A FIGURA DO TRABALHADOR

Edmundo Cordeiro

V. CONCLUSÃO

A linha

Da mobilização da técnica, enquanto potência "ao serviço" da figura, resulta um desmoronamento e uma redução do que está estabelecido: ela nega pela sua própria existência, elimina os obstáculos, como se disse. Pode-se supor que nesta consideração da técnica está implícita uma identificação desta com o nihilismo activo tematizado por Nietzsche. Jünger pensa que a acção da técnica conduzirá ao ponto zero, ponto a partir do qual se dão as suas possibilidades construtoras conjugadas com a Gestaltung da figura do trabalhador, Gestaltung que implicaria uma nova estabiliade do modo de vida, nomeadamente com a "constância" dos meios técnicos: "Une constance des moyens, quelle qu'elle soit, implique une stabilité du mode de vie dont nous n'avons plus la moindre idée. Cette stabilité ne doit bien sûr pas être entendue comme absence de conflit au sens rationaliste et humanitaire, comme ultime triomphe du confort, mais au sens où un arrière-plan fixe et objectif permet de reconnaître l'ampleur et le rang des efforts humains, des victoires et des défaites humaines, plus nettement et plus clairement que cela n'est possible au sein d'un état dynamique et explosif absolument imprévisible. Nous exprimerons cela en disant que l'achèvement de la mobilisation du monde par la Figure du Travailleur donnera la possibilité de vivre selon une Figure."(T227/A193)

O ponto zero é marcado por uma linha, a linha do nihilismo, que se trata agora de ultrapassar. Tratar-se-ia assim de uma linha traçada na perpendicular em relação ao movimento em frente da pessoa singular. Mas esta ultrapassagem é pensada, se se pode dizer, a priori, ela não é propriamente uma consequência. Como dizem Deleuze e Guattari em Mille Plateaux, "a linha não é traçada sem que se tenha ultrapassado a linha de separação(1)". Tal como a ultrapassagem é anterior à linha de separação do nihilismo, assim a linha a traçar é posterior à linha de separação. E muito embora a linha do nihilismo que é apresentada em Über die Linie(1950) seja essa linha de separação, a pergunta subjacente ao ensaio é: em que medida é que se passou a linha? Já dissemos a propósito da figura do desterrado, que esta, por exemplo, não está de modo simples ao alcance do cidadão, na medida em que este não corresponde à figura do trabalhador. O cidadão não poderia traçar a linha, ele seria o nihilista passivo, por conseguinte, nele, o ponto zero seria, sim, uma consequência final. A ultrapassagem da linha estaria pressuposta no nihilista activo, o tipo, o que possui uma relação elementar com a técnica e com a figura do trabalhador.

Über die Linie antecede de um ano a publicação de Der Waldgang(1951), e quanto à consideração da linha, a interpretação de Deleuze e Guattari pode ser entendida a partir da figura do desterrado apresentada em Der Waldgang: esta dar-se-ia numa linha de fuga, numa linha em frente, uma linha de criação e composição, a linha das possibilidades e do devir. Se em Der Arbeiter estava implícita uma luta contra o Leviathan na sua face "iluminista" e redutora do elementar, em Über die Linie começam a ser pensadas respostas ao Leviathan da era do trabalhador, o qual, evidentemente, não tem apenas o seu lugar nos totalitarismos.

É a propósito de Über die Linie que Heiddeger estabelece um diálogo com Jünger sobre o nihilismo. De resto, não é seguro que se trate realmente de um diálogo, pois não será o mesmo objecto ou o mesmo problema aquilo que faz com que dois homens dialoguem. Devem estar pressupostas outras ligações, mais necessárias. Dissemos atrás que estes dois autores não pensam da mesma maneira mas movem-se no mesmo pensamento. A esse mesmo se pode tentar chegar com nova aproximação. A linguagem de Heidegger é uma forja de si própria, enrola constantemente sobre si, densifica-se e reduz-se, ficando no final a bola de fogo do pensamento. A linguagem de Jünger é uma bolha de ar que rebenta sem nenhum estrondo ao mais frágil toque. Talvez seja por isso que a vocação activa, melhor, a vocação para o que se mexe, parece estar mais do lado de Jünger.

Mas trata-se aqui do "mais inquietante de todos os hóspedes" — e ele pode muito bem ser a própria inquietação.

