A saúde na blogosfera portuguesa

João Canavilhas
Universidade da Beira Interior

Índice

 

Introdução

Há quatro anos, os blogues pareciam ser apenas mais uma aplicação informática condenada a um sucesso efémero. Tal como acontecera com as páginas pessoais, antevia-se um início explosivo seguido de um lento declínio, mas as previsões falharam. A simplicidade do processo de actualização, o baixo custo e a adesão de figuras mediáticas ao meio, fizeram com que a blogosfera ganhasse uma dimensão nunca antes imaginada. Actualmente, em cada seis segundos é criado um novo blogue, o que dá uma ideia da dinâmica existente na blogosfera. Este crescimento levou ao aparecimento de sistemas de classificação, organização e controle de tudo o que vai acontecendo na blogosfera, pelo que existe hoje um vasto conjunto de aplicações capazes de monitorizar a evolução do fenómeno.

Na esmagadora maioria, os blogues são um registo pessoal do dia-a-dia, uma espécie de diário público que atrai leitores interessados em assuntos muito específicos ou em opiniões de pessoas que não pertencem ao circuito mediático. Política, música, literatura, humor, ciência ou ensino são alguns dos temas mais abordados por pessoas desconhecidas do público mas que, por questões profissionais ou pessoais, dominam determinados assuntos em profundidade. A área de saúde não é excepção e um pouco por todo o mundo existem blogues ligados a esta área.

Este trabalho pretende identificar os motivos que levam um profissional da saúde a entrar na blogosfera, seja para ler, seja para manter o seu próprio espaço, e de que forma se organiza a blogosfera da saúde em Portugal.

1   A blogosfera 1

 

O conceito de blogue -- enquanto sinónimo de página ordenada cronologicamente e com ligações a outras páginas -- foi utilizado pela primeira vez em Dezembro de 1997, por Jon Barger, sendo o primeiro post2 datado de 1 de Abril de 1997.

Em 23 de Agosto de 1999 nascia o Blogger3, uma aplicação informática que possibilita a criação de blogues de uma forma fácil e que, por isso mesmo, desempenhou um papel fundamental no crescimento da blogosfera. Para o sucesso deste fenómeno faltava um servidor gratuito para alojar as páginas, o que veio a acontecer em 2000, ano em que a Pyra lançou o Blogspot. A conjugação destes factores fez com que em Novembro desse ano existissem já mais de 10 mil blogues alojados nesta plataforma. A partir deste momento dá-se uma explosão na blogosfera: em Novembro de 2002 blogues nasciam 2000 blogues por dia e seis meses depois eram já 15 mil por dia. Actualmente, estima-se que existam cinco milhões de blogues em todo o mundo.

No início de 2005, a revista Time atribui pela primeira vez o prémio ``Blog of the Year'', o que veio reforçar a imagem desta ferramenta informática como um meio de comunicação de massas de grande importância.

Em Portugal, os blogues começaram a surgir em 1999, mas só em 2003 viria a ocorrer a grande explosão da blogosfera. Em Janeiro existiam apenas 174 blogues indexados no Blogs em PT 4, mas em Novembro esse número saltou para 2.7245 blogues. A chegada de algumas figuras públicas à blogosfera, como Pacheco Pereira6, foram momentos decisivos, já que despertaram o interesse dos media tradicionais pelo fenómeno. Esta exposição mediática deu um forte impulso ao crescimento que a blogosfera portuguesa já registava e no final de 2004 estimava-se que existissem cerca de 90.000 blogues feitos por portugueses, muitos dos quais entretanto desactivados.

2  Blogues e Saúde

Os sistemas de comunicação e informação são um eixo fundamental das sociedades contemporâneas. No caso da saúde, a comunicação desenvolve-se em duas linhas fundamentais: profissionais/profissionais e profissionais/utentes dos serviços.

Num e noutro eixo, os blogues podem funcionar como uma ferramenta de ensino e um importante auxiliar de formação.

