Crescer para os lados ou crescer para cima: o dilema histórico do campo acadêmico do jornalismo

Eduardo Meditsch, Universidade Federal de Santa Catarina

RESUMO: O presente estudo busca na história recente da área acadêmica da comunicação social no Brasil as explicações para a ruptura entre teoria e prática nas escolas de jornalismo. Localiza na figura do "comunicador polivalente", introduzido pelo Ciespal por razões mais políticas do que técnicas ou científicas, a definição do caminho que conduziu o crescimento horizontal da área acadêmica: mais para os lados do que para cima. Analisa as conseqüências desta estratégia para o divórcio entre teoria e prática, apontando os absurdos de uma prática sem teoria e de uma teoria sem prática. Conclui que a mudança de direção no desenvolvimento da área acadêmica do jornalismo, no sentido de um crescimento vertical, passa pela afirmação da especificidade do seu objeto de estudo.

A vitória da razão política

Terminada a Segunda Guerra Mundial, as potências vencedoras se realinharam em torno de dois grandes impérios para disputar a hegemonia política, econômica e cultural sobre o planeta. Esta disputa, que recebeu o nome de Guerra Fria, condicionaria o destino de gerações de seres humanos nos mais diversos pontos do globo durante as quatro décadas seguintes, e seus efeitos e desdobramentos em vários campos de atividade não foram ainda suficientemente demonstrados pela área de ciências humanas, talvez porque o tema tenha saído da moda, ou porque seja incômodo constatar como fomos tão ingenuamente instrumentalizados neste processo. Apesar da ausência destes estudos mais rigorosos, não é difícil demonstrar que estes efeitos e desdobramentos foram muito grandes, principalmente em áreas estratégicas, do ponto de vista militar, como é a área da comunicação social.
No jornalismo, costuma-se dizer que a verdade é a primeira vítima de qualquer guerra. Em nossa área acadêmica, por analogia, pode-se afirmar que esta vítima foi o contato com a realidade: a ruptura da teoria com a prática, com a perda do objeto de estudo da comunicação social. As "razões de Estado" das duas grandes potências - primeiro de uma, em seguida da outra - ideologizaram o nosso campo de conhecimento de tal maneira que até hoje não conseguimos nos livrar da confusão que isso provocou. O Ciespal exerceu um papel preponderante na conformação de nosso campo acadêmico, e a elucidação da forma como foi instrumentalizado na Guerra Fria é útil para entendermos como e porque chegamos até aqui e de que forma podemos seguir adiante com maior clareza sobre o caminho a seguir.
Um iceberg com que se chocaria o ensino brasileiro de jornalismo em meados dos anos 60 começou a se formar numa conferência da UNESCO realizada em Paris, em 1948. Naquele encontro, a entidade, na época amplamente dominada pela política dos Estados Unidos, resolveu dar atenção especial à formação dos jornalistas no terceiro mundo. A UNESCO advertia ao mundo ocidental que o jornalismo poderia "agravar, se mal inspirado, os desajustamentos entre grupos, classes e partidos" - como pregava o comunismo soviético - "ou atenuá-los até‚ o ponto de extinguí-los, se baseado na boa compreensão dos fatos e na lúcida revelação dos mesmos", conforme a retórica da época reproduzida por Celso Kelly (1966:62-3). Com essa preocupação principalmente política, a UNESCO começa a criar centros de formação de professores de jornalismo nas várias regiões do terceiro mundo. Antes mesmo que a África e a Ásia, a América Latina foi contemplada com um Centro Internacional de Estudos Superiores de Jornalismo, instalado na Universidade Central de Quito, no Equador, em 1960.
Em 1961, já sob o impacto da perda de controle sobre a revolução cubana, que passa para a órbita de influência do grande inimigo, as forças aliadas aos Estados Unidos adotam uma política mais direta de contra-insurgência na América Latina. Na Conferência de Punta del Este, realizada naquele ano, é traçado um programa de modernização dos sistemas educacionais do continente, com quatro pontos principais: um controle centralizado, a prioridade ao ensino técnico e profissional, a tecnificação do ensino de humanidades e ciências sociais e, principalmente, a despolitização das relações educacionais (IANNI, 1976:47).
No caso do ensino de jornalismo, esta "modernização conservadora", como a chamou Florestan Fernandes, ou "modernização reflexa", segundo Darcy Ribeiro, implicou numa ruptura da orientação teórica das escolas, que até então era centrada numa formação clássico-humanística, com ênfase nos estudos éticos, jurídicos, filosóficos e literários. Esta orientação, por influência do Ciespal, será rejeitada por "não-científica", e substituída pelas disciplinas valorizadas pelo funcionalismo norte-americano.