"Les possibilités essentielles du nihilisme ne se laisseront penser que lorsque nous auront ramené la pensée à la considération de son essence. Je dis "ramener" parce que l'essence du nihilisme précède les manifestations nihilistes particulières, qu'elle est donc antérieur à elles, et qu'elle les rassemble dans l'accomplissement.(2)" É a esta luz, condensada nestas duas frases, que se podem resumir as vantagens e as insuficiências de Der Arbeiter e de Über die Linie tal como Heidegger as procura pensar relativamente a uma consideração da essência do nihilismo (3). Jünger faz um balanço do nihilismo no seu estádio actual e arvora a necessidade da sua superação, de um passo em frente, de uma passagem da linha. Heidegger aceita esse balanço e os termos em que é feito, mas considera que, antes de se pensar numa passagem da linha, há que pensar a própria linha, o "sítio" da linha — é com uma distinção dos dois modos de entender o termo "über" [ meta e peri ] que Heidegger inicia o seu ensaio (4). Indicar uma superação a partir de um balanço do nihilismo seria ficar preso do mesmo, e tanto mais que é admitida assim uma separação — a da metafísica — em relação ao nihilismo. É esta separação que Heidegger acha precipitada, mais nihilista do que o nihilismo, se se pode dizer, participando desse ocultamento, fruto de um pensar que não interrogou o nihilismo na sua essência. A essência do nihilismo não é nada de nihilista: o desenvolvimento deste enunciado, ou a chegada a ele, segundo um pensar que interrogue a essência do nihilismo, conduz Heidegger a esse Mesmo que é ser e nada. Ao passo em frente é, por conseguinte, oposto o passo atrás <retrait>: é mediante este que a escolha pode amadurecer.

Estas considerações não são apresentadas por Heidegger como refutações. Ambos os modos de pensar o nihilismo são, segundo ele, necessários, estão ligados. Ambos visam o mesmo: a superação do nihilismo (5). Eles não coincidem, no entanto, quanto ao modo dessa superação. Esta passa em Heidegger por uma "apropriação" <Verwindung>, que implica um primeiro passo, um passo preparatório que é uma paragem, uma espera: "(...) au lieu de vouloir dépasser le nihilisme, nous devons tenter d'entrer enfin avec recueillement dans son essence. C'est là le premier pas qui nous permettra de laisser le nihilisme derrière nous. (6)" É como se Heidegger procurasse apresentar o fundo — o fundo essencial, não genérico, pensada a essência enquanto efectividade — daquilo de que Der Arbeiter e Über die Linie seriam simultaneamente a superfície e a óptica. O fundo não pode refutar a óptica — "Néscia é toda a refutação no campo do pensar essencial. A disputa entre pensadores é a "disputa amorosa" da mesma questão", diz Heidegger em Brief über den "Humanismus"(7).

Der Arbeiter é, segundo ele, uma descrição do movimento e da acção do nihilismo pertencente à fase do "nihilismo activo (8)". É neste sentido que estamos perante um livro activo: a descrição do mundo e do tempo não se distinguem de uma tentativa de agir sobre o presente, tentativa análoga àquela empreendida por Nietzsche — "enquanto filólogo clássico" — na Segunda Intempestiva. Mas toda a descrição, voltando a Heidegger, é uma maneira de ver que "se meut à sa manière propre (...) dans un horizon déterminé" (9), maneira de ver e horizonte que derivam de experiências fundamentais, que, por sua vez, são precedidas por uma luz, luz que ilumina o horizonte. Este horizonte é o das experiências fundamentais feitas por Jünger nas batalhas de material da Primeira Guerra Mundial, horizonte iluminado — e obscurecido — pela "métaphysique de la volonté de puissance de Nietzsche (10)".

