Sinais de privação: de volta a uma sensibilidade original

Anabela Gradim, Universidade da Beira Interior

Comunicação apresentada no I Congresso da SOPCOM

Lisboa, Março de 1999

 Há hoje todo um conjunto de signos que escaparam da imagem publicitária e acabaram por se colar aos objectos, outrora significados, hoje eles próprios significantes tão eficazmente trabalhados que estão a corromper, emparedando-o, o que outrora foi um vasto espaço de recepção intelectual do sensível, minimizando a elaboração reflexiva em ordem a produzir, de forma imediata, uma acção ou resposta.
 As marcas desta tendência criação de novos signos hipercomplexos cuja recepção deve processar-se de forma linear e indolor notam-se sobretudo como aspiração inconfessada e não totalmente consumada. De facto o dignóstico catastrofista é impossível pois encerra a autocontradição dos seus termos a vontade monoliticamente anestesiada não discorre sobre a própria perdição. Todavia os sinais desta privação de sentido do ruminar que conquista o sentido afiguram-se-me inegáveis: invadiram todos os discursos, dos media à publicidade, da troca e da guerra à geografia dos espaços urbanos, hoje um jogo disposicional onde a topologia já aponta sem mediação para a reacção apropriada.
 Estas novas formas, não exclusivamente imagéticas, podem ser entendidas funcionar como mega-ícones: portam semelhança com a acção que referenciam. Aqui é de notar uma extensão do conceito, já que a semelhança pode não ser uma realidade física característica essencial de todas as classificações tradicionais de ícone , mas algo que é imediatamente percebido como remetendo para um significado. Essa percepção sem mediação constitui uma equivalência tão unívoca que degenera em semelhança. Ora estes novos signos que são fruto de intenso trabalho de criação, aspiram a privar o homem de um espaço de recepção e metabolização do sensível que sempre existiu, remetendo-o para uma sensibilidade pré-lógica muito semelhante à que os medievais atribuiam aos animais.
 O resultado de tal esforço são mega-ícones, fruto de um trabalho de super-investimento que produz a semelhança,1 e que estão ou aspiram a devorar-nos. As novas tecnologias, os novos media, e a forma como estes trabalham a veiculam a imagem estão a alterar a forma do conhecimento, e a devorar um espaço, que sempre existiu e foi objecto de persistentíssima elaboração, de metabolização do sensível. Esta alteração na configuração do conhecimento revela-se na violência exercida sobre um espaço muito antigo de metabolização do sensível. Até há bem pouco tempo a imagem era recebida e imediatamente objecto de um trabalho de digestão e absorção que constituia um espaço de distanciamento em relação à formulação de um conhecimento, ou, para usar termos peirceanos, de uma crença quanto maior esse espaço, mais profundo, objectivo e científico seria o conhecimento decorrente.
 Hoje, na forma de veicular imagem procura-se a todo o custo e está-se a conseguir  elidir esse espaço de distanciamento, tentando que os corpos se organizem, em termos puramente físicos, em processos de estímulo-resposta. Assim, enquanto os sinais eram e sempre foram de alguma forma metabolizados pela consciência, hoje pode dizer-se que metabolizam o homem: aspiram a desencadear o puro reflexo condicionado saltando por sobre a consciência, do estímulo dos sentidos para um reflexo-resposta exclusivamente visceral.
 Esta civilização do ícone, ou que aspira a sê-lo, procede assim ao apagamento de séculos de trabalho sobre a forma de processar o mundo. Empédocles foi o primeiro a atentar no problema da percepção das imagens, que resolve com uma teoria de percepção do semelhante pelo semelhante2 inserida num esquema físico, mecanicista e materialista. 3 A outra corrente sobre a sensação que influencia o mundo antigo é representada por Anaxágoras, e baseia-se na percepção do dissemelhante pelo dissemelhante, a qual provoca no que percepciona uma dor imperceptível e subtil, num processo em que é o contraste e a oposição que permitem captar os objectos.4
 Mas é o pitagórico Alcméon de Crotona o primeiro a introduzir, no esquema percepcional, a consciência, complexificando-o. Alcméon dirá que o homem se distingue dos outros animais por ser o único a compreender, enquanto os restantes, têm percepções mas são incapazes de as reconduzir à consciência, articulando-as com a memória. É também ele o primeiro a localizar a sede da consciência no cérebro, distinguindo claramente percepção de pensamento, doravante dois momentos distintos, do qual o último apenas está acessível ao homem. 5