Com o golpe militar de 1964 no Brasil, esta receita seria plenamente posta em prática na universidade brasileira. No caso do ensino do jornalismo, a tarefa ficou a cargo de um técnico formado pelo CIESPAL, Celso Kelly, autor do currículo mínimo imposto a todas as escolas do país, dentro da política de controle centralizado proposta em Punta del Este. Foi a época das réguas em sala de aula, da contagem de palavras e medição de colunas, processo a que se dava o nome pomposo de "Jornalismo Comparado" e o status digno da mais exata das disciplinas científicas. A física, a biologia, a psicologia e a cibernética serviam de modelos e inspiravam os pioneiros de "uma nova ciência", que procurava "quantificar os processos" para orientar "uma intervenção controlada na realidade", articulada à "racionalização do trabalho, o complexo organizatório das empresas, a atividade engrenada de homens e máquinas", conforme o testemunho da professora da Nelly de Camargo (1971-56-61).
O novo status científico conferido a uma área acadêmica que mal se firmava dentro das universidades certamente foi um dos fatores que influenciaram na aceitação das propostas do Ciespal. Contribuíram para isso também as viagens, as bolsas de estudo, os encontros patrocinados pelas fundações americanas, a literatura e o aporte teórico e técnico que não era desprezível para uma área ainda não consolidada e com escassez de recursos para se desenvolver.
Em 1965, o CIESPAL realiza quatro seminários regionais no continente, um deles no Rio de Janeiro, recomendando a transformação dos cursos de jornalismo em "institutos de comunicação" ou "ciências da informação coletiva". Ocorre que para atingir suas finalidades políticas, não bastava ao Centro influir na formação de profissionais que se restringissem à prática do jornalismo. Conforme um estudo da UNESCO, 80 por cento da população latino-americana jamais havia visto um jornal, e esta percentagem aumentava nas zonas rurais, justamente as mais vulneráveis a uma insurgência armada como a ocorrida em Cuba e que o Ciespal se propunha a prevenir.
No Seminário Regional do Rio de Janeiro, em nome da "necessidade de comunicação de grupos que buscam a integração à sociedade", da "contribuição com o bem comum e com o regime democrático", o CIESPAL introduz no Brasil este profissional polivalente, "para atuar em todos os meios de comunicação coletiva (rádio, televisão, imprensa, cinema), posto que a relação entre eles é complementar, e também para o desempenho de tarefas de investigação científica, de relações públicas e de publicidade".
O Ciespal não se limitava a propor a criação de um novo tipo de profissional: propunha a extinção e a substituição das profissões previamente existentes. A política do Centro influenciou a regulamentação profissional em diversos países e conseguiu unificar a linguagem acadêmica da área em todo o continente, com a boa desculpa de "facilitar o intercâmbio". Em 1964, o Centro já havia formado em seus cursos mais de duzentos professores e diretores de escolas, e os resultados não tardaram a aparecer. Conforme relatório do professor americano Raymond Nixon, em 1970 um terço das escolas do continente haviam trocado a denominação "de jornalismo" por "de comunicação" ou equivalente. Em 1980, este número estava próximo de 85% (NIXON, 1981:25).
Mas, obviamente, o Ciespal não tinha como impor esta substituição a não ser nas escolas, o que criou uma alienação da vida acadêmica em relação ao mercado profissional, que vai perdurar em muitos países até hoje. O mercado rejeitou a proposta desde o início, mas seus argumentos não foram ouvidos, pois a mudança tinha sobretudo objetivos políticos. Conforme o relato do professor norte-americano Raymond Nixon, um dos principais orientadores do Ciespal na época, "alguns executivos da mídia naturalmente sentem que as escolas de comunicação social, ao estudarem formas de atingir as pessoas por meios alternativos, estão tentando suplantar os jornais, as revistas, a rádio e a TV comerciais; mas os acadêmicos argumentam que se as sociedades não encontrarem meios de atingir a grande parcela da população que não é atendida pela mídia comercial, esta parcela será mais suscetível a seguir uma via revolucionária como saída para suas repetidas frustrações."
O divórcio das escolas com a realidade profissional, como se vê, foi introduzido como estratégia política na Guerra Fria. Mas, ao contrário do que normalmente se apregoa, esta ruptura não foi provocada inicialmente pela esquerda mas, ao contrário, pela posição norte-americana. O que não absolve a esquerda do fato de tê-la assumido e aprofundado num momento seguinte, quando conquistou a hegemonia ideológica tanto na Unesco e no Ciespal, desde o momento em que estas entidades passaram a ser financiadas pela social-democracia européia e esta investiu na aproximação com a esquerda latino-americana. De fato, direita e esquerda se digladiaram por várias décadas, num reflexo do que acontecia a nível internacional, mas ambas erraram juntas ao transformarem as escolas de comunicação em aparelhos políticos, sem notar que com isso comprometiam o seu desenvolvimento técnico e científico ao descolarem a produção teórica e a orientação pedagógica da realidade profissional.