Pois bem: Nietzsche termina A Genealogia da Moral com estas palavras: "O homem prefere a vontade do nada ao nada da vontade (11)". Podemos supor que sejam palavras humanamente esperançadas, sem insistir muito nisso. Com elas Nietzsche evidencia a vontade subterrânea que se descobre no nihilismo, no "nihilismo como estado normal". Nos parágrafos de A Vontade de Poder de 10 de Junho de 1887 Nietzsche desfia o processo nihilista desde a implantação da moral cristã até ao ponto culminante: "o nada (o 'sem-sentido') eterno! (12)". A moral cristã atribui um valor absoluto ao homem, dá um sentido ao mal, é, por consequência, um meio de conservação e um antídoto contra "o primeiro nihilismo", o nihilismo do caos e do devir. No entanto, a moral desenvolve uma força letal, que se volta para si mesma: a "veracidade" — esta vê que a moral assenta nas "necessidades do não verdadeiro", nos valores. Descobre que o valor último, Deus, "é uma hipótese demasiado extrema": "O nihilismo aparece agora, não porque o desprazer pela existência seja maior do que anteriormente, mas porque o homem se tornou desconfiado em geral quanto a um "sentido" no mal, ou mesmo na existência (13)". Mas o nihilismo culminante, o nihilismo activo, é o nihilismo que procura a destruição, que "Alcanza su máximo de fuerza relativa como potência violenta de destrucción: como nihilismo activo", como "signo del creciente poder del espíritu (14)", porque "já o facto de a moral ser sentida como superada supõe um grau considerável de cultura espiritual (15)". Na interpretação heideggeriana, este processo do nihilismo tem o duplo sentido de desvalorização e de instituição da inversão dos valores a partir da vontade de poder. Esta é um querer que ordena, não um desejo, uma aspiração subjectiva (17). Mas para que se dê este querer é necessário a criação de possibilidades para a vontade pelas quais esta se liberta para si, e não com vista a um domínio por intermédio de novos valores — daí a sua inerência ao processo do nihilismo. É como se Nietzsche visse a vontade extrema junto ao nada extremo: grande força é necessária para querer o nada — é a vontade de poder, não fecha a porta ao nihilismo, fala o martelo.

A objecção heideggeriana à superação do nihilismo pela vontade de poder é idêntica àquela que faz a Jünger — não haveria uma superação com a instituição de novos valores (18), no que se refere a Nietzsche, não haveria uma superação a partir da vontade de poder, no que se refere a Nietzsche e a Jünger. Talvez a vontade de poder seja demasiado humana, ou talvez o desenvolvimento pessoal que Heidegger deu a essa vontade o tivesse, por assim dizer, escaldado. Neste sentido nos podem guiar as palavras de Hannah Arendt em La Vie de L'Esprit: "Dans l'esprit de Heidegger, la volonté de régir et de dominer est une sorte de péché originel dont il s'est attribué la culpabilité au moment où il essayait de s'accommoder de son bref passé dans le mouvement nazi. (19)" Mas indicar aí a raiz do passo atrás e da "apropriação" do nihilismo não é, evidentemente, o objectivo deste estudo, e muito menos está nas suas posses (20).

Voltando a Jünger: quando este, no seguimento de Nietzsche, analisa o nihilismo em Über die Linie considerando-o como uma fase de um processo maior, portanto necessário, afasta-se deste modo da perspectiva que identifica o nihilismo com a decadência, pensada esta como um termo, um final. O seu ponto de vista é de imediato optimista, mas trata-se de um optimismo que radica numa "expectativa vital", um optimismo que não se funda em provas (21): "El optimismo puede alcanzar estratos en los que el futuro dormita y es fecundado. En ese caso se le encuentra como un saber que alcanza más profundamente que la fuerza de los hechos — que incluso puede producir hechos —. (22)" O pessimismo, também enquanto expectativa vital, pode actuar aqui lado a lado: assim nos são apresentados Nietzsche e Dostoievski.