 Outra novidade importante será introduzida por Diógenes de Apolónia, que considera o ar como medium de passagem dos sensíveis e o cérebro como sede não só da consciência, mas também da actividade do corpo. As coisas chegam aos sentidos pelo contacto com o ar que reflecte a sua imagem, e são depois conduzidas até ao cérebro, que comanda e governa a acção do corpo.
 É sem dúvida com os atomistas que as teorias da percepção atingem o seu maior refinamento e distância, embora impliquem ainda um total materialismo. Sendo a natureza, na totalidade, constituída por átomos unos e indivisíveis, e vazio; a percepção dá-se por choque atómico, isto é, dá-se quando os átomos de imagens das coisas chocam com os átomos dos sentidos, produzindo a sensação. Aqui encontraremos os famosos eidolon de Epicuro, que constituem o elo de ligação entre os eflúvios de Empédocles e a species medieval. Os eidolon são reflexos sensíveis das coisas que afectam sensorialmente o homem. Tal como a percepção, o pensamento também se dá por choque, quando as percepções fazem mover os átomos da alma. 6 Aristóteles7 representa um passo decisivo na dessubstancialização e complexificação deste esquema, que, recorde-se, com os atomistas era ainda pesadamente material e físico, enquanto para o estagirita as operações mentais e o pensamento já se desenvolvem na esfera do puramente imaterial. A alma para Aristóteles é o princípio vital dos corpos, ou actualização de um organismo potencialmente vivo, numa concepção em que esta aparece já como elemento claramente incorpóreo. São três as faculdades da alma, vegetativa, que permite ao organismo alimentar-se, crescer e reproduzir-se, e pode ser encontrada nas plantas; sensitiva, que pertence aos animais superiores; e intelectiva, faculdade exclusiva do homem. As percepções são originadas na alma sensitiva, e ocorrem quando os sentidos, mera potência, são actualizados pelo estímulo dos objectos, produzindo-se então a sensação.
 O senso comum coordena os estímulos recebidos pelos sentidos e é responsável pela consciência da sensação. A imaginação promove a ligação entre a sensação e o intelecto guarda e recorda os dados dos sentidos, fornecendo, através deles, ilustrações ao intelecto. O pensamento é explicado pelo mesmo esquema potência-acto aplicado à sensação. Sendo pura receptividade, a mente actualiza-se quando realiza o acto de pensar, tornando-se idêntica ao seu objecto. O intelecto divide-se pois em agente e passivo; este último mera receptividade de formas capaz de se tornar todas as coisas, enquanto ao primeiro cumpre actualizar o conhecimento propriamente dito.
 O que se fez a seguir foi um persistente trabalho de refinamento e elaboração sobre estas categorias, que, recorde-se, com Empédocles eram materiais, mas que progressivamente se vão dessubstancializando, construindo laços cada vez mais fortes à alma e capacidade de pensar os primeiros gregos identificavam percepção com pensamento num esquema que atinge a sua perfeição no realismo medieval e na gnoseologia tomista.
 Os medievais elevam o esquema aristotélico à sua maior complexidade. Aqui o homem conhece a essência das coisas materiais recebendo-a dos sensíveis e depurando-a progressivamente, através de um processo de abstracção, dos aspectos materiais.
 O instrumento por excelência para conhecer a essência ou natureza das coisas sensíveis são as espécies, que representam aos sentidos o objecto despojado de tudo o que nele era material e sensível. As espécies dividem-se depois em impressas (aquilo que se imprime nos sentidos externos), e expressas ou conceitos. Recebida a espécie impressa, ela é iluminada pelo intellectus agens, de modo a que o intellectus possibilis nela apreenda a quiditas ou essência, elevando-a a conceito, que será conduzido aos sentidos internos, onde o homem possui quatro faculdades que concorrem para eliciar a cognição: sentido comum, fantasia ou imaginação, estimativa, e memória. Este longo e delicado processo constitui a apreensão simples, apreensão da essência de um objecto sem nada afirmar ou negar, distinguindo-se das restantes operações do intelecto como o juízo e o raciocínio.
 Peirce e a forma de construir o pensamento por cadeias de ícones, até à crença, afigura-se herdeiro deste projecto de desvendamento que mesmo no esquema aristotélico-escolástico, já é sígnica reciclando o esquema medieval para o dotar de uma formulação moderna e inegavelmente mais elaborada.