Do jornalista polivalente ao domínio do comunicólogo

De fato, a figura do "jornalista polivalente" - depois chamado de "comunicador social" - foi rejeitada pelas escolas do Brasil já no ano seguinte ao de sua invenção e esquecida nos currículos seguintes, que reafirmaram as tradicionais habilitações em jornalismo, publicidade, relações públicas, etc. Mas os cursos, contraditoriamente, passaram a se chamar "de comunicação social", adotando a linguagem padronizada pelo Ciespal para todo o continente. E a teoria estudada e desenvolvida nas escolas, longe de atender às necessidades de formação dos profissionais das diversas habilitações, continuou voltada às supostas necessidades de um comunicador alternativo que vive à margem da mídia e a despreza.
Esta crescente autonomia da produção teórica em relação às práticas sociais que deram origem ao campo acadêmico também foi incentivada pelo Ciespal. Uma vez que seu objetivo não era entender nem aperfeiçoar estas práticas existentes, mas substituí-las por uma outra forma de prática mais produtiva do ponto-de-vista de seus objetivos políticos, o Centro passou a convencer as escolas que sua teoria deveria orientar as práticas, e jamais poderia acontecer o contrário. O mexicano Josep Rota chegou a conceber uma pirâmide para justificar esta atitude: no alto dela pairava a produção teórica; num segundo nível, subordinada a ela, a pesquisa; esta orientava o planejamento e no derradeiro degrau, o mais inferior, ficava a execução prática.
A pirâmide do Ciespal colocou num pedestal a figura do comunicólogo, fixando num nível bem inferior de importância os profissionais da mídia, que não eram relevantes para os objetivos de atuação do Centro. Com base nela, o Centro desenvolveu uma experiência de produção teórica, pesquisa, planejamento e práticas alternativas - sociais, políticas, educativas e comunicativas - extremamente rica e interessante, que não deve ser desprezada. Para a finalidade de desenvolver a comunicação popular e alternativa, a pirâmide foi não só operacional como relativamente bem sucedida.
No entanto, esta experiência de comunicação popular foi desenvolvida de costas para a mídia tradicional, a quem continuava se dirigindo a formação profissional em nossas escolas. A teoria do Ciespal foi mais um caso típico de "idéia fora do lugar" no Brasil (SCHWARTZ, 1988). Em conseqüência, a pirâmide que colocava a teoria acima de tudo o mais teve o efeito de desorientar completamente esta formação, num vôo cego com efeitos desastrosos.
De fato, em nossos cursos a teoria sempre foi considerada mais importante do que a prática, e esta concepção até já faz parte do senso comum. Difícil é explicar, por ela, porque esta teoria tão importante tem sido historicamente tão descartável, e sequer se acumula. A formação clássico-humanista que orientava os cursos de jornalismo até a década de 60 foi rejeitada pelo funcionalismo introduzido pelo Ciespal. O funcionalismo que dominou os cursos na década de 70 foi extirpado do currículo pela hegemonia do marxismo que veio a seguir. Tudo o que o marxismo ensinou foi posto de lado na década seguinte, com o reinado da psicanálise e do simbólico. E estas vertentes também já saíram de moda, substituídas pelas explicações pós-modernas da sociedade e pelos estudos culturais. Cada nova teoria ensina que as anteriores não tinham importância, mas todas garantem ser mais importantes do que as práticas. Estas últimas, embora com sua importância minimizada, continuaram as mesmas, e graças somente a elas o campo acadêmico não foi descartado como um todo e manteve alguma identidade ao longo destas décadas.
