João Carlos Correia, Universidade da Beira Interior
1. Comunicação e Política
Desde o iluminismo que a experiência política e a experiência
comunicacional têm estado indissociavelmente ligadas. Com efeito,
a esfera democrática tem o seu destino relacionado à existência
de uma opinião pública crítica, da qual a imprensa
constitui um dos elementos essenciais. Esta relação era de
tal modo íntima que a sua evidência cegou os próprios
estudiosos da ciência política. Preocupados com a organização
do Estado e com a moldagem das regras inerentes à representatividade,
durante décadas ignorou-se que a legitimimação das
decisões políticas resulta antes de mais do confronto de
argumentos e da resolução de diferendos no espaço
público. A crise imputada à esfera política moderna,
nomeadamente pelo abstencionismo crescente, no sentido mais lato de apatia
na intervenção por parte dos cidadãos, tem sido acompanhada
de uma espectacularização crescente da informação,
entendida como uma menor incidência nas questões que dizem
respeito à intervenção cívica em detrimento
de notícias centradas no sensacionalismo e na agradabilidade.
A relação entre a crise da representação
e a sofisticação cescente da comunicação política,
desenvolvida pela indústria mediática, tem surgido como algo
de evidente para algumas correntes de pensamento oriundas da Filosofia,
da Sociologia e das Ciências Sociais: hoje já não se
pode mais pensar sobre os problemas da comunicação política
em termos puramente gerais. A origem desta reflexão, na opinião
de conceituados cientistas sociais que se têm debruçado sobre
o fenómeno político, tem a sua origem na crise da representação
política, ou para usarmos a expressão de Touraine, na crise
da política como representação, a qual se expressa
numa tendência para os detentores de poder e dos meios de comunicação
terem ao seu dispor capacidade de imporem as ideias e sobretudo os candidatos
como quem difunde qualquer outro produto de grande consumo. Por outro lado,
o espaço público parece diluir as suas próprias energias
numa atomismo e apatia generalizados que a indústria cultural também
aparenta reforçar. O esquema fundador das democracias modernas traduzido
em grande parte na dicotomia entre os propositores de reformas sociais
e os defensores do status quo dilui-se em detrimento do marketing político.
O sentido de escolha, ele próprio catalizador da interacção
entre os cidadãos dilui-se nas escolhas negativas- rejeita-se mais
do que se elege- e na eleição de agendas concretas, muito
mais susceptíveis de serem objecto de uma personalização
espectacularizada. Entre os sintomas que se podem identificar como representativas
deste estado de coisas pode-se citar o recurso crescente e quase sempre
de cariz populista às personalidades representativas da chamada
sociedade civil. Por outro lado, a perda do sentido autêntico que
motivou a ideia de representação, permitiu a formação
de especialistas que, com base na análise de variáveis susceptíveis
de serem identificadas e analisadas, procedem à gestão eleitoralmente
correcta das medidas a tomar. A profissionalização crescente
da actividade política e a sua distanciação em relação
ao homem comum abriram as portas ao "lobismo" e corporativismo do lado
dos governantes, e ao abstencionismo do lado dos governados.
Assiste-se com "nuances" diversas, aos desencantos inerentes à
realização do espaço público democrático
no seu devir concreto com todas as interrogações que tais
falhas colocam no que respeita à acção política.
O exercício da racionalidade e da publicidade críticas evoluiu
no sentido da ausência de participação e do consumo
de mensagens regidas na sua produção por uma lógica
do espectáculo. Há uma artificialização das
agendas em função da profissionalização da
política a qual deixa cada vez menos lugar ao político amador
- o que ama a polis, o que faz da cidade lugar do seu afecto e do seu interesse
- para dar espaço ao técnico da sedução para
quem o conteúdo é a forma, a exibição pura
e a eficácia da mensagem. As sociedades políticas afastaram-se
claramente do espaço público das Luzes. A esfera pública
foi contaminada, através dos media pela lógica de interesses
particulares e transformou-se em instrumento de manipulação.