 Peirce acreditava que todo o pensamento é icónico, pois ícones são imagens mentais que formamos das coisas, os interpretantes; e que existe isomorfismo entre o ícone e o seu objecto o iconismo é regulado por leis de proporção matemática, de forma que o ícone é apreendido de relance, visualmente.8
 A noção de semiose ilimitada é capital para compreender a articulação do esquema peirceano do conhecimento. O signo, diz Peirce, é causa eficiente no que percepciona de um interpretante, a que também chamará ícone mental, o qual por sua vez sendo signo do primeiro signo, possui também ele um interpretante, ou seja, dá origem a um novo ícone, num processo que é virtualmente ilimitado, e que só termina com o estabelecimento de uma crença àcerca do objecto. Por isso Peirce diz que o significado é algo virtual, o interpretante nunca é o significado de um signo, é um outro signo que traduz o primeiro, pelo que o significado só existe enquanto relação dinâmica de signos.9
 O que encontramos nesta breve resenha de teorias da percepção e conhecimento são diferentes concepções de como as coisas são apreendidas, concepções que se vão progressivamente dessubstancializando e complexificando, dos gregos que identificavam percepção com pensamento, até à complicada engenharia sígnica peirciana. E o que parece hoje ver-se na forma de produção e disseminação de sinais é precisamente um retorno a essas formas de sensibilidade pré-lógicas; um recuo ao tipo de percepção que os medievais atribuiam aos animais elisão da suppositio e conceptus reflexus ; ou, em termos peircianos, um esmagamento dos interpretantes para a produção directa de um interpretante final, que já não é signo-ícone mas acção, pois a sua eliminação, à luz da teoria, não é possível.
 O que se vê hoje na concepção e disseminação de sinais é um desejo, não tão subreptício assim, de ver os corpos organizados, em termos puramente físicos, em processos de estímulo-resposta. O ícone que persegue o interpretante final aspira a desencadear o puro reflexo condicionado, saltando por sobre a consciência, do estímulo dos sentidos para um reflexo-resposta exclusivamente visceral, e bem merece o nome de sinal. Isto representa o apagamento de séculos de trabalho sobre a forma de processar o mundo, num esforço que procura a todo o custo erradicar os espaços de recepção e tratamento da imagem. O que se busca agora é o signo último, flamejante, a imagem-eléctrodo, capaz de condicionar o reflexo absoluto; e quando tal não é intencionalmente procurado, os modos de receber o mundo permanecem presos dessa distorção.
 Tal esforço, que em grande parte assenta nas imagens, não se restringe todavia só a elas: é patente o super-investimento nalguns signos linguísticos, tornando-os quase icónicos e dispensando assim a articulação de discurso. No limite da civilização do ícone, este já não será percebido, excepto de uma restrita forma subliminar: desencadeia, age, actua. Esta perseguição do reflexo último ameaça todas as lógicas do discurso, tendencialmente substituídas por processos de estímulo-resposta puramente orgânicos.
 Esta esquematização e codificação tão rígidas, que provocam o reflexo imediato, muito devem certamente ao poder dos novos media que debitam imagem a um ritmo inimaginável no passado e sem precedentes. Ela é produto da sobrecarga de imagens já não há tempo nem capacidade para processar todos os sinais , mas também de um sábio trabalho da publicidade e marketing que perseguem o signo último, flamejante, capaz de condicionar o reflexo absoluto.
 Do mesmo modo, este trabalho está a ser, de forma mais insidiosa, conduzido pelos media, que alimentam uma vontade de poder e manipulação indisfarçáveis e que ao contribuirem para este esquematismo o esmagamento dos interpretantes é a limitação de uma semiose virtualmente ilimitada estão a colaborar muito activamente neste processo de produção de mega-ícones.
 A tendência é também especialmente clara, por exemplo, nos videojogos, onde a forma de jogar, passados que estão os tempos ingénuos dos RPG sem interface gráfico, se baseia cada vez mais no reflexo fulminante, às vezes antes mesmo da percepção consciente da imagem.
 Sinais desta perda de espessura são visíveis também num crescente empobrecimento vocabular acompanhado de super-investimento nalguns signos linguísticos, de tal forma que estes se tornam icónicos, e deixam de necessitar da articulação de discurso para desencadearem uma paixão ou reacção.
 Para Adorno o signo da sociedade de massas já traz aposta a forma como há-de ser percebido: no limite da civilização do ícone, ele poderá já não ser percebido, excepto de uma restrita forma subliminar que se relaciona apenas com incontornáveis leis físicas: desencadeia, age, actua.