O desprezo pela prática profissional como objeto de estudo, por parte dos teóricos colocados no topo da hierarquia acadêmica, teve uma série de efeitos negativos e perversos. O primeiro e mais evidente é a violentação das expectativas dos estudantes que ingressam na Universidade em busca da carreira profissional a que se sentem vocacionados. Como constata Victor Gentilli, o estudante é induzido a um processo esquizofrênico através de uma lavagem cerebral em que, durante a metade teórica do curso, ele é convencido a abandonar e desprezar sua vocação. Neste processo, os estudantes que passam por nossos cursos são obrigados a uma opção dramática: ou desprezam a teoria ensinada e reafirmam a vocação profissional que os levou à faculdade, desenvolvendo uma forte resistência à atividade teórica, ou abandonam a vocação inicial e tornam-se "comunicadores" sem mercado de trabalho e sem prática, só encontrando colocação na própria universidade como "comunicólogos".
De outra parte, se um profissional ou professor de disciplina prático-profissionalizante quiser fazer carreira acadêmica, cursando mestrado ou doutorado, para obter reconhecimento mais fácil dos pares é induzido a negar a prática que dominava ou ensinava. Acaba por realizar pesquisa em área que não é a da sua atuação profissional. Em conseqüência, a parte prática dos cursos não se desenvolve, fica condenada a ser uma prática burra, e a teoria por sua vez se reproduz indefinidamente sem rumo e sem capacidade de agir sobre a realidade.
Este processo é descrito num estudo recente realizado nos Estados Unidos. Embora a titulação dos professores de jornalismo venha aumentando em progressão geométrica nas últimas décadas, o acúmulo de conhecimento sobre o objeto não aumenta na mesma proporção, e as escolas de comunicação social cada vez se distanciam mais do objetivo de formar jornalistas (MEDSGER, 1996). No entanto, as escolas americanas especializadas em jornalismo continuam a definir os paradigmas da profissão que serão imitados em todo o mundo. A escola de Columbia, para dar um só exemplo, recentemente criou um laboratório para novas mídias com o fim de desenvolver as tecnologias que serão utilizadas como ferramentas pelos jornalistas nas próximas décadas.
Contrastando com isto, na Venezuela, o ex-diretor da Unesco Antonio Pasquali observa que toda a pesquisa em comunicação realizada no continente nas últimas décadas "de pouco valeu, pois não se conhecem realmente os meios de comunicação na América Latina". A professora Anamaria Fadul acrescenta que "não foram realizadas pesquisas empíricas e não se tem sequer dados quantitativos sobre os meios de comunicação existentes" (1991:56). Reforçando esta perspectiva crítica, recentemente, o teórico da comunicação Armand Mattelart observou que a teoria da comunicação de que se ocupou nas últimas décadas perdeu o seu objeto, e consequentemente grande parte de seu sentido.
O desconhecimento das escolas sobre o mercado de trabalho que vai absorver seus estudantes e sobre as suas necessidades provoca um desprezo recíproco. Em conseqüência, as empresas importam as tecnologias e até os cursos de formação profissional que necessitam, aprofundando a dependência do país, enquanto a massa crítica existente em nossas universidades vive à míngua e pouco contribui para reverter esta situação.