2.1  Comunicação entre profissionais

Um vector fundamental no relacionamento entre profissionais é a troca de conhecimentos, pois é neste intercâmbio de experiências que a ciência evolui para novas descobertas.
"A diversidade e o afluxo dos saberes hoje é tal que nenhum indivíduo, e principalmente nenhum grupo fechado, pode mais possuir o conjunto dos conhecimentos como ainda erapossível nas sociedades arcaicas ou tradicionais. A inteligência, o pensamento, o conhecimento estão condenados à partilha, à abertura." (LÉVY, AUTHIER, 1995:186]
A Internet veio revolucionar a forma de partilhar o conhecimento. A possibilidade de aceder de imediato a bases de dados, a facilidade com que se consultam documentos ou a comodidade de trocar opiniões com o outro lado do planeta sem sair do gabinete, representam um salto qualitativo sem paralelo no campo da investigação.
``As bibliotecas são o caso mais paradigmático da reunificação do saber. Elas constituíram sempre um dos principais instrumentos do trabalho científico.
Graças à digitalização e às telecomunicações, podemos vislumbrar a realização do sonho de uma biblioteca universal. Tal biblioteca não estará numa localidade ou num país, mas consistirá de todos os documentos disponíveis em rede e, portanto, ela estará espalhada por todo o mundo
''. [FIDALGO, 1997]
Esta biblioteca universal, essencial para a evolução de uma área científica como a saúde, é já hoje uma realidade graças a sítios como a Biblioteca Virtual de Saúde7 ou a Stanford Health Libray 8, só para citar dois exemplos.

2.2  Comunicação entre profissionais e utentes

Os blogues podem ser utilizados como um eficaz meio de informação. A medicina preventiva, que tem ganho importância nos sistemas de saúde pública, é uma das áreas que pode tirar partido dos blogues. É sabido que uma prevenção eficaz implica o recurso aos meios de comunicação de massa, pois esta é a forma de chegar ao grande público. Televisões, rádios e jornais têm sido veículo das mais diversas campanhas de sensibilização que pretendem chamar a atenção para a importância de evitar determinados comportamentos de risco.

Com a massificação da Internet, o novo meio passou a fazer parte dos recursos utilizados nestas campanhas. As instituições e empresas ligadas à área da saúde criaram sites que passaram a funcionar como um posto de informação aberto 24 horas ao dia, permanentemente actualizado, universal e interactivo.

Apesar de todas estas vantagens, a manutenção de um site implica um investimento e alguns conhecimentos de informática que permitam manter o site actualizado, pelo que a adesão dos profissionais de saúde foi lenta. O facto das empresas com interesses na área, como farmacêuticas e seguros, terem avançado de imediato foi também um factor para que os profissionais não sentissem uma necessidade imediata de ter o seu próprio espaço na Web.

Seria o aparecimento dos blogues que viria a despoletar o nascimento de milhões de diários pessoais, muitos das quais pertencentes a pessoas que fazem da blogosfera um prolongamento da sua vida profissional. Jornalistas, professores, advogados, artistas e políticos, por exemplo, transportaram para a blogosfera uma riqueza de conhecimentos que a tornou numa vista diária para milhões de pessoas em todo o mundo.

Os profissionais da saúde não foram excepção e rapidamente surgiram blogues pessoais ou de instituições cujo objectivo é ajudar as pessoas portadoras de determinado tipo de doenças ou seus familiares. Mais tarde surgiram outro tipo de blogues nesta área profissional, com uma grande variedade de temáticas ligadas ao sector da saúde. A análise dos blogues existentes permite-nos propor uma grelha de classificação para estes blogues:
Diários: relatos do dia-a-dia dos profissionais de saúde. Casos clínicos nos hospitais e histórias de médicos em acções humanitárias são os exemplos mais habituais.

Exemplos: Médico Explica Medicina a Intelectuais9 e Desabafos de um Médico10

Políticas de saúde: críticas e pontos de vista relativos ao funcionamento do sistema de saúde.