A opinião pública deixou de desempenhar um papel crítico
ao serviço da Razão.
Por outro lado, se há decisões que parecem norteadas
pelo puro marketing eleitoral, há jornais que parecem dirigidos
pelo Departamento de Publicidade. Contaminado por um modelo excessivamente
ligado à imprensa de massas, o jornalismo parece por vezes remetido
ao papel de reflexo passivo de uma actuação muitas das vezes
desenraizada dos interesses dos cidadãos. O campo político
e o campo dos media, (designadamente daqueles media que prescindiram de
serem catalizadores de uma instância crítica) ter-se-iam tornado,
nesta perpectiva, nos caso em que esta situação ganhou hegemonia,
pilares de uma mesma perda de sentido da cidadania.
1. 2. A sociedade da Comunicação: o novo espaço público
A mediação generalizada de toda a experiência política,
seja graças à emergência da esfera política
de linguagens simbólicas ligadas à sedução
e à persuasão seja graças à irupção
crescente de novas realidades recnológicas, levam alguns autores
a configurar uma nova realidade que alguns definem como "sociedade da comunicação".
Porém, a argumentação de Touraine quando rejeita tal
classificação parece-nos válida. No seu entender,
as sociedades de mudança rápida são cada vez menos
sociedades de comunicação e de argumentação
e cada vez mais sociedades de expressão, onde a actividade dos políticos
se assemelha à de actores, no sentido literal da palavra.
O reconhecimento desta ligação entre a experiência
política e a experiência comunicacional, possui algum sentido
que merece ser reconhecido e particularizado. Primeiro, assistimos à
emergência de uma esfera pública que colocou a exigência
de comunicar o pensamento, de forma racional e igualitariamente repartida,
no cerne da própria actividade política democrática,
Depois, foi o devir espectacularizante das mensagens. Finalmente, foi a
virtualização dos públicos e o aparecimento, no seu
lugar, dessa forma de sociabilidade heterógenea e indiferenciada
que designamos"massa", de que a ausência de interacção
constitui um traço dominante. Finalmente, são as redes que
abrem caminho a um espaço publico cada vez mais simbólico
e reticular.
Ao mesmo tempo que esta tecnologização se verifica permanecem,
no seio de uma indústria mediática, fórmulas empresariais
e comunicativas assentes na proximidade com os públicos. É
o que acontece com imprensa regional, graças à sua conexão
com formas de exercício da sociabilidade que parecem pre-existentes
à sociedade de massas.
2. Comunicação e Desenvolvimento Regional
Os projectos regionalizadores, no que respeita ao seu desejo intrínseco de terminar com a redução da ideia de cidadão ao eleitor, chamando por isso o cidadão a novas tarefas, são uma possibilidade de descortinar novas configurações para um espaço público. Independentemente da solução júridico-constitucional que vai ser adoptada e da implementação ou não em concreto, de um modelo de regionalização parece-nos que existe uma premissa consensual no que respeita à minimização das desigualdades regionais e à necessidade de chamar os cidadãos a identificarem-se com esse objectivo. Por outro lado, parece igualmente desejável e consensual que tal objectivo de desenvolvimento regional deve ser sustentado racionalmente por uma opinião pública dotada de sentido crítico capaz de identificar problemas e tormar consciência das soluções necessárias. Para a realização dos objectivos de promoção do desenvolvimento das regiões, a criação de uma identidade compartilhada pelos agentes de decisão e por todos os cidadãos em geral é condição sem a qual qualquer decisão política aparece esvaziada de conteúdo. Num país, onde a diferenciação cultural não parece por si só suficientemente legitimadora da criação de regiões, a mera competividade que se exige entre as diferentes partes que constituem o todo nacional solicitam a mobilização dos cidadãos em torno de projectos de desenvolvimento regional. Ou seja, pressupõe a partilha e a efectiva vivência - conscientemente assumida - de problemas comuns. É aqui que o papel dos media regionais ganha especial interesse. A intervenção de meios de comunicação social regionais humanamente apetrechados, técnicamente dotados e financeiramente autosuficientes, exigentes no que respeita ao desiderato de levarem o objectivo de contribuirem para a formação de uma forte opinião pública regional é uma necessidade imperiosa no que respeita à mobilização dos cidadãos para o desenvolvimento e ao aprofundamento da sua qualidade de vida.