Crescimento horizontal ou vertical?

O percurso histórico do campo acadêmico do jornalismo, mais tarde transformado em campo acadêmico da comunicação social pelos objetivos políticos do Ciespal, nos obriga a uma reflexão sobre o caminho adotado. Não resta dúvida que o campo cresceu enormemente, mas é preciso observar que este crescimento foi orientado muito mais para os lados do que para cima. A ciência e a política não têm os mesmos objetivos, e sempre que a razão política prevalece sobre a razão científica na orientação de um campo acadêmico, este tende a se alargar ao invés de se aprofundar.
A lógica política é aquela da conquista de territórios e do acúmulo de poder. Seguindo esta lógica, o campo que era do jornalismo abocanhou não só as outras profissões da área de comunicação como, uma vez transformado em campo da comunicação, pretendeu dominar um objeto tão amplo que vai do estudo do amor à explicação da sociedade, da cultura e da civilização contemporâneas. Por este caminho, chegamos ao sexo dos anjos, e como o campo é tão amplo que não há metodologia que o abarque, estamos nos afastando do rigor científico na mesma proporção em que queremos explicar mais e mais coisas, e nos caracterizando perigosamente como um terreno fértil para as imposturas intelectuais denunciadas por Sokal.
Na verdade, a chamada "transdisciplinaridade" que dominou o campo tem utilizado ferramentas teóricas de tantas diferentes disciplinas e de modo tão à vontade que dificilmente um cientista vinculado a estas disciplinas recomendaria a sua utilização desta forma ou aprovaria as nossas teses se fosse convidado para uma banca. Ocorre que a ciência não se desenvolve na mesma direção que a política. Não se preocupa em alargar o seu domínio sobre os territórios vizinhos, mas em aprofundar o seu conhecimento sobre os objetos. Para tanto, lança mão da interdisciplinaridade em torno de objetos definidos, não da transdisciplinaridade que pretende abarcar o mundo. Cresce para cima e não para os lados, e neste crescimento afunila o seu campo de interesse em vez de os alargar.
Um exemplo deste tipo de crescimento e de seus resultados está na área da saúde. A odontologia brasileira já há algumas décadas se desmembrou da área da medicina, e hoje temos uma das odontologias mais desenvolvidas do mundo. Na Europa, a odontologia continua sendo tratada como uma especialidade médica. A crise política provocada pela imigração dos dentistas brasileiros em Portugal deve-se sobretudo à maior competência dos odontólogos, que estão tirando do mercado os "médicos estomatologistas" portugueses. Se formos observar a área tecnológica, esta forma de crescimento é ainda mais evidente: os países que têm o domínio da área, como os Estados Unidos, possuem mais de 500 diferentes engenharias, enquanto na periferia, como no Brasil, estamos ainda na casa das 30. E mesmo na área de ciências humanas caminhamos na mesma direção: a filosofia, a psicologia, a antropologia, a sociologia, a ciência política, a história e a geografia pertenceram todas, um dia , à vala comum das "humanidades".
O recente debate em torno da definição das diretrizes curriculares dos cursos de comunicação e a dramatização do fato da área de jornalismo ter se reunido em separado para tratar das diretrizes específicas reacendeu o debate sobre os dois caminhos possíveis para a expansão da área acadêmica. Os setores mais preocupados com a expansão do poder político como forma de afirmação da área acadêmica assumiram a defesa do crescimento para os lados, revivendo a estratégia do Ciespal. Já os setores que priorizam o aprofundamento do rigor teórico e científico no estudo do objeto - e a conquista de competência tecnológica - como caminhos para esta afirmação, entenderam que a ênfase nas suas especificidades é a mudança de curso necessária para o seu crescimento para cima, livrando-a de algumas gorduras que emperram seus movimentos nesta direção. Os estudos científicos sobre jornalismo que tem sido apresentados neste Grupo de Trabalho da Intercom demonstram que já há maturidade acadêmica para darmos este passo com segurança, e a coerência entre teoria e prática nos Cursos de Jornalismo virá como um desdobramento natural deste desenvolvimento científico.




Bibliografia:

CAMARGO, Nelly de
1971 "A busca de uma filosofia para o ensino da comunicação." Revista de Comunicação e Artes n. 6 São Paulo, ECA/Usp.

FREIRE, Paulo & SHOR, Ira
1985, Por uma pedagogia da pergunta. Rio de Janeiro, Paz e Terra

GENRO FILHO, Adelmo
1987, O segredo da pirâmide: para uma teoria marxista do jornalismo. Porto Alegre, Tchê.

IANNI, Otávio
1976, Imperialismo e Cultura. Petrópolis, Vozes.

KELLY, Celso
1966, As novas dimensões do jornalismo. Rio de Janeiro, Agir.

LAGE, Nilson
1979, Ideologia e Técnica da Notícia. Petrópolis, Vozes.

MEDITSCH, Eduardo
1990, "O Conhecimento do Jornalismo: Elo perdido no Ensino da Comunicação". Dissertação de Mestrado. São Paulo, ECA-USP.
1991, "Adiós Ciespal: ruptura brasileña en la enseñanza del periodismo". Revista Comunicación y Sociedad, 13, pp. 11-23 Guadalajara, CEIC
1992, "A dependência e o ensino de comunicação no Brasil" in MELO, J.M. Comunicación Laatinoamericana: Desafíos de la Investigación para el Siglo XXI. São Paulo, Alaic/Eca-USP.

MEDSGER, Betty
1996, Winds of Change: Challenges Confronting Journalism Education. Arlington, The Freedom Forum.

MELO, José Marques de
1974, Contribuições para uma Pedagogia da Comunicação. São Paulo, Paulinas.
1990, "A formação dos jornalistas". Zero Hora, 25/5/1990, p.4

NIXON, Raymond
1981, Education for Journalism in Latin America: A report of Progress. Minneapolis, Minnesota Journalism Center.

SCHWARTZ, Roberto
1988, Ao vencedor as batatas. São Paulo, Livraria Duas Cidades.