Exemplos: Saúde SA11, Una de Médicos12, Apontamentos13

Consultório: testemunhos e conselhos dirigidos a portadores de determinadas patologias

Exemplos: Family Medicine Notes14 Hepatice C15, Consultório Traumatológico16 Prostate Help17

Investigação/Notícias Médicas: notícias sobre investigação e novidades na área dos cuidados de saúde

Exemplos: Symtym18, Msspnexus.com. blog19

Ensino: espaços dedicados ao ensino das profissões da saúde, blogues de estudantes, Exemplos: Mcmedschool20, Passa a palavra21, Prática Educativa em Medicina 22

Informação geral: a actualidade política, económica e social vista pelos profissionais deste sector.

Exemplos: Blogame Mucho23, Impressões de um Boticário de Província24, Linha do Horizonte25, Interne-me26
Apesar desta variedade aparentar uma importante riqueza de conteúdos, existe a consciência de que os blogues ainda não estão a ser usados pela classe médica como uma ferramenta. Ross Mayfield, CEO of Socialtext27, acredita que isso só acontecerá quando ocorrer uma grande epidemia, pois nessa ocasião será possível sentir a necessidade de difundir informação com grande rapidez e facilidade de actualização.

Para já, algumas instituições continuam a valorizar os blogues como ferramenta de trabalho e pesquisa. O nascimento de um prémio dedicado exclusivamente aos blogues ligados à saúde, o Medical Weblog Awards Winners, atribuído pelo EchoJournal.org Announces28, é mais um passo no sentido da afirmação da blogosfera enquanto espaço privilegiado para a discussão de assuntos relacionados com a prática médica.

No caso português, o número de blogues que aborda temas relacionados com Saúde ou é mantido por profissionais desta área, ainda não é significativo. Num universo de 90.000 blogues, onde apenas metade estará activo, os blogues ligados à saúde não são mais de 0,1%. Para além da reduzida dimensão, o universo português da saúde organiza-se de uma forma desequilibrada entre os vários tipos propostos na grelha de classificação.

3  Resultados

3.1  Metodologia

Na primeira fase procurámos identificar os blogues relacionados com a área da saúde. Para isso foram considerados os que abordam esta temática e aqueles cujos autores estão ligados à saúde. No total foram referenciados 34 blogues, mas dois deles já estavam desactivados. Depois da fase de recolha de dados foram ainda identificados mais 7 blogues nascidos durante 2005, mas os seus dados foram apenas incluídos na análise do blogue.

Para o contacto com os autores recorreu-se ao endereço electrónico disponível na página. Quando esse dado não estava disponível foi deixado um pedido de contacto na caixa de comentários. Dos 31 contactos (num deles o endereço de e-mail estava errado) conseguiram-se 23 respostas, o que dá uma taxa de retorno de 74%.

Para além do inquérito enviado, foi ainda efectuada uma análise dos blogues com base na grelha de análise proposta por Scott Rettberg29. Este autor propõe a avaliação de 9 pontos: Identidade dos autores, Design gráfico, Conteúdo, Início e actualizações, Política de links, Lista de link sugeridos (blogroll), Links para o blogue, Existência ou não comentários e sua orientação, Análise da audiência.

Conforme se confirmará nos resultados, a inexistência de alguns destes dados obrigou a uma adaptação da grelha.

Para interpretar as motivações dos bloggers foi construída uma Escala de Atitudes tipo Likert. Os inquiridos forma confrontados com17 itens (afirmações) que tiveram de classificar numa escala a variar entre Totalmente de Acordo e Totalmente em Desacordo.

3.2  Amostra

Dos bloggers inquiridos, 56% são médicos, 9% enfermeiros, 13% farmacêuticos e 22% têm outras profissões como administrador hospitalar, professor, tripulante de ambulância ou activista, por exemplo. Os grupos etários mais representados são os dos 18/26 e 43/50 (26%), 27/34 (13%) e +51 (4%), com 14% dos inquiridos a não responderem a esta questão.

Os blogues nesta área são maioritariamente pessoais (65%); os colectivos dividem-se entre os que têm 2 pessoas (10%), 3-5 (10%) e 6-10 (15%).

O ano de 2004 foi, também na Saúde, o ano dos blogues. Cerca de 60% nasceram nesse ano, contra 35% em 2003 e 5% em 2005.

