Sistemas de informação para a educação
Contributos para uma reflexão crítica
Luís Fernando Belchior Maurício1
Índice
Resumo
Neste artigo procura-se vislumbrar uma nova perspectiva para encarar a
trilogia Tecnologia, Informação e Comunicação (TIC), no
interior da organização Escola e o seu manuseamento por parte do
elemento humano aí residente.
Como tal, discorremos acerca da sigla TIC a à qual adicionamos uma
outra, Sistemas de Informação (SI), que nos surge como
inevitável à luz dos modernos processos utilizados para gerir
qualquer tipo de organização, ou seja, a perspectiva sistémica.
Por último, realçamos a importância de um Gestor de SI/TIC e
qual o perfil adequado a uma organização onde cada vez mais são
necessários técnicos altamente qualificados nestas áreas e de
perfil adaptável as novas situações, motivadas pela complexidade
natural de uma organização social como a Escola.
1 Motivação
Da análise da evolução das sociedades modernas, ressalta que a
dinâmica existente no seio das mesmas é consequência de uma
evolução, diria em forma de progressão geométrica, da
quantidade e qualidade da informação disponível que amiúde
é factor primordial no modo como o conhecimento tem vindo a ultrapassar
metas, para muitos inimagináveis.
O factor a que aludimos, embora cada vez mais ao dispor de todos é
igualmente factor de desestabilização e provocador de novas formas
de analfabetismo, o tão propalado info-analfabetismo, ou se quisermos, o
cyber-analfabetismo, conquanto as redes tecnológicas cada vez mais são o suporte por
onde circula a informação disponível.
Esta questão conduziu pessoas e organizações, recentemente
governos, dos mais diversos países à definição de regras
para a utilização dos meios tecnológicos, designados por
digitais, e à sua inclusão nos currículos escolares como
matéria obrigatória de estudo. Esta abordagem, como qualquer outra
aliás, comporta aspectos positivos e aspectos negativos, no entanto,
não descurando a devida atenção à componente menos positiva
de tal assunto, queremos realçar o lado positivo e algumas das
consequências óbvias do mesmo.
O governo português, ao indicar as TIC como área obrigatória de
estudo em Portugal inaugurou, no nosso entender, um novo caminho a ser
trilhado por todos os técnicos de educação do país, o ter
de encarar a formação ao longo da viva como algo de natural e
necessariamente contínuo. Ao ritmo a que surgem novas áreas de
estudo e do conhecimento, só com uma mente aberta e constantemente
receptível à aquisição de conhecimento novo é que se
conseguirá acompanhar o ``comboio'' do desenvolvimento e da modernidade
efectivos.
Nesta continuidade, temos vindo a desenvolver algumas ideias sobre como
observamos a abordagem aos SI/TIC no seio do Sistema Educativo não
superior português e ao qual adjectivos de Escola.
2 Sistemas de Informação versus Tecnologias da Informação e
Comunicação
2.1 A Componente Informação
Embora não sendo um tema recente, no nosso país é algo que
ainda não está consolidado como área específica de estudo
no interior da Escola portuguesa. Depois de um começo titubeante, em que
era sinónimo de Tecnologias de Informação, tem vindo
gradualmente a ganhar visibilidade, via organizações privadas e a
ganhar terreno como área de debate específico.
Os Sistemas de Informação, conjunto de todos os componentes
físicos e lógicos que servem de suporte ao manuseamento da
informação, entraram definitivamente na ordem do dia devido aos
indiscutíveis avanços da tecnologia que lhes dá suporte.
Apesar de encarados como pertença do mundo empresarial, a Escola pode e
deve abordar este assunto como pertencente à sua área de
influência, pois se existe organização que ``vive'' e
``sobrevive'' à base de informação, é a Escola. Os processos
inerentes ao normal funcionamento da Escola suportam-se, fundamentalmente,
na análise da informação disponível. Esta pode existir em
abundância, mas na prática servir de pouco se não for de
qualidade. Só com informação de qualidade e disponibilizada em
tempo útil, é que se pode garantir a eficiência e eficácia
de uma organização.
Actualmente, o recurso a tecnologia adequada é indissociável do que
acima se apontou. Reconhece-se que para se conseguir dispor de
informação com as características mencionadas, é
indispensável fazer uso de suportes tecnológicos adequados que
permitam o seu fácil manuseamento e consequente fiabilidade.
Não fazemos uma apologia reducionista do uso da tecnologia, mas antes a
sua utilização de forma abrangente e de suporte à decisão.
