A ética comunicacional na Internet

Dênis de Moraes, Universidade Federal Fluminense

Julho de 2000


1. O CÉREBRO PLANETÁRIO

As agudas mutações culturais que incidem sobre o nosso ser-estar na dobra do milênio requerem uma análise abrangente de questões relacionadas à ética comunicacional. Já não vivemos ao alcance apenas do rádio, da televisão, do jornal, da publicidade, do cinema e do vídeo. A era dos fluxos hipervelozes de informação reconfigura irreversivelmente o campo mediático. A força invisível dos circuitos integrados on line ultrapassa toda e qualquer fronteira, numa rotação incessante. A veiculação imediata e abundante não somente delineia modos singulares de produção e consumo de dados, imagens e sons, como propicia um realinhamento nas relações dos indivíduos com os aparelhos de enunciação. As máquinas de infoentretenimento reinventam-se como organismos de difusão simbólica, seja em decorrência da brusca aceleração tecnológica, ou pela possibilidade de se ajustar a vias de mão dupla no tráfego de mensagens. Neste quadro de deslocamentos e rupturas, o fenômeno Internet precipita mudanças de paradigmas que podem ser absorvidas em sintonia com a idéia de humanização da sociedade. Na órbita da mega-rede digital, flutuam instrumentos privilegiados de inteligência coletiva, capazes de, gradual e processualmente, fomentar uma ética por interações, assentada em princípios de diálogo, de cooperação, de negociação e de participação. A imagem clássica dos aparelhos de divulgação no topo da pirâmide e dos receptores confinados na base está se rompendo com a arquitetura dos espaços de comunicação na Internet. Os sistemas computrônicos dinamizam os traçados e entrecruzam fluxos seqüenciais e intercorrentes da ciberesfera. A inteligência coletiva — que se expressa nas atividades extensivas e multidimensionais das comunidades de usuários — reorganiza, a todo instante e interativamente, as massas de informação disponíveis on line, para usufruto público, por meio de conexões transversais e simultâneas. A nova ambiência favorece o reconhecimento mútuo dos indivíduos e dos grupos envolvidos na comunicação, definida como processo de objetivação partilhada da consciência humana em contextos comuns. É a inteligência coletiva, desterritorializada e descentralizada, que se contrapõe à cultura verticalizada à qual tivemos que nos habituar.

Nas artérias labirínticas da Internet, os usuários têm a chance de assumir-se como atores comunicantes, ou, se preferirmos a bela metáfora de Jöel de Rosnay, como "neurônios de um cérebro planetário" (1), que nunca pára de produzir, de pensar, de analisar e de combinar. Cada ator inscreve sua identidade na rede à medida que elabora sua presença no trabalho de seleção e de articulação com as áreas de sentidos, que se concretiza nos encadeamentos do hipertexto. Na malha hipertextual, os sites afiguram-se como um viveiro imensurável de infomídias interativas. Eles estocam, processam, distribuem e atualizam dados e imagens oriundos de múltiplos campos do conhecimento. Efetivam-se como pontos de visibilidade para interseções comunicacionais, sem correspondências com as estruturas autoritárias das mídias convencionais. De fato, a pragmática da Internet desfaz a polaridade entre um centro emissor ativo e receptores passivos. Os dispositivos e interfaces tecnológicos instituem o que Henry Bakis classifica de "espaço de transação", cujo conteúdo técnico, em constante refinamento, proporciona comunicações intermitentes, precisas e ultra-rápidas, numa interação entre todos e todos, e não mais entre um e todos (2).

No ciberespaço, cada um é potencialmente emissor e receptor num espaço qualitativamente diferenciado, não-fixo e disposto pelos usuários. Não é por seus nomes, posições geográficas ou sociais que as pessoas se reúnem virtualmente, mas de acordo com blocos de interesses, numa paisagem comum de sentido e de saber (3).Sob tal prisma, a Internet seria o berço universal de infomídias, claramente diferenciadas dos macro-sistemas mediáticos pelos seguintes quesitos:

1) Ao menos até o presente, não há centros diretivos nem comandos decisórios na World Wide Web.

2) A comunicação na Internet é fundada numa reciprocidade com dimensão comunitária (o telefone é recíproco, mas individual, não permite uma visão do que se passa no conjunto da rede). As emissoras de televisão e de rádio são pólos de onde as informações partem e são distribuídas. Mesmo tomando-se em consideração o despontar de soluções interativas, existe uma separação nítida entre os núcleos emissores e os destinatários, isolados uns dos outros. Na Internet, há a possibilidade substantiva de participação dos receptores, inclusive, em coletividades desterritorializadas.

3) O caráter interativo e multipolar da comunicação virtual rompe com limites demarcados por instituições hegemônicas e pela mídia. Textos, sons e imagens circulam em grande quantidade pela Internet, sem a obrigação de se submeterem a filtros de avaliação (conselhos consultivos, comitês editoriais, editores). Com a diversificação dos pólos de enunciação, produz-se uma redistribuição de dados menos condicionada pelo peso histórico da imprensa e das indústrias culturais.