Estes blogues têm um baixo índice de actualização. Metade coloca apenas 1 a 10 posts por semana, 30% coloca 11 a 20, 10% 21 a 39, 5% 31 a 40 e os restantes não responderam a esta questão.

O número de visitantes também é baixo: 85% dos blogues registam menos de 100 visitas por dia e 15% ficam entre 100 e 200 visitas.

3.3  Motivações para ter um blogue

A motivação mais forte para entrar na blogosfera é a necessidade de Ter uma intervenção cívica, com os bloggers a mostrarem-se Totalmente de Acordo com esta afirmação. Com igual grau de concordância surge ainda a Criação de ligações a pessoas com interesses comuns e o objectivo de Chamar a atenção para os problemas da Saúde em Portugal. Neste último item verifica-se a divergência dos Farmacêuticos, que apresentam um valor concordância muito baixo, a roçar mesmo a discordância.

Os blogues funcionam ainda como uma mecanismo de evasão para os profissionais desta área. Libertar-se do stress profissional é apontado como motivo importante para ter um blogue, razão que, no entanto, não colhe o acordo do grupo dos ``outros profissionais''.

Acabar com alguns preconceitos acerca da profissão é outro motivo que recolhe a concordância dos bloggers, argumento que é sobretudo valorizado pelos médicos.

Escrever sobre a vida diária no emprego e Ajudar os outros com conselhos técnicos são motivos que estão na fronteira da concordância dos bloggers ligados à Saúde. Neste último caso, os valores apresentados pelos médicos fogem ao padrão geral, registando-se uma discordância em relação a este item.

A obtenção de Reconhecimento Público e a possibilidade de Escrever Anonimamente são duas motivações rejeitadas pelos bloggers, com 57% a mostrarem-se mesmo totalmente em desacordo com esta última afirmação.

3.4  Motivações para ler blogues

Quisemos ainda saber as razões que levam os profissionais da Saúde a ler blogues.

Curiosidade, Escrita apelativa, Actualidade dos assuntos abordados e Manter-se Informado são as razões com as quais os inquiridos estão Totalmente de Acordo.

Estão ainda De Acordo que os blogues são um bom tónico para combater o stress, confirmando-se assim que este item é um incentivo à escrita, mas também à leitura.

Para além dos itens sugeridos, o inquérito abria a possibilidade de serem apontadas outras razões. Manter o contacto com familiares, emitir opiniões, o gosto pela escrita e a possibilidade de falar forma do circuito mediático foram referidas por vários inquiridos.

Sem grande surpresa, todos os inquiridos disseram ser leitores habituais de outros blogues. As leituras mais habituais são o Abrupto (referido por 26% dos inquiridos), o Barnabé (21%), os Blasfémias, Marretas e Médico Explica Medicina a Intelectuais (17%) e Causa Nossa, Blogame Mucho, Aviz, A Culpa é do Médico e T1 (12%).

3.5  Os blogues

Foram ainda analisadas algumas características de cada um dos blogues. A esta análise foram acrescentados os 7 blogues identificados posteriormente, mas que não responderam ao inquérito.

Cerca de 47% dos blogues têm conteúdos de cariz profissional, 21% de cariz pessoal e 32% misturam ambas as temáticas. Porém, deve sublinhar-se que os blogues ligados ao ensino representam metade dos que têm conteúdos relacionados com questões estritamente profissionais.

Utilizando a grelha de classificação proposta neste trabalho, os blogues portugueses ligados à saúde distribuem-se da seguinte forma:

Informação Geral (26%), Diários (23%), Ensino (21%), Políticas de Saúde (15%), Consultório (9%) e Investigação/Notícias (6%).

Os links são usados em 68% dos blogues com 17% a repetirem regularmente os mesmos links. Os blogues recomendados (blogrolls) são de carácter geral em 41% dos casos, mas em 35% dos blogues apenas existem links para blogues ligados à Saúde. Os mais recomendados são Médico Explica Medicina a Intelectuais, Com Pinga de Sangue, Enfermeirame, Infirmus, Falando de Enfermagem, Enfermaticando, Enfermaginando, Caminhando, Conversamos?, A Culpa é do Médico, T1, Blogame Mucho, e Desabafos de um Médico. Verificou-se ainda que os grupos profissionais promovem os blogues dos seus colegas de profissão. No caso dos enfermeiros, por exemplo, verifica-se a existência de um blogroll quase idêntico em todos os blogues.