2.1.Comunicação regional e espaço público
Em lugar de procurar fórmulas que imitem a imprensa de massas,
reproduzindo numa escala menor os defeitos que já atrás referimos,
(virtualização dos públicos, massificação,
cedência crescente à informação espectáculo)
o jornalismo que se pratica fora dos grandes meios urbanos pode ser um
elemento estruturador deste espaço público regional entendido
como esfera crítica de debate e de interacção dos
cidadãos em torno dos problemas que lhe são mais próximos.
A comunicação social regional, onde sobrevivem projectos
de proximidade em relação aos cidadãos e aos seus
espaços de intervenção ajuda-nos a possibilitar a
problematização de um modelo caracterizado pela racionalidade
alternativa possível.
Assim, as especificidades desse tipo de jornalismo devem ser mantidas,
constituindo mesmo um suporte de um modelo de comunicação
mais assente na racionalidade e na publicidade críticas, sem que
com isto se exclua ( antes pelo contrário se exija) um esforço
de modernização e de profissionalização. Nesse
sentido, "temos de fazer um esforço para potenciar o jornalismo
regional antes de contar com ele para contribuir para o desenvolvimento
completo de cada região." Recorrendo a um exemplo fácilmente
reconhecível por todos, pensamos que as rádios locais não
morreram ou ficaram , na sua maioria, mais ou menos moribundas, por serem
locais mas por quererem imitar as Rádios nacionais. A esperança
que constituiram na reconfiguração do espaço público
regional frustou-se, muitas das vezes, ou por ausência de um investimento
racional ou por seduções amadoras que impossibilitam tais
projectos de aprofundarem as suas especificidades com coerência e
de forma planeada.
2.2. Especificidades do jornalismo regional
A nossa definição de jornalismo regional, mais do que
critérios quantitativos prefere nortar-se por critérios qualitativos.
Nesse sentido, além do referente regional, colocamos o enfâse
na formação de uma opinião pública em volta
das questões que se prendem mais acentuadamente com os problemas
e decisões regionais.
As especificidades do jornalismo regional constituem a sua força
ou a sua debilidade. Isto é, devem ser mantidas sem que com isto
se exclua a desejada modernização e profissionalização
das redacções. Permitam-nos que sejamos optimista ou quiça
utópicos, ainda que a contra corrente das tendências dominantes:
o jornalismo regional, livre do forte condicionamento exercido pela publicidade
e que constitui parte importante da história da imprensa de massa
pode ser o modelo de uma problematização da racionalidade
exercida no seio dos media. Características como a forte presença
do leitor e do assinante na vida do jornal, em contraste flagrante com
a virtualização dos públicos praticada na grande indústria
jornalística; a marca da polémica e do debate ressoando nos
artigos de opinião reflectindo a forte presença da elite
regional junto da redacção; a colaboração assumida
com formas de associativismo; a recorrência de temas; a resistência
à conexão jornalismo- publicidade, podem constituir reminiscências
de uma forma de exercício da racionalidade parcialmente banida dos
media e difícil de concretizar na imprensa de massas.
É, pois, a possibilidade de o jornalismo catalizar alguns traços
de racionalidade alternativa, eventualmente susceptíveis de proporcionarem
uma "revitalização" de uma opinião pública
vivida pelos cidadãos que aqui se tenta perspectivar. Lancemos pois
um olhar particularizador sobre tais especificidades
2. 2. 1. A relação com a publicidade
A relação com a publicidade no seio da comunicação
social regional reflecte uma menor dependência dos critérios
economicistas que parecem impor-se no panorama das grandes empresas nacionais
de jornalismo. Todavia, trata-se de uma situação complexa
que reflecte também toda uma filosofia de gestão considerávelmente
diferente da praticada nos media nacionais.