4) Inexistem, na Web, grades de programação ou rotas preestabelecidas até os materiais informativos. O usuário escolhe e consome informações nos horários, nas freqüências e nos ângulos de abordagem de sua preferência. Enquanto a televisão, o rádio e o jornal selecionam notícias em função de suas próprias diretrizes, as redes computadorizadas impelem-nos a ir atrás das informações dispersas pelos hemisférios, com a prerrogativa de definirmos por conta própria a que mídia, programas de buscas ou bases de dados devemos recorrer.

O ciberespaço disponibiliza, em qualquer espaço-tempo, variadas atividades e expressões de vida. A cibercultura mundializa visões díspares e modos de organização social contrastantes, sem favorecer pensamentos únicos. Congrega forças, ímpetos e desejos contraditórios, com a peculiaridade fundamental — apontada por Pierre Lévy — de universalizar sem totalizar. Na direção aqui proposta, a totalidade tem a ver com a descontextualização dos discursos, que possibilita o domínio dos significados, o anseio pelo todo, a tentativa de instaurar em cada lugar unidades de sentido idênticas. A noção de totalidade busca bloquear a pluralidade de contextos e a multiplicidade de segmentos que neles deveriam intervir.

Já o ciberespaço configura-se como um universal indeterminado, sem controles e hierarquias aparentes, sem local nem tempo claramente assinaláveis. Conceituando totalidade como "unidade estabilizada de sentido", Lévy a ela contrapõe a vitalidade da cibercultura, que "inventa uma forma de suscitar uma presença virtual da humanidade diante de si mesma, diversa da imposição de uma unidade de sentido". O monolitismo semântico rompe-se na medida em que a universalidade do ciberespaço possibilita a interconexão dos seres humanos, por integração efetiva à inteligência coletiva não-massiva e não-totalizável, em um meio ubíquo, paradoxalmente operado por uma tecnologia real. O filósofo francês acentua que a cibercultura, ao preservar a universalidade dissolvendo a totalidade, corresponde ao momento em que nossa espécie, pela globalização econômica e pelo adensamento das redes de comunicação e transporte, tende a formar uma única comunidade mundial, ainda que desigual e conflituosa. Esta megacomunidade, conquanto tenha forte dose de globalismos, universaliza-se por contato e interação, e não por homogeneização (4).

Descobrimos um estiramento na noção de totalidade: no ciberuniverso, as partes são fragmentos não-totalizáveis, isto é, não-sujeitas a um todo uniformizador de linguagens e concentrador de poderes, que anula inevitáveis disparidades de interpretação. As relações entre as partes reinventam-se, em densidade e em extensão, sem que umas subjuguem as demais. A imanência mítica e autoritária do todo conhece a variável da tensão.

O ciberespaço funda uma ecologia comunicacional: todos dividem um colossal hipertexto, formado por interconexões generalizadas. Trata-se de um conjunto vivo de significações, no qual tudo está em contato com tudo: os hiperdocumentos entre si, as pessoas entre si e os hiperdocumentos com as pessoas. A universalidade aparta-se do espírito de totalização e se constrói tanto por contato como por condições de comunicação recontextualizadas (no sentido de que há um contexto universal no âmbito cibernético, inteiramente diverso dos contextos não-virtuais e propício a modalidades comunicacionais não-totalizantes e participativas). Cabe à capacidade cognitiva dos indivíduos determinar como se vão rearticular as conexões globais. A cada nó, incorporam-se novos usuários, os quais se convertem em produtores e emissores de informações a serem consumidas sem barreiras geográficas, sem fusos horários.

A imagem da Internet como um mega-sistema em cíclica mutação e saudável desordem justifica a sua classificação de Babel cultural do final do século XX. Ela oferece-se à contemplação como um gigantesco mosaico, no qual quem decide o que deve ser destacado e aproveitado no emaranhado de nós é o agente humano, por afinidades e conveniências. O único imperativo categórico para inserir-se no coletivo de cidadãos-usuários é estar conectado. Ao plugar-se, o internauta recebe o passaporte carimbado para o ciberespaço: a conta numérica numa máquina, para uso pessoal, com endereço eletrônico e senha intransferíveis. A esta identidade, às vezes se soma a exposição individual perante a coletividade, através de um website personalizado. Outra modalidade identitária manifesta-se nos canais de conversação textual on line, os chats ou IRCs (Internet Relay Chat). O usuário escolhe um pseudônimo para interagir com parceiros fisicamente separados e desconhecidos. Os MUDs (Multi User Dungeon) e MOOs (Multi User Object Oriented) são ambientes interativos onde também se adotam identidades anônimas e temporárias. Não é propriamente necessário que todos os participantes estejam plugados ao mesmo tempo, e sim que se baseiem na mesma interface para a comunicação partilhada.