Jünger diz-nos no §4 deste texto o que pretende com a sua reflexão. Ela dirige-se à pessoa singular <Einzelne>. O desmoronamento das potências históricas, dos valores, faz com que a potência gire em turbilhão, sem se estabilizar num ponto. Este é o estado que convém ao Leviathan, que se impõe como tirano exterior e interior, ameaças que surgem do vazio interior e do mundo demoníaco automatizado (23). Trata-se de averiguar que comportamento pode ser recomendado à pessoa singular. "Incluso puede decirse que por el destronamiento de los supremos valores, todos y cada uno ganan la posibilidad de la iluminación y dación de sentido cúlticas. No solo las ciencias de la naturaleza se introducen en ese papel. Las concepciones del mundo y las sectas prosperam; es un tiempo de apóstoles sin misión. (24)" Esta é a linha crítica; as questões que nela se colocam não têm propriamente remédios a partir dela própria, não se pode esperar que aquilo que foi reduzido a pura função mantenha o seu ethos: a virtude do funcionário consiste em funcionar (25). A essas questões só pode responder a pessoa singular <Einzelne>, a sós consigo mesma, único reduto em que o Leviathan não penetrou. É na pessoa singular que se encontra o Deserto e o Bosque virgem, que são formas originárias (26). Face à situação do nihilismo, na qual se operou uma redução a todos os níveis — "Por su esencia el mundo nihilista es reducido y se reduce cada vez más, como corresponde necesariamente al movimiento hacia el punto cero (27)" —, apenas há uma pergunta a colocar: "em que medida é que se passou a linha? (28)" Isto significa que há que explorar os espaços em que o Leviathan não penetrou: eles encontram-se na pessoa singular, como se disse, são a sua "terra selvagem": "(...) la libertad no habita en el vacío, más bien mora en lo ordenado y no separado <Ungesonderten>, en aquelos ámbitos que ciertamiente se cuentam entre los organizables, pero no para la organizacíon. Queremos llamarlos "la tierra salvaje": es el espacio desde el cual el hombre no sólo pude esperar a llevar la lucha, sino también desde él vencer. Pero sin duda ya no se trata de ninguna tierra salvaje romántica. Es el fundamento originario de su existencia, la espesura desde la que él irrumpirá un día como un león. (29)"

***

 

O trabalho como um novo sentimento vital seria, no mundo, aquilo que corresponde à mobilização deste pela figura do trabalhador, seria a expressão deste ser particular que é a figura do trabalhador: "Le monde du travail attend, espère qu'on lui donne un sens", escreve Jünger nas Adnoten a Der Arbeiter. À figura do trabalhador estaria ligado um sentido novo para o mundo, em que este passa a poder ser encarado como uma totalidade — na medida em que com o domínio da figura do trabalhador está em causa todo o planeta, sobretudo com a acção anti-histórica, nihilista, da técnica: uma figura que não conhece continentes, culturas, raças. Este domínio só seria constrangedor, limitativo, destruidor, se considerado a partir de potências em declínio. Havendo na figura do trabalhador uma relação ao ser, ao Inseparado, com ela estariam em aberto novas possibilidades, não se oporia à criação, seria, pelo contrário, a sua condição — e tal como não é nada claro que o artista crie a partir da sua "liberdade individual" — por ela, normalmente, resultam nados mortos —, mas antes por essa liberdade que é obediência a uma vontade longínqua e mais "livre" do que "a sua necessidade". Em Die Schere(1990) Jünger leva a aliança entre a os meios técnicos da figura do trabalhador e a arte a um ponto visionário em que se produziria obras de arte como flores: "Est-ce une pensée présompteuse d'imaginer qu'une photographie puisse acquérir des qualités qui avaient jusqu'ici réservées au peintre? Il faudrait au préalable que l'art soit entré en contact avec la monade — c'est l'une des mutations auxquelles on peut s'attendre. La qualité d'auteur perdrait alors sa signification. On produirait des oeuvres d'art comme des fleurs. (30)"

 

 

Notas:

1. Ob. cit., p.501.

2. Martin Heidegger, "Contribution à la question de l'être", ob. cit., p.209.

3. Com efeito, é em Zur Seinsfrage que Heidegger responde a um texto que Jünger lhe dedicara por ocasião de uma homenagem a proprósito do seu sexagésimo aniversário — Über die Linie(1950), onde Jünger aborda a linha do nihilismo. Agora é Jünger o homenageado, pelos mesmos motivos. O título inicial fora Über "die Linie"(1955). Heidegger: "Le nouveau titre voudrait indiquer que la méditation sur l'essence du nihilisme a son origine dans un effort pour situer l'être en tant qu'être." Id., p.197. Visa "acentuar" o seu nada.

4. Cf.Ibid., p.200.

5. Cf.Ibid., p.203: "Ce que je désire en proposant ici une recherche du site, c'est venir à la rencontre du bilan de la situation dont vous avez donné un exposé médical. Vous regardez et vous allez au-delà de la ligne; je me contente de considérer d'abord cette ligne que vous avez représenté. L'un aide l'autre, et réciproquement, quant à la portée et à la clarté de l'expérience. L'un et l'autre pourrait aider à éveiller la "force suffisante de l'esprit"(p.28 <do or., Klostermann, Frankfurt, 1950>) que requiert un franchissement de la ligne." Parece que nestas palavras Heidegger se torna demasiado comunicativo e literal, parecem palavras motivadas por uma diferença que deve ser procurada mais ao nível da vida do que do pensamento (vidas muito diferentes, as de Jünger e Heidegger). Mas isso não é motivo para crer que elas possam não corresponder ao essencial.