Por outro lado, se a resistência à conexão entre
jornalismo e publicidade pode reflectir um empenhamento cultural mais exigente,
também pode implicar ou simplesmente reflectir outras sujeições
como sejam a mera subordinação conjuntural a poderes estabelecidos,
nomeadamente pela necessidade de conseguir apoios económicos. Nesse
sentido, a menor interacção com a publicidade comercial se
é um sintoma de fidelidade a uma certa forma de empenhamento cultural
também tem riscos que deveriam ser minorados por apoios concedidos
em função de critérios objectivos.
A penetração da publicidade comercial nos jornais regionais
é uma realidade que começa a fazer-se se sentir e que não
tem , obrigatóriamente, que configurar um devir determinado por
objectos mercantis. A qualidade dos projectos editoriais, a formação
profissional , o apoio do estado segundo critérios objectivos que
impeçam a demissão de uma atitude empresarial empenhada,
a formação de um produto jornalístico que atraia a
publicidade comercial e impeça a dependência da publicidade
institucional não são objectivos contraditórios.
2.1.2. A a imprensa regional como afirmação de uma elite regional.
A forte conexão com os intelectuais locais promovem os jornais
regionais como espaços privilegiados de produção e
luta simbólica em torno dos problemas específicos dos espaços
a que estão ligados.Nesse sentido, os jornais regionais continuam
a fazer ecoar dentro de si de uma forma de racionalidade que de alguma
forma parece ainda conter semelhanças com as publicações
que eram praticadas no jornalismo próprio da esfera pública
liberal.
Todavia, a presença dos colaboradores é muita das vezes
um alibi para impedir a formação de redacções
profissionalizadas. Ou seja, esta interligação serve muitas
vezes para justificar o beletrismo e o amadorismo. O eco dos debates que
continua a ter o prolongamento natural nas praças públicas
das cidades do interior- é algo de vivo e atraente mas que, muitas
das vezes, pode encerrar o jornal na teia de quezílias paroquiais.
A realidade tem imposto uma profissionalização crescente
com a interiorização de uma demarcação mais
clara entre a matéria noticiosa e a escrita de opinião.
A formação dos profissionais com uma atenção
redobrada nos sabereres próprios das ciências sociais, os
conhecimentos técnicos indispensáveis e um conhecimento aprofundado
das regiões são uma das formas de assegurar que a necessária
reordenação económica deste projectos se não
faça à custa da qualidade.
A formação dos jornalistas constitui um debate de sempre.
Desde 1921 que a classe através dos seus organismos representativos
solicitava a existência de um Curso Superior de Jornalismo. Todavia,
a primeira Licenciatura em Ciências da Comunicação
só foi criada em 1978. A Universidade da Beira Interior orgulha-se
de possuir um vasto leque de disciplinas neste âmbito. Por outro
lado, pode orgulhar-se também de no âmbito do Mestrado em
Ciências da Comunicação possuir uma Disciplina que
se debruça sobre a imprensa regional, e no âmbito da qual
existem já diversas propostas de teses de mestrado.
A presença do colaborador, entendida como salutar, não
deve comprometer a independência editorial do jornalismo regional.
Por outro lado essa presença deve ser contrabalançada com
a presença de redaccções profissionalizadas e objecto
de uma preparação cultural sólida que lhes permita
compreender as tarefas que competem ao jornalismo regional.
2.1.3. A relação com os públicos: o papel dos leitores
Numa imprensa caracterizada pela importância da venda por assinatura,
a fidelização dos públicos é fundamental dada
a exiguidade do mercado. Nesse sentido, a configuração do
mercado típico da imprensa regional obriga por vezes a um conformismo
profundamente determinado por uma profunda sensibilidade em relação
à reacção dos públicos. A venda por assinatura
configura o jornal como um objecto que faz parte da realidade das famílas.
Desdobrar o jornal que se escolhe para percorrer as notícias
pessoais é uma espécie de ritual comum a muitas famílias
do interior. Nesse sentido, assiste-se a uma permanência de notícias
que prolongam formas de sociabilidade em que ainda ecoam a ideia de vizinhança
e que asseguram / reflectem a continuidade dos grandes consensos sociais.