O sistema de comentários é oferecido em 85% dos blogues, mas apenas 41% recebem comentários com alguma frequência. Em 35% dos casos há comentários ocasionais e em 24% não se regista qualquer comentário.

Em termos de cores, o branco domina (62%), seguido do azul (12%) e do verde (9%).

Por fim, o domínio mais usado é o Blogspot (82%), seguido do Sapo (14%) e do weblog.com.pt (4%).

4  Conclusão

Os países desenvolvidos entraram decisivamente na era da informação, com uma significativa parte dos recursos a ficarem afectos às actividades de comunicação e informação em que se baseiam as suas redes económicas e sociais.

Tal como acontece nos sistemas económicos, o sucesso das sociedades da informação depende do equilíbrio entre a oferta e a procura. E se até agora se verificava um fluxo constante nos dois lados, nos últimos anos verificou-se um crescimento exponencial da oferta, com o consumo a estabilizar e a denotar dificuldades em processar um caudal de informação que não pára de crescer.

Face ao cenário de ruptura decorrente da saturação, a solução pode passar por duas vertentes: a introdução de novos mediadores que efectuem segundas filtragens da informação ou a especialização e personalização da informação produzida. Os blogues podem incluir-se em qualquer destes grupos já que estas são, justamente, duas das suas características mais importantes.

O funcionamento enquanto ``mediador'' é o mais usual. Basta uma visita a meia-dúzia de blogues para se perceber que o seu funcionamento se baseia na selecção e comentário de determinadas notícias. Ou seja, o blogger analisa uma determinada quantidade de informação oriunda de várias fontes e, geralmente através de um link, destaca apenas uma parte. Esta fracção é comentada, investigada e comparada com outros dados: Dito de outra forma, a informação é filtrada. Desta forma evita-se uma saturação do leitor, protegendo-o de um fluxo incontrolável de informação.

A outra função é a especialização e a personalização. O facto do sistema de produção não ter custos nem implicar grandes conhecimentos de informática permite que qualquer investigador possa ter o seu próprio blogue e aí possa partilhar o conhecimento com outros interessados no assunto, sem necessidade de sair do seu local de trabalho.

É neste campo que entram os blogues ligados à saúde. Como se viu, a sua utilização ainda se restringe a um pequeno grupo de pessoas. Ainda assim, a Informação Geral é o tipo de blogue dominante, no que será uma consequência da necessidade de Ter uma intervenção cívica, o motivo que recolhe maior concordância entre os inquiridos.

O outro tipo mais representado na blogosfera da saúde em Portugal são os Diários e poderá reflectir uma motivação muito presente no grupo dos médicos, aqueles que mais adoptam esta tipologia: Acabar com alguns preconceitos acerca da profissão. O relato dos casos clínicos diários, a atenção que lhes é dada e as dificuldades que surgem são uma boa forma de provar que, para além da perspectiva do utente, existe uma outra realidade nas rotinas diárias dos profissionais da saúde.

Os blogues enquadrados no tipo Ensino também representam um grupo significativo, mas neste caso nota-se uma presença quase exclusivamente ligada à enfermagem. O que não é de estranhar, já que este grupo e o das ``outras profissões'' são aqueles que apresentam maior grau de concordância com o item Ajudar os outros com conselhos técnicos.

Directamente ligado com ao ensino/ formação, o tipo Investigação / Notícias Médicas regista um pequeno número de blogues, um reflexo de uma área de investigação onde a informação circula de forma muito restrita.

Por fim, destacar que, ao contrário do que acontece noutros países, o tipo Consultório é quase inexistente. Este será, porventura, o tipo de blogue que mais poderia tirar partido das características da Internet, funcionando como um sistema de prevenção e triagem para determinadas doenças. Ao dizer que só uma grande epidemia dará aos médicos a noção da importância dos blogues como ferramenta, Ross Mayfield pretende chamar a atenção para um uma aplicação informática que poderia ajudar a descongestionar os sistemas se saúde, beneficiando assim profissionais e utentes.