Esta é da exclusiva competência e atribuição do ser humano,
que é quem controla a máquina. É o factor chave da
intendência de uma organização e tem que se suportar em
informação de qualidade.
Numa organização existem três componentes que se interligam e
dependem mutuamente entre si. A componente material, a imaterial e o
elemento humano. Como todos interagem de forma aleatória, têm que
ser levados em consideração, de forma equivalente, na gestão da
organização. O elemento humano e a componente material por
razões que todos reconhecem, são alvo de atenção especial
por parte de quem decide. Resta-nos a componente imaterial, ou seja, a
informação.
É aquela que serve de ``alimento'' ao todo organizativo, como tal porque
não geri-la também? Ou seja, se todos reconhecemos que a componente
imaterial (dados, informação, conhecimento), é tão ou mais
importante que as restantes, devemos procurar modelos para efectuar a sua
gestão de forma a não haver desperdício e assim se garantir a
eficiência na sua utilização e subsequente eficácia das
acções organizativas.
No nosso modesto entender, recorrendo à abordagem dos Sistemas de
Informação estaremos mais próximos de resolver uma boa parte do
problema. No entanto, não nos devemos esquecer que qualquer tipo de nova
abordagem que se possa efectuar, deverá suportar-se, em larga medida,
numa base tecnológica robusta e eficiente que nos auxilie neste
desiderato, a melhoria do funcionamento da organização Escola.
Aquela melhoria poderá ser alcançável desde que a nossa forma de
abordar o problema informacional da Escola se modifique, assim, ao
reduzirmos a nossa percentagem de utilização do papel,
disponibilizamos tempo para incrementar a nossa atenção sobre a
informação, recurso imaterial inesgotável com o qual poderemos
ser capazes de produzir mais e melhor informação e consequentemente,
mais e melhor conhecimento.
De qualquer modo, ao manusear-se a informação da forma como se
sugere, não nos podemos esquecer de partilhá-la, pois só assim
é que resultará melhor conhecimento, porque informação
enclausurada é conhecimento ignorado.
2.2 A Componente Tecnologia
É no aspecto da partilha de informação, que a
organização Escola tem vindo a demonstrar mais dificuldades, pois a
nossa formação cultural ainda não deu o salto qualitativo
tão desejado nesse ponto. Como o passado nos demonstra, foi sempre com o
recurso à pouca disponibilização de informação que a
maioria dos responsáveis da Escola se formou e os quais ainda fazem
sentir a sua influência, no presente.
É derivado da complexidade actual, em que se movimentam as sociedades,
que aquele paradigma tem que ser abandonado. A disseminação das
redes informáticas, um pouco por todo o mundo, fez com que a
informação deixasse de ser propriedade exclusiva de alguns, passando
para o domínio público, circulando à velocidade da luz pelos
quatro cantos do planeta.
Aquela base tecnológica não pode ser encarada como a panaceia para
todos os males da organização escola, mas antes como um passo de
gigante para que tal possa vir a suceder num futuro próximo assim, é
através da tecnologia, com o seu uso racional e devidamente planeado que
os processos indissociáveis da actividade educativa poderão possuir
uma maior eficiência, visto que, sendo aquela tecnologia parte
integrante de uma rede de comunicação globalizada, mais rapidamente
poderemos obter melhorias na implementação dos processos recorrendo
à troca de informação com o meio ambiente e desta forma,
incrementar a produção de conhecimento relevante para a
organização.
O complexo processo de resistência à mudança, em que a Escola
é particularmente singular, tem vindo a colocar reais entraves a uma
evolução efectiva para o paradigma da informação em suporte
tecnológico, ou seja, se queremos uma Escola dinâmica, atractiva e
capaz de acompanhar as profundas evoluções que a sociedade tem vindo
a sofrer, especialmente no tocante à utilização de tecnologias
para manuseamento da informação, não podemos ignorar o que é
evidente para todos e devemos procurar novas formas de dinamizar a
organização Escola.
Acreditamos que, com o correcto recurso às tecnologias disponíveis
já com provas dadas, constituindo-se Sistemas de Informação para
a Educação de base tecnológica, criaremos mais espaço para
todos se dedicarem à intrincada tarefa que é ensinar.