Por outro lado a relação com os públicos prolonga-se
numa profunda sensibilidade em relação aos espaços
onde esses públicos se reunam .Assim, os jornais regionais dão
especial enfâse à vida associativa seja esta protagonizada
pela associação de bairro, pelo clube de serviços,
pelo grupo dramático local ou pelo Cine Clube. Nas suas notícias
reflectem muitas das vezes as preocupações destas formas
associativas. Publicam frequentemente espaços especiais sob a forma
de cadernos em colaboração com estas associações.
Promovem debates, colóquios em cooperação com as mesmas.
Promovem eles próprios esses colóquios recorrendo ao apoio
deste tipo de associações.
É frequente encontrarem-se cadernos de poesia, música,
teatro ou folquelore inseridos no interior destas publicações,
como prolongamento ou eco de actividades produzidas nas associações.
2.1.4 A dimensão regionalista no artigo de opinião,
no editorial e na notícia
A região acaba por se impor como um valor-notícia em
si que se impõe nos critérios de elaboração
das notícias, de seleccção dos factos e na inspiração
dos editoriais. Nesse sentido há um universo de preocupações
que têm a sua vivência discursiva no campo dos media regionais
e que só ganha consistência para o comum dos cidadaos nessas
publicações.
3. Um desafio e algumas propostas para o futuro
A resposta estará em grande parte no apelo a um novo jornalismo
regional. Este implica, por sua vez, profissionais novos que, sem deixarem
de estar implicados num compromisso de desenvolvimento regional, estejam
despertos para a concretização de um produto de qualidade.
Ou sejam profissionais que conciliem a práctica de um jornalismo
de qualidade com a sensibilidade para com as especificidades referidas.
Implica ainda uma reordenação económica, na qual o
Estado se não deve demitir de participar sob pena de a realidade
a impor à custa dos interesses das Regiões. Defende-se, sem
tibiezas, que o fortalecimento da imprensa regional tem um alacance político
que não poderá ser medido pela sua eficácia imediata.
Uma cultura de intervenção regional que não descure
a identidade nacional só pode ser conseguida com o empenhamento
dos agentes culturais existentes no terreno: só os jornais regionais,
além mesmo das próprias univerisidades, escolas e associações
chegam a todos os cidadãos.
O futuro mais ou menos imediato abre-nos as portas à Televisão
Regional. Trata-se de um desafio novo que, forma mais directa, pode servir
para colocar os espaços públicos regionais no coração
de um poderoso desafio. O peso de uma TV regional pode ser tal que, através
de si, se podem concretizar poderosos movimentos de fortalecimento da cidadania
nas regiões ou, pelo, contrário, enfeudar toda a prática
democrática a fórmulas de caciquismo tão ou mais perigosas
do que aquelas que alguma Imprensa Regional e algumas rádios regionais
já proporcionaram. É uma questão de cidadania ter
a coragem de assumir que uma TV regional nunca será, em face da
magra fatia publicitária das regiões do interior, um investimento
atractivo capaz de conseguir o retorno do investimento produzido. Isto
é, há uma lógica de dependência da publicidade
institucional que pode, ainda mais do que em qualquer outro tipo de órgão
de comunicação social, gerar uma perversidade oficialista
merecedora das maiores cautelas. Nesse sentido, terá que haver uma
lógica mínima de serviço público que enfrente
o problema das televisões regionais com sensatez que impeça
a repetição do fenómeno que se dá em grande
parte das Rádios Regionais. A constituição de canais
deste género só pode ser assumido de duas formas possíveis:
com exigências estatais que garantam a credibilidade dos operadores
ou com formas directas ou indirectas de participação estatal
que, sem lançar outras formas de tutela política, ultrapassem
as claras distorções do mercado.
Também aí, numa matéria onde se jogam questões
decisivas de cidadania e de participação política
podemos, afinal, ficar irremediavelmente periféricos.