 Verdadeiros tratados sobre a crença automática são os actuais cartazes de propaganda política. Nas imagens retocadas dos políticos, do brilho dos olhos às curvas do sorriso, tudo apela sem mediação para os valores a veicular: confiança, serenidade, mudança, honestidade, competência, trabalho... the message needs no medium, o ícone perfeito dispensa qualquer mensagem e qualquer elaboração, é a imagem-eléctrodo: conforta, move e apaixona.
 Na política, e fora do cartaz, as figuras são émulos de si próprias, que à força de fingirem a própria máscara se transformam em simulações destinadas a provocar instintivamente a náusea ou o desejo, não entre propriamente a clientela dos partidos hoje uma elite altamente especializada, profissionalizada e indiferente mas na massa que por vezes se confunde com a turba ululante de que falava Sócrates.
 Os centros comerciais ícone por execelância das modernas metrópoles, e fenómeno relativamente recente em Portugal sob a imagem de glamour, luzes brilhantes, amplos espaços, segurança, conforto e lazer, o que oferecem é a ilusão de companhia entre a massa anónima, a ilusão de que o impulso de ter liquidará a falha que se é; num apelo aos sentidos, a todos os sentidos o fenómeno popcorn, um dos mais exóticos, vende aromas para uma acção determinada. É evidente que o facto do acto de comprar ter perdido a sua espessura sensível, imaterializando-se, contribui para tal sucesso.
 Mas nenhuma paixão revela tão limpidamente estes sinais de privação como a paixão da bola. A metáfora erótica que a própria disposição física dos jogos configura anuncia, de resto, o que está em causa, a defesa de um símbolo como se dele dependesse a continuação da espécie, Os programas de desporto com debate e comentadores aficcionados são uma boa exibição dos efeitos do excesso de testosterona; da irredutibilidade, e portanto irracionalidade, de pessoas aparentemente normais; e mais ainda, do uso e abuso de palavras que funcionam como semáforos, na verdade são ícones, e que pronunciadas condicionam um dado comportamento: benevolência, fé, raiva ou ódio. Árbitro, nos últimos tempos, parece ser uma delas.
 O processo era o mesmo nos tempos áureos da religião à moda antiga, quando os curas de província aterrorizavam legiões de fiéis com visões chamejantes do inferno, e um Deus com cara de poucos amigos que não era para brincadeiras. As modernas versões de Deus que é Pai, e Deus que é Amor, não já temor, tiveram por efeito a desafectação dos espaços do sagrado, a dessacralização dos sacerdotes, a indiferença do rebanho. O sucesso das seitas reside em parte no facto de recuperarem alguma desta mitologia, já que o medo deve ser uma característica indelevelmente gravada na natureza humana, e portanto não muito difícil de actualizar.
 Sobre a publicidade, recaem as maiores responsabilidades no processo de complexificação dos ícones e na sua descodificação tutelada. Publicitar não é actividade apenas reservada aos criativos, trata-se de trabalho comum a todas as espécies os pássaros anunciam a sua disponibilidade com plumagens garridas, os felinos através de complexas trocas químicas , e ambas as modalidades visam a obtenção de idêntico resultado, o interpretante final: hábito e acção.
 Mais influente é o discurso dos media, sumamente manipulador, não só ao nível dos conteúdos do que é veiculado e aqui será sempre impossível escapar à taxis do discurso, que sendo incontornável acaba por radicar em a prioris culturais e apreciações subjectivas dos acontecimentos , mas sobretudo na forma encantatória como os pivots manipulam o seu espaço. Distraem com notícias também afectadas pelo processo de iconização, e onde pessoas que são ícones, são sempre notícia enquanto veiculam uma única e preciosa instrução: fique, deixe-se estar, amanhã temos mais. São a versão moderna das sereias que tentaram Ulisses: naufrague no meu canal é a mensagem de todos os alinhamentos televisivos.
 E com isto, que são algumas dos muitas maneiras de sobreviver e socializar no mundo de hoje, eliminou-se o espaço de recepção do sensível? A resposta é não. Os dois modos de conhecer coexistem necessariamente. Falta é saber se são sobrespostos, ou se vigora a modalidade do interruptor, em que cada sujeito é capaz, em momentos distintos, dos dois modos estanques de recepção. Falta, também, interrogar as imagens, escutá-las, para descobrir se nos tiranizam, ou se nós, os últimos homens da terra que se recordam de um mundo sem computadores, continuaremos a saber dizer que não.
 

