálogo com outros autores e correntes teóricas, como Antonio Pasquali, Luis Beltrán, Jésus Barbero, entre outros. Hoje, num ambiente planetário, em que as estratégias de comunicação refletem a consciência de uma experiência do mundo estruturado em blocos, são salutares as perspectivas de autores brasileiros como Roberto Benjamin, José Marques de Melo e Osvaldo Trigueiro, cujos esforços teóricos registram a importância de um enfoque das culturas populares em diálogo com as mídias e as novas tecnologias de comunicação. Assim, o enfoque das culturas regionais aparece fecundo no contexto universalizado das práticas comunicantes.

A folkcomunicação consiste num método compreensivo e participativo, que acentuando as relações entre a informação, a sociedade e cultura, coloca em destaque a posição estratégica dos "líderes de opinião" como mediadores entre as proposições da "indústria cultural" e o campo de recepção dos usuários, leitores, (tele) espectadores. Uma experiência conseqüente seria redefinir o lugar dos chamados "líderes de opinião", na era da informação. Como provocação estimulante, perguntaríamos em que medida a mídia, particularmente, a televisão (e as telenovelas) participariam deste contexto, como atores principais ou coadjuvantes, enquanto "líderes de opinião". Por um lado, pode parecer ingenuidade, desconhecimento ou mesmo subversão dos critérios da folkcomunicação situar a telenovela do lado dos "líderes de opinião". Mas, por outro lado, na sociedade do espetáculo, numa época em que tudo parece ter-se tornado espetacular, quando os indivíduos parecem ter-se tornado "mídias humanas", uma vez que portam consigo os valores éticos e estéticos propostos pelas mídias, para o melhor e para o pior, as telenovelas parecem redefinir o lugar dos "líderes de opinião".

Em se tratando de culturas populares, experimentações e métodos, é salutar ainda situar a folkcomunicação num campo dialético (ou melhor, dialógico) em que se comunicam as propostas da Escola de Frankfurt, as idéias de Mc Luhan e o contributo latino-americano. Não desconhecemos que tal perspectiva corre todos os riscos técnicos e ideológicos de diluir a expressividade da folkcomunicação, em que a participação aparece como elemento chave, transformando os receptores em elementos ativos no processo da comunicação. Mas a folkcomunicação, tendo em vista os fluxos e refluxos das culturas populares, em suas relações dinâmicas com o Estado, o mercado, as mídias e as tecnologias, desloca-se permanentemente, em sintonia com as expressões de uma cultura pop, e se reafirma como uma expressão "folk-pop". Isto exprime uma estratégia de assegurar o ritmo das experiências socioculturais e socio-políticas, considerando as relações entre o particular e o geral, o micro e macro, o regional e o universal, o nacional e o estrangeiro.

Na concretude das expressões empíricas, situamos a práxis pedagógica, artística e comunicacional do filósofo pernambucano, Jomard Muniz de Britto, que sustenta uma perspectiva da cultura pelo viés "folk pop", carnavalizando (no sentido empregado por Mikahil Bakhtin) as conjunções entre o artesanal e o tecnológico, o estético e o político, o experimental e o vivencial. Em suas atividades pedagógicas, poéticas e performativas, Muniz de Britto promove o diálogo entre Paulo Freyre e Mc Luhan, isto é, entre a pedagogia e a tecnologia, entre o arcaico e o ultra-moderno. Assim, teríamos uma leitura da folkcomunicação, traduzida sob a forma de uma cultura "folk pop", num sentido semântico e epistemológico, em proximidade com a "pop filosofia", proposta pelo pensador francês Gilles Deleuze.

Buscando adequar as informações globais às formas de recepção e participação regionais ou setoriais, Muniz de Britto, utiliza-se dos recursos científico-filosóficos, audiovisuais e cibernéticos, dramatúrgicos e pedagógicos atualizando uma pesquisa e pragmática em relação amistosa, crítica e criativa, também, com a folkcomunicação.

Procurando se aproximar da folkcomunicação, numa leitura atualizada, julgamos sua perspectiva adequada e pertinente, caracterizando um enfoque da comunicação e da cultura, em que as particularidades e peculiaridades da cultura são relativizadas e consideradas "positivas". Deste modo, encontramos afinidades entre a folkcomunicação e a etnometodologia, repensada a partir da adequação dos estudos culturais anglo-saxônicos. A folkcomunicação, em sua matriz crítica e transformadora, assim como os estudos culturais anglo-saxônicos, adequa-se particularmente ao enfoque das minorias, dos setores à margem da cultura oficial e institucionalizada. Neste sentido, encontramos afinidades entre as propostas da folkcomunicação e as proposições de Raymond Williams, examinando as características da vida no campo e na cidade. Do mesmo modo, guardadas as especificidades metodológicas e epistemológicas de marcos teóricos bem diferenciados, encontramos analogias e similitudes entre as proposições da folkcomunicação e os estudos de Edward Said sobre o "orientalismo". Da mesma forma, a folkcomunicação apresenta aproximações também com as propostas de Frederic Jameson e a sua releitura da materialidade histórica das culturas populares do capitalismo tardio. Ressalvando as características de cada um desses enfoques, cujas articulações teóricas e conceituais expressam uma sofisticação que tem a positividade de se aproximar dinamicamente da complexidade cultural expressa no III milênio e de buscar traduzir as essências e aparências dos produtos culturais na "era da informação mediático-cibernética", examinando as arestas técnicas e humanistas da comunicação.