6. Ibid., p.247.

7. Martin Heidegger, Carta Sobre o Humanismo, trad. revista de Pinharanda Gomes sobre a versão de Arnaldo Stein, Guimarães Editores, Lisboa, 3ªedição, 1985, p.61.

8. Cf."Contribution...", p.204.

9. Id., p.204.

10. Cf. Ibid., p.205.

11. Friedrich Nietzsche, ob. cit., trad. Carlos José de Meneses, Guimarães Editores, Lisboa, 4ªedição, 1983, p.155.

12. Friedrich Nietzsche, "O niilismo europeu", trad. grupo de estudos de alemão filosófico, in Prelo, nº15 - Abril-Junho de 1987, INCM, Lisboa, p.74.

13. Ob. cit., pp.74-75.

14. Friedrich Nietzsche, La Voluntad de Poderio, trad. Aníbal Froufe, Edaf, Madrid, 1981, §§22 e 23, p.41.

15. "O niilismo europeu", ob. cit., p.77.

16. Cf. Matin Heidegger, "Le mot de Nietzsche 'Dieu est mort'", Chemins qui ne mènent nulle part, trad. Wolfgang Brokmeier, Gallimard/tel, Paris, nouvelle édition, 1986, pp.282-283.

17. Cf.Ob. cit., p.313: "Or, si la valeur ne laisse pas l'être être l'être qu'il est en tant qu'être même, alors le prétendu dépassement du nihilisme n'est, au contraire que le véritablement accomplissement du nihilisme."

18. Hannah Arendt, Ob. cit., (Or. The Life of the Mind) vol. 2, Le Vouloir, trad. Lucienne Lotringer, PUF, Paris, 1983, p.200.

19. Philippe Nys, precisamente num ensaio sobre o diálogo Jünger-Heidegger intitulado "Réflexions Autour du Dialogue Jünger-Heidegger", explica deste modo — dentro do pensamento de Heidegger — a sua recusa da superação do nihilismo: "(...) se détacher da la représentation méthaphysique est un laisser être de la méthaphysique rendu possible par un retrait, par le pas en arrière qui implique l'abandon du vouloir et le surgissement d'un vouloir spécifique, le vouloir du non vouloir, la Gelassenheit." A citação é da página 173 - AAVV, L'Experience du Temps, Ousia, Bruxelles, 1989.

20. Em Der Arbeiter Jünger também exclui um optimismo ou um pessimismo como resultados imediatos de ganhos ou danos: "Le globe terrestre est recouvert de débris d'images fracassées. Nous assistons au spectacle d'un déclin qui ne peut se comparer qu'aux catastrophes géologiques. Ce serait perdre son temps que de s'associer à l'optimisme béat des destructeurs ou au pessimisme de ceux qui sont détruits."(T112/A85)

21. Ernst Jünger, "Sobre la Línea", (or. Über die Linie), trad. José Luis Molinuevo, Paidós/U.C.E./U.A.B., Barcelona, 1994, p.18.

22. Ob. cit., p.57.

23. Id., p.22: "La persona singular es atraída y sucumbe a la seducción de la tensión nihilista. Por eso es realmente importante el averiguar qué comportamiento puede serle recomendado en esa tribulación. Pues su interior es el autêntico foro de este mundo, y su decisión es más importante que la de los dictadores y tiranos. Es du presupuesto."

24. Ibid., p.42.

25. Cf. Ibid., p.29: "No se pueden transformar los estamentos en puras funciones y esperar con ello que se conserve su ethos. La virtud del funcionario consiste en que funciona, y esto es bueno, si uno no se hace ilusiones sobre ello incluso en tiempos tranquilos."

26. Cf. Ibid., p.30.

27. Ibid., p.39.

28. Cf. Ibid., pp.51-52: "En la medida en que la solución depende del carácter, todos participan en ella. Por eso, hay también una pergunta por el valor fundamental que hay que dar hoy a personas, obras e instituciones. Se formula así: en qué medida han pasado la línea?"

29. Ibid., p.62.

30. Ernst Jünger, Les Ciseaux, trad. Julien Hervier, Christian Bourgois Éditeur, Paris, 1993, p.200.