2. A DIALÉTICA DOS FLUXOS

Os usos imensuráveis da Internet refletem a complexidade psíquica, afetiva, social, ética, cultural, econômica e político-ideológica do mundo contemporâneo. Diante das telas dos monitores, trafegam o voraz comércio eletrônico, a guerra entre os fabricantes de softwares, os hackers, os vírus, a pornografia, projetos militares e seitas místicas. Em compensação, dispomos de uma escala impressionante de informações, cultura e divertimento, programas educacionais e científicos, bases públicas e privadas, trocas entre indivíduos, grupos e instituições, e modalidades promissoras de intervenção política, cultural e social.

Para além do correio eletrônico, do entretenimento e das pesquisas, a Internet afigura-se como fórum on line capaz de revitalizar movimentos civis, na atmosfera de permutas da cultura de redes. Organizações não-governamentais, sindicatos, associações profissionais e partidos políticos procuram estreitar vínculos e incrementar campanhas reivindicatórias valendo-se dos efeitos de amplificação da Web. São pessoas e instituições identificadas com causas e comprometimentos semelhantes, que se inter-relacionam, por ligações de diferentes lugares do mundo, em grupos e listas de discussão, ou conferências eletrônicas. Elas ainda alimentam a circularidade de conteúdos entre suas homepages, através de links que se remetem e se referenciam uns aos outros, por temáticas correlatas.

Eis aí outra dimensão da ética por interações: estimula processos tecnocomunicacionais de inserção político-social de forças contra-hegemônicas, sobrepujando os filtros ideológicos e as políticas editoriais dos complexos de mídia.

A abundância de variedades na Internet contraria a imaginação dos que se habituaram ao predomínio dos efeitos massivos de simulação, ou daqueles que insistem em esgrimir conceitos sobre as mídias clássicas que perderam validade no ciberespaço. Cedo ou tarde, eles precisarão considerar que a arena multimídia on line requisita planos específicos de comunicação, pois um número crescente de segmentos sociais e de subjetividades migra para ela e secreta aspirações diferenciadas.

É indispensável ressaltar que não concebo o ciberespaço como uma esfera autônoma, divorciada dos embates sociais concretos. Ao contrário, a práxis virtual guarda uma relação de complementaridade com o real, e não de substituição de antigos dispositivos de comunicação. O virtual, conforme Pierre Lévy, é uma existência potencial, que tende a atualizar-se. A atualização envolve criação, o que implica produção inovadora de uma idéia ou de uma forma. O real, por sua vez, corresponde à realização de possíveis já estabelecidos e que em nada mudarão na sua determinação ou em sua natureza. Já a virtualização deve ser entendida como "uma mutação de identidade, um deslocamento do centro de gravidade ontológico". O sujeito passa da situação atual, correspondente a uma solução, para um campo de interrogação que o obriga a propor coordenadas como resposta a uma questão particular (5).

Ponto nodal da simbiose real-virtual, a Internet situa-se na base de criação de uma fronteira a um só tempo física e abstrata. Física e tangível, porque sua infra-estrutura operacional é feita de interfaces gráficas, de modems e de discos rígidos. Abstrata e intangível, pois os conteúdos remetem à ordem da representação, da cognição e da emoção. Sem atributos físicos e existindo independentemente deles, o ciberespaço tem força simbólica para ampliar as percepções da realidade. O mundo on line, conforme Derrick de Kerckhove, herdeiro de Marshall McLuhan, define-se como "uma realidade que se pode tocar e sentir, ouvir e ver através dos sentidos reais — não só com ouvidos ou olhos imaginários" (6). O virtual, aduz Kerckhove, estende e expande sujeitos, por meio de tecnologias que não apenas prolongam as propriedades de envio e recepção de mensagens, como penetram e modificam a consciência de seus utilizadores, transformando-se em "extensões quase orgânicas do nosso ser mais íntimo" (7).

Os processos de significação não se anulam, eles se mesclam e acentuam relações de sinergia. A cibercultura não se superpõe às culturas preexistentes, nem as aniquila. A dialética ativa desdobramentos e remissões; no lugar de divisões e estacas demarcatórias, estabelecem-se os nexos, as bricolagens e as hibridações. Identidades culturais podem ramificar-se nos fluxos eletrônicos, sem perder seu enraizamento na memória afetiva das sociedades (8). Veja o caso da literatura latino-americana, que experimenta um surto de integração virtual. Ícones sagrados como Gabriel García-Márquez, Pablo Neruda, Julio Cortázar e Jorge Luis Borges têm excelentes páginas elaboradas por universidades e centros de estudos. Ao mesmo tempo, dezenas de sites e publicações estilhaçam o silêncio sobre autores da Nicarágua, de Trinidad Tobago, da Venezuela, do Peru e da Guatemala. O circuito digital contribui não apenas para divulgá-los, como para restabelecer laços de contigüidade cultural e insinuar uma pluralização das tendências literárias em um espaço perceptivo desterritorializado. O que parecia irremediavelmente estratificado — no cume, a confraria dos notáveis; na planície, a legião de novos e veteranos escritores sem vez na mídia e na estrutura mercadológica da indústria editorial — coliga-se na Web (9).