V. Do dois ao três é que são elas: telenovela, teoria e folkcomunicação

Embora pareça óbvio, é importante ressaltar que a teoria e o trabalho do conceito só fazem sentido na medida em que se atualizam a partir da materialidade e concretude das experiências vitais. Assim, refazendo os termos de propostos por Antônio Cândido, e sua leitura das estruturas do texto, da sociedade e da cultura, procuramos situar a experiência das telenovelas, face aos hábitos dos telespectadores e o repertório sociocultural.

Buscando ilustrar as etapas do conhecimento científico numa perspectiva de enfocar as relações entre mídia, cultura e sociedade, propomos uma breve abstração reconstruindo hipoteticamente, um esquema imaginário, em que se relacionam o ato de assistir televisão e a vontade de saber, num plano intelectual atento às diferentes formas culturais:

Num primeiro momento, teríamos a visibilidade rotineira da televisão como expressão estética e ideológica, como um convite ao lazer e ao entretenimento; num segundo momento, teríamos um tipo de reflexão sobre a televisão e a telenovela, buscando compreender e interpretar sua estrutura e funcionamento, o regime de signos que asseguram a sua performatividade, e enfim, os usos e adequações realizados pelo público. Num terceiro momento, teríamos um retorno à sala de estar, em que, na intimidade caseira da recepção, os indivíduos, hipoteticamente, após o exercício de contemplação e compreensão das imagens, da leitura e reflexão rigorosa, teriam obtido as condições para o refinamento da percepção e da faculdade de julgar os produtos de comunicação, enquanto objetos estéticos.

Ironicamente, tal perspectiva estaria fadada a um tipo de fragmentação que caracteriza o pensamento do homem moderno, mas que parece deslocado e estranho à "verdade" sensível do terceiro milênio.

A folkcomunicação parece ter-se antecipado, de modo prognóstico e atualizado, expressando uma compreensão do conhecimento comum sem os vícios de pensamento intelectual habituado a perceber o mundo através de "grades conceituais", que de modo genérico, termina por se afastar do objeto a que se dedica. Deste modo, encontramos afinidades entre a folkcomunicação e a noção de "conhecimento comum", proposta pelo sociólogo francês Michel Maffesoli. O autor, inspirado nas idéias de Simmel, Weber e Durkheim, atualiza as reflexões sobre a ciência, colocando o acento sobre as práticas cotidianas, como procedimentos dotados positividade no que respeita à cognição. Maffesoli, como os defensores da folkcomunicação, apóia-se num método que respeita o específico das práticas "marginais", excêntricas, minoritárias, desviantes, etc., como participantes da dinâmica efervescente da vida cotidiana.

A grande mudança no paradigma científico, em se tratando das ciências sociais, da cultura e da comunicação, estaria neste aspecto de considerar a positividade, a relevância e pertinência das práticas comuns (ou "ordinárias"). Como nos permite argumentar o pensador brasileiro Muniz Sodré, existe algo que se comunica, permanentemente, na dimensão ética, estética e cognitiva, por parte das mensagens da televisão. Isto se torna perceptível na proposição de um produto cultural simples, como a telenovela "Terra Nostra, que em sua aparente banalidade, agrega sensações coletivas que não podem ser negligenciadas por aqueles que se propõem a repensar os produtos da cultura e da comunicação.



VI. Leituras Afins:

BELTRÃO, L. Folkcomunicação, A comunicação dos marginalizados. SP: Cortez, 1982.

CANCLINI, N.G. Culturas Híbridas. S. Paulo: Edusp, 1997.

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GRUNZINSKY, S. La Guèrre des Images, 1492-2014 - De Colombo a Blade Runner. Paris: Fayard, 1995.

MADEIRA, Angélica; VELOSO, Mariza. Leituras Brasileiras. SP: Paz e Terra, 1999.

MAFFESOLI, M. O conhecimento comum. S. Paulo: Brasiliense, 1987.

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MORIN, E. Ciência com consciência. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.

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MUNIZ DE BRITTO, J. Orf'eus. Rio de Janeiro: Editora Blocos, 1995.

MUNIZ DE BRITTO, J. A pop filosofia, O que é isto? Livro em CD, 1996/97.

MUNIZ SODRÉ. Repensando a cultur@. A comunicação e seus produtos. Petrópolis: Vozes, 1995.

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