A relação distante entre a saúde e a blogosfera portuguesa revela-se também no facto dos profissionais considerarem os blogues como uma boa ferramenta para se Libertarem do stress profissional o que, em conjunto com a existência de poucos blogues ligados à área da investigação, revela uma certa resistência à passagem do actual paradigma científico para um novo estádio, usando as tecnologias da informação e da comunicação. Este distanciamento em relação ao fenómeno pode conduzir à perda de uma grande oportunidade científica, pois os blogues representam um fantástico instrumento para ajudar na passagem de um paradigma em que as pessoas circulam em redor do saber para um outro em que o saber circular em torno das pessoas. Se juntarmos a esta ferramenta informática as inovações surgidas ao nível dos pontos de acesso estamos perante uma nuvem tecnológica de saber, pessoal, interactiva, imediata e global que abre um mundo de possibilidades

5  Bibliografia

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Caloun, C. [1996] Habermas and the Public Sphere, Massachusetts: The MIT Press

Gomes, W [2004] Transformações da política na era da comunicação de massa, S. Paulo: Paulus

LÉVY, P. e AUTHIER, M. [1995]. As árvores do conhecimento. São Paulo: Ed. Escuta

McQuail D. e Windahl, S. [1993] Modelos de Comunicação. Lisboa: Ed. Notícias

Mesquita, M. [2004] O Quarto Equívoco: o poder dos media na sociedade contemporânea, Coimbra: Minerva Editora

Wolf, Mauro [1995] Teorias da Comunicação, Lisboa: Presença

Documentos OnLine

Canavilhas, J. (consultado em 18 de Janeiro de 2005) Blogues políticos em Portugal: O dispositivo criou novos actores? [OnLine] URL: http://www.bocc.ubi.pt/pag/_texto.php3?html2=canavilhas-joao-politica-e-weblogs.html

Fidalgo, A. (consultado em 22 de Fevereiro de 2005) A Biblioteca Universal na Sociedade de Informação [OnLine] URL: http://www.bocc.ubi.pt/pag/_texto.php3?html2=fidalgo-biblioteca.html

Gill, K [consultado em 9 de Novembro de de 2004] How can we measure the influence of the blogosphere? [OnLine] URL: http://www.blogopulse.com.papers/www2004_blogosphere_gill.pdf

Vicente, L. [consultado em 8 de Novembro de 2004] 2003-Ano dos ``blogues'' [OnLine] URL: http://memoriavirtual.weblog.com.pt/arquivo/cat_2003_ano_dos_blogues.html

1
Resumo da introdução do trabalho Blogues políticos em Portugal: O dispositivo criou novos actores?
2
http://archive.scripting.com/1997/04/01
3
http://www.blogger.com
4
http://blogsempt.blogspot.com
5
Dados retirados do http://blocodenotas.blogspot.com
6
http://abrupto.blogspot.com
7
http://www.bireme.br/
8
http://healthlibrary.stanford.edu/
9
http://medicoexplicamedicinaaintelectuais.blogspot.com
10
http://desabafosdeummedico.blogspot.com
11
http://saudesa.blogspot.com
12
http://www.unademedicos.blogspot.com/
13
http://apontamentos.blogspot.com/
14
http://www.docnotes.net/
15
http://hepaticec.blogs.sapo.pt
16
http://consultorio-dep.blogspot.com
17
http://pristate-help.blogs.com
18
http://www.symtym.com/
19
http://www.msspnexus.com/blog/mspblog.htm
20
http://mcmedschool.blogspot.com/
21
http://www.ppenfermagem.blogspot.com/
22
http://www.ufrgs.br/tramse/med/
23
http://blogamemucho.blogspot.com
24
http://trenguices.blogspot.com
25
http://linhadohorizonte.blogspot.com
26
http://interneme.blogspot.com/
27
http://www.socialtext.com/
28
http://www.echojournal.org/archives/000343.html
29
http://caxton.stockton.edu/blogonblogs/