Aqueles Sistemas de Informação de base tecnológica, devem
constituir-se em rede para que todo o Sistema Educativo esteja em contacto
directo e permanente entre si. Toda uma panóplia de documentação
que actualmente circula em formato de papel, pode circular em formato
digital. Além de se reduzirem custos directos chega ao destino mais
depressa, logo, evita-se o desfasamento da informação com a
realidade dos acontecimentos, pois pode-se transmitir informação em
segundos de forma segura, enquanto que em papel, mesmo através dos
``fax's'', tem que passar por alguns ``filtros'' o que poderá conduzir
à sua adulteração.
A base tecnológica referida, deverá suportar, na medida do
possível e desejável, os processos existentes na Escola em toda a
sua amplitude, desde os pedagógicos, passando pelos gestivos até aos
administrativos. Aqueles processos não deverão ser copiados tal como
estão, mas antes serem adaptados à tecnologia, no entanto todos os
processos que se puderem ``colar `` à tecnologia assim devem permanecer.
Aquele princípio de utilização das Tecnologias de
Informação (TI) reveste-se da maior importância, pois a simples
automatização dos processos não tem dado os resultados
pretendidos, conquanto os computadores pouco mais vão além na sua
utilização como máquinas de escrever ultra-modernas.
Poder-se-á afirmar que não é bem isto que acontece nas Escolas,
pois já há muitos processos que são executados em suporte
tecnológico além dos ofícios e circulares, como sejam: as
avaliações de alunos; vencimentos de pessoal; SASE; cartões
magnéticos para os mais variados registos, inclusive com envio de SMS
para os Encarregados de Educação. Existe ainda ligação à
Internet, nalguns casos com linhas ADSL e outros com RDIS.
De qualquer modo perguntamos. Todos aqueles processos (chamemos-lhe Software
de aplicação específica) estão integrados? Isto é,
são todos pensados e elaborados de forma conjunta, de modo a fazerem uso
de uma mesma base de dados, permitindo assim a extracção de todo um
conjunto de informação indispensável para a gestão das
Escolas? Ou cada um daqueles Software's funciona de forma isolada sem
existir permuta de dados e por conseguinte provocam uma redundância
desnecessária? Existe na Escola, uma pessoa detentora de
competências específicas e horário, para se dedicar em
exclusivo aos Sistemas de Informação?
São muitas perguntas sem resposta ou com resposta incompleta. A
título de exemplo lembramos que com recurso ao padrão
linguística XML, muito em voga na troca de dados entre
aplicações informáticas de diferentes origens, se poderá
resolver a permuta de dados entre todos os pacotes de Software existentes de
forma dispersa nas Escolas.
Acreditamos que, um suporte tecnológico que integre os processos das
diferentes áreas funcionais da Escola é condição
cinequanon para uma verdadeira gestão profissional da organização escola.
2.3 A Componente Comunicação
Apresentámos de forma rápida a Informação, delineámos
duas ou três ideias, que consideramos centrais, acerca de como aplicar a
Tecnologia e por fim chegamos à Comunicação.
É neste último aspecto que desacertamos! Afirmámos que
informação não partilhada é conhecimento ignorado,
também dissemos que com tecnologia adequada e a funcionar em rede, se
pode ultrapassar esse obstáculo, no entanto não chega, há que
comunicar de forma efectiva, pois a tecnologia e a informação
(partilhada) não bastam se não existir comunicação.
Sucede muitos considerarem que, pelo facto de recorrerem a meios
tecnológicos para enviarem dados ou informação para alguém,
amiúde, já estão a comunicar. O que realmente acontece em muitos
casos é uma ``não-comunicação'', pois muitas vezes quem
recebe os dados ou informação não sabe interpretá-los,
porque não possui o campo semântico adequado ou porque não se
ajustam ao pretendido. Assim, não raras vezes, quem os envia também
não possui as características que se devem conjugar com o segundo
elemento, ou seja, lá por existir emissão e recepção é
abusivo concluir de imediato que haja uma verdadeira comunicação.
Quantos de nós não ``sentiu'' já, o que atrás foi referido?!
Recebemos quantidades desmesuradas de papéis, repletos de dados e
informação, que acabam por não servir os nossos intentos, porque
quem envia não conhece as nossas necessidades pois nós não os
informámos, ou seja, porque não se estabelece comunicação.
Esta situação acontece, por vezes, mesmo ao nível dos membros
dos departamentos disciplinares nas escolas.
A nossa cultura de Escola, ainda não contempla comunicar com os outros
de forma regular. Inversamente, procuramos realizar as nossas tarefas de
maneira a não nos ``incomodarem'', da mesma forma que nós não
``incomodamos'' os outros. Há que mudar mentalidades, a começar pela
formação inicial. Há que integrar de forma efectiva as TIC na
formação inicial, como ferramenta fundamental na
planificação e execução das actividades lectivas. Da mesma
maneira se tem que integrar as TIC com os conteúdos disciplinares das
diferentes áreas de estudo.