O rádio não substituiu o jornal, a TV não acabou com o rádio e a Internet não vai ocupar o lugar de ninguém. O que sobressai na Web é a sua reformulação permanente, capaz de impedir a subsistência de monopólios de difusão. Os fluxos ininterruptos, potencializados pelos recursos da hipermídia, funcionam como ímãs eletrônicos: multiplicam-se as ciber-rádios, os ciberjornais, as ciberagências publicitárias, os cibervídeos e as cibertelevisões. Os veículos mantêm traços distintivos originais (o som radiofônico, o audiovisual televisivo) e imbricam-se com as formas flexíveis e multissensoriais inerentes ao ecossistema digital. Por exemplo, a edição on line da The Paris Review (http://www.voyagerco.com/PR), com áudio e vídeo, atualiza uma revista com 50 anos de tradição como magazine eletrônico. Além de deliciar-se com coleções de fotos e ouvir gravações de depoimentos, como o de Woody Allen para o número temático sobre humor, o visitante encontra transcrições de entrevistas com 250 grandes escritores, artistas e intelectuais do século XX. Nomes da envergadura de Ítalo Calvino, Pablo Picasso, William Faulkner, W. H. Auden, Ernst Hemingway, Truman Capote, Lillian Hellman, Margueritte Yourcenar, Gore Vidal, Ezra Pound e Vladimir Nabokov. Basta clicar o mouse para, como diria Mario Vargas Llosa a propósito da ficção, "deslocar-se no espaço e no tempo sem sair de seu lugar nem de sua hora e viver as mais ousadas aventuras do corpo, da mente e das paixões, sem perder o juízo ou trair o coração" (10).

Seria um equívoco encarar a Internet como um mercado paralelo e estanque, dissociado das demais mídias e das conjunturas sociais. Não interligá-la àquelas instâncias significaria entendê-la como fim e não como um meio para se atingir metas maiores. Haveria o risco de, paulatinamente, ela perder significado histórico e importância cultural. A sua pujança provém de interações diretas e interinfluências de toda ordem. Isolá-la seria negar a utopia — essencial — de que podemos semear princípios interativos e comunitários do ciberespaço no oceano informacional à nossa volta.

Julgo perfeitamente viável entrosar os instrumentos culturais e comunicacionais que o real e o virtual fornecem, como focos abertos a mútuas alimentações, a interlocuções dialéticas e a energias reivindicantes. Sem perder de vista que é no território físico, socialmente reconhecido e vivenciado, que se concentram os grandes combates pelas hegemonias e pela construção do imaginário do futuro.



3. VIDA COMUNITÁRIA POR INTERAÇÕES

O vínculo humano com a Internet remete a um espaço virtual comum, no qual a existência prescinde de cadeias de comando. O crescimento exponencial do ciberespaço está ligado justamente à peculiaridade de constituir uma esfera pública não-sujeita a regulamentações exógenas. Com isso, reforça-se a evidência de que os estatutos éticos das comunidades virtuais se constróem no interior de seus cosmos produtivos, por motivações cooperativas e coordenações de qualidades e vocações individuais.

A ética por interações prospera nos grupos, listas de discussão, conferências eletrônicas ou newsgroups — constelações de células independentes ou interdependentes, em que se agrupam distintos idiomas, nacionalidades, níveis de escolaridade e credos (11). Sem jamais terem se visto, as pessoas conversam, trocam experiências, informam-se, fazem amizades, namoram, ou simplesmente passam o tempo. Surgem parcerias, ajudas mútuas e laços de solidariedade — inclusive no sofrimento. Famílias de crianças com Síndrome de Down ou de jovens viciados em drogas repartem esperanças e aflições. Portadores do vírus HIV e aidéticos contam com 30 listas para debater seus problemas.

As tribos eletrônicas expandem-se em direções imprevistas. Os deadheads trocam dicas sobre shows, CDs e fitas piratas. Os cinéfilos contam com cinco grupos de discussão em português (dois sobre cinema brasileiro, um sobre cinema em geral, um sobre cinema internacional e um sobre astros e estrelas). Organizada na Nova Zelândia, a lista Queer Studies Aotearoa Gays, aborda os direitos de gays, lésbicas e bissexuais. Marxistas dos quatro quadrantes organizam-se em células virtuais para reavaliar os 150 anos do Manifesto Comunista. Os admiradores de Gilles Deleuze, Félix Guattari, Michel Foucault, Jürgen Habermas e Jean Baudrillard desfrutam de uma lista cult sobre a filosofia na modernidade (12).

Para se ter uma noção da diversidade temática, basta mencionar que o Universo Online — maior provedor de conteúdos em língua portuguesa – oferece 130 grupos de discussão, divididos nas categorias cultura, saúde, hobbies, computação, política, economia, sociedade, comportamento, viagem, jogos, Internet, educação, esporte, negócios e outros (entre os quais esoterismo, humor, jornalismo, religião, etiqueta e ufo). Cada categoria subdivide-se em temas específicos: a de cultura, por exemplo, tem sublistas de artes plásticas, arquitetura, astrologia, carnaval, cinema, dança, ficção científica, fotografia, jazz e blues, literatura, música erudita, letras de música, música popular, new age, poesia, quadrinhos, rock, rock.metal, tamagotchi, teatro, televisão, televisão.arquivo-x, televisão.jornada-nas-estrelas. As opções esportivas desdobra-se em futebol, fórmula indy, fórmula 1, NBA e todos os esportes. (13).

Em toda a Web, registra-se um crescimento espetacular dos chats (14). Cinco pólos de magnetismo ajudam-nos a esclarecer tal afluxo:a) a liberdade para relacionamentos de qualquer espécie; b) sincronicidade nas conversações; c) a garantia de anonimato; d) a ausência de censura; e) a desobrigação de se submeter a regulamentos. Assim como ocorre nos grupos de discussão, o espaço de interatividade alarga-se nos chats, tecendo os fios de uma sociabilidade denovo tipo, que privilegia vínculos por afinidades eletivas. Há que se admitir que a inexistência de protocolos éticos rígidos e o uso de pseudônimos geram atitudes deletérias. Nas salas sobre sexo, namoro e erotismo, são freqüentes insultos, pornografias e intromissões descabidas. Claro indício de que a atmosfera de desrepressão por vezes se confunde com catarses e liberação de instintos difusos. Para certas impropriedades há antídotos virtuais. Se uma pessoa se sente incomodada ou ofendida com o teor de uma mensagem que lhe é remetida, deve cortar unilateralmente o acesso, não respondendo ao agravo.

Críticos moralistas agarram-se à convicção de que o caos da Internet dispensa responsabilidades individuais e grupais, estimulando a permissividade. De fato, praticam-se excessos. Mas por que tanto espanto? A sociedade de final de século está atravessada de abusos insuportáveis por metro quadrado. (Os moralistas calam-se diante do desemprego estrutural, da brutal concentração de renda e das desigualdades sociais, deprimentes subprodutos da panacéia neoliberal.) Por que a Internet, sendo uma projeção da inteligência humana, com interfaces cada vez mais próximas entre as mentes e as tecnologias, haveria de ser exceção?

O grande diferencial da Internet consiste no fato de que as comunidades virtuais, enquanto corpos orgânicos, definem e objetivam valores éticos e códigos informais de conduta. Tais regras não provêm de fora, das estruturas de poder, e em nada se confundem com uma espada de Dâmocles sobre as cabeças dos internautas. Devem ser aceitas por consenso e adaptadas às singularidades, práticas e tradições dos grupos. Paul Mathias refere-se à "criação ascendente de valores" em coletivos virtuais, na medida em que elaboram coexistências regidas não mais por princípios verticais e genéricos, e sim pela harmonização de perspectivas individuais no seio de grupos afins (15). As relações humanas tornam-se intercambiantes, o que favorece a reelaboração sistemática de premissas e raios de competência.

A chamada "netiqueta" (16) põe em relevo as seguintes recomendações para a convivência nesses coletivos:

a) Não se deve enviar mensagens sobre determinado assunto numa lista que trata de outro tema.

b) Para evitar perguntas recorrentes, consulte os arquivos do grupo de discussão para ver se as respostas já se acham disponíveis.

c) Escreva mensagens breves, pois os membros de uma lista estão interessados em debater pontos precisos.

d) Como os participantes geralmente são pessoas ocupadas e recebem dezenas de mensagens por dia, é importante que o subject (assunto) do e-mail seja definido com exatidão, para guiar a leitura.

e) As mensagens devem ser assinadas com os nomes de cada membro do grupo. Nas listas concorridas, o endereço eletrônico é insuficiente para a identificação.

f) Se alguém solicita, em e-mail genérico, informações ou opiniões sobre um tema de sua alçada, atendê-lo é princípio elementar de solidariedade.

g) Numa lista eletrônica, o e-mail nunca é confidencial, o que torna desaconselháveis comentários desairosos, provocações gratuitas ou indiscrições.

h) Não se deve inundar os chats com mensagens repetidas. Espere que a pessoa responda, até porque ela pode estar se correspondendo, simultaneamente, com outros interlocutores.

i) Use maiúsculas somente para dar ênfase a uma palavra ou frase. Maiúsculas são difíceis de ler, e a impressão é a de que se está gritando ao grafá-las.

j) Cuidado com imagens pornográficas. Antes de armazená-las em página pessoal, verifique se o seu provedor concorda.

k) É proibido apropriar-se do trabalho intelectual alheio. Cabem ações judiciais por uso indevido de imagens, textos ou softwares. Antes de usar, em sua página pessoal, arquivos colhidos em outros sites, peça autorização aos autores. A não ser que o proprietário dos direitos tenha colocado um aviso liberando a reprodução do material ou condicionando-a à citação da fonte.

l) Sugere-se consultar o destinatário antes de remeter arquivo atachado com mais de 300 kbytes.

m) A publicidade comercial é enfaticamente desencorajada.

Os grupos de discussão cultuam uma irrestrita liberdade de expressão, sendo refratários à censura. Porém, estão sujeitos a idiossincrasias, desníveis culturais e condutas desviantes. Ataques pessoais ou declarações ofensivas normalmente não são tolerados. Nos casos graves ou reincidências, os administradores das listas podem excluir os responsáveis.



4. CIBERCIDADANIA E LIBERDADE DE EXPRESSÃO

Obviamente, a ciberética — entendida como conjunto de postulados de reciprocidade para a autogestão democrática do ciberespaço — tem sofrido transgressões inconcebíveis. A chamada máfia dos vírus especializou-se em contaminar páginas e alarmar usuários e provedores com mensagens falsas, congestionando linhas de transmissão. No caso dos hackers, as investidas irracionais caracterizam crimes digitais: acesso não-autorizado a informações e computadores, cópia de software com copyright, captura de números de cartões de crédito, mensagens falsas ou adulteradas, pornografia infantil. Geralmente atuam em máquinas que permitem upload de softwares. A grande disputa no submundo digital é conseguir a mais recente versão de um programa, quebrar-lhe a proteção (caso exista) e divulgá-la antes de qualquer outro grupo. Agindo dessa maneira, os hackers mostram poder e se tornam o pesadelo da indústria de informática, dos provedores e de governos.

Delitos que comprometem o exercício da cibercidadania devem ser barrados. Mas a configuração universal da Internet, com atualizações e propagações hiper-rápidas, torna infactível programar o tráfego em rede. Por duas razões.

1) Improbabilidade tecnológica. A informação julgada delituosa pode ser, quase imediatamente e a custo nulo, transferida de um servidor para outro, ou duplicada grande número de vezes. A cópia numérica, sendo idêntica à original, subsiste em qualquer suporte informático (17);

2) Alto risco de censura. O verbo programar representa, aqui, um eufemismo de disciplinar. Isso afetaria irremediavelmente a espinha dorsal da Internet — seus fluxos ilimitados e insubmissos.

A União Européia vai liberar, até 2001, US$10 milhões para criar um sistema europeu de informações destinado a suspender a veiculação de pornografia, fraudes, preconceitos raciais ou violações de leis de segurança nacional, de propriedade intelectual, marcas e patentes. O dinheiro ajudaria a financiar sistemas de classificação que ajudem os pais ou professores a proteger as crianças de cenas de sexo explícito ou de violência.

Receia-se que a UE acabe instituindo mecanismos de censura, com o agravante de que não se levariam em conta as legislações específicas dos países. (18) Entidades que defendem a auto-regulamentação da Internet sustentam que há meios de conter a pornografia junto às crianças, sem interferência do Executivo. Nos Estados Unidos, 400 provedores de conteúdo para a Web lançaram uma campanha educativa para incentivar os pais a recorrerem a programas que bloqueiem a entrada em sites pornográficos. Os pais podem negar o acesso dos filhos menores à Internet, ou só autorizá-lo a partir de certa idade, e obter softwares como o SurfWatch, que corta o acesso a newsgroups, gophers e ftps com conteúdos explicitamente pornográficos. O bloqueio é assegurado por uma senha que só os pais conhecem. O programa atualiza automaticamente a lista de endereços restritos, sem intervenção do usuário. Estão à venda softwares, como o NetNanny, que aciona um mecanismo de desconexão imediata quando se digita um endereço arquivado como impróprio, e o Cyberpatrol, que classifica o acesso por assunto e bloqueia a transmissão. Alguns provedores só estão aceitando pagamento por cartão de crédito, para dificultar a navegação indiscriminada por crianças e adolescentes. Outros exigem cadastramento prévio e senha para ingresso em determinados links, possibilitando a triagem.

A defesa da liberdade de expressão na Web será árdua e prolongada. A começar pela tentação de impor direções morais e gestões burocráticas no ciberespaço, de preferência sob a égide do Estado. É exemplar o relato do sociólogo espanhol Manuel Castells sobre a guerra que travou, em defesa da auto-regulamentação da Internet, no Comitê de Especialistas em Sociedade da Informação, da Comissão Européia:

"Depois de dois anos de trabalho, chegamos ao informe final. Eu estava em minoria na comissão, e minha grande batalha era sobretudo com os alemães, para quem o problema era como conseguir que os Estados controlassem a Internet. Primeiro, é tecnologicamente impossível, mas eles não estavam convencidos disso. Segundo, é uma política que afeta a liberdade de expressão. Terceiro, é uma atitude absolutamente defensiva. Claro que na Internet há pornografia, nazistas e muitas coisas que nos desagradam, mas na sociedade também tem. E nem por isso temos que implantar um sistema burocrático que vigie cada cidadão. O que devemos fazer é utilizar o enorme potencial da Internet, por exemplo, para reviver a democracia, não enquanto substituição da democracia representativa por meio do voto, e sim para organizar grupos de conversação, plebiscitos indicativos, consultas sobre distintos temas, proporcionar informação à população. A mim assusta que grupos de extrema direita sejam os que mais estão utilizando a Internet. Agora, também os zapatistas do México, e muito bem. Em compensação, no marco europeu, a esquerda e os governos municipais utilizam a Internet apenas para informar os cidadãos em termos genéricos, oferecendo listas de telefone ou guias municipais, coisas que têm muito pouco valor agregado. A imensa capacidade da Internet para promover uma mobilização da cidadania e um debate aberto dos conflitos não está sequer esboçada na Europa. No final, o Comitê de Especialistas decidiu apoiar uma iniciativa desse tipo, mas nos custou muito superar as reticências iniciais, inclusive nos meios sindicais." (19)

A conformação universal e multipontual da Internet dificulta (mas não impede) controles estritos, sejam eles territoriais, legais ou geopolíticos. É preciso, porém, considerar que as redesinfoeletrônicas alargam os contextos, universalizam as heterogeneidades culturais e fragmentam macroestruturas de coesão. Nas zonas de visibilidade da Web, ao menos em tese, as contradições não precisam ser dissimuladas, porque é da essência do virtual a veiculação simultânea, interagente e interpolar.

A Internet constitui uma vida comunitária regulada por interações, e não por leis, decretos, portarias ou "medidas provisórias". Os seres orgânicos das comunidades virtuais, desvencilhados da coincidência histórica entre espaço e tempo, fazem valer o salvo-conduto para estar em toda parte sem sair do lugar. Longe de dispensar os indivíduos de deveres éticos, o ciberespaço propõe uma coexistência auto-regulada, em constantes revisões. Longe de padronizar condutas com base numa "maioria moral" (normas e interdições a serviço das totalidades dominantes), a ciberética apóia-se em regras e valores consensuais estabelecidas pelas células de usuários, respeitando-se a pluralidade de contextos, os projetos societários e, acima de tudo, a liberdade de manifestação do pensamento.

Por sua natureza desterritorializada e desordenada, a Internet resiste à regulamentação externa. Mas nem sempre escapa de agressões e atos criminosos. Ninguém, de sã consciência, resigna-se às fraudes e ao terrorismo digital. É preciso coibi-los, mas sem instaurar regimes autoritários de vigilância e censura, ao atropelo de direitos fundamentais da cidadania. As legislações sobre proteção do consumidor e de direitos de propriedade intelectual devem ser aperfeiçoadas. O avanço tecnológico têm papel decisivo a desempenhar também nesse plano. Espera-se o aprimoramento de programas capazes de: a) ampliar a margem de segurança nas transações eletrônicas; b) bloquear, exclusivamente a critério dos usuários, conteúdos impróprios e lesivos; c) criar sistemas inteligentes que, nos marcos legais, localizem e desarticulem o banditismo digital.

A ausência de ditames governamentais representa a pedra-de-toque para assegurar à Internet condições de consolidar-se como canal de informações e idéias, em moldes interativos e descentralizados. O campo de batalha delimita-se. De um lado, elites obstinadas em estender à Web, sob variados pretextos, a gama de comandos que exercem na cotidianidade. De outro, as forças sociais transformadoras, que anseiam projetar o ciberespaço como ambiente propício a uma ética de reciprocidades entre os sujeitos comunicantes.

Não me parece difícil discernir de que lado estão as perspectivas de uma práxis fundada em processos de colaboração por afinidades, sem monopólios ou coerções. Comunidades virtuais, entrelaçadas às ações concretas dos movimentos coletivos, são como grãos que aspiram correlatar-se para tecer dinâmicas éticas solidárias e formas evoluídas de opinião pública.



Dênis de Moraes é doutor em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Imagem e Informação da Universidade Federal Fluminense, no Rio de Janeiro, Brasil.

NOTAS

  1. Jöel de Rosnay. L’homme symbiotique. Paris: Seuil, 1995, p. 79. Ver do mesmo autor: "Un changement d’ère", em Actes du Colloque L’Après television: multimédia, virtuel, Internet.Valence: CRAC-Scène Nationale, 1997; "Ce que va changer la révolution informationelle", em Le Monde Diplomatique, agosto de 1996.



  1. Henry Bakis. Communications et territoires. Paris: La Documentation Française, 1990, p. 18.



  1. Pierre Lévy. O que é o virtual? Trad. Paulo Neves. São Paulo: Editora 34, 1996. p. 113.



  1. Ver de Pierre Lévy: Cyberculture. Rapport au Conseil de l’Europe. Paris: Odile Jacob, 1997, sobretudo o capítulo "L’universel sans totalité, essence de la cyberculture"; O que é o virtual?, ob. cit.; L’intelligence collective: por une anthropologie du cyberespace. Paris: La Découverte, 1995. Ver também: Derrick de Kerckhove. Connected intelligence: the arrival of the Web society. Toronto: Somerville House Publishing, 1997, sobretudo a terceira parte, "Connectivity".



  1. Pierre Lévy. O que é o virtual?, ob. cit., p. 17-18.



  1. Derrick de Kerckhove. A pele da cultura: uma investigação sobre a nova realidade eletrônica. Trad. Luís Soares e Catarina Carvalho. Lisboa: Relógio D’Água, 1997, p. 80.



  1. Ibidem, p. 34 e 142-3. Kerckhove acrescenta (p. 34): "A realidade visual ainda está mais ajustada a nós. Acrescenta o tato à visão e audição e está mais próxima de revestir totalmente o sistema nervoso humano do que alguma tecnologia até hoje o fez. Com a realidade virtual e a telepresença robótica, projetamos literalmente para o exterior a nossa consciência e vemo-la ‘objetivamente’. Esta é a primeira vez que o homem o consegue fazer."



  1. Sobre as relações entre identidades culturais e redes eletrônicas de comunicação, ver Manuel Castells. La era de la información: economia, sociedad y cultura (vol. 2: El poder de la identidad). Barcelona: Alianza Editorial, 1997.



  1. Consultar, por exemplo, as bases de dados Literary Resources (http://andromeda.rutgers.edu/~jlynch/Lit/other.html), em inglês; Le tissulittéraire du Web (http://beehive.twics.com/~berlol/relion2.htm), em francês;Viajero Virtual (http://www.ucm.es/info/especulo/viajero/turista4.htm), em espanhol; Projeto Vercial (http://www.ipn.pt/literatura/index.html) e Jornal de Poesia (http://www.secrel.com.br/jpoesia/poesia.html ), em português;



  1. Mario Vargas Llosa. "Sobre a ficção", em El País, 25 de março de 1995.



  1. Sobre grupos de discussão, comunidades e relações virtuais, ver: F. Sudweeks, M. McLaughlin e S. Rafaeli (eds.). Network and netplay: virtual groups on the Internet. Boston: AAAI/Mit Press, 1998; Pierre-Léonard Harvey. Cyberespace et communautique. Appropriation. Réseaux. Groupes virtuels. Quebec: Les Presses de l'Université Laval, 1996; Ana Maria Nicolaci-da-Costa. Na malha da rede — os impactos íntimos da Internet. Rio de Janeiro: Campus, 1997; Sherry Turkle. Life on the screen: identity in the age of Internet. Nova York: Touchstone, 1997; Howard Rheingold. Les communautés virtuelles. Paris: Addison Wesley-France, 1995.



  1. Para compilar grupos e listas de discussão, digite por exemplo: http://www.liszt.com; http://www.reference.com ; http://www.dejanews.com . Listas sobre cinema brasileiro estão disponíveis na Biblioteca Virtual de Estudos Culturais, do Programa Prossiga, do CNPq:: http://www.prossiga.lncc.br/rei/estudos_culturais O endereço da Queer Studies Aotearoa Gays é http://nz.com/NZ/Queer/gas.html . Sobre o Manifesto Comunista, ver o site do Partido Comunista Brasileiro ( http://www.pcb.org.br ). A lista de filosofia está em http://jefferson.village.Virginia.EDU/~spoons



  1. Dados obtidos no Universo Online (http://www.uol.com.br/forum).



  1. O Universe Internet (http://www.universe.com.br/chats.html ) disponibiliza links para 10 dos maiores chats brasileiros.



  1. Paul Mathias. La cité Internet. Paris: Presses de Sciences Po, 1997, p. 52.



  1. Sobre ética na Internet, ver: Pierre Lévy. "A globalização dos significados", em Folha de S. Paulo (Caderno Mais!), 7 de dezembro de 1997; Réseau des cégeps et des collèges francophones du Canada. Règles de conduite sur Internet, disponível em http://rccfc.ca/regles.htm ; "Netiqueta", em Estilo Web, fevereiro de 1998, em http://ww2.zaz.com.br/estiloweb . Consultar ainda Web Ethics, em http://www.journalism.net.com/column7.htm; Ethics on the Web, em http://www5.fullerton.edu/les/ethics_list.html.



  1. Ver Joaquín María Aguirre Romero. Las fronteras de la información en la era digital. Disponível em http://www.ucm.es/info/especulo/numero12/era_digi.html



  1. A iniciativa da União Européia é até tímida se comparada com a lei aprovada pelo Congresso norte-americano, em 1996, para censurar a Internet. O draconiano Ato pela Decência nas Comunicações previa penas de até dois anos de prisão e multas de U$ 250 mil para quem divulgasse materiais considerados "ofensivos e indecentes" a menores de 18 anos. No início de 1997, em memorável sentença, a Suprema Corte considerou a lei inconstitucional, destacando que "o acesso ao caos" da Internet constitui um direito dos cidadãos. O caos, aí, é sinônimo de livre expressão, elevada à potência planetária por meios tecnologicamente avançados.



  1. Manuel Castells. "La izquierda tiene una actitud retrógada respecto a las tecnologías de la información", em Enredando, Barcelona, 21 de outubro de 1997, disponível em http://enredando.com/entrevistas3.html