Notas:

1. Ícone aqui é tomado num sentido tão vasto que o signo não reproduz necessariamente, embora também possa fazê-lo, traços físicos do que significa; mas antes, por um processo de super-investimento, passa a funcionar, ainda que seja uma palavra, uma cidade ou um jingle, como uma imagem remetendo directa e automaticamente para o que representa. Esta extensão do termo escapa à definição canónica de ícone, elaborada por Peirce, em que são assim considerados os objectos que possuem algumas, mas não todas, as propriedades do denotado, e que comportam imagens, diagramas e, termo já algo vago, as metáforas. Cf. Floyd Merrel, Peirce, Signs and Meaning, University of Toronto Press, 1997, p. 52 e ss.

2. As referências aos pré-socráticos provêm fundamentalmente de Cornford, Principium Sapientiae, 3ª ed. 1989, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa; Kirk e Raven, Os Filósofos Pré-socráticos, 3ª ed., 1990, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa; Guthrie, Os Filósofos Gregos, 1ª ed. 1987, Editorial Presença, Lisboa; e Peters, Termos Filosóficos Gregos, 2ª ed., 1983, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.

3. Todas as coisas que existem estão constantemente a emitir eflúvios, e quando estes são do tamanho adequado para caberem nos poros do órgão do sentido, então dá-se o encontro necessário e surge a percepção, in Kirk e Raven, Os Filósofos Pré-Socráticos, 3ª ed., 1990, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, p. 355.

4. Todas as percepções são acompanhadas de dor... pois tudo o que não é semelhante produz dor pelo contacto; e a presença desta dor torna-se clara, ou por uma duração demasiado longa, ou por um excesso de sensação, in Kirk e Raven, Os Filósofos Pré-Socráticos, 3ª ed., 1990, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, p. 407..

5. O homem difere dos outros animais porque é o único a compreender, enquanto os restantes têm percepções mas não compreendem, dado que o pensamento e a percepção são coisas diferentes, e não a mesma, como sustenta Empédocles... o conjunto dos sentidos estão de algum modo ligados ao cérebro, e por isso ficam incapacitados quando este se move ou muda de posição..., in Kirk e Raven, Os Filósofos Pré-Socráticos, 3ª ed., 1990, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, p. 236.

6. Leucipo, Demócrito e Epicuro dizem que a percepção e o pensamento surgem quando entram imagens do exterior; nenhum deles ocorre a ninguém sem o choque de uma imagem... Eles atribuíam a vista a certas imagens, do mesmo formato que o objecto, que estavam constantemente a correr dos objectos e a chocar com o olho, in Kirk e Raven, Os Filósofos Pré-Socráticos, 3ª ed., 1990, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, p. 436.

7. As referências a Aristóteles provêm dos tratados De Anima (On the Soul) e De Sensu (On Sense and Sensible Objects), Loeb Classical Library, 1995, Harvard University Press, Cambridge.

8. Estes temas não são de forma alguma estranhos aos lógicos medievais, podendo de forma grosseira identificar-se a species expressa com o interpretante; o conceptus reflexus, com interpretantes de interpretantes; e a suppositio com a categoria de thirdness.

9. Sobre Peirce e a semiose ilimitada, veja-se John Sheriff, Guess at the Riddle, Indiana University Press, 1994, p. 35 e ss.; Murray Murphey, The Development of Peirces Philosophy, Hackett Publishing Co., 1993, Cambridge, p. 311 e ss.; e Umberto Eco, O Signo, Editorial Presença, 1990, Lisboa, p. 143 e ss.