A comunicação pode ser enriquecida e o processo de aprendizagem
largamente melhorado, se recorrermos a tecnologia avançada para nos
auxiliar. Mais uma vez recordo que não fazemos uma apologia reducionista
do uso da tecnologia, mas sim como uma preciosa ferramenta que nos permite
ultrapassar muitos dos entraves surgidos ao nível da
comunicação dos conteúdos disciplinares e das
interacções entre os diversos actores deste notável sistema
complexo, que é o Sistema Educativo.
É na comunicação da informação através de redes
tecnológicas que poderá estar a chave mestra para a
resolução do problema da eficácia dos processos educativos, pois
se recorrermos ao trabalho de equipa, que devido ao tipo de funcionamento
das redes tecnológicas é fácil e pouco oneroso, mais rapidamente
obtemos resultados positivos condizentes com o pretendido. De qualquer
maneira, não podemos esquecer uma planificação cuidada. Onde as
mudanças de direcção na estratégia escolhida deverão
estar previstas como melhoria de todo o processo, pois deverá subsistir
uma visão contingencial do sistema.
Em jeito de resumo, relembramos os termos Tecnologia,
Informação e Comunicação, três
áreas aparentemente disjuntas, integradas com o objectivo de promover
ferramentas que nos auxiliem na melhoria do processo de comunicação
(também o escolar). Gostaríamos neste ponto de acrescentar a sigla
SI (Sistemas de Informação), ou seja,
SI/TIC pois consideramos ser mais abrangente este ângulo de
abordadegm. Se encararmos os diversos componentes da organização sob
a perspectiva sistémica não corremos o risco de esquecermos o todo,
pois como alguém afirmou é algo mais do que a soma das diferentes
partes e os SI/TIC contêm recursos de aplicação estratégica
e possuem um inigualável potencial para melhorar a produtividade
através do incremento da eficiência, com resultados óbvios na
eficácia.
3 A Importância do Gestor de SI/TIC nas Escolas
Tal como qualquer outra organização, também na escola deve
existir um gestor para os SI/TIC. No entanto, deve procurar-se entre o
``material humano'' existente nas escolas, que possuem as competências
adequadas na área em apreço, um elemento para satisfazer a
necessidade criada.
O Gestor de SI/TIC para uma escola deverá ser um professor oriundo do
interior do sistema educativo, ou seja, alguém com formação e
competências devidamente reconhecidas na área dos SI/TIC e, se
possível, com experiência de docência na área das TIC.
Aquele deverá ser um elemento com a responsabilidade de gerir o SI da
escola e o seu suporte tecnológico, reportando directamente ao Director
Executivo da escola e ao responsável máximo pela área dos
SI/TIC, da Direcção Regional de Educação respectiva.
Além das competências gestivas apontadas terá ainda a seu cargo
a responsabilidade directa de administração de toda a rede
tecnológica existente que, dependendo da sua dimensão poderá
trabalhar em equipa com um outro professor que exista na escola, desde que
possua reconhecidas competências para tal.
Não se procura, com esta sugestão, apontar para uma perspectiva
ditatorial mas antes, ordenar e ``arrumar'' o que já se faz em muitas
escolas passando, desta forma, a ter cabimento legal, pois consideramos que
existem demasiadas pessoas a influenciar decisões nesta área,
inclusive de fora do sistema educativo, o que tem provocado alguma desordem
e confusão. Aquelas pressões são, intencionalmente ou não,
facilitadas por entidades privadas de índole comercial que pressionam
os responsáveis das escolas para a aquisição da última
``moda'' em tecnologias, quer se adaptem ou não às reais
necessidades dos estabelecimentos de ensino e quase sempre desconexas entre
si, ou seja, não existe integração dos sistemas e
aplicações adquiridos, reinando como ilhas desconexas em redes
físicas com um funcionamento quase sempre atribulado e com a
resolução dos problemas a surgir como a aplicação de medida
paliativas que surtem efeito no imediato e nunca a médio ou longo prazo.
Não podemos dissociar o ensino/aprendizagem da implementação dos
SI/TIC. O funcionamento de todas as componentes do sistema escola, deve
suportar-se num mesmo sistema tecnológico a operar em harmonia e de
forma integrada, pois só assim subsistirão enquanto um todo.
Tal como indica a definição de sistema, todas as componentes
estão interligadas e não podem existir isoladamente, devem trocar
informação entre si de modo a reforçarem-se enquanto conjunto
que possui objectivos comuns.
Deste modo, o Gestor de SI/TIC, é a peça chave na ligação
entre as várias componentes do sistema, a imaterial
(informação), a material (tecnologia) e o elemento humano.
Depreende-se daqui que só com a existência daquele elemento, se
poderá implementar e por em funcionamento de forma efectiva o SI/TIC
duma escola. Permite melhorar o planeamento das necessidades, a
definição dos processos, a organização da arquitectura
lógica e tecnológica que suportará a informação a
partilhar, em suma o funcionamento do Sistema de Informação no
geral, como tal, interliga todos os aspectos inerentes a um correcto
funcionamento da organização virtual pois é ele quem permite
conjugar os diversos sub-sistemas de modo a desenvolverem-se na mesma
direcção e assim actuarem como um todo.
É ainda, o Gestor de SI/TIC, que faz a ligação ao exterior
permitindo que as necessárias actualizações/adaptações
(upgrades) ao sistema, se possam efectuar de forma suave e sem oscilações
críticas, visto que, como o Gestor tem uma visão do conjunto de
sistema mais fácil será adaptar uma parte, sem prejuízo do
todo. Estas actualizações decorrerão, sempre que possível,
numa fase menos intensa do seu funcionamento, nomeadamente nas pausas
escolares e sempre na presença quer do Gestor do SI/TIC quer dos
diferentes intervenientes na componente a actualizar. Assim, permite que o
Conselho Executivo se ocupe essencialmente da vertente
pedagógico/administrativa da organização escola.
A situação anteriormente descrita é, inúmeras vezes,
apontada pelos Conselhos Executivos como fundamental, pois como grande parte
destes não possui formação/competências na área dos
SI/TIC, que lhes permita ter confiança na abordagem destas novas
questões, como sejam as redes tecnológicas de comunicação,
têm que confiar, muitas vezes, em elementos exteriores à
organização (outsorcing). Estes, na maioria dos casos, preocupam-se apenas com
a componente comercial, esquecendo que a organização escola só
funciona de forma adequada quando a componente pedagógica e
administrativa são integradas na concepção dos SI/TIC.
Assiste-se à proliferação de redes, a funcionar de forma
``had-hoc'', no interior do sistema educativo onde todos os anos, quando da
(re)colocação dos professores, ficam órfãs de gestor, à
mercê da boa vontade de alguém ou de um ataque pirata deste imenso
mar informativo, que são as redes de comunicação.
4 Considerações Finais
Acreditamos que, cada vez mais, surgem pessoas preocupadas com a forma como
se está a utilizar os SI/TIC na Escola.
Existem diversas abordagens e visões de como se deve fazê-lo, no
entanto, parece-nos que a visão tecnológica se tem sobreposto a
outras, o que tem direccionado aquela utilização num sentido
demasiado rígido, para as possibilidades que a referida tecnologia nos
oferece.
Recentemente, começa a ganhar visibilidade uma nova abordagem que,
utilizando recursos base tecnológicos, socorre-se de ferramentas
gestivas e da visão sistémica das organizações em busca do
equilíbrio dinâmico, tão desejado no funcionamento de uma
organização moderna.
A Escola, por razões conhecidas, é uma organização
dinâmica que tem deixado passar ao lado algumas possibilidades de
encontrar o equilíbrio já referido. Ainda estamos a tempo de
resolver este problema, pois temos mais uma oportunidade, agora em banda
larga, para recuperar o atraso, desde que se faça um correcto
investimento em SI/TIC, no entanto, o tempo passa e as atitudes são
pouco visíveis.
Aquele investimento passa pelas mais variadas vertentes de uma
organização, assim não basta a aquisição do melhor e
mais moderno equipamento existentes, nem pela aplicação das mais
inovadoras técnicas de gestão ou sequer pela renovação dos
recursos humanos existentes e disponíveis para tal, mas sim por uma
abordagem simultânea a estes três aspectos através do
princípio sobejamente conhecido de que o todo é algo mais do que a
simples soma das suas partes. Como tal, só com um forte planeamento
atempado e onde esteja previsto uma abordagem contingencial à
organização Escola, se conseguirá atingir os objectivos
desejados.
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- Mestre em Organização e Sistemas de Informação, pela Universidade de Évora. Escola Básica 2,3 Mestre de Avis, Avis. [luisfbmauricio@